O braço de Deus que resgata na calamidade

O presente artigo é o testemunho de uma experiência física da Espiritualidade no Sagrado Coração de Jesus

Como os irmãos de Emaús, ao caminharmos ao lado do Sagrado Coração de Jesus, sentimos o nosso coração arder, mas não o reconhecemos: “não estava ardendo o nosso coração, quando ele nos falava pelo caminho e nos explicava as escrituras” (Lc 24,32 – Liturgia do 3º Dom. da Páscoa), porque muito falta em nós a revelação do sentido da espiritualidade que provém do Sagrado Coração de Jesus, por isso iniciamos este artigo, em primeiro lugar, tentando reconhecermos a nós mesmos diante do Sagrado Coração de Jesus.

Essa revelação provém da graça de Deus, e não do esforço próprio do homem, pois, o homem por si só não pode alcançar a Deus, porque o servo sendo menor do que o seu Senhor, precisa da misericórdia do Senhor para que possa tornar-se Seu amigo, por isso, não O reconhecemos muitas vezes, pois, não O vemos como amigo, e nem buscamos a sua misericórdia para que forme em nós sua amizade, e, por isso, só sentimos o nosso coração arder, mas, não o reconhecemos, pois estamos em meio às trevas que nos ofuscam.

Ao arder em nós, o Sagrado Coração de Jesus se constitui de sinal da misericórdia de Deus que nos ama mesmo nós sendo pecadores, mesmo sem o reconhecermos, mesmo com nossos olhos estando encobertos, Ele conserva em nós a esperança de nos libertarmos das profundezas da escuridão, por isso, nós clamamos por sua misericórdia:

1Das profundezas eu clamo a vós, Senhor, *
2†escutai a minha voz!
– Vossos ouvidos estejam bem atentos *
ao clamor da minha prece!
3 Se levardes em conta nossas faltas, *
quem haverá de subsistir?
4 Mas em vós se encontra o perdão, *
eu vos temo e em vós espero
(Sl 129, 1- – Liturgia da 1ª Sem. da Quaresma).

E a escuridão reina quando elegemos como fonte e referência do saber, os nossos próprios pensamentos, sob o propósito de um coração independente, de autodomínio, por isso, nos tornamos incapazes do reconhecimento do Cristo, porque rompemos com Deus, e, ainda que nos esforcemos com a nossa inteligência em nos aproximar, há um abismo entre nós e Deus.

Assim, a luz só brilha pela misericórdia de Deus quando nos prostramos aos seus pés, e com isso nos tornamos capazes de sermos amigos de Deus, restabelecendo com ele a Aliança Eterna, pelo renascimento do alto como ensinado ao mestre Nicodemos:

Rabi, sabemos que vieste como mestre da parte de Deus. De fato, ninguém pode realizar os sinais que tu fazes, a não ser que Deus esteja com ele.
3Jesus respondeu: ‘em verdade, em verdade, te digo, se alguém não nasce do alto, não pode ver o Reino de Deus’. 4Nicodemos disse: ‘Como é que alguém pode nascer, se já é velho? Poderá entrar outra vez no ventre de sua mãe?’ Jesus Respondeu ‘Em verdade, em verdade, te digo, se alguém não nasce da água e do Espírito, não pode entrar no Reino de Deus. 6Quem nasce da carne é carne; quem nasce do Espírito é espírito’ (Jo 3,1-6 – Liturgia 2º Dom. da Páscoa).

Portanto, quando percebemos que nossos pensamentos nos enganam, vemos que essa graça não provem de nós, miseráveis pecadores que somos, mas somente como dom de Deus, como nos foi revelada no louvor de São João:

Caríssimos,

29 já que sabeis que ele é justo,
sabei também que todo aquele que pratica a justiça
nasceu dele.

3,1 Vede que grande presente de amor o Pai nos deu:
de sermos chamados filhos de Deus!
E nós o somos!
Se o mundo não nos conhece,
é porque não conheceu o Pai (1Jo, 2, 29.3,1 – Liturgia de Natal antes da Epifania).

Assim, o Sagrado Coração de Jesus faz nosso coração arder, e como amigos que o reconhecem, respondamos com o nosso louvor porque diante de Deus fomos agraciados pelo grande presente oriundo de sua misericórdia, o grande presente de amor que o Pai nos deu.

Dessa forma, ele nos permite reconhecê-lo no meio de nós, o Emanuel, o Deus conosco revelando-nos que entre nós fez sua morada:

“Se alguém me ama, guardará a minha palavra,
e o meu Pai o amará, e nós viremos
e faremos nele a nossa morada”
(Jo 14, 23 – Liturgia da 5ª Sem. da Páscoa).

Tendo reconhecido nossas misérias, se faz possível também, completar os sentidos do Sagrado Coração de Jesus, porque ao restabelecemos com Deus nossa amizade, o Senhor se revela para nós como fonte da salvação: “Haurireis águas com gáudio das fontes do Salvador” (Is 12, 3) (Papa Pio XII – Haurietis Acqua).

O Senhor ao se revestir da figura humana, de modo compreensível à inteligência humana, como o Emanuel, que significa Deus conosco, revelou a glória de Deus para o mundo:

Levanta-te, acende as luzes, Jerusalém,

porque chegou a tua luz,

apareceu sobre ti a glória do Senhor.

2 Eis que está a terra envolvida em trevas,
e nuvens escuras cobrem os povos;
mas sobre ti apareceu o Senhor,
e sua glória já se manifesta sobre ti” (Is 60, 1-2 – Liturgia da Epifania do Senhor).

A inteligência do homem se abriu, e ao reconhecer o Emanuel, o Deus conosco, pode contemplar como testemunhando a um raio que transpassa o tempo, que abriu uma fissura nos mistérios que separavam o céu e a terra, o Senhor se fez luz para todas as nações, isso quer dizer que no mesmo fenômeno luminoso, se revelou sem as dimensões do tempo, isto é, ao mesmo tempo, para aqueles que eram, que são e que serão, como era no princípio, agora e sempre, Amém!

O Emanuel como a Árvore da Vida, no meio do Jardim de Deus, tornou-se um sinal permanente no mundo ao mesmo tempo em todos os tempos, a brilhar como o calor do fogo que o homem busca na escuridão da noite gelada, ao estender sua mão para capitar um pouquinho da luz e calor, cuja misericórdia transpassou o tempo e se revelou ao mesmo tempo para os que já vieram, para os que são contemporâneos de Maria, e para os que virão, como um farol que pode ser visto além das dimensões temporais, por todo aquele que professa a sua fé, podendo assim também, testemunhar que em “Eu Sou”, não há passado, presente e futuro, por isso Ele diz: “Eu sou”: “Quando tiverdes elevado o Filho do homem, então sabereis que eu sou e que nada faço por mim mesmo, mas apenas falo aquilo que o Pai me ensinou” (Jo 8,28 – Liturgia da 5ª Semana da Quaresma).

A “haurietis acqua” é um pulsar no coração do mundo, para que todos os que têm sede beba, uma herança do céu que já podemos desfrutar, o Emanuel, é como um farol a brilhar para todo os navegantes de todos os tempos simultaneamente, porque É o que É, como era no princípio agora e sempre, amém, e diz: “Eu Sou”, para que todos a Ele recorram como fonte de salvação do agora, presente tanto aos nossos antepassados, à nós, e, aos nossos filhos que virão: “Deus não é Deus dos mortos, mas dos vivos, pois todos vivem para ele” (Lc 20,38), pois, está no meio de nós, Deus está conosco, plasmando como a estrela de nêutron, o Espírito em Vida, pois a Palavra é Espírito e Vida, no centro do coração como na imagem abaixo.

Neutrons star1

Um farol visível do peito de Deus pelo homem que o reencontra e com Ele volta a amizade na Aliança, o Sagrado Coração de Jesus, o Salvador como fonte a nos amparar:

Luz Fonte central da Vida

Quando nos vemos sem qualquer saída, Ele se monstra à Luz do Coração, e basta buscarmos a fonte de salvação (haurietis acqua) e estendermos a nossa mão ao calor de sua luz e logo estamos protegidos pelo Pai que ampara o filho:

=2Quando eu chamo, respondei-me, ó meu Deus, minha justiça! †
Vós que soubestes aliviar-me nos momentos de aflição,*
atendei-me por piedade e escutai minha oração!

3Filhos dos homens, até quando fechareis o coração? *
Por que amais a ilusão e procurais a falsidade?

4Compreendei que nosso Deus faz maravilhas por seu servo, *
e que o Senhor me ouvirá quando lhe faço a minha prece
(Salmo 4, 2-4)!

Portanto, o Sagrado Coração de Jesus é a presença viva do Emanuel, o Deus conosco, Ele está no meio de nós, quando o reconhecemos como glória de Deus brilhante a partir de uma manjedora, vivo desde sempre como Estrela da Manhã, a nos dar o calor, a luz, e, saciar a nossa sede, bastando que estendamos nossas mãos, e, nos apeguemos à divina vontade que sabe e conhece nossas necessidades e fraquezas: “já que o nosso amor de tal maneira se apega à divina vontade, que vem a fazer-se uma coisa só com ela, consoante aquelas palavras: “Quem está unido ao Senhor é com ele um mesmo espírito” (1 Cor 6, 17) (PAPA PIO XII – Haurietis Acqua).

Vejam que grande presente de amor o Pai nos deu, de sermos chamados de filho de Deus, por isso, já podemos ver que Ele está vivo ao nosso lado, e podemos tocá-lo, basta para isso, que em nós o nosso amor só deseje fazer uma só coisa: estar unido ao Senhor para que Ele e o Pai faça-se em nós suas moradas, abrindo nosso coração para acolher ao Espírito (Ecce ancilla – faça-se em mim, conforme tua Palavra).

Pois assim, conseguimos reconhecer a luz do Sacrifício Perpétuo que eternizou a Aliança de Abrahão, pela abertura de uma fenda nas trevas dos abismos, comungando seu seguidores com o Ecce Venio – ei que com prazer faço a vossa vontade, no sacerdócio régio que complementa a obra do Criador, como era no princípio, agora e sempre, amém, e nos tornamos com unido aos pais e ao nossos filhos, a geração de todos os tempos que testemunhou “Em verdade vos digo, esta geração não passará até que tudo isso aconteça. O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não passarão (Mc 13, 30-31 – Liturgia do 33º Dom Tempo Comum), bebei da água que sacia tua sede “Haurireis águas com gáudio das fontes do Salvador” (Is 12, 3) (Papa Pio XII – Haurietis Acqua).

O Senhor está no meio de nós, seu Sagrado Coração é a fonte de água viva, a mesma que Moisés fez jorrar batendo seu cajado na pedra.

1NASA – Neutrons Star: Disponível em https://imagine.gsfc.nasa.gov/science/objects/neutron_stars1.html. Acesso em 09 mai. 2023.

Advento:completando os sentidos

Este artigo apresenta o sentido do Advento na prática, que é diferente do que conhecemos como o da “espectativa da vinda do Senhor”.

O 13º Tema do Sínodo vem contemplar os sentidos do Advento, como Liturgia, que é Palavra Viva, que o Senhor nos diz: são Espírito e Vida, assim, para os dias de hoje o Espírito é Vida na prática da Palavra do início de um novo Ano Litúrgico, Ano A, com o Tempo do Advento:

O Tempo Litúrgico do Advento, que neste artigo ousamos chamar de Festa do Advento, alcança seu ápice com as festas do Natal de Jesus, Epifania e Batismo do Senhor, encerrando-se com a celebração do Batismo do Senhor.

Crd:Dieterich01

O primeiro elemento a definir o Sacramento do Batismo, é a regeneração pela água, como Porta que completará o Sacramento do Batismo pelo Tempo Pascal, juntamente com o segundo elemento, que é a Palavra, revestindo o homem como filho de Deus porque o Batismo é o sacramento da fé (CAC, 1253)1: Aquele que crer e for batizado será salvo; o que não crer será condenado (Mc 16,16).

Assim, o Sacramento do Batismo que é único, recebe então as colunas das duas testemunhas de Deus, pelo Novo Testamento: o Batismo da primeira testemunha que é João, com a regeneração pela água (Tempo do Advento), e o Batismo do Senhor com o testemunho da Palavra (Tempo Pascal), ambos sob a mesma cor roxa.

Assim, as duas testemunhas de Deus, João Batista e o próprio Cristo, criam as duas colunas do Arco que consagra o homem que renasceu em Cristo, e se tornou amigo de Deus:

O santo Batismo é o fundamento de toda a vida cristã, o pórtico da vida no Espírito (“vitae spiritualis ianua – porta da vida espiritual”) e a porta que dá acesso aos outros sacramentos. Pelo Batismo somos libertos do pecado e regenerados como filhos de Deus: tornamo-nos membros de Cristo e somos incorporados na Igreja e tornados participantes na sua missão. “Baptismos est sacramentam regeneratiorais per aquam in Verbo – O Batismo pode definir-se como o sacramento da regeneração pela águano Tempo do Advento, e pela Palavra”no Tempo Pascal, [grifo nosso] (ibid, 1213).

A cor roxa do Tempo do Advento é a cor da regeneração pela água do Batismo de João, como a voz que clama no deserto, preparando o caminho do Senhor, nele todos são chamados a se voltarem para Deus, regenerar-se, dar uma guinada na vida, converter a direção, retornar à casa paterna, nascer de novo, sendo esse momento, o momento de purificação dos pecados, um encontro com Cristo, deixando o homem velho, para ser nova criatura.

É o tempo em que a ovelha é chamada pela voz do Pastor que diz: “buscai ao Senhor enquanto Ele se deixa encontrar, invocai ao Senhor enquanto Ele está próximo” (Is 51,6), para se experimentar o encontro pessoal com Cristo, voltar-se para o Pai, constituindo-se portanto, a porta de entrada cuja chave é pela abertura do coração do homem a acolher em si o Espírito e torná-lo régio em sua vida, sendo a força que fará partir daí as ações decorrente da vontade de Deus, segundo a Palavra, para este momento o Pastor, a segunda testemunha, reverenciando a primeira, faz o chamado: “Daí em diante Jesus começou a pregar dizendo: “Convertei-vos, porque o Reino dos Céus está próximo (Mt, 4,12).

A iniciação batismal pela regeneração da água, atua como o próprio Querigma que pincelamos aqui alguns fragmentos:

Deus o ama, pessoalmente, como Pai amoroso.

Ele o Ama, você é importante para Ele, te aceita incondicionalmente.

(…)

Ele nos criou e para Ele caminhamos. Dele viemos e para Ele Vamos.

Ele é o Princípio e o Fim, o Alfa e o Ômega.

(…)

E desde o princípio nos convidou a ter uma relação e comunhão pessoal de amor com Ele, como filhos e amigos; “e todo o que ama aquele que o gerou, ama também aquele que dele foi gerado (1Jo 5,1).

És precioso aos meus olhos, estimados, valioso e valorizado”, você é muito valioso para Mim, você Me é muito importante. A sua pessoa, a sua história e a sua condição atual. Com rosto, nome próprio, história vocação, estado de vida e condição concreta de sua vida..

(…)

És meu”… e todo mundo cuida daquilo que sente que é seu… “Ele nos fez, somos Dele”. Deus mesmo diz que você é Dele, pertence a Ele.

Depois de tê-lo recusado e a seu amor, e havemos nos separados Dele pelo pecado, Ele continua a amar-nos e nõs abandona.

Oferece-nos a reconciliação, a salvação e Vida nova (NAVARRO, 1999, p. 9)2.

Diante deste convite de conversão, se olharmos para o fundo do coração e não sentirmos a intensidade da Promessa Divina em nossa alma, poderíamos perguntar: o que nos impede ter sentir Deus, de ter uma relação íntima com Ele?

Muitas vezes enganamos a nós mesmos, somos em nós mesmos, falsos pastores, porque dizemos acreditar a Deus, assim como o próprio diabo acredita (Mt 24,5), ou, ainda, que Deus é tudo em nossas vidas, mas, a exemplo dos fariseus só repetimos palavras, mas, a realidade nossa alma não é integra, porque temos um propósito no íntimo e uma ação diferente externamente, não há uma comunhão entre o que falamos e o que fazemos, e o Senhor nos diz: Nem todo aquele que diz a mim: ‘Senhor, Senhor!’ entrará no Reino dos céus, mas somente o que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus (Mt 7,21).

E João Batista igualmente, vendo aqueles cuja fé é apenas aparente, diante daqueles que iam lá para se purificarem, mas ainda não tinham o encontro pessoal com o Senhor, isto é, queriam ter os pecados perdoados, mas, não se abriam para a amizade com Deus, que eram “raça de víboras”.

1Naqueles dias, apareceu João Batista, pregando no deserto da Judeia: 2“Convertei-vos, porque o Reino dos Céus está próximo”. 3João foi anunciado pelo profeta Isaías, que disse: “Esta é a voz daquele que grita no deserto: preparai o caminho do Senhor, endireitai suas veredas!” 4João usava uma roupa feita de pêlos de camelo e um cinturão de couro em torno dos rins; comia gafanhotos e mel do campo. 5Os moradores de Jerusalém, de toda a Judeia e de todos os lugares em volta do rio Jordão vinham ao encontro de João. 6Confessavam seus pecados e João os batizava no rio Jordão. 7Quando viu muitos fariseus e saduceus vindo para o batismo, João disse-lhes: “Raça de cobras venenosas, quem vos ensinou a fugir da ira que vai chegar? 8Produzi frutos que provem a vossa conversão. 9Não penseis que basta dizer: ‘Abraão é nosso pai’, porque eu vos digo: até mesmo destas pedras Deus pode fazer nascer filhos de Abraão (Mt 3,1-8).

Portanto, o Tempo do Advento é o tempo favorável da Graça de Deus para o encontro pessoal com o Senhor, o chamado do Pastor para as suas ovelhas: “Convertei-vos, porque o Reino dos Céus está próximo”, dando a cada um que acolhe o Espírito Santo, a Verdade do Senhor, e assim, responder com o amor profundo e verdadeiro renunciando a verdade aparente, para se eleger a Verdade que se dá testemunho, de quem muito amou, compondo o testemunho da Palavra, o segundo elemento do Batismo celebrado Tempo Pascal “o que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus (Mt 7,21)”.

Como sinal de alerta, a exemplo de João, o Senhor nos lembra daqueles que João Batista chamava de raça de víboras, como o jovem rico que se via imaculado, mas diante do convite de acolhimento do Espírito Santo no lugar dos bens saiu contrariado e Jesus disse como é difícil aquele que apegado a si mesmo entrar no Reino dos Céus (Mc 10,23).

Por isso, os renascidos pelo Batismo, os que muito amaram, serão poucos, porque delegar a vida ao Espírito é uma decisão muito forte em nossa vida e poucos estão dispostos a isso, uma passagem pela porta estreita, é como um camelo passar pelo buraco de uma agulha, portando devemos estar atentos para saber se estamos sendo honestos conosco mesmo e, de repente se não estamos recusando o convite para as bodas.

Quanto alcançamos a Graça e temos este encontro sincero com Cristo, a reação imediata é a de desânimo e lamentação, pois nos sentimos como se já estivéssemos condenados e não há mais nada o que fazer, como Pedro quando pediu para que Jesus se afastasse dele porque era pecador (Lc 5,8), ou ,quando os discípulos disseram estas palavras são muito duras, quem então, entrará no Reino dos Céus? Naquele tempo, 60muitos dos discípulos de Jesus, que o escutaram, disseram: “Esta palavra é dura. Quem consegue escutá-la?” 61Sabendo que seus discípulos estavam murmurando por causa disso mesmo, Jesus perguntou: “Isto vos escandaliza?” (Jo 6,60-61).

Mas a Graça de Deus é maior e vem nos dizer:

1Alegre-se a terra que era deserta e intransitável, exulte a solidão e floresça como um lírio.2Germine e exulte de alegria e louvores. Foi-lhe dada a glória do Líbano, o esplendor do Carmelo e de Saron; seus habitantes verão a glória do Senhor, a majestade do nosso Deus.3Fortalecei as mãos enfraquecidas e firmai os joelhos debilitados.4Dizei às pessoas deprimidas: “Criai ânimo, não tenhais medo! Vede, é vosso Deus, é a vingança que vem, é a recompensa de Deus; é ele que vem para vos salvar”.5Então se abrirão os olhos dos cegos e se descerrarão os ouvidos dos surdos – Liturgia Missal – 2º Semana do Advento – Ano A, 05/12/2022, 1ª Leitura – Is 34, 1-5).

Conclusão

O Tempo do Advento é o Tempo da Graça do Senhor, o chamado do Pastor às suas ovelhas para que voltem ao aprisco, regenerando-se pela água da Voz que clama no Deserto, é uma liturgia profundamente penitencial de constrição e arrependimento sob o título “convertei-vos, o Reino dos Céus está próximo”.

É a preparação para o testemunho da Palavra que completa o Sacramento do Batismo no Tempo Pascal, em que nos colocamos diante da liturgia quaresmal do amor a Cruz, a defender a Palavra sobre a angústia do Monte das Oliveiras, a prostrarmos diante de César, a sermos coroados com os espinhos da humilhação pública, a carregar os nossos fatos subindo o Monte Sião, até consumarmos nossas obras no imenso amor à Cruz, sob o testemunho da Palavra até o fim, pela morte do Cristo na cruz, imitando a submissão do Cordeiro.

1 CAC – Catecismo da Igreja Católica nº 1253

2NAVARRO, Pe. Alfonso Castelhano, MspS. Evangelização – Primeiro Anúncio – Querigma. São José dos Campos – SP: Edições ComDeus, 1999.

A Dignidade da Mulher

Este artigo apresenta a prática da Sabedora para a conservação da Dignidade da Mulher negra e estrangeira.

No 11º, Tema da preparação para o Sínodo 2023, apresentamos a praxis nas recomendações para a Festa de Casamento (Mt 22,1-3 – Liturgia Missal 18/08/2022), do Príncipe da Realeza do Sul, que traz em seu manto a consumação da Palavra de Deus “olhastes para a humilhação de tua serva”, pois Ele viu a humilhação da mulher, desde o tempo de Zípora, mulher de Moisés, humilhada por Aarão e Míria, por ser negra e estrangeira, “e o Senhor ouviu isso” (Nm 12, 1-2), para que agora sabeis “que Eu, o Senhor, digo e faço – oráculo do Senhor” (Ez 37,14 – Liturgia Missal de 19/08/2022).

Créditos: Mohamed Hassan

Cred: Mohamed Hassan

Como servo, pus me ao serviço, que é liturgia viva da Palavra que é Espírito e Vida, proclamando:

Abri meus lábios Senhor e minha boca anunciará o vosso louvor em meio à grande Assembleia, cantando eternamente a vossa misericórdia, porque eterna é a misericórdia do Senhor e, a sua misericórdia eu cantarei eternamente.

A Palavra diz que “O Senhor disse” (Ez 37,14), e eu, servo, prostrado aos teus pés, peço-Lhe, faça-se em mim segundo a Tua Palavra, para que então, as nações saibam “que Eu, o Senhor, digo e faço – Oraculo do Senhor” (Ez 37,14).

O serviço designado a este servo, foi levar o convite à Academia Marial da cidade de Aparecida-SP, a fim de que tomem conhecimento de que os cultos com a oração do Salmo do Apostolado à Rainha do Sul, foram desvirtuados e estão contaminados por vícios humanos de egoísmo, individualismo e adoração aos bens do mundo, a exemplo do que já advertiu São Tiago na Palavra que é Espírito e Vida quado diz:

De onde vêm as guerras? De onde vêm as lutas entre vós? Não vem daqui: dos prazeres que guerreiam nos vossos membros: Cobiçais e não tendes? Então matais. Buscais com avidez, mas nada conseguis obter? Pedis, mas não recebeis, porque pedis mal, com o fim de gastardes nos vossos prazeres.

Adúlteros não sabeis que a amizade com o mundo é inimizade com Deus? (Tg 4,1-4).

Feito estas considerações apresentamos abaixo a recomendação encaminhada à Academia Marial de Aparecida – SP.

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Aparecida-SP, 18 de agosto de 2022.

Ação de Graças

Assim como fez com o Profeta Samuel, o Senhor chamou-me pelo nome “Laurentino”. E eu respondi: fala Senhor, o teu servo te escuta. O Senhor então disse-me: quero estabelecer contigo minha amizade. Eu respondi: eis o teu servo Senhor, faça-se em mim segundo à tua Palavra. O Senhor disse-me: Eu te ungirei com meu Espírito, e, se te conservares nesta amizade, em 40 anos, te darei a conhecer o dom que recebestes.

Eu me conservei nesta amizade, e, no tempo do Senhor, foi me revelado o dom de línguas, não o de falar, mas, o de interpretar, para isso me formou ao longo de 40 anos no ofício de hermeneuta, completado pelo ofício de Mestre Educador de Linguagens.

Ao ter conhecimento desta revelação o Senhor disse-me, te ungi com meu Espírito, atribuindo-te o dom da interpretação de línguas, para que sirva-me como atalaia nos desvirtuamentos da Palavra de Deus para pensamentos humanos, porque os pensamentos dos homens não é o pensamento de Deus.

O Apóstolo da Rainha do Sul (Salmo)

Este salmo foi inspirado ao servo da Rainha do Sul, Pe. Vitor Coelho, como chave para que aqueles que se tornam amigos de Deus, alcancem a dignidade de servir a Deus através do projeto da Vida confiado à Virgem, bendita entre todas as mulheres, como tabernáculo do Santíssimo, chamada de à Mãe de Deus, e assim, receberem a misericórdia de conservar-se como fiéis servos e amigos de Deus, de agora e por torda a eternidade.

No entanto, este Salmo foi transmudado, recebendo pensamentos humanos, por isso, a Rainha do Sul manifesta sua preferência pela a sua correção para a adequada Palavra de Deus como a proposta seguinte:

Ó Maria Santíssima, que vossa querida presença milagrosa em Aparecida, espalhais inúmeros benefícios sobre todo o Mundo.

Eu, embora indigno de pertencer ao número de vossos servos, mas cheio do desejo de participar dos benefícios de vossa misericórdia, prostrado a vossos pés, consagro-vos o meu entendimento, para que sempre me lembre do amor que mereceis; consagro-vos a minha língua para que sempre vos louve e propague a vossa devoção; consagro-vos o meu coração, para que, em Deus, vos ame sobre todas as coisas.

Recebei-me, ó Rainha incomparável no ditoso número de vossos servos, acolhei-nos debaixo de vossa proteção; socorrei-me em nossas necessidades espirituais e temporais, e, sobretudo, na hora de nossa morte.

Abençoai-nos, ó Mãe Celestial, e com vossa poderosa intercessão fortalecei-nos em nossa fraqueza, a fim de que, servindo-vos, fielmente nesta vida, possamos louvar-vos, amar-vos e render-vos graças no céu, por toda a eternidade. Assim seja!

Justificativa para a correção: se faz necessária porque os vícios humanos insculpidos na oração transmudada, fomentam o egoísmo, o individualismo e rebaixam o Santístimo como escravo das vontades humanas transfigurado-o como deus superprotetor dos interesses do mundo.

Tibouchina (a quaresmeira que floresceu na Páscoa).

Tibouchina é o nome científico do Manacá da Serra, ou quaresmeira.

A velha amiga escuridão

Este artigo vem te abordar as formas que podemos assimilar os sofrimentos no nosso dia a dia para superar as dificuldades.

Nós brasileiros costumamos dizer, que agora que já passou o carnaval, então o País entrou em marcha para as atividades normais, e voltamos as nossas correrias, nossas aflições de como pagar as contas, de como sustentar os gastos necessários as nossas mínimas dignidade, a exposição das violências, dos assaltos, das agressões, das mutilações, e isso, nos deixa muitas vezes desconsolados, desamidados, com um gosto amargo na língua, com um pigarro grudento na garganta, nos deixando até roco, roco de gritar no silêncio por Deus.

Foto: Jarmoluk

E este é o tema que comporá o nosso sétimo capítulo da praxis, porque de tanta dor, violência e sofrimento, a pergunta que vem diante de nós é “porque isso meu Deus”? Ou, “onde está o teu Deus que parece não ver nada disso”?.

E para tentar se compreender a razão do amargo da língua, a nossa dor, precisamos desfazer um paradoxo, constituído na Palavra que se forma entre as Escrituras do Antigo Testamento que proclama: “Ninguém pode ver Deus e continuar vivo” (Ex 3,6; 33,18-19), e, na Escritura do Novo Testamento que proclama Jesus como Deus sendo visível ao mundo quando diz: ‘O Espírito virá sobre ti, e o poder do Altíssimo te cobrirá com sua sombra. Por isso, o menino que vai nascer será chamado Santo, Filho de Deus (Lc 1,35).

Assim, o paradoxo se forma quando a Escritura proclama que ninguém pode ver Deus e continuar vivo, no entanto, em aparente contradição, nos dá o Testemunho de que todos que viveram no tempo de Jesus viram Deus, ao longo de sua passagem na Terra e continuaram vivo, diante da proclamação da Palavra que diz que Jesus é Deus.

Diante desse paradoxo, arriscamos dizer que essa confusão que fazemos é que nos causa a dor e o sofrimento, criando em nós a sensação de que Deus não está perto, que Deus é apenas exercícios mentais destoados das realidade das aflições, desarticulados dos medos, morte, doença, ao sermos, como São Paulo disse, tratados diariamente como ovelhas destinadas ao matadouro (Rm 8,36).

Mas é o próprio Jesus que em sua imensa misericórdia, é o primeiro a nos ajudar a sair desse lodo que alcança o nosso pescoço, quando vem nos repetir a Palavra dada a Tomé e a Filipe, ao dizer que Ele está diante de nós, mas, nós mergulhados em nossas ambições mesquinhas, de curar a doença, ganhar dinheiro, comprar coisas, não o vemos:

6″Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida.
Ninguém vai ao Pai senão por mim.
7Se vós me conhecêsseis,
conheceríeis também o meu Pai.
E desde agora o conheceis e o vistes”.

8Disse Filipe:
“Senhor, mostra-nos o Pai, isso nos basta!”
9Jesus respondeu:
“Há tanto tempo estou convosco,
e não me conheces, Filipe?
Quem me viu, viu o Pai.
Como é que tu dizes:
`Mostra-nos o Pai’?

Assim, hoje, valendo nos da didática de Filipe, “mostra-nos o Pai, isso nos basta”, ou seja, nos contentarmos com a glória do passado, a de Abrahão, Jacó, Moisés, e não precisamos aplicá-la ao presente, apenas revivê-las, olhando para trás, ou vendo Deus pelas costas pois, já passou, podemos reviver,o tempo de Jesus a revelar-nos claramente para nós o Pai, no reinício da Vida.

Começando pelo sim da nova Eva, que acolheu o Espírito Santo, renunciando a si mesma, ao proclamar “Faça-se em mim, segundo a Tua Palavra”, e dano início a um novo Reino, com a encarnação de Deus, ao qual se chamou Jesus.

Testemunhamos que Jesus, sendo Deus, rebaixou-se à condição de filho do homem, deixando a sua condição de Palavra de Deus, e, encarnou-se para dar o testemunho do Verbo, tornando a Palavra no mundo Espírito e Vida, cuja fidelidade ao cumprimento da Palavra, lhe deu a condição de ser chamado no Céu e na Terra como “o Cordeiro de Deus”, pois, por Ele se consumou a Verdade a partir da Palavra: “tudo esta consumado” (Lc 19,30).

Assim, Jesus mostrando-nos hoje o Pai, como pedido por Filipe, testemunhamos que Ele foi a Palavra encarnada, o Verbo de Deus, que transformou em Verdade no mundo, pelo seu testemunho a Palavra de Deus, tornando-se a partir da instauração desso no Reino, o ponto inicial, a fonte que nasce no lado norte do Templo, a dar origem a nova vida, tornando nova todas as coisas, com o refrigerio que estabiliza o ser vivente.

Mas o ser vivente ao sentir-se nutrido pelo Pão do Céu, a tanto tempo conosco, não conseguimos ver o Pai diante de nós, mas, como Filipe, só pelas costas, ao crermos e revivermos que toda a dor e todo o sofrimento já foi consumado na Cruz, por Jesus como o pagamento da iniquidade do mundo, assim, ele já sofreu em seu lugar, e só queremos sermos felizes.

E sentimos felizes quando não dependemos de Deus, ou seja, quando sentimos que tudo está dentro do nosso controle, não do jeito de Deus, mas sim do nosso jeito de ser, viver e ter as coisas, para nós, o ápice da criação é a plenitude do viver o nosso estilo próprio, fazendo quem sabe a nova moda, o novo meme, o bombar nos clique e seguidores digitais.

Assim, já não invocando o Espírito sem dizer mais nossas ações “faça-se em mim, segundo a vossa Palavra”, nossos olhos afastam-se da Graça de Deus, da amizade de Deus, e não mais O reconhecemos, não podemos ver Deus diante de nós, e passamos a desejar ver “sinais”, como é testemunhado pela Palavra no tempo de Jesus quando se proclamou:

22Celebrava-se, em Jerusalém, a festa da Dedicação do Templo.
Era inverno.
23Jesus passeava pelo Templo, no pórtico de Salomão.
24Os judeus rodeavam-no e disseram: ‘Até quando nos deixarás em dúvida?
Se tu és o Messias, dize-nos abertamente.’

25Jesus respondeu: ‘Já vo-lo disse, mas vós não acreditais.
As obras que eu faço em nome do meu Pai dão testemunho de mim;
26vós, porém, não acreditais (Jo 10,22-26),

Aqueles homens recebiam o sabor de Deus, viviam o sabor de Deus, pelo Pai que lhe era mostrado como se repetia no pedido por Filipe, mas, incomodados com a Verdade, mergulharam nas trevas, e, agora, nós, podemos dizer que mesmo nos deparando com a Luz, conduzidos de frente para o Caminho, não reconhecemos a Luz: “Ela estava no mundo, e o mundo foi feito por meio dela, mas, o mundo não a reconheceu (Jo 1,10), e por isso, com nossas línguas amargas, diante das barbáries, iniquidades, homicídios, violências, corrupção, oprimidos por aflições, das profundezas perguntamos, onde está o teu Deus? Pois, não o reconhecemos.

Ele está no meio de nós, mas nós não o reconhecemos, Ele está diante dos sacerdotes, governadores discípulos, mas ninguém o reconheceu, por nós que imitamos o testemunho de Maria Madalena, ao adentrar-se nas profundezas da angústia, isto é, no túmulo, que ao voltar-se “para traz, e viu Jesus de pé, mas não sabia que era Jesus. Jesus nós pergunta então “Por que choras”?, e mergulhados na nossa dor própria, pensamos tratar-se de apenas um pedinte no farol, ou aquele cara chato que nos procura para chorar novamente suas misérias, e nosso coração o rejeita como inconveniente (Jo 20-14-15).

Conclusão

Não há contradição entre a Palavra que proclama: Ninguém pode ver Deus e continuar vivo” e Jesus, sendo Deus foi visível entre os homens durante sua visita a este mundo, pois, todos que viram e dão o seu testemunho o dão como o testemunho dado por Moisés, isto é, só vendo Deus, pelas costas, depois que Ele já passou, da mesma forma só reconhecemos o Cristo depois que ele já não estava mais neste mundo.

E para que possamos aprender a caminhar “em tempo real com Deus”, isto é, “não só olhando para o Pai e basta”, isto é, alimentando-se da Glória do passado, o Senhor nos prometeu enviar o Espírito da Verdade, aquele que nos retira os véus do coração, e nos faz reconhecer a Glória do Deus testemunhada por Amós, a plenitude do Deus sob a escuridão (Am 5,18), cuja Graça, como um pecuarista, nos adquire como suas ovelhas, dando-nos o dom de reconhecer a Verdade. Dai-nos a vossa Graça, pois, a Tua Graça me basta.

Recuperando a confiança no amigo

Este artigo vem nos convidar a desenvolver a coerência como instrumento de estímulo à saúde mental.

Nosso Quinto Tema vem apresentar uma autocrítica sobre o nosso comportamento de quando nós agimos como falsos amigos, ou seja, quando nos aproximamos de alguém movidos por interesses pessoais, e acreditem, sem querer ofender o leitor, mas, todos nós temos esse comportamento.

Um convite a autocrítica

E, para podermos avaliarmos com coerência esse nosso comportamento, precisamos aprender a fazer uma autocrítica, como nos ensina o psicólogo Fernández Gonzales:

se não aprendermos a aceitar os comentários negativos, nunca tentaremos superar e eliminar nossas desvantagens. Também insiste na necessidade de uma boa comunicação com os outros, já que são os bons amigos que nos ajudam a ter uma visão mais objetiva dos nossos comportamentos e nos motivam a melhorá-lo: “É fundamental para o sucesso nas relações, e também para ter uma visão saudável sobre nós mesmos” (MATEOS, 2018, p.1)1

Se olharmos para o nosso dia a dia, vamos nos lembrar que nos aproximamos de muitas pessoas porque elas podem render algum valor para nós, seja de reconhecimento, seja de oportunidades, seja porque somos obrigados, como por exemplo, quando temos de conviver com aquele colega de trabalho intragável, ou com aquele chefe insuportável que as vezes nos faz ultrapassar todos os limites:

“A maioria das pessoas não pede demissão dos seus empregos; elas pedem demissão dos seus gerentes”, afirma a VP de recrutamento do JPMorgan Chase, Wendy Duarte Duckrey (FLORENTINE, 2019, p. 1)2.

Este nosso comportamento de mover-se em razão de uma dependência emocional, seja ela decorrente de necessidade econômica, de falsa segurança, ou afetiva, nos afasta da coerência conosco mesmo, e, muitas vezes, faz nos tornar predadores, pedindo desculpa aos lobosm que tem muita dignidade, mas, como lobos de nossos próximos:


E isso pode ocorrer por diversos fatores”, avalia Teresa Messeder Andion. Ela cita que todos nós podemos agir de forma interesseira em determinados momentos e sob determinadas condições, pois aspectos ambientais, como a cultura do ambiente em que estamos, podem funcionar como um estímulo à adoção dessa postura.
O oportunismo, portanto, pode ser apenas uma resposta a uma situação ou ao meio em que se está. Mas a característica pode também denotar uma história de vida conturbada e até mesmo traumas
(BESSAS, 2021, p. 1).

Um convite ao espírito da coerência

Se olhamos com coerência para nós mesmos, e sabemos que temos essas tendências que não são naturais, mas, efeitos corrompidos de comportamento, vamos perceber que isso, traz como efeito mais nocivo a morte da fé, pois, perdemos a capacidade de acreditar que as soluções não saem de nossas, ou seja, para nós só acreditamos naquilo que está em nossas mãos.

Assim, quando nos vemos despidos dela, não nos sentimos seguro diante da verdade, nos sentimos sozinhos, rejeitados, e ignorados, e não acreditamos nos bens que nós temos, e nossos olhos são tomados pela escuridão, como, podemos reconhecer nas palavras do Profeta Jeremias dirigida a um povo interesseiro que, pela falta de coerência consigo mesmo, não era mais capaz de reconhecer a sinceridade na amizade verdadeira:

A todos enviei meus servos, os profetas, e enviei-os cada dia, começando bem cedo; mas não ouviram e não prestaram atenção; ao contrário, obstinaram-se no erro, procedendo ainda pior que seus pais.
Se falares todas essas coisas, eles não te escutarão, e, se os chamares, não te darão resposta.
Dirás, então:Esta é a nação que não escutou a voz do Senhor, seu Deus, e não aceitou correção.
Sua fé morreu, foi arrancada de sua boca.’
(Jr 7, 25-28 – Liturgia Missal – Terceira Semana da Quaresma – Quinta-Feira – 24/03/2022).

Parece difícil de acreditar, mas há muitos que se dizem próximos de Deus, mas não são seus amigos, estão ali, porque querem repouso, querem sustento, querem paz, lembremos das multidões que acorriam a Jesus, no Tempo em que Deus visitou a Terra, não porque eram seus amigo, mas porque queria um benefício dele, uma cura, a divisão de uma herança, um bilhete para ingressar no céu como pediu o jovem rico.

Nos dias de hoje não é diferente, hoje batemos no peito que somos religiosos, mas nos aproximamos de Deus para desfrutar dos bens que eles nos dá. Deus permite isso sim, porque deseja num primeiro passo atrair nossa amizade, mas, como um amor não correspondido, aceitamos os bens e não valorizamos a amizade.

Assim seja no nosso dia a dia, ou, como pastores à frente de uma igreja, a amizade é fria, não como amigo que serve ao seu Deus,, prevalecendo mais o interesse próprio, vestem-se como pastores sob a insígnia de uma Igreja, mas nos segredos das sacristias, se revelam como verdadeiros lobos.

A FPE (Frente Parlamentar Evangélica), conhecida como bancada evangélica, vem sendo cobrada sobre um posicionamento após a revelação de que dois pastores evangélicos exercem forte influência sobre a liberação de recursos do Ministério da Educação (MEC) (ARREGUY, 2022. p. 1)4

Fonte: UOL

E, ainda….

Mais de 216 mil crianças foram vítimas de abusos sexuais na Igreja Católica na França, aponta relatório.
Número sobe para 330 mil se considerados os laicos que trabalharam nas instituições católicas, diz comissão que investigou a igreja durante 2 anos e meio. Instituição pediu perdão às vítimas.
(G1, 2021, p. 1)5.

Somos sim, muitas vezes, oportunistas, batemos no peito amar a Deus, batemos no peito defender uma religião, mas apenas para nos aproximarmos do Sagrado, esperanto obter bens, ou vantagens, que chamamos de “graças, sem a disposição de se testemunhar a Palavra pela fé, mas sim, o da vantagem que Deus pode oferecer, como meios de nos garantir a saúde, a segurança e o pão nosso de cada dia.

Vemos os santuários e nas festas religiosas, a grande atração por bens, vantagens pessoais, curas de cegos e paralíticos, como aconteciam com as multidões do tempo do ministério público de Jesus, e muito pouca capacidade de se reconhecer o resultado da Palavra pela Fé, como Glória de Deus, pois, a fé se tornou morta, pela ausência da amizade, e distante de Deus, manifestam o seu amor a Deus pelo que Ele faz, por isso, parece-lhes impossível que Deus fará algo por eles, se estiverem fé na Palavra, no Deus que É um amigo.

Com a fé morta, pensar por exemplo que é impossível viver sem dinheiro, ao passo que professam que não se dever amar a Deus e ao Dinheiro, parecendo verdadeira escuridão mortal, amar Deus pelo que Ele É, na certeza de que ele cuidará de cada necessidade, renunciando-se a todos os interesses próprios, para aproximar-se dele apenas pelo amor a uma amizade verdadeira.


Dessa forma perdemos a graça de reconhecer o Deus amigo, e O Vemos como o próprio demônio:

Jesus estava expulsando um demônio que era mudo.
Quando o demônio saiu, o mudo começou a falar, e as multidões ficaram admiradas.
Mas alguns disseram: ‘É por Belzebu, o príncipe dos demônios,
que ele expulsa os demônios.’
Outros, para tentar Jesus, pediam-lhe um sinal do céu
(Lc 11, 14-16 – Liturgia Missal – Terceira Semana da Quaresma – Quinta-Feira – 24/03/2022).

Portanto, se você neste momento se aproxima de Deus, porque gosta de ficar perto do Santo, louvando, curtindo, achando que pode receber dele o pão, a saúde, a salvação, renuncie a si mesmo, despoje-se de tudo, e ame apenas o Tesouro da Amizade que forja o Ouro da Aliança que Deus jamais esquece, pois, é muito breve o tempo para que testemunharemos todos juntos o julgamento de que:

Quem não está comigo, está contra mim.
E quem não recolhe comigo, dispersa
(Lc 11,23 – Liturgia Missal – Terceira Semana da Quaresma – Quinta-Feira – 24/03/2022).

Referências:

  1. MATEOS, Alejandra Sánchez. Seis comportamentos que fazem as pessoas se afastarem de nós. In Caderno Ciência, 26/08/2018 – El Pais. Disponível em https://brasil.elpais.com/brasil/2018/08/25/ciencia/1535181881_915785.html. Acesso em 24 mar. 2022.
  2. FLORENTINE, Sharon. 9 motivos pelos quais os funcionários saem das empresas. In CIO/EUA – IT Forum. Disponível em https://itforum.com.br/noticias/9-motivos-pelos-quais-os-funcionarios-saem-das-empresas/. Acesso em 24 mar. 2022.
  3. BESSAS, Alex .Aprenda a identificar um ‘interesseiro’, mas saiba: agir por interesse é normal. In Caderno Comportamento – O Tempo 06/04/2021. Disponível em https://www.otempo.com.br/interessa/aprenda-a-identificar-um-interesseiro-mas-saiba-agir-por-interesse-e-normal-1.2468370. Acesso em 24/03/2022.
  4. ARREGUY, Juliana. Cobrada após áudio, bancada evangélica lida com disputas internas. In Caderno Política – UOL 24/03/2022. Disponível em https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2022/03/24/bancada-evangelica-mec-quem-sao-deputados-senadores-frente-parlamentar.htm. Acesso em 24 mar. 2022.
  5. G1 – Portal de Notícias. Mais de 216 mil crianças foram vítimas de abusos sexuais na Igreja Católica na França, aponta relatório. Disponível em https://g1.globo.com/mundo/noticia/2021/10/05/mais-de-216-mil-criancas-foram-vitimas-de-abusos-sexuais-na-igreja-catolica-na-franca-aponta-relatorio.ghtml. Acesso em 24 mar. 2022.

Superando as dores

Iniciando o tema 4 do capítulo 2, da Praxis, vamos abordar a experiência com a dor, pois vivemos nas últimas décadas, o tempo das dores, pois a alegria de nossas festas foram trocados por tragédias, violências, corrupção e opressão.

Credit: cicloviasinvisiveis.com

Já não temos os cantos nas ruas, já não não reunimos com o vigor de brindar as vitórias dos campeonatos com os amigos, e nos últimos tempos, vivenciamos continuamente a dor pelo luto de nossos amigos, e nossos próximos.

Se olharmos para dentro de nosso coração enxergamos apenas o lamento, a saudade dos amigos que passaram por nossas vidas, pelos parentes que perdemos, o cansaço pela opressão da avidez tributária do Estado sem retorno de dignidade e cidadania, o excesso de trabalho com pouco retorno financeiro, endividamentos familiares.

Nosso sol se tornou escuro, nossas luas sangrentas, as estrelas parecem pálidas, e os Céus se foram, nos deixando neste deserto vazio, nebuloso, cheio de ódio, violência, indiferença, longe da graça de sentir que Deus existe.

Diante disso, perguntamos porque há tantos sofrimentos, tanta dor, tanta morte, tanta indiferença, tanto ódio? E a resposta vem na singeleza do conselho de um pai, ou, de uma mãe: estamos sofrendo por termos escolhido o caminho do filho pródigo, antecipamos a herança e saímos para o mundo por nós mesmos, por isso, perdemos todos os nossos bens, e agora, sob o risco de perder a própria Terra, e toda a nossa dignidade.

E assim, estamos sofrendo as dores porque até agora, errantes, não reconhecemos que precisamos mudar nosso modo de ser, abandonar o sonho de controlar, de dominar, para passarmos a reconhecer nossa impotência.

Isto quer dizer, renunciar ao controle próprio dos fatos, deixando que os fenômenos tomem o curso natural de sua realidade, deixando de olhar para as tragédias que nos circundam como obras do acaso, mas com um coração contrito, passarmos a reconhecer que elas são frutos dos nossos erros.

Enquanto não mudarmos nosso olhar continuaremos a viver as dores cada vez mais intensas. Mudar o olhar ou mudança de vida, não significa buscar tentar fazer tudo certinho, significa renunciar todo o controle interno de si mesmo e passar a deixar que as leis naturais é que direcione o comportamento.

Mudar de vida também não significa deixar as coisas por si mesmas, e nos tornamos passivos, mas sim, apreendermos a abrir nosso coração para a voz da Natureza, a sabedoria dos DNA’s, não biológicos, mas, DNA’s “em Espírito”, que nos sussurram as orientações de nossos pais nos direcionando para os atos que temos de realizar, pois do contrário continuaremos a andar errantes, sem dignidades e repletos de dores, como já nos ensina as Escrituras pelo Profeta Isaías:

4 Ai! Gente pecadora, povo carregado de crimes, geração de malfeitores, filhos degenerados!

Abandonaram o SENHOR, desprezaram o Santo de Israel, andaram para trás.

5 Se continuais nessa revolta, podereis ainda levar pancadas? A cabeça toda está doendo, o coração inteiro, magoado.

6 Da sola dos pés até o alto da cabeça não há nada são. É só machucado, vergão, ferida aberta, sem limpar, sem tratar, sem remédio para aliviar.

7 É assim mesmo: vosso país está arrasado, vossas cidades, destruídas pelo fogo, a as terras, bem diante dos vossos olhos, devoradas por estrangeiros. É a devastação, a invasão de inimigos.

8 Jerusalém, a filha de Sião, ficará como um rancho no vinhedo, uma choupana em plantação de pepinos, cidade cercada pelo inimigo.

9 Se o SENHOR dos exércitos não nos tivesse deixado uma sobra, ainda que pequena, ficaríamos como Sodoma, semelhantes a Gomorra (Is 4-9).

Temos de aprender a perceber nossos erros, observando que hoje somos chamados para uma mudança de vida, e essa mudança de vida significa eu deixar de acreditar que os próprios pensamentos são capazes de conduzir a prática de vida ideal, de justiça, mas removê-los todos, isto é, renunciar a si mesmo.

Assim, diante da dor do luto pela fome, diante da dor luto pela peste, diante da dor do luto pela guerra, renunciando a nós mesmos, poderemos enxergar que a solução não vem de nós, pois, se tudo isso está acontecendo não é por castigo de Deus mas por efeito de nossas caminhadas errantes, servindo para mostrar para nós, que nos afastamos da Solução de Deus, e perdendo a sua graça, e por isso estamos sucumbindo.

Precisamos aprender a renunciar a nós mesmos, isto é, como que sentados de carona no quadro de uma bicicleta, permitir que o piloto dela, Jesus, a conduza sem a nossa interferência, permanecendo obedientes aos pedidos Dele, assim, confiantes de que o caminho por mais tortuoso e acidentado que possa parecer, sob a direção dEle, chegaremos ao lugar seguro, com paz, dignidade e justiça.

Conclusão

Vimos a tragédia de uma pandemia, e o homem, dizendo-se tratar-se de um mal, correu para dar sua solução. Alguém voltou-se para Deus e disse: Senhor perdoai-nos pois, atraímos para nós o mal?

Estamos vivendo a tragédia da fome pela acumulação dos investidores que tornam os homens do mundo cada vez mais ociosos, sem condições de trabalho. Todos escolheram os próprios caminhos sob como sobreviver as crises, mas, alguém voltou-se para Deus e disse: Senhor, nos afastamos de vós por isso, fomos entregues nas mãos de nossos opressores?

Estamos vivendo a tragédia da guerra, pela ambição, mesquinhez e miserabilidade humana. O mundo correu para criar uma solução através de sua arrogante forma de controlar e dominar as pessoas. Alguém voltou-se a Deus e disse: Senhor, estamos prestes a sucumbir por nossos erros, mostrai-nos a vossa face?

Diante destas questões podemos perceber, mesmo diante de tantas tragédias, que não voltamos para Deus, e, ainda, o quanto estamos distantes de renunciar a nós mesmos pois estamos presos as soluções puramente humanas e não queremos abrir mãos do poder de dominar e controlar, fechando nossos ouvidos para os sussurros dos DNA’s de nossos pais, permanecendo rebeldes, surdos, não damos nenhuma atenção aos seus conselhos:

Abandonaram o SENHOR, desprezaram o Santo de Israel, andaram para trás.
5 Se continuais nessa revolta, podereis ainda levar pancadas? A cabeça toda está doendo, o coração inteiro, magoado. (Is 1,4-5).

Observemos então que não se trata apenas de uma mudança de pensamento, ou, de comportamento, mas de renúncia de nós mesmos que só é possível pela graça de Deus e não pela nossa própria vontade. E essa graça só acontece quando restabelecemos a Aliança Sagrada, criando em nós a amizade fiel entre Deus e o homem. A partir daí, é Ele quem dirige e não nós mais.

Do que você tem medo? De estar de carona em um bicicleta segura, ou caminhar por tuas próprias pernas e cair no abismo? Mude, volte ao valor de ter um amigo fiel.

“Permaneçamos com os corações vigilantes pois o GRANDE DIA está próximo, em que Jesus Cristo retornará na glória e esplendor, dando-nos a Verdadeira Vida. Assim, suplicamos em nossos corações: “Iluminai a vossa face sobre nós, convertei-nos para que sejamos salvos!” (Sl 79).

Entre nós… Aleluia! Dentro de nós… Maranatha! Saudações em Cristo” (VELOSO, 2021, p. 1)!1

1VELOSO, Dom Eurico dos Santos. Quarto Domingo do Advento.In Artigos CNBB – 16/12/2021. Disponível em https://www.cnbb.org.br/quarto-domingo-do-advento/. Acesso em 04 mar. 2022.

O milagre da Ucrânia

Diante da angustiante experiência que vivemos nos dias presentes, apresentamos alguns caminhos que podem oferecer segurança e certeza para o amanhã em meios às dores do dia a dia.

Estamos vivendo dias angustiantes diante das notícias de guerra, e, se dissermos que não nos importamos como isso, mentimos para nós mesmos, porque é a Humanidade inteira que está sendo afetada por esse fenômeno, é não é só uma questão financeira, é questão da própria existência dela.

Na visão humana, o que parece é que ha um grande tabuleiro, onde de um lado há aqueles que dizendo-se em nome da paz, se julgam donos do poder bélico absoluto, e para isso, não medem consequência dos meios para justificar os fins.

Do outro lado há aqueles, dizendo-se em nome da paz, que se julgam os donos do poder econômico, e atribuem um preço caro para o mundo, mas, esquecem que o mundo não lhes pertencem e nem sabem se estarão vivos amanhã, como nos foi ensinado pela liturgia missal da Quarta-Feira da Sétima Semana do Tempo Comum de 23/02/2022:

Caríssimos: 13E agora, vós que dizeis: ‘Hoje ou amanhã iremos a tal cidade, passaremos ali um ano, negociando e ganhando dinheiro’. 14No entanto, não sabeis nem mesmo o que será da vossa vida, amanhã! Com efeito, não passais de uma neblina que se vê por um instante e logo desaparece. 15Em vez de dizer: ‘Se o Senhor quiser, estaremos vivos e faremos isto ou aquilo’ (Tg 4-13-15).

O que é possível perceber diante deste panorama é que nem um de um lado é possível se salvar pelas armas, nem do outro é possível se salvar pelo dinheiro, e por isso, não se tem a paz, ou, se a tivéssemos, seria uma paz injusta, como disse o Senhor, a paz do mundo não é a Paz que Deus nos prometeu:

27“Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; mas não a dou como o mundo. Não se perturbe nem se intimide o vosso coração. 28Ouvistes que eu vos disse: ‘Vou, mas voltarei a vós’. Se me amásseis, ficaríeis alegres porque vou para o Pai, pois o Pai é maior do que eu. 29Disse-vos isto, agora, antes que aconteça, para que, quando acontecer, vós acrediteis”(Jo 14,27-29 – Liturgia Missal terça-feira da 5ª Semana da Páscoa – Ano B – 04/05/2021).

A partir destas considerações, perguntamos o que há de concreto a oferecer-nos uma saída para um momento tão crucial nos destinos da Humanidade?

A resposta para isso de uma forma imediata é: mudarmos a nossa vida, para considerar que a Paz que Deus nos oferece é a verdadeira paz, isto que dizer para nós agora, não devemos esperar uma solução humana, como por exemplo vemos hoje o milagre da resistência da Ucrânia, algo que parece inacreditável, mas fora das visões humanas, há um coração de Mãe, escondido que ninguém vê, abraçando cada um daqueles filhos e protegendo-os de tragédias maiores.

Sim, o Senhor prepara cada um dos seus filhos para encarar o inimigo opressor, e lhes dará vitória, semeiam entre lágrimas mas os frutos serão de alegria, pois, renunciarão a paz falsa que o mundo oferece através de articulações puramente humanas, para acolher a Paz verdadeira, se estabelecendo naquela Nação efetivamente. Glória a Ucrânia sim, mas, por primeiro, Glória a Deus que se lembrou de sua aliança.

Se compartilharmos com esta Nação, a consciência firme deste propósito, temos condições de encontrar o caminho para essa Paz, que virá das mãos do Senhor, como podemos conferir na recomendação que o Apóstolo São Tiago nos faz na liturgia missal de sexta-feira da 7ª Semana do Tempo Comum de 25/02/2022, quando nos convidou a olhar que as ações humanas tanto do lado das armas como do lado do dinheiro, por ser humanas, não garante a vida de ninguém.

Por isso, não cabe a aqueles que desejam a verdadeira paz, por suas esperanças nas armas e contra o dinheiro, ou por suas esperanças no dinheiro e ser contra as armas, quando nos ensina: “9Irmãos, não vos queixeis uns dos outros, para que não sejais julgados. Eis que o juiz está às portas” (Tg 5,9). Ponha sua esperança no Senhor, e Ele te dará as armas necessárias para a vitória contra o pior dos inimigos.

Se o caminho da paz não é por armas, nem pelo dinheiro, cumpre a nós agora compreender então, qual o caminho devemos seguir para que possamos efetivamente receber a promessa a nós dada pelo próprio Cristo: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; mas não a dou como o mundo. Não se perturbe nem se intimide o vosso coração” (Jo 14,27), pois, a promessa de que o caminho certo de solução para a Paz, não vem das ações humanas, mas sim, vem de Deus.

Quando dizemos que a solução para a Paz vem de Deus, não estamos criando uma afirmação vaga do tipo, se Deus quiser teremos paz, como já nos advertiu São Tiago na Liturgia Missal da terça-feira da Sexta Semana do Tempo Comum – 15/02/2022 quando disse:

13Ninguém, ao ser tentado, deve dizer: “É Deus que me está tentando”, pois Deus não pode ser tentado pelo mal e tampouco ele tenta a ninguém. 14Antes, cada qual é tentado por sua própria concupiscência, que o arrasta e seduz. 15Em seguida, a concupiscência concebe o pecado e o dá à luz, e o pecado, uma vez consumado, gera a morte (Tg 1,13-15).

Ao contrário disso, saindo do abstrato, do subjetivo, estamos testificando de forma eficaz o cumprimento da Palavra nos deixada por Testamento, para que reconhecêssemos que tudo isso, já estava previsto pela Escrituras como anunciado pelo Senhor que nos pede a prestar atenção para quando acontecer nós acreditarmos; “28Ouvistes que eu vos disse: ‘Vou, mas voltarei a vós’. Se me amásseis, ficaríeis alegres porque vou para o Pai, pois o Pai é maior do que eu. 29Disse-vos isto, agora, antes que aconteça, para que, quando acontecer, vós acrediteis” (Jo 14,28-29).

Foi nos dito antes, para que acreditássemos quando acontecesse que: Quando ouvirdes falar de batalhas e notícias de guerras, não fiqueis alarmados: é preciso que essas coisas aconteçam, mas ainda não é o fim. 8De fato, há de se levantar nação contra nação e reino contra reino. Haverá terremotos em vários lugares, e muita fome. Isso é o começo das dores (Mt 13,7-8).

Não fiqueis alarmados quer dizer, ficais atentos aos sinais, eis que eu vos disse antes para que quando acontecer acrediteis, e se temos dúvidas ainda de que a notícia de guerra presente é a mesma das Escrituras, talvez podemos ter mais certeza, se olharmos para as mesmas advertências repetidas em 1917, em Fátima – Portugal, portanto, dito antes que acontecesse, quando nas visões de Nossa Senhora do Rosário pelos Pastorinhos, Ela convidou o mundo a mudar de vida, renunciando a paz falsa do mundo e voltar para a Fé como forma de instituição da Paz:

Para a impedir virei pedir a consagração da Rússia a meu Imaculado Coração e a comunhão reparadora nos primeiros sábados. Se atenderem a Meus pedidos, a Rússia se converterá e terão paz; se não, espalhará seus erros pelo mundo, promovendo guerras e perseguições à Igreja. Os bons serão martirizados, o Santo Padre terá muito que sofrer, várias nações serão aniquiladas. Por fim o Meu Imaculado Coração triunfará. (SANTUÁRIO DE FÁTIMA, s/d, p.1)1

E, repetido novamente pelas crianças de Garabandal quando descrevem as seguintes visões:

Os seus rostos no momento das visões atestam o trauma sentido por Jacinta, Mari Loli e Mari Cruz, durante a primeira noite dos gritos. Mari Loli parece ter sido a primeira a falar sobre isso em 1967, quando prestou informações a um sacerdote mexicano, Padre Gustavo Morelos. Três anos depois, a mesma informação, de posse de Maria Saraco, foi escrita e confirmada por Mari Loli com a sua própria assinatura. A informação que foi transmitida foi a seguinte:

“Apesar de continuar a ver a Virgem (durante a primeira noite dos gritos), nós vimos uma grande multidão de pessoas que estavam a sofrer intensamente e gritavam de terror. A Mãe Santíssima explicou-nos que esta grande tribulação, que não era o Castigo, viria porque teria chegado um tempo em que Igreja parecia estar a ponto de morrer. Ela ( a Igreja) iria passar por um terrível sofrimento. Nós perguntamos à Virgem o que é este grande sofrimento e ela disse-nos que era o “comunismo”.

(…)

Ao ser questionada sobre isso, Loli respondeu que o modo com que ela viu, pensou que seria mais do que isso. A tia de Conchita, Antonia, afirmou ter ouvido as videntes dizerem em êxtase que “se nós não mudarmos os nossos modos, a Rússia irá tomar posse do mundo inteiro”. Se este for o caso, então a perseguição será em toda parte, além dos confins da Europa.(APOSTOLADO DE GARABANDAL, s/d, p. 1)2.

E, se ainda assim, restar dúvidas, talvez possam nos ajudar, os fatos presentes e suas relações diretas com o prenúncio tratado na Revista Garabandal publicada em 1988.

PATRICK, 1988, p. 43

Traduzindo o texto em inglês acima:

Quadro da esquerda: Na terça-feira, 29 de setembro de 1987, na conclusão do Sínodo dos Bispos Católicos Ucranianos em Roma, esta foto, tirada dos Bispos ucranianos do Mundo Livre, e um grupo de leigos, com o Santo Padre, o Papa João Paulo II. De 7 a 12 de julho de 1988, a celebração oficial do milênio acontecerá no Vaticano, com o Papa presidindo.

Quadro da Direita: Os Pinheiros de Garabandal, vistos do campanário da igreja da aldeia, simbolizam a tão esperada libertação dos católicos ucranianos e de todos os cristãos que sofrem perseguição religiosa atrás da Cortina de Ferro.

Depois lembrando-nos ainda, o que o Senhor nos disse de que eu vos falo antes para quando acontecer vós acrediteis, concluindo sobre a relação entre a Rússia e as aparições, em 1988, a mesma autora escreveu o seguinte:

Garabandal é Deus falando ao mundo em crise que inclui a Igreja, os sacerdotes e o povo. Além das duas grandes Mensagens dadas em Garabandal por Nossa Senhora, estão as que dizem respeito aos papas, ao sofrimento da Igreja e à conversão da Rússia.

Em Garabandal, foi profetizado um grande Milagre dos Pinheiros que deixará no local um sinal sobrenatural visível permanente que pode ser fotografado e televisionado mas não tocado.

Em 20 de julho de 1963, a vidente de Garabandal Conchita, em uma locução com Nossa Senhora, perguntou se o Milagre converteria a Rússia. Ela respondeu: “sim, ela se converterá e todos amarão Nossos Corações.

Então, queridos irmãos e irmãs da Ucrânia, celebrem seu Milênio! Alegrem-se! Espalhe as noticias! Não se assustem! O Senhor Deus enviou Sua Mãe Santíssima para trazer as boas novas de sua libertação (PATRICK, 1988, p.4).

Conclusão:

Quando ensaiávamos para sairmos do luto da Pandemia do Covid-19, caímos no luto das mortes pela Guerra, ou seja, começaram-se as dores, necessárias para mudarmos de vida, que consiste em aprendermos a renunciar o humanismo deixando de acreditar que a solução está nas mãos do homem, e, muito menos a salvação pela guerra ou pelo dinheiro, e prostrarmos à Sabedoria do Alto, na certeza de que é Deus quem define o curso da Vida, como o Senhor do Céu e da Terra.

Volte para Ele e perceberá que as soluções estão vindo dos Céus, um sinal perceptível para o coração, e receberemos a Paz que o mundo não tem, pois do contrário, o dinheiro ou a arma não manterá tua vida. E voltar para Ele significa deixar a rebeldia e aprender a ouvir os seus conselhos desenvolvendo a sensibilidade capaz de identificar que tuas ações e decisões já não são tuas, mas, Dele em você: não sou eu que vivo, mas Cristo que vive em mim (Gl 2,20).

Portal Feliz dos Céus

Intercessão de Nossa Senhora da Conceição pelo Mundo

Pela natividade da Mãe do Senhor, recebemos o dom de tornarmos filhos de Deus, como vontade testamentária do Filho: “Mulher eis o teu filho” (Jo 19,26), atribuindo-lhe assim, a maternidade de Nossa Senhora da Conceição ao colocar em seu coração despedaçado, o consolo materno, pela missão de cuidar daqueles que a recebem como Mãe, “eis tua mãe” (Jo 19,27), e por isso, a exemplo da Rainha Esther, concedeu-lhe a glória de Porta Imaculada humana, “fecunda e sempre virgem”, que liga a Humanidade a Deus Celestial, o Portal Feliz dos Céus (Ave Maris Stella – Frei Galvão).

A MÃE DO REDENTOR tem um lugar bem preciso no plano da salvação, porque, ‘ao chegar a plenitude dos tempos, Deus enviou o seu Filho, nascido duma mulher, nascido sob a Lei, a fim de resgatar os que estavam sujeitos à Lei e para que nós recebêssemos a adoção de filhos. E porque vós sois filhos, Deus enviou aos nossos corações o Espírito do seu Filho, que clama: ‘Abbá! Pai’!’ (Gl 4, 4-6) (PAPA JOÃO PAULO II – Redemptoris Mater)

Oração para a Nação Ucraniana pela intercessão de Nossa Senhora da Conceição

Santa Mãe de Deus,
estende o teu manto maternal sobre todos os cristãos
e sobre todos os homens e mulheres de boa vontade,
que vivem nesta grande Nação.
Guia-os para o teu Filho Jesus,
que é para todos caminho, verdade e vida
(Papa João Paulo II – Oração à Nossa Senhora de ZARVANYTSIA).

Nossa Senhora de Zarvanytsia – Fonte: RISU – Relig. Infomation Serv. Ukraine

Oração pela Paz no Mundo:

“O reinado sobre o mundo pertence agora ao nosso Senhor e ao seu Cristo, e ele reinará para todo o sempre”.

“Nós te damos graças, Senhor Deus, Todo-poderoso, aquele ‘que é e que era’, porque assumiste o teu grande poder e começaste a reinar. 18 As nações tinham-se enfurecido, mas chegou a tua ira, e o tempo de julgar os mortos e de dar a recompensa aos teus servos, os profetas, os santos, e os que temem o teu nome, pequenos e grandes; chegou o tempo de destruir os que destroem a terra” (Ap 11,15.17-18).

Serva Tarsykiya Matskiv rogai por nos!

1SANTUÁRIO DE FÁTIMA. Narrativa das aparições: Terceira Aparição de Nossa Senhora. Disponível em https://www.fatima.pt/pt/pages/narrativa-das-aparicoes. Acesso em 25 fev. 2022.

2APOSTOLADO DE GARABANDAL. A grande tribulação antes do “Aviso”. Disponível em https://www.apostoladodegarabandal.com/a-grande-tribulacao-antes-do-aviso2/. Acesso em 25 fev. 2022.

3PATRICK, Marie Fitz. The church in silence. In Garabandal – The message of Our Lady in Mount Carmel: as a result of miracle, Rússia will be converted, April-June, 1988. Disponível em https://www.garabandal.us/wp-content/uploads/2013/02/russia.pdf. Acesso em 25 fev. 2022.

Descobrindo a Justiça

Este trabalho vem suscitar a serenidade do pensamento para a formação da Justiça, afastando dos pensamentos falsos que revestem-se de sofismas.

Este trabalho vem demonstrar como os julgamentos sob o pensamento humano só conduzem aos caminhos errantes produzindo a injustiça. Para descobrirmos o caminho para a Justiça real, nos valemos neste trabalho da análise da brutalidade humana na condenação de um inocente e justo, Jesus Cristo, o Messias.

Credit:JohnHain

Hoje damos seguimento aos trabalhos que constroem o Capítulo 2, em que mais uma vez, abordando-se a prática da Palavra no nosso dia a dia, ou Praxis Cristã, mergulharemos no contexto das leituras da liturgia missal do mesmo dia da produção deste texto que é Mc 8,27-33 – Sexta Semana do Tempo Comum – Ano C – 17/02/2022.

A prática de hoje tem por objetivo mostrar como caminhamos direto para a morte quando nos apegarmos à ideia de que a Lei é só para os homens, isto é, quando desenvolvemos nossas ações somente de acordo com os pensamentos humanos, e, foi essa razão que levou o Senhor a repreender o Apóstolo Pedro: “Jesus voltou-se, olhou para os discípulos e repreendeu a Pedro, dizendo: “Vai para longe de mim, Satanás! Tu não pensas como Deus, e sim como os homens” (Mc 8,33).

Já abordamos algumas vezes o pensamento humano, ou, espiritualidade humanista, quando, por exemplo, nas metodologias iniciais de nossos trabalhos, falamos sobre o reinado de Pedro Romano e, também, quanto tratamos da formação do senso crítico, em que podemos destacar aqui neste trabalho como ponto comum, o quanto o homem se fecha em si mesmo quando aplica o pensamento humano.

Mas, voltando à repreensão de Jesus ao Apóstolo Pedro, o que vamos trabalhar daqui para a frente é a seguinte questão: se Pedro pensava como os homens, como Jesus pensava como Deus, quando disse: Tu não pensas como Deus, e sim como os homens” (Mc 8,33)?

A Escritura sagrada traz como pensamento de Deus a morte de um inocente, de um homem justo, fiel a Deus, cumpridor de todos os preceitos das Escrituras Sagradas, que foi chamado de o Cordeiro de Deus, por ser o Único a ser fiel integralmente a Deus, isto é, a cumprir integralmente e fielmente a vontade de Deus, na forma de criatura humana.

Era sobre este Homem que o Senhor falava, que no pensamento humano despertou no Apóstolo Pedro o senso de injustiça pela morte de um inocente, da mesma forma que despertou o senso de injustiça no Rei Davi, quando o Profeta Natã narrou a morte de um inocente:

  • Naqueles dias: 1O Senhor mandou o profeta Natã a Davi. Ele foi ter com o rei e lhe disse-lhe: ‘Numa cidade havia dois homens, um rico e outro pobre.
    2O rico possuía ovelhas e bois em grande número.
    3O pobre só possuía uma ovelha pequenina, que tinha comprado e criado.
    Ela crescera em sua casa junto com seus filhos, comendo do seu pão, bebendo do mesmo copo, dormindo no seu regaço. Era para ele como uma filha.
    4Veio um hóspede à casa do homem rico, e este não quis tomar uma das suas ovelhas ou um dos seus bois para preparar um banquete e dar de comer ao hóspede que chegara. Mas foi, apoderou – se da ovelhinha do pobre e preparou-a para o visitante’.
    5Davi ficou indignado contra esse homem e disse a Natã: ‘Pela vida do Senhor, o homem que fez isso merece a morte!
    6Pagará quatro vezes o valor da ovelha, por ter feito o que fez e não ter tido compaixão’.
    7aNatã disse a Davi: ‘Esse homem és tu! Assim diz o Senhor, o Deus de Israel:
    10Por isso, a espada jamais se afastará de tua casa,
    porque me desprezaste e tomaste a mulher do hitita Urias
    para fazer dela a tua esposa
    (2Sm, 12-1-10 Liturgia Missal de Sábado da 3ª Semana do Tempo Comum – Ano C – 29/01/2022).

Na Leitura sobre a morte do Homem Inocente tem-se o seguinte texto:

Em seguida, começou a ensiná-los, dizendo que o Filho do Homem devia sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes e doutores da Lei, devia ser morto, e ressuscitar depois de três dias.
32Ele dizia isso abertamente. Então Pedro tomou Jesus à parte e começou a repreendê-lo
(Mc 8,31-32).

As duas Leituras nos traz algo em comum na indignação do Rei Davi e também na indignação de Pedro, causadas pela injustiça da morte de um inocente, que é a seguinte: tanto o Rei Davi quanto Pedro, tiveram a capacidade de perceberem a injustiça, mas por estarem sob o olhar humano, não conseguiram ver que o criminoso injusto a matar o inocente, era cada um deles próprio, ou, cada um de nós, que estamos mergulhados no pensamento humano, e só nos voltamos para nós mesmos, exigindo o rigor da lei para os outros e encobertando as nossas injustiças.

Por outro lado se voltarmos nosso olhar para o pensamento de Deus quando a Escritura diz: Em seguida, começou a ensiná-los, dizendo que o Filho do Homem devia sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes e doutores da Lei, devia ser morto, e ressuscitar depois de três dias, podemos compreender o seguinte:

Sob o pensamento de Deus, devemos compreender que o Filho do Homem, é o Cordeiro de Deus, que quer dizer: A Oferta Perfeita para o Sacrifício Sagrado em favor do crime da Humanidade, e, foi Oferecido a Deus, sem mancha, sem ossos quebrados, e sem pecado, sob a forma humana, como primícia em favor dos homens, para a remissão da culpa humana causadora da destruição e devastação revestidas pelo predadorismo rebelde.

Por isso, não havendo homem fiel no mundo, não havendo algum amigo leal a Deus, O Cordeiro de Deus assumiu a forma humana, para apresentar a Deus um sacrifício como Filho do Homem, e assim, a Humanidade ser redimida do seu crime horroroso de rebeldia, que produziu no mundo, a morte, como nos ensina o Apóstolo Paulo:

7 Dificilmente alguém morrerá por um justo; por uma pessoa muito boa, talvez alguém se anime a morrer. 8 Pois bem, a prova de que Deus nos ama é que Cristo morreu por nós, quando éramos ainda pecadores.

12 Pois como o pecado entrou no mundo por um só homem e, por meio do pecado, a morte; e a morte passou para todos os homens, porque todos pecaram… (Rm 5,7.12).

Se usarmos aqui os pensamentos humanos do Rei Davi e do Apóstolo Pedro, vamos nos indignarmos também com a injustiça contra os inocentes, mas pensando tratar-se somente dos homens, o crime de Adão que se arrasta até nós ao carregarmos a marca de Adão, a marca da rebeldia que gera a morte:”Eis que na culpa fui gerado, no pecado minha mãe me concebeu” (Sl 50,7 ).

Mas o crime de Adão, não se refere somente à morte dos humanos, mas a morte te tudo o que vive, ou seja, o pecado de Adão fez entrar a morte na dimensão do Universo, e a partir daquele rebeldia, tudo passou a ter um ciclo de nascimento e morte.

A grande injustiça que podemos nos indignar que aqui nos deparamos, é que o nosso crime de rebeldia, passou a matar tudo o que está sob a dimensão do Universo, desde as maiores galáxias que nascem e morrem, até as estrelas, os planetas, e as menores criaturas vivas, porque, pelo homem, a morte entrou no Mundo.

Todos eles eram inocentes, todos eles seguiam a Lei de Deus, e o homem, e somente o homem, produziu o homicídio, e, ainda assim, as vítimas dele, mesmo inocentes, recebendo injustamente a morte, não se rebelaram contra Deus, mantiveram-se fiéis à sua amizade.

E graças à essa fidelidade das outras criaturas, é que o próprio Deus, amando o homem, para que não se perdesse nenhum daqueles que eram seus, assumiu a condição humana para que ofertasse, como o Único Homem Fiel, um sacrifício em favor dos inocentes, para a remissão do pecado do homem, diante do seu imenso crime, que fez a morte recair sobre todas as outras criaturas: Pois bem, a prova de que Deus nos ama é que Cristo morreu por nós, quando éramos ainda pecadores(Rm 5,8).

Ao afastarmos do pensamento humano do Rei Davi e do Apóstolo Pedro, percebemos a imensidão do nosso crime, pois, todas as outras criaturas passaram a experimentar a morte por nossa culpa. No entanto, Deus amando o homem, não o deixou entregue a morte, mas Veio restabelecer com ele sua Aliança:

17 Por um só homem que pecou, a morte começou a reinar. Muito mais reinarão na vida, pela mediação de um só, Jesus Cristo, os que recebem o dom gratuito e transbordante da justiça.

18 Como a falta de um só acarretou condenação para todos os seres humanos, assim a justiça de um só trouxe para todos a justificação que dá a vida.

19 Com efeito, como, pela desobediência de um só homem, a humanidade toda tornou-se pecadora, assim também, pela obediência de um só, todos se tornarão justos.

20 Quanto à Lei, ela interveio para que se multiplicassem as transgressões. Onde, porém, se multiplicou o pecado, a graça transbordou.

21 Enfim, como o pecado reinou pela morte, assim também a graça reina pela justiça, para a vida eterna, por Jesus Cristo, nosso Senhor (Rm 5,17-21).

Assim, acolhamos os pensamentos de Deus para que encontremos a verdadeira Justiça, como nos convida o Salmo da Liturgia de hoje:

6Contemplai a sua face e alegrai-vos,* e vosso rosto não se cubra de vergonha!
7Este infeliz gritou a Deus, e foi ouvido,* e o Senhor o libertou de toda angústia
(Sl 33,6-7).

Conclusão.

Os ensinamentos do Senhor sobre ser necessário o sofrimento do Filho do Homem, sob o pensamento de Deus, permite que compreendamos ser necessário o sofrimento do Cristo, porque diante do erro do homem que fez a morte entrar no Mundo, Deus, ao perdoar o homem, precisou corrigir a nova natureza humana que incluiu o ciclo nascimento e morte, e para isso, acabou sacrificando as outras criaturas, que inocentes, passaram a pagar com a mesma morte, pela culpa do homem.

Mas as outras criaturas diferente do homem não se rebelaram contra Deus, por isso, como medida de Justiça, ante a morte dos inocentes, Deus aceitou como sacrifício de reparação como ato de Justiça pela Humanidade, a morte do próprio Filho, sofrendo a injustiça humana, como oblação pelos inocentes, por isso, era necessário que o Filho do Homem sofresse, revestido na condição humana:

14 De fato, com esta única oblação, levou à perfeição definitiva os que são por ele santificados.

15 Também o Espírito Santo nos atesta isso; de fato, depois de ter dito:

16 “Eis a aliança que farei com eles, depois daqueles dias”, o Senhor acrescenta: “Pondo as minhas leis nos seus corações e inscrevendo-as na sua mente,

17 não me lembrarei mais dos seus pecados, nem das suas iniqüidades”.

18 Onde, pois, existe o perdão, já não se faz oferenda pelo pecado (Hb 10,14-18).

A Luz invisível

Este trabalho vem abordar a composição da relação entre o Fé e Ciência, tendo por objetivo, identificar o falso profetismo pregado a partir das imagens de um deus humano representado pela grande estátua do sonho de Nabucodonossor no Livro do Profeta Daniel.

Hoje iniciamos os trabalhos construindo o Capítulo 2, em que será abordado a prática da Palavra no nosso dia a dia, que também pode ser chamada de Praxis Cristã. Para isto, vamos nos valer das leituras da liturgia missal do mesmo dia da produção deste texto que é Mc 7,31-37 – Quinta Semana do Tempo Comum – Ano C – 11/02/2022.

A prática deste trabalho será a de entender que na relação de Deus com o homem, há alguns preceitos fundamentais, entre eles a de não construir deuses falsos adorando imagens, como diz a liturgia de hoje: “10Em teu meio não exista um deus estranho nem adores a um deus desconhecido”! (Sl 80, 10).

O primeiro ponto que temos de considerar aqui é se existe um deus estranhos, ou se adoramos um deus desconhecido nos dias de hoje. Se olharmos para o Mundo que definha sob as dores da violência, injustiça e devassidão, barbáries, corrupção, a resposta é sim, existe deus estranho e adoramos um deus desconhecido.

O segundo ponto, depois da resposta acima é: quem é o deus estranho e o deus desconhecido que adoramos? A resposta é: a imagem de um deus humano que relacionamos como se fosse Jesus Salvador, que é representada pela grande estátua do sonho de Nabucodonossor no Livro do Profeta Daniel, ou Falso Profeta, por que Deus não pode ser relacionado à imagem:

Não farás para ti nenhum ídolo, nenhuma imagem esculpida, nada que se assemelhe ao que existe lá em cima, nos céus, ou embaixo na terra, ou mesmo nas águas que estão debaixo da terra (Ex 20,4).

Para compreendermos isso, é preciso entender que Cristo encarnou-se no seio da virgem, sim, se fez carne, mas, ao se fazer carne, não viveu a corrupção humana, manteve-se íntegro, sem pecado, por isso, não é um deus humano, se fez igual a nós não como pessoa, mas sim, ao mergulhar nas trevas em que a humanidade está mergulhada, como diz São João:

1 No princípio era a Palavra, e a Palavra estava junto de Deus, e a Palavra era Deus. 2 Ela existia, no princípio, junto de Deus. 3 Tudo foi feito por meio dela, e sem ela nada foi feito de tudo o que existe. 4 Nela estava a vida, e a vida era a luz dos homens. 5 E a luz brilha nas trevas, e as trevas não conseguiram dominá-la. 9 Esta era a luz verdadeira, que vindo ao mundo a todos ilumina. 10 Ela estava no mundo, e o mundo foi feito por meio dela, mas o mundo não a reconheceu. 11 Ela veio para o que era seu, mas os seus não a acolheram (Jo 1,1-6.9-11).

Por isso, adoramos um deus desconhecido, pois, se fosse permitido adorar a imagem de um homem ainda que relacionada a Jesus Salvador, estaríamos quebrando a Palavra que diz: Não farás para ti nenhum ídolo, nenhuma imagem esculpida, nada que se assemelhe ao que existe lá em cima, nos céus, ou embaixo na terra, ou mesmo nas águas que estão debaixo da terra (Ex 20,4).

E, também ao figurarmos Jesus, o Salvador, à uma imagem de homem, estaríamos quebrando a Palavra, quando disse São Paulo de que a fé é a relação com Deus na forma de nos apresentarmos a Ele, sem o vê-Lo: “1 A fé é a certeza daquilo que ainda se espera, a demonstração de realidades que não se vêem” ( Hb 11,1).

Assim, parece-nos que estamos adorando um deus estranho e desconhecido, quando relacionamos a imagem de um homem a do Senhor Jesus, o que faz surgir o terceiro ponto: se estamos adorando um deus estranho e desconhecido”, também já somos capazes de ouvir a Palavra do Anjo que disse à Marta na madrugada da Ressurreição: “Ele não está aqui, ressuscitou como disse”.

Essa resposta do Anjo vai nos direcionar também ao que falou os Anjos aos Apóstolo na Ascensão do Senhor ao Céus, quando disseram:

10 Continuavam olhando para o céu, enquanto Jesus subia. Apresentaram-se a eles então dois homens vestidos de branco, 11que lhes disseram: “Homens da Galiléia, por que ficais aqui, parados, olhando para o céu? Esse Jesus que, do meio de vós, foi elevado ao céu, virá assim, do mesmo modo como o vistes partir para o céu” (Atos, 1,10-11).

Estas Palavras Sagradas, nos ajudam a compreender a forma correta de adorarmos o Deus verdadeiro, nos fazendo entender a Palavra da Liturgia missal que nos diz hoje:

34Olhando para o céu, suspirou e disse: ‘Efatá!’, que quer dizer: ‘Abre-te!’
35Imediatamente seus ouvidos se abriram, sua língua se soltou e ele começou a falar sem dificuldade. 36Jesus recomendou com insistência que não contassem a ninguém. (Mc 7,34-36).

Nesta Palavra em que o Senhor recomenda com insistência ao homem que havia sido curado para que não contasse a ninguém sobre a cura que se realizava, é pela razão de que não era Ele quem havia feito a cura, diante de sua condição humana, não foi Ele quem curou, mas sim Deus, pois, tudo provém de Deus.

No entanto, ao contrário disso, a divulgação daquela cura criaria, como de fato criou, uma imagem que relaciona falsamente a cura com a habilidade de um homem Jesus, como um deus humano, ao passo que Jesus ao recomendar ao homem curado, que se mantivesse o segredo daquela cura, era para que aquele homem permanecesse na contemplação da Graça de Deus que por sua misericórdia curou o surdo, vivendo a Fé, ou seja, sem se ver Deus.

Mas o homem não se manteve na Graça de Deus, e revelou para o mundo o segredo, e diante disso, não reconheceram a Luz, mas sim, todos se impressionavam com a destreza de um deus homem:” Mas, quanto mais ele recomendava, mais eles divulgavam. 37Muito impressionados, diziam: ‘Ele tem feito bem todas as coisas: Aos surdos faz ouvir e aos mudos falar’”.

Se estamos adorando um deus estranho e desconhecido, faz surgir o quarto ponto deste trabalho: Se não reconheceram a Luz, porque não A reconheceram, onde estava a Luz?

Para compreendermos esse ponto temos de entender que o Senhor, sendo Luz, assemelhou-se ao homem que é a Lâmpada, por isso, Luz e Trevas criaram uma semelhança comum, sob a forma de nuvem.

Assim, o Senhor, sobre as nuvens, ou seja, a Luz no momento da cura do surdo, parecia uma simples lâmpada, que só podia ser reconhecida pelo interior na Fé como Graça de Deus, e, não pelo exterior, isto é, pelo espetáculo produzido na imagem dos fatos que pareciam revelar diante dos homens a falsa ideia de um deus humano.

Conclusão:

Concluímos esse trabalho apresentando o Cristo pela Fé, pois, aqueles que seguem o Senhor, não se atrevem a olhar para Ele, mas, sob a Fé, imitam o exemplo de Simeão quando foi ao templo, conduzido pelo Espírito Santo, apenas contemplando permanentemente a Graça de Deus:

28 Simeão tomou-o nos braços e louvou a Deus, dizendo:

29 “Agora, Senhor, segundo a tua promessa, deixas teu servo ir em paz, 30 porque meus olhos viram a tua salvação, 31 que preparaste diante de todos os povos: 32 luz para iluminar as nações e glória de Israel, teu povo” (Lc 2,-28-30).

No entanto, nos dias de hoje vivemos o culto camuflado do sagrado, atribuindo a Jesus a imagem de um deus humano, que se repete desde os tempos antigos em que Israel se rebelou contra Deus, adorando o Falso Profeta.

E assim, desde sempre até hoje continua cultuando a idolatria, narrada pelo Profeta Daniel no sonho de Nabucodonossor, representando que em toda a história o homem adorou deuses estranhos e desconhecidos.

Sendo o culto à idolatria: na Idade Antiga (cabeça de ouro), na Idade Média (o tronco de prata), na Idade Moderna (pernas de bronze), e, na Idade Antropoceno (pés de ferro e argila), como diz a Liturgia Missal de hoje na Primeira Leitura: Israel rebelou-se contra a casa de Davi até ao dia de hoje (Mateus 12,19).

Por isso, os Filhos do Espírito, que reconhecem Deus sem olhar para Ele, estão sob a frequência da Luz, como a Lâmpada do homem que se assemelha a uma lâmpada de luz infravermelha, pois ao resplandecer a Luz, parece estar apagada, não cria espetáculos aos olhos.