Arquivo mensal 10/09/2025

A frequência do olhar

Na bela e inspiradora canção Labirinto, de MPB4, fala que o código do amor é a frequência do olhar, mas edificar um código deste tipo, envolve um modo de vida que costumamos chamar de nobre, ou, de nobreza, ao guardamos em nós mesmos, princípios que elevam os valores que sustentam a vida.

Nos dias de hoje, a extrema crise educacional vem ocultando os sentimentos nobres dos humildes, porque são ultrajados pelos espertos, que matam as suas inocências, transformando-os em medíocres, como acompanhamos nestes dias, em que guerreiros carregam no dia da Pátria, flâmulas clandestinas, destilando palavras de ofensa das mais incisiva contra o Povo que construiu uma Nação com dignidade, em incoerências que parecem negarem a si mesmos.

Longe de construir um código da frequência do olhar, nos vemos hoje, como aquela mesma mediocridade que um dia viveu o povo judeu, quando pediu para Moisés, reverter a nobreza da libertação, para continuarem a se manterem como escravos, pendendo sua dignidade.

Naqueles dias,
4os filhos de Israel partiram do monte Hor,
pelo caminho que leva ao mar Vermelho,
para contornarem o país de Edom.
Durante a viagem o povo começou a impacientar-se,
5e se pôs a falar contra Deus e contra Moisés,
dizendo:
“Por que nos fizestes sair do Egito
para morrermos no deserto?
Não há pão, falta água,
e já estamos com nojo desse alimento miserável”.
6Então o Senhor mandou contra o povo
serpentes venenosas,
que os mordiam;
e morreu muita gente em Israel
(Números, 21, 4-6 – 24º Domingo do Tempo Comum – 14 set. 2025).

A miséria humana se agregou à mediocridade política, e os valores que enobrecem um povo, passaram a ser vilipendiados pelos medíocres que, com boca de hienas, se dizem nobres, aplicando os meios desleais, como forma de justificar os fins egoístas na politica estritamente fisiológica, fazendo de tudo para não perder os gordos soldos mensais, que recebem do Povo, e dando em troca para o povo, a ingratidão, cuspindo no próprio prato.

36Mas apenas o honravam com seus lábios*
e mentiam ao Senhor com suas línguas;
37seus corações enganadores eram falsos*
e, infiéis, eles rompiam a Aliança.

R: Das obras do Senhor, ó meu povo, não te esqueças!

38Mas o Senhor, sempre benigno e compassivo,*
não os matava e perdoava seu pecado;
quantas vezes dominou a sua ira*
e não deu largas à vazão de seu furor.

R: Das obras do Senhor, ó meu povo, não te esqueças! (Salmo 77 [78) – 24º Domingo do Tempo Comum – 14 set. 2025).

Mas, há humildes que nasceram humildes, e por isso, não abrem mão de sua nobreza, da sua libertação, e, em meio ao estrabismo daqueles que têm um olhar só para dentro de si mesmos, os humildes, conseguem ver a nobreza, pois guardam em si o código vivo em seu peito, uma frequência a pulsar, que jamais os deixam esquecer do porque foram criados, pois vivem a intensidade que dá o sentido do seu viver.

O sentido vivo do existir repousou na frequência do olhar entre o ideal da libertação pela humildade que se dobra à Verdade, ainda que ela vem a depor contra si mesmo, por imitação do seu maior Mandatário, que distante das vanglórias dos medíocres, rebaixou-se ao mais baixo status que um representante do povo poderia se rebaixar.

6Jesus Cristo, existindo em condição divina,
não fez do ser igual a Deus uma usurpação,
7mas ele esvaziou-se a si mesmo,
assumindo a condição de escravo
e tornando-se igual aos homens.
Encontrado com aspecto humano,
8humilhou-se a si mesmo,
fazendo-se obediente até a morte,
e morte de cruz.
9Por isso, Deus o exaltou acima de tudo
e lhe deu o Nome que está acima de todo nome.
10Assim, ao nome de Jesus,
todo joelho se dobre no céu,
na terra e abaixo da terra,
11e toda língua proclame:
“Jesus Cristo é o Senhor”

para a glória de Deus Pai . (Filipenses 2,6-11 – 24º Domingo do Tempo Comum – 14 set. 2025).

Conclusão

O que testemunhamos nestes dias é que os valores insculpidos no preâmbulo da Constituição que dizem que os representantes do povo trabalharão para “o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias“, quebraram a aliança, e querem se rebaixar ao sub-nível dos medíocres, trabalham para que o poder seja exercidos pelos representante do fisiologismo, em que o partido dos fisiologistas tem por prática política, priorizar os interesses pessoais e a busca por benefícios materiais (como dinheiro público, cargos e verbas) em detrimento da ideologia e dos princípios.

A nobreza do humilde está em rebaixar-se ao status do seu interesse próprio, sem contudo jamais deixar de olhar para o alto, pensar grande, ao passo que o falso humilde escolhe rebaixar-se para viver as suas misérias na lama de um mundo inferior.

O humilde carrega a frequência do nobre em seu olhar, por isso, sempre olha para o alto, porque o amor nos elevar acima de onde nós pertencemos, e se olhamos para o alto é porque reconhecemos o valor desse grande valor:

Naquele tempo, disse Jesus a Nicodemos: 13 “Ninguém subiu ao céu, a não ser aquele que desceu do céu, o Filho do Homem. 14 Do mesmo modo como Moisés levantou a serpente no deserto, assim é necessário que o Filho do Homem seja levantado, 15 para que todos os que nele crerem tenham a vida eterna. 16 Pois Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho unigênito, para que não morra todo o que nele crer, mas tenha a vida eterna. 17 De fato, Deus não enviou o seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por ele” (João 3,13-17 – 24º Domingo do Tempo Comum – 14 set. 2025).

Assim, se permanecemos no amor, somos elevados acima de onde nós pertencemos, como cantou Joe Cocker e Jennifer Warnes em Up where we belong

Estou carente do amor

Todos nós estamos carentes de amor, do amor verdadeiro, do amor que aquece, do amor que anima, do amor que consola, do amor que cura, do amor que alegra.

A verdade é, estamos carente do amor, porque vivemos imersos dentro de uma sociedade frígida, que renunciou ao amor para viver a hipocrisia, e o interesse próprio, onde o amor passou a ser apenas uma fantasia, e para muitos até mesmo uma utopia:

2Socorro, Senhor! O fiel está sumindo!
Desaparece a fidelidade entre os homens:
3cada qual mente ao seu próximo
com lábios enganadores e segundas intenções
(Salmo 11 [12], 2-3).

Se olharmos ao nosso redor neste momento, podemos ver de quantos cuidados somos cercados, mas não conseguimos sentir o amor d’Aquele que cuida verdadeiramente de nós, por isso, vivemos dia a dia, uma insatisfação sob o sentimento de estarmos vivendo em um ambiente incompleto, inconstante, as vezes, nos parecendo até mesmo inseguro.

Isso se torna ainda mais agudo, quando acompanhamos as decepções das traições daqueles a quem depositamos nossas confianças, a corrupção dos líderes que deveriam nortear o povo, as barbáries e covardias movidas pelo egoísmo e cobiça, que nos faz mergulhar no mundo gélido, e experimentar a frigidez da sociedade, que tornou o calor do amor, em uma chama fraca, acinzentada e moribunda:

Que o Senhor corte todos os lábios enganadores,
e a língua arrogante
5dos que dizem: “Nossa força está na língua,
nossas armas são nossos lábios.
Quem poderá nos dominar
?”(Salmo 11 [12], 4-5)

Mas nascemos pelo amor desde antes de sermos gerados, porque desde que Deus é Deus, Ele já te amou a você e a mim, e, este amor verdadeiro nos convida a reinflamar a chama que aquece os corações dos homens, feridos de morte, e assim os resgatarem do abismo que criaram entre a Vida e a sobrevida daqueles que se dizem imortais.

Vós fazeis voltar ao pó todo mortal, quando dizeis: “Voltai ao pó, filhos de Adão!” Pois mil anos para vós são como ontem, qual vigília de uma noite que passou.

Eles passam como o sono da manhã, são iguais à erva verde pelos campos: De manhã ela floresce vicejante, mas à tarde é cortada e logo seca.
R: Vós fostes, ó Senhor, um refúgio para nós!
(Salmo 89 [90], 3-4 – Domingo do Tempo Comum – 07 set. 2025).

A vida nos convida a viver, e nos pede deixe-se ser amado, permita ser amada, por Aquele que jamais vai te decepcionar.

2Cantarei para sempre o teu amor ó Senhor,
anunciarei de geração em geração a tua fidelidade.
3Pois eu disse: “Teu amor é um edifício eterno.
Tu firmaste a tua fidelidade mais que o céu
” (Salmo 88 [89], 2-3).

E diante de toda a dor que suportamos diariamente, do esforço diário para cumprirmos nossos compromissos que esfolam nossas almas, nós mantemos a alegria, a alegria da Cruz, porque a profunda dor que sofremos, é a dor de sair das profundezas dos abismos para a Vida:

9bEu, Paulo, velho como estou, e agora também prisioneiro de Cristo Jesus, 10faço–te um pedido em favor do meu filho, que fiz nascer para Cristo na prisão, Onésimo. 12Eu o estou mandando de volta para ti. Ele é como se fosse o meu próprio coração. 13Gostaria de tê-lo comigo, a fim de que fosse teu representante para cuidar de mim nesta prisão, que eu devo ao Evangelho.14Mas eu não quis fazer nada sem o teu parecer, para que a tua bondade não seja forçada, mas espontânea. 15Se ele te foi retirado por algum tempo, talvez seja para que o tenhas de volta para sempre, 16já não como escravo, mas, muito mais do que isso, como um irmão querido, muitíssimo querido para mim quanto mais ele o for para ti, tanto como pessoa humana quanto como irmão no Senhor. 17Assim, se estás em comunhão de fé comigo, recebe-o como se fosse a mim mesmo (Filêmon 9b.10-17 – 23º Domingo do Tempo Comum – 07 set. 2025).

Para o homem que vive para si mesmo, vai dizer: isso é loucura, isso é sadismo, mas para aquele que detém a sabedoria já lhe é revelado que o homem é apenas um sopro, nada pode por si mesmo:

13Qual é o homem que pode conhecer os desígnios de Deus? Ou quem pode imaginar o desígnio do Senhor? 14Na verdade, os pensamentos dos mortais são tímidos e nossas reflexões incertas: 15porque o corpo corruptível torna pesada a alma, e tenda de argila oprime a mente que pensa. 16Mal podemos conhecer o que há na terra, e com muito custo compreendemos o que está ao alcance de nossas mãos; quem, portanto, investigará o que há nos céus? 17Acaso alguém teria conhecido o teu desígnio, sem que lhe desses Sabedoria e do alto lhe enviasses teu santo espírito? 18Só assim se tornaram retos os caminhos dos que estão na terra, e os homens aprenderam o que te agrada, e pela Sabedoria foram salvos (Sabedoria 9,13-18 – 23º Domingo do Tempo Comum – 07 set. 2025) .

Conclusão:

Estamos carente do amor, não o de sermos amados, mas o de nos permitir, o de nos conceder licença, o de nos deixarmos ser amado por Quem, amandado-nos de forma absolutamente verdadeira, não poupou seu próprio filho para salvar a cada um de nós. Assim, quando já pensávamos que não teríamos mais nenhuma chance diante da imensidão de nossos pecados e crimes, que já estávamos condenados, ao invés da condenação, Ele, encoberto de profundo amor, deu sua vida para salvar a ti, a mim, e a cada um de nós agora, hoje (João, 3,16-17).

Se já somos capazes de querer deixar que o amor cubra a cada um de nós, peçamos mais, mais amor, peçamos a graça de Deus, para reconhecermos o seu amor em nós, e assim, nos permitirmos a sermos amados totalmente como Pedro pediu: “Senhor então banhe meu corpo inteiro e não apenas os meus pés” (João 13,9), e assim permanecer no amor:

Teu amor é um edifício eterno.
Tu firmaste a tua fidelidade mais que o céu
– Ensinai-nos a contar os nossos dias, e dai ao nosso coração sabedoria! Senhor, voltai-vos! Até quando tardareis? Tende piedade e compaixão de vossos servos!
R: Vós fostes, ó Senhor, um refúgio para nós!
(Salmo 88 [89],3-4).

Porque se permanecemos no amor, Deus permanece em nós, e já não mais há lágrimas, ou dores, mas a alegria de viver o amor, Se o amor se torna chama em nós, poderemos assim também, oferecer o nosso calor a quem está do nosso lado completando e já não vemos as adversidades como castigos ou opressão contra nós, mas sobretudo a verdadeira confiança no amor que nos salva:

Assim, sentimos a alegria do amor porque já passamos o abismo ao confiar no amor verdadeiro, desapegando-nos de tudo o que nos prendia a um mundo de sobrevida.

26“Se alguém vem a mim, mas não se desapega de seu pai e sua mãe, sua mulher e seus filhos, seus irmãos e suas irmãs e até da sua própria vida, não pode ser meu discípulo. 27Quem não carrega sua cruz e não caminha atrás de mim, não pode ser meu discípulo (Lucas 14, 26-27 – 23º Domingo do Tempo Comum – 07 set. 2025).

O que te impede de sentir o amor de Deus em você, o sentimento de negativo da paternidade? O sentimento de que já não é digno do amor de Deus por viver o pecado? Não importa o que você faz, ou, que você é, desde que Deus é Deus, te amou, e te chama pelo nome. Tu és meu. Tu és minha, não temas, estou contigo (Is 43,1-7), deixe-se ser amado, e não seja mais como aquele tolo que sobrevive pensando que o amor era só um conto de fadas, e sinta a plenitude da Vida movida pela força de uma paixão verdadeira do amor que nunca falha com você e nunca te decepciona, como cantou The Monkees, em I am believer.