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A lealdade daquele que se comprometeu contigo.

No mês agosto muito se falou sobre o aumento dos impostos de exportação, tido por fio da navalha, como ferramenta de poder do comprador, e usado como meio de fazer curvar os fornecedores aos caprichos pessoais de quem tem na mão a caneta, que por sua vez, só desenha, porque os decretos são desformatados, ou, informais, pelos “xises”, ou, “X”.

Mas, ai daqueles que acreditam que o poder está nas mãos dos homens, como nos advertiu o Senhor

4Ouvi isto, vós que maltratais os humildes
e causais a prostração dos pobres da terra;
5vós que andais dizendo:
“Quando passará a lua nova,
para vendermos bem a mercadoria?
E o sábado, para darmos pronta saída ao trigo,
para diminuir medidas, aumentar pesos,
e adulterar balanças,
6dominar os pobres com dinheiro
e os humildes com um par de sandálias,
e para pôr à venda o refugo do trigo?”
7Por causa da soberba de Jacó, jurou o Senhor:
“Nunca mais esquecerei o que eles fizeram”
(Amós, 8,4-7 – 25º Domingo do Tempo Comum – 21 set. 2025).

O que já testemunhamos nestes dias, e que aqueles que se dizem poderosos, estão caindo, caindo pela doença, caindo pelo efeitos de suas próprias loucuras, por isso dizemos “porque o Poderoso fez grandes obras em meu favor, porque seu nome é Santo”:

51Ele realiza proezas com seu braço:
dispersa os soberbos de coração,
52derruba do trono os poderosos
e eleva os humildes;
53aos famintos enche de bens
e despede os ricos de mãos vazias.
54Socorre Israel, seu servo,
lembrando-se de sua misericórdia,
55— conforme prometera aos nossos pais —
em favor de Abraão
e de sua descendência, para sempre”
(Lucas 1,50-55).

Não tememos aquele que ameaça a nossa carne, porque nada pode fazer com o Espírito, que dá a vida à carne, porque a misericórdia do Senhor dura para sempre, e nela renasce a cada dia, toda a nossa alegria do viver:

R. Louvai o Senhor que eleva os pobres!

1Louvai, louvai, ó servos do Senhor, *
louvai, louvai o nome do Senhor!
2Bendito seja o nome do Senhor, *
agora e por toda a eternidade! R.

4O Senhor está acima das nações, *
sua glória vai além dos altos céus.
5Quem pode comparar-se ao nosso Deus, †
ao Senhor, que no alto céu tem o seu trono *
6e se inclina para olhar o céu e a terra? R.

7Levanta da poeira o indigente *
e do lixo ele retira o pobrezinho,
8para fazê-lo assentar-se com os nobres, *
assentar-se com nobres do seu povo. R.
(Salmo 112 [113 – 25º Domingo do Tempo Comum – 21 set. 2025).

Mas não nos felicitamos pela desgraça alheia, ao contrário disso, rezamos e intercedemos diante de Nosso Senhor Jesus Cristo para que o Senhor, na sua misericórdia, conduza os governantes ao bom governo de cada povo, por isso, fugimos de discussões de que lado é melhor ficar:

Caríssimo:
1Antes de tudo, recomendo que se façam preces e orações,
súplicas e ações de graças,
por todos os homens;
2pelos que governam e por todos que ocupam altos cargos,
a fim de que possamos levar uma vida tranquila
e serena, com toda piedade e dignidade.
3Isto é bom e agradável a Deus, nosso Salvador;
4ele quer que todos os homens sejam salvos
e cheguem ao conhecimento da verdade.
5Pois há um só Deus,
e um só mediador entre Deus e os homens:
o homem Cristo Jesus,
6que se entregou em resgate por todos.
Este é o testemunho dado no tempo estabelecido por Deus,
7e para este testemunho
eu fui designado pregador e apóstolo,
e – falo a verdade, não minto –
mestre das nações pagãs na fé e na verdade.
8Quero, portanto, que em todo lugar
os homens façam a oração,
erguendo mãos santas,
sem ira e sem discussões
(de Paulo para Timóteo, 2,1-8 – 25º Domingo do Tempo Comum – 21 set. 2025).

O que o Senhor está a nos falar nestes dias é: não tema o injusto, não tema o arrogante, não tema o mentiroso, pois, todos eles elegeram o dinheiro como salvador, negando o Cristo que é pobre, e ainda, que o dinheiro é importante, mas ele não é o nosso salvador, devemos trabalhar com ele, assim como trabalhamos com o alimentos que nos sustenta a cada dia, sem contudo idolatrá-lo como salvador de todos os problemas, porque:

9E eu vos digo:
Usai o dinheiro injusto para fazer amigos,
pois, quando acabar,
eles vos receberão nas moradas eternas.
10[Quem é fiel nas pequenas coisas
também é fiel nas grandes,
e quem é injusto nas pequenas
também é injusto nas grandes.
11Por isso, se vós não sois fiéis
no uso do dinheiro injusto,
quem vos confiará o verdadeiro bem?
12E se não sois fiéis no que é dos outros,
quem vos dará aquilo que é vosso?
13Ninguém pode servir a dois senhores.
porque ou odiará um e amará o outro,
ou se apegará a um e desprezará o outro.
Vós não podeis servir a Deus e ao dinheiro]
“.Lucas 16, 9-13 – 25º Domingo do Tempo Comum – 21 set. 2025).

Conclusão

Se você descobriu o amor de Deus presente na tua vida, você descobriu um amigo, e quem descobriu um amigo, descobriu um tesouro, porque o amigo com a sua riqueza sustentará todas as necessidades que precisamos.

Por isso, permaneçamos fiéis, porque os arrogantes que idolatram o dinheiro como seu salvador, elegeram um amigo da onça que, diante das empreitadas fraudulentas dos injustos, logo lhes dirá: a sua queda será grande, porque “você não pode ter tudo o que você quer” como cantou os The Rollings Stones em You Can’t always get what you want, porque as nações que têm por salvador o dinheiro, ficaram doente e já proclamam sua própria morte, então, prepare-se para a queda:

Fui até a farmácia Chelsea
Para pegar sua receita.
Eu estava de pé na fila com o Sr. Jimmy.
E nossa!, ele parecia bastante doente.

A frequência do olhar

Na bela e inspiradora canção Labirinto, de MPB4, fala que o código do amor é a frequência do olhar, mas edificar um código deste tipo, envolve um modo de vida que costumamos chamar de nobre, ou, de nobreza, ao guardamos em nós mesmos, princípios que elevam os valores que sustentam a vida.

Nos dias de hoje, a extrema crise educacional vem ocultando os sentimentos nobres dos humildes, porque são ultrajados pelos espertos, que matam as suas inocências, transformando-os em medíocres, como acompanhamos nestes dias, em que guerreiros carregam no dia da Pátria, flâmulas clandestinas, destilando palavras de ofensa das mais incisiva contra o Povo que construiu uma Nação com dignidade, em incoerências que parecem negarem a si mesmos.

Longe de construir um código da frequência do olhar, nos vemos hoje, como aquela mesma mediocridade que um dia viveu o povo judeu, quando pediu para Moisés, reverter a nobreza da libertação, para continuarem a se manterem como escravos, pendendo sua dignidade.

Naqueles dias,
4os filhos de Israel partiram do monte Hor,
pelo caminho que leva ao mar Vermelho,
para contornarem o país de Edom.
Durante a viagem o povo começou a impacientar-se,
5e se pôs a falar contra Deus e contra Moisés,
dizendo:
“Por que nos fizestes sair do Egito
para morrermos no deserto?
Não há pão, falta água,
e já estamos com nojo desse alimento miserável”.
6Então o Senhor mandou contra o povo
serpentes venenosas,
que os mordiam;
e morreu muita gente em Israel
(Números, 21, 4-6 – 24º Domingo do Tempo Comum – 14 set. 2025).

A miséria humana se agregou à mediocridade política, e os valores que enobrecem um povo, passaram a ser vilipendiados pelos medíocres que, com boca de hienas, se dizem nobres, aplicando os meios desleais, como forma de justificar os fins egoístas na politica estritamente fisiológica, fazendo de tudo para não perder os gordos soldos mensais, que recebem do Povo, e dando em troca para o povo, a ingratidão, cuspindo no próprio prato.

36Mas apenas o honravam com seus lábios*
e mentiam ao Senhor com suas línguas;
37seus corações enganadores eram falsos*
e, infiéis, eles rompiam a Aliança.

R: Das obras do Senhor, ó meu povo, não te esqueças!

38Mas o Senhor, sempre benigno e compassivo,*
não os matava e perdoava seu pecado;
quantas vezes dominou a sua ira*
e não deu largas à vazão de seu furor.

R: Das obras do Senhor, ó meu povo, não te esqueças! (Salmo 77 [78) – 24º Domingo do Tempo Comum – 14 set. 2025).

Mas, há humildes que nasceram humildes, e por isso, não abrem mão de sua nobreza, da sua libertação, e, em meio ao estrabismo daqueles que têm um olhar só para dentro de si mesmos, os humildes, conseguem ver a nobreza, pois guardam em si o código vivo em seu peito, uma frequência a pulsar, que jamais os deixam esquecer do porque foram criados, pois vivem a intensidade que dá o sentido do seu viver.

O sentido vivo do existir repousou na frequência do olhar entre o ideal da libertação pela humildade que se dobra à Verdade, ainda que ela vem a depor contra si mesmo, por imitação do seu maior Mandatário, que distante das vanglórias dos medíocres, rebaixou-se ao mais baixo status que um representante do povo poderia se rebaixar.

6Jesus Cristo, existindo em condição divina,
não fez do ser igual a Deus uma usurpação,
7mas ele esvaziou-se a si mesmo,
assumindo a condição de escravo
e tornando-se igual aos homens.
Encontrado com aspecto humano,
8humilhou-se a si mesmo,
fazendo-se obediente até a morte,
e morte de cruz.
9Por isso, Deus o exaltou acima de tudo
e lhe deu o Nome que está acima de todo nome.
10Assim, ao nome de Jesus,
todo joelho se dobre no céu,
na terra e abaixo da terra,
11e toda língua proclame:
“Jesus Cristo é o Senhor”

para a glória de Deus Pai . (Filipenses 2,6-11 – 24º Domingo do Tempo Comum – 14 set. 2025).

Conclusão

O que testemunhamos nestes dias é que os valores insculpidos no preâmbulo da Constituição que dizem que os representantes do povo trabalharão para “o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias“, quebraram a aliança, e querem se rebaixar ao sub-nível dos medíocres, trabalham para que o poder seja exercidos pelos representante do fisiologismo, em que o partido dos fisiologistas tem por prática política, priorizar os interesses pessoais e a busca por benefícios materiais (como dinheiro público, cargos e verbas) em detrimento da ideologia e dos princípios.

A nobreza do humilde está em rebaixar-se ao status do seu interesse próprio, sem contudo jamais deixar de olhar para o alto, pensar grande, ao passo que o falso humilde escolhe rebaixar-se para viver as suas misérias na lama de um mundo inferior.

O humilde carrega a frequência do nobre em seu olhar, por isso, sempre olha para o alto, porque o amor nos elevar acima de onde nós pertencemos, e se olhamos para o alto é porque reconhecemos o valor desse grande valor:

Naquele tempo, disse Jesus a Nicodemos: 13 “Ninguém subiu ao céu, a não ser aquele que desceu do céu, o Filho do Homem. 14 Do mesmo modo como Moisés levantou a serpente no deserto, assim é necessário que o Filho do Homem seja levantado, 15 para que todos os que nele crerem tenham a vida eterna. 16 Pois Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho unigênito, para que não morra todo o que nele crer, mas tenha a vida eterna. 17 De fato, Deus não enviou o seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por ele” (João 3,13-17 – 24º Domingo do Tempo Comum – 14 set. 2025).

Assim, se permanecemos no amor, somos elevados acima de onde nós pertencemos, como cantou Joe Cocker e Jennifer Warnes em Up where we belong

Estou carente do amor

Todos nós estamos carentes de amor, do amor verdadeiro, do amor que aquece, do amor que anima, do amor que consola, do amor que cura, do amor que alegra.

A verdade é, estamos carente do amor, porque vivemos imersos dentro de uma sociedade frígida, que renunciou ao amor para viver a hipocrisia, e o interesse próprio, onde o amor passou a ser apenas uma fantasia, e para muitos até mesmo uma utopia:

2Socorro, Senhor! O fiel está sumindo!
Desaparece a fidelidade entre os homens:
3cada qual mente ao seu próximo
com lábios enganadores e segundas intenções
(Salmo 11 [12], 2-3).

Se olharmos ao nosso redor neste momento, podemos ver de quantos cuidados somos cercados, mas não conseguimos sentir o amor d’Aquele que cuida verdadeiramente de nós, por isso, vivemos dia a dia, uma insatisfação sob o sentimento de estarmos vivendo em um ambiente incompleto, inconstante, as vezes, nos parecendo até mesmo inseguro.

Isso se torna ainda mais agudo, quando acompanhamos as decepções das traições daqueles a quem depositamos nossas confianças, a corrupção dos líderes que deveriam nortear o povo, as barbáries e covardias movidas pelo egoísmo e cobiça, que nos faz mergulhar no mundo gélido, e experimentar a frigidez da sociedade, que tornou o calor do amor, em uma chama fraca, acinzentada e moribunda:

Que o Senhor corte todos os lábios enganadores,
e a língua arrogante
5dos que dizem: “Nossa força está na língua,
nossas armas são nossos lábios.
Quem poderá nos dominar
?”(Salmo 11 [12], 4-5)

Mas nascemos pelo amor desde antes de sermos gerados, porque desde que Deus é Deus, Ele já te amou a você e a mim, e, este amor verdadeiro nos convida a reinflamar a chama que aquece os corações dos homens, feridos de morte, e assim os resgatarem do abismo que criaram entre a Vida e a sobrevida daqueles que se dizem imortais.

Vós fazeis voltar ao pó todo mortal, quando dizeis: “Voltai ao pó, filhos de Adão!” Pois mil anos para vós são como ontem, qual vigília de uma noite que passou.

Eles passam como o sono da manhã, são iguais à erva verde pelos campos: De manhã ela floresce vicejante, mas à tarde é cortada e logo seca.
R: Vós fostes, ó Senhor, um refúgio para nós!
(Salmo 89 [90], 3-4 – Domingo do Tempo Comum – 07 set. 2025).

A vida nos convida a viver, e nos pede deixe-se ser amado, permita ser amada, por Aquele que jamais vai te decepcionar.

2Cantarei para sempre o teu amor ó Senhor,
anunciarei de geração em geração a tua fidelidade.
3Pois eu disse: “Teu amor é um edifício eterno.
Tu firmaste a tua fidelidade mais que o céu
” (Salmo 88 [89], 2-3).

E diante de toda a dor que suportamos diariamente, do esforço diário para cumprirmos nossos compromissos que esfolam nossas almas, nós mantemos a alegria, a alegria da Cruz, porque a profunda dor que sofremos, é a dor de sair das profundezas dos abismos para a Vida:

9bEu, Paulo, velho como estou, e agora também prisioneiro de Cristo Jesus, 10faço–te um pedido em favor do meu filho, que fiz nascer para Cristo na prisão, Onésimo. 12Eu o estou mandando de volta para ti. Ele é como se fosse o meu próprio coração. 13Gostaria de tê-lo comigo, a fim de que fosse teu representante para cuidar de mim nesta prisão, que eu devo ao Evangelho.14Mas eu não quis fazer nada sem o teu parecer, para que a tua bondade não seja forçada, mas espontânea. 15Se ele te foi retirado por algum tempo, talvez seja para que o tenhas de volta para sempre, 16já não como escravo, mas, muito mais do que isso, como um irmão querido, muitíssimo querido para mim quanto mais ele o for para ti, tanto como pessoa humana quanto como irmão no Senhor. 17Assim, se estás em comunhão de fé comigo, recebe-o como se fosse a mim mesmo (Filêmon 9b.10-17 – 23º Domingo do Tempo Comum – 07 set. 2025).

Para o homem que vive para si mesmo, vai dizer: isso é loucura, isso é sadismo, mas para aquele que detém a sabedoria já lhe é revelado que o homem é apenas um sopro, nada pode por si mesmo:

13Qual é o homem que pode conhecer os desígnios de Deus? Ou quem pode imaginar o desígnio do Senhor? 14Na verdade, os pensamentos dos mortais são tímidos e nossas reflexões incertas: 15porque o corpo corruptível torna pesada a alma, e tenda de argila oprime a mente que pensa. 16Mal podemos conhecer o que há na terra, e com muito custo compreendemos o que está ao alcance de nossas mãos; quem, portanto, investigará o que há nos céus? 17Acaso alguém teria conhecido o teu desígnio, sem que lhe desses Sabedoria e do alto lhe enviasses teu santo espírito? 18Só assim se tornaram retos os caminhos dos que estão na terra, e os homens aprenderam o que te agrada, e pela Sabedoria foram salvos (Sabedoria 9,13-18 – 23º Domingo do Tempo Comum – 07 set. 2025) .

Conclusão:

Estamos carente do amor, não o de sermos amados, mas o de nos permitir, o de nos conceder licença, o de nos deixarmos ser amado por Quem, amandado-nos de forma absolutamente verdadeira, não poupou seu próprio filho para salvar a cada um de nós. Assim, quando já pensávamos que não teríamos mais nenhuma chance diante da imensidão de nossos pecados e crimes, que já estávamos condenados, ao invés da condenação, Ele, encoberto de profundo amor, deu sua vida para salvar a ti, a mim, e a cada um de nós agora, hoje (João, 3,16-17).

Se já somos capazes de querer deixar que o amor cubra a cada um de nós, peçamos mais, mais amor, peçamos a graça de Deus, para reconhecermos o seu amor em nós, e assim, nos permitirmos a sermos amados totalmente como Pedro pediu: “Senhor então banhe meu corpo inteiro e não apenas os meus pés” (João 13,9), e assim permanecer no amor:

Teu amor é um edifício eterno.
Tu firmaste a tua fidelidade mais que o céu
– Ensinai-nos a contar os nossos dias, e dai ao nosso coração sabedoria! Senhor, voltai-vos! Até quando tardareis? Tende piedade e compaixão de vossos servos!
R: Vós fostes, ó Senhor, um refúgio para nós!
(Salmo 88 [89],3-4).

Porque se permanecemos no amor, Deus permanece em nós, e já não mais há lágrimas, ou dores, mas a alegria de viver o amor, Se o amor se torna chama em nós, poderemos assim também, oferecer o nosso calor a quem está do nosso lado completando e já não vemos as adversidades como castigos ou opressão contra nós, mas sobretudo a verdadeira confiança no amor que nos salva:

Assim, sentimos a alegria do amor porque já passamos o abismo ao confiar no amor verdadeiro, desapegando-nos de tudo o que nos prendia a um mundo de sobrevida.

26“Se alguém vem a mim, mas não se desapega de seu pai e sua mãe, sua mulher e seus filhos, seus irmãos e suas irmãs e até da sua própria vida, não pode ser meu discípulo. 27Quem não carrega sua cruz e não caminha atrás de mim, não pode ser meu discípulo (Lucas 14, 26-27 – 23º Domingo do Tempo Comum – 07 set. 2025).

O que te impede de sentir o amor de Deus em você, o sentimento de negativo da paternidade? O sentimento de que já não é digno do amor de Deus por viver o pecado? Não importa o que você faz, ou, que você é, desde que Deus é Deus, te amou, e te chama pelo nome. Tu és meu. Tu és minha, não temas, estou contigo (Is 43,1-7), deixe-se ser amado, e não seja mais como aquele tolo que sobrevive pensando que o amor era só um conto de fadas, e sinta a plenitude da Vida movida pela força de uma paixão verdadeira do amor que nunca falha com você e nunca te decepciona, como cantou The Monkees, em I am believer.

O braço de Deus que resgata na calamidade

Como os irmãos de Emaús, ao caminharmos ao lado do Sagrado Coração de Jesus, sentimos o nosso coração arder, mas não o reconhecemos: “não estava ardendo o nosso coração, quando ele nos falava pelo caminho e nos explicava as escrituras” (Lc 24,32 – Liturgia do 3º Dom. da Páscoa), porque muito falta em nós a revelação do sentido da espiritualidade que provém do Sagrado Coração de Jesus, por isso iniciamos este artigo, em primeiro lugar, tentando reconhecermos a nós mesmos diante do Sagrado Coração de Jesus.

Essa revelação provém da graça de Deus, e não do esforço próprio do homem, pois, o homem por si só não pode alcançar a Deus, porque o servo sendo menor do que o seu Senhor, precisa da misericórdia do Senhor para que possa tornar-se Seu amigo, por isso, não O reconhecemos muitas vezes, pois, não O vemos como amigo, e nem buscamos a sua misericórdia para que forme em nós sua amizade, e, por isso, só sentimos o nosso coração arder, mas, não o reconhecemos, pois estamos em meio às trevas que nos ofuscam.

Ao arder em nós, o Sagrado Coração de Jesus se constitui de sinal da misericórdia de Deus que nos ama mesmo nós sendo pecadores, mesmo sem o reconhecermos, mesmo com nossos olhos estando encobertos, Ele conserva em nós a esperança de nos libertarmos das profundezas da escuridão, por isso, nós clamamos por sua misericórdia:

1Das profundezas eu clamo a vós, Senhor, *
2†escutai a minha voz!
– Vossos ouvidos estejam bem atentos *
ao clamor da minha prece!
3 Se levardes em conta nossas faltas, *
quem haverá de subsistir?
4 Mas em vós se encontra o perdão, *
eu vos temo e em vós espero
(Sl 129, 1- – Liturgia da 1ª Sem. da Quaresma).

E a escuridão reina quando elegemos como fonte e referência do saber, os nossos próprios pensamentos, sob o propósito de um coração independente, de autodomínio, por isso, nos tornamos incapazes do reconhecimento do Cristo, porque rompemos com Deus, e, ainda que nos esforcemos com a nossa inteligência em nos aproximar, há um abismo entre nós e Deus.

Assim, a luz só brilha pela misericórdia de Deus quando nos prostramos aos seus pés, e com isso nos tornamos capazes de sermos amigos de Deus, restabelecendo com ele a Aliança Eterna, pelo renascimento do alto como ensinado ao mestre Nicodemos:

Rabi, sabemos que vieste como mestre da parte de Deus. De fato, ninguém pode realizar os sinais que tu fazes, a não ser que Deus esteja com ele.
3Jesus respondeu: ‘em verdade, em verdade, te digo, se alguém não nasce do alto, não pode ver o Reino de Deus’. 4Nicodemos disse: ‘Como é que alguém pode nascer, se já é velho? Poderá entrar outra vez no ventre de sua mãe?’ Jesus Respondeu ‘Em verdade, em verdade, te digo, se alguém não nasce da água e do Espírito, não pode entrar no Reino de Deus. 6Quem nasce da carne é carne; quem nasce do Espírito é espírito’ (Jo 3,1-6 – Liturgia 2º Dom. da Páscoa).

Portanto, quando percebemos que nossos pensamentos nos enganam, vemos que essa graça não provem de nós, miseráveis pecadores que somos, mas somente como dom de Deus, como nos foi revelada no louvor de São João:

Caríssimos,

29 já que sabeis que ele é justo,
sabei também que todo aquele que pratica a justiça
nasceu dele.

3,1 Vede que grande presente de amor o Pai nos deu:
de sermos chamados filhos de Deus!
E nós o somos!
Se o mundo não nos conhece,
é porque não conheceu o Pai (1Jo, 2, 29.3,1 – Liturgia de Natal antes da Epifania).

Assim, o Sagrado Coração de Jesus faz nosso coração arder, e como amigos que o reconhecem, respondamos com o nosso louvor porque diante de Deus fomos agraciados pelo grande presente oriundo de sua misericórdia, o grande presente de amor que o Pai nos deu.

Dessa forma, ele nos permite reconhecê-lo no meio de nós, o Emanuel, o Deus conosco revelando-nos que entre nós fez sua morada:

“Se alguém me ama, guardará a minha palavra,
e o meu Pai o amará, e nós viremos
e faremos nele a nossa morada”
(Jo 14, 23 – Liturgia da 5ª Sem. da Páscoa).

Tendo reconhecido nossas misérias, se faz possível também, completar os sentidos do Sagrado Coração de Jesus, porque ao restabelecemos com Deus nossa amizade, o Senhor se revela para nós como fonte da salvação: “Haurireis águas com gáudio das fontes do Salvador” (Is 12, 3) (Papa Pio XII – Haurietis Acqua).

O Senhor ao se revestir da figura humana, de modo compreensível à inteligência humana, como o Emanuel, que significa Deus conosco, revelou a glória de Deus para o mundo:

Levanta-te, acende as luzes, Jerusalém,

porque chegou a tua luz,

apareceu sobre ti a glória do Senhor.

2 Eis que está a terra envolvida em trevas,
e nuvens escuras cobrem os povos;
mas sobre ti apareceu o Senhor,
e sua glória já se manifesta sobre ti” (Is 60, 1-2 – Liturgia da Epifania do Senhor).

A inteligência do homem se abriu, e ao reconhecer o Emanuel, o Deus conosco, pode contemplar como testemunhando a um raio que transpassa o tempo, que abriu uma fissura nos mistérios que separavam o céu e a terra, o Senhor se fez luz para todas as nações, isso quer dizer que no mesmo fenômeno luminoso, se revelou sem as dimensões do tempo, isto é, ao mesmo tempo, para aqueles que eram, que são e que serão, como era no princípio, agora e sempre, Amém!

O Emanuel como a Árvore da Vida, no meio do Jardim de Deus, tornou-se um sinal permanente no mundo ao mesmo tempo em todos os tempos, a brilhar como o calor do fogo que o homem busca na escuridão da noite gelada, ao estender sua mão para capitar um pouquinho da luz e calor, cuja misericórdia transpassou o tempo e se revelou ao mesmo tempo para os que já vieram, para os que são contemporâneos de Maria, e para os que virão, como um farol que pode ser visto além das dimensões temporais, por todo aquele que professa a sua fé, podendo assim também, testemunhar que em “Eu Sou”, não há passado, presente e futuro, por isso Ele diz: “Eu sou”: “Quando tiverdes elevado o Filho do homem, então sabereis que eu sou e que nada faço por mim mesmo, mas apenas falo aquilo que o Pai me ensinou” (Jo 8,28 – Liturgia da 5ª Semana da Quaresma).

A “haurietis acqua” é um pulsar no coração do mundo, para que todos os que têm sede beba, uma herança do céu que já podemos desfrutar, o Emanuel, é como um farol a brilhar para todo os navegantes de todos os tempos simultaneamente, porque É o que É, como era no princípio agora e sempre, amém, e diz: “Eu Sou”, para que todos a Ele recorram como fonte de salvação do agora, presente tanto aos nossos antepassados, à nós, e, aos nossos filhos que virão: “Deus não é Deus dos mortos, mas dos vivos, pois todos vivem para ele” (Lc 20,38), pois, está no meio de nós, Deus está conosco, plasmando como a estrela de nêutron, o Espírito em Vida, pois a Palavra é Espírito e Vida, no centro do coração como na imagem abaixo.

Neutrons star1

Um farol visível do peito de Deus pelo homem que o reencontra e com Ele volta a amizade na Aliança, o Sagrado Coração de Jesus, o Salvador como fonte a nos amparar:

Luz Fonte central da Vida

Quando nos vemos sem qualquer saída, Ele se monstra à Luz do Coração, e basta buscarmos a fonte de salvação (haurietis acqua) e estendermos a nossa mão ao calor de sua luz e logo estamos protegidos pelo Pai que ampara o filho:

=2Quando eu chamo, respondei-me, ó meu Deus, minha justiça! †
Vós que soubestes aliviar-me nos momentos de aflição,*
atendei-me por piedade e escutai minha oração!

3Filhos dos homens, até quando fechareis o coração? *
Por que amais a ilusão e procurais a falsidade?

4Compreendei que nosso Deus faz maravilhas por seu servo, *
e que o Senhor me ouvirá quando lhe faço a minha prece
(Salmo 4, 2-4)!

Portanto, o Sagrado Coração de Jesus é a presença viva do Emanuel, o Deus conosco, Ele está no meio de nós, quando o reconhecemos como glória de Deus brilhante a partir de uma manjedora, vivo desde sempre como Estrela da Manhã, a nos dar o calor, a luz, e, saciar a nossa sede, bastando que estendamos nossas mãos, e, nos apeguemos à divina vontade que sabe e conhece nossas necessidades e fraquezas: “já que o nosso amor de tal maneira se apega à divina vontade, que vem a fazer-se uma coisa só com ela, consoante aquelas palavras: “Quem está unido ao Senhor é com ele um mesmo espírito” (1 Cor 6, 17) (PAPA PIO XII – Haurietis Acqua).

Vejam que grande presente de amor o Pai nos deu, de sermos chamados de filho de Deus, por isso, já podemos ver que Ele está vivo ao nosso lado, e podemos tocá-lo, basta para isso, que em nós o nosso amor só deseje fazer uma só coisa: estar unido ao Senhor para que Ele e o Pai faça-se em nós suas moradas, abrindo nosso coração para acolher ao Espírito (Ecce ancilla – faça-se em mim, conforme tua Palavra).

Pois assim, conseguimos reconhecer a luz do Sacrifício Perpétuo que eternizou a Aliança de Abrahão, pela abertura de uma fenda nas trevas dos abismos, comungando seu seguidores com o Ecce Venio – ei que com prazer faço a vossa vontade, no sacerdócio régio que complementa a obra do Criador, como era no princípio, agora e sempre, amém, e nos tornamos com unido aos pais e ao nossos filhos, a geração de todos os tempos que testemunhou “Em verdade vos digo, esta geração não passará até que tudo isso aconteça. O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não passarão (Mc 13, 30-31 – Liturgia do 33º Dom Tempo Comum), bebei da água que sacia tua sede “Haurireis águas com gáudio das fontes do Salvador” (Is 12, 3) (Papa Pio XII – Haurietis Acqua).

O Senhor está no meio de nós, seu Sagrado Coração é a fonte de água viva, a mesma que Moisés fez jorrar batendo seu cajado na pedra.

1NASA – Neutrons Star: Disponível em https://imagine.gsfc.nasa.gov/science/objects/neutron_stars1.html. Acesso em 09 mai. 2023.

A velha amiga escuridão

Nós brasileiros costumamos dizer, que agora que já passou o carnaval, então o País entrou em marcha para as atividades normais, e voltamos as nossas correrias, nossas aflições de como pagar as contas, de como sustentar os gastos necessários as nossas mínimas dignidade, a exposição das violências, dos assaltos, das agressões, das mutilações, e isso, nos deixa muitas vezes desconsolados, desamidados, com um gosto amargo na língua, com um pigarro grudento na garganta, nos deixando até roco, roco de gritar no silêncio por Deus.

Foto: Jarmoluk

E este é o tema que comporá o nosso sétimo capítulo da praxis, porque de tanta dor, violência e sofrimento, a pergunta que vem diante de nós é “porque isso meu Deus”? Ou, “onde está o teu Deus que parece não ver nada disso”?.

E para tentar se compreender a razão do amargo da língua, a nossa dor, precisamos desfazer um paradoxo, constituído na Palavra que se forma entre as Escrituras do Antigo Testamento que proclama: “Ninguém pode ver Deus e continuar vivo” (Ex 3,6; 33,18-19), e, na Escritura do Novo Testamento que proclama Jesus como Deus sendo visível ao mundo quando diz: ‘O Espírito virá sobre ti, e o poder do Altíssimo te cobrirá com sua sombra. Por isso, o menino que vai nascer será chamado Santo, Filho de Deus (Lc 1,35).

Assim, o paradoxo se forma quando a Escritura proclama que ninguém pode ver Deus e continuar vivo, no entanto, em aparente contradição, nos dá o Testemunho de que todos que viveram no tempo de Jesus viram Deus, ao longo de sua passagem na Terra e continuaram vivo, diante da proclamação da Palavra que diz que Jesus é Deus.

Diante desse paradoxo, arriscamos dizer que essa confusão que fazemos é que nos causa a dor e o sofrimento, criando em nós a sensação de que Deus não está perto, que Deus é apenas exercícios mentais destoados das realidade das aflições, desarticulados dos medos, morte, doença, ao sermos, como São Paulo disse, tratados diariamente como ovelhas destinadas ao matadouro (Rm 8,36).

Mas é o próprio Jesus que em sua imensa misericórdia, é o primeiro a nos ajudar a sair desse lodo que alcança o nosso pescoço, quando vem nos repetir a Palavra dada a Tomé e a Filipe, ao dizer que Ele está diante de nós, mas, nós mergulhados em nossas ambições mesquinhas, de curar a doença, ganhar dinheiro, comprar coisas, não o vemos:

6″Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida.
Ninguém vai ao Pai senão por mim.
7Se vós me conhecêsseis,
conheceríeis também o meu Pai.
E desde agora o conheceis e o vistes”.

8Disse Filipe:
“Senhor, mostra-nos o Pai, isso nos basta!”
9Jesus respondeu:
“Há tanto tempo estou convosco,
e não me conheces, Filipe?
Quem me viu, viu o Pai.
Como é que tu dizes:
`Mostra-nos o Pai’?

Assim, hoje, valendo nos da didática de Filipe, “mostra-nos o Pai, isso nos basta”, ou seja, nos contentarmos com a glória do passado, a de Abrahão, Jacó, Moisés, e não precisamos aplicá-la ao presente, apenas revivê-las, olhando para trás, ou vendo Deus pelas costas pois, já passou, podemos reviver,o tempo de Jesus a revelar-nos claramente para nós o Pai, no reinício da Vida.

Começando pelo sim da nova Eva, que acolheu o Espírito Santo, renunciando a si mesma, ao proclamar “Faça-se em mim, segundo a Tua Palavra”, e dano início a um novo Reino, com a encarnação de Deus, ao qual se chamou Jesus.

Testemunhamos que Jesus, sendo Deus, rebaixou-se à condição de filho do homem, deixando a sua condição de Palavra de Deus, e, encarnou-se para dar o testemunho do Verbo, tornando a Palavra no mundo Espírito e Vida, cuja fidelidade ao cumprimento da Palavra, lhe deu a condição de ser chamado no Céu e na Terra como “o Cordeiro de Deus”, pois, por Ele se consumou a Verdade a partir da Palavra: “tudo esta consumado” (Lc 19,30).

Assim, Jesus mostrando-nos hoje o Pai, como pedido por Filipe, testemunhamos que Ele foi a Palavra encarnada, o Verbo de Deus, que transformou em Verdade no mundo, pelo seu testemunho a Palavra de Deus, tornando-se a partir da instauração desso no Reino, o ponto inicial, a fonte que nasce no lado norte do Templo, a dar origem a nova vida, tornando nova todas as coisas, com o refrigerio que estabiliza o ser vivente.

Mas o ser vivente ao sentir-se nutrido pelo Pão do Céu, a tanto tempo conosco, não conseguimos ver o Pai diante de nós, mas, como Filipe, só pelas costas, ao crermos e revivermos que toda a dor e todo o sofrimento já foi consumado na Cruz, por Jesus como o pagamento da iniquidade do mundo, assim, ele já sofreu em seu lugar, e só queremos sermos felizes.

E sentimos felizes quando não dependemos de Deus, ou seja, quando sentimos que tudo está dentro do nosso controle, não do jeito de Deus, mas sim do nosso jeito de ser, viver e ter as coisas, para nós, o ápice da criação é a plenitude do viver o nosso estilo próprio, fazendo quem sabe a nova moda, o novo meme, o bombar nos clique e seguidores digitais.

Assim, já não invocando o Espírito sem dizer mais nossas ações “faça-se em mim, segundo a vossa Palavra”, nossos olhos afastam-se da Graça de Deus, da amizade de Deus, e não mais O reconhecemos, não podemos ver Deus diante de nós, e passamos a desejar ver “sinais”, como é testemunhado pela Palavra no tempo de Jesus quando se proclamou:

22Celebrava-se, em Jerusalém, a festa da Dedicação do Templo.
Era inverno.
23Jesus passeava pelo Templo, no pórtico de Salomão.
24Os judeus rodeavam-no e disseram: ‘Até quando nos deixarás em dúvida?
Se tu és o Messias, dize-nos abertamente.’

25Jesus respondeu: ‘Já vo-lo disse, mas vós não acreditais.
As obras que eu faço em nome do meu Pai dão testemunho de mim;
26vós, porém, não acreditais (Jo 10,22-26),

Aqueles homens recebiam o sabor de Deus, viviam o sabor de Deus, pelo Pai que lhe era mostrado como se repetia no pedido por Filipe, mas, incomodados com a Verdade, mergulharam nas trevas, e, agora, nós, podemos dizer que mesmo nos deparando com a Luz, conduzidos de frente para o Caminho, não reconhecemos a Luz: “Ela estava no mundo, e o mundo foi feito por meio dela, mas, o mundo não a reconheceu (Jo 1,10), e por isso, com nossas línguas amargas, diante das barbáries, iniquidades, homicídios, violências, corrupção, oprimidos por aflições, das profundezas perguntamos, onde está o teu Deus? Pois, não o reconhecemos.

Ele está no meio de nós, mas nós não o reconhecemos, Ele está diante dos sacerdotes, governadores discípulos, mas ninguém o reconheceu, por nós que imitamos o testemunho de Maria Madalena, ao adentrar-se nas profundezas da angústia, isto é, no túmulo, que ao voltar-se “para traz, e viu Jesus de pé, mas não sabia que era Jesus. Jesus nós pergunta então “Por que choras”?, e mergulhados na nossa dor própria, pensamos tratar-se de apenas um pedinte no farol, ou aquele cara chato que nos procura para chorar novamente suas misérias, e nosso coração o rejeita como inconveniente (Jo 20-14-15).

Conclusão

Não há contradição entre a Palavra que proclama: Ninguém pode ver Deus e continuar vivo” e Jesus, sendo Deus foi visível entre os homens durante sua visita a este mundo, pois, todos que viram e dão o seu testemunho o dão como o testemunho dado por Moisés, isto é, só vendo Deus, pelas costas, depois que Ele já passou, da mesma forma só reconhecemos o Cristo depois que ele já não estava mais neste mundo.

E para que possamos aprender a caminhar “em tempo real com Deus”, isto é, “não só olhando para o Pai e basta”, isto é, alimentando-se da Glória do passado, o Senhor nos prometeu enviar o Espírito da Verdade, aquele que nos retira os véus do coração, e nos faz reconhecer a Glória do Deus testemunhada por Amós, a plenitude do Deus sob a escuridão (Am 5,18), cuja Graça, como um pecuarista, nos adquire como suas ovelhas, dando-nos o dom de reconhecer a Verdade. Dai-nos a vossa Graça, pois, a Tua Graça me basta.

Família, celeiro do afeto

O nosso reduto de cidadania

Nossos dias são difíceis, parece que nos dias de hoje, o Direito abandonou a Justiça, aposentou sua imparcialidade, e, mudou de roupa, e passou a vestir o propósito de correr somente a favor de quem tem voto popular, ao constatarmos que nós, cidadãos anônimos, estamos esquecidos, por isso, para nós, é reservado somente o direito de votar.

E, por termos somente o direito de votar, isto é, reconhecidos como insignificantes e imperceptíveis seres comuns, destituídos de poder de mandato, enfrentamos os rigores da lei, mais como resultado de um serviço jurisdicional oferecido por um martelo intolerante, movido pela cobiça do voto de opinião das suas estatísticas, do que um exercício de cidadania.

Assim, somos movidos a fazer uma atualização de um antigo ditado para dizer “quem é votado, pode…..quem vota não pode, e, se sacode”, …. ai que coceira a me sacudir, parece que estamos no inferno, pois, a mentira revestida da toga do mandato, se tornou instituição, e a verdade humilhação …. acho que estamos vivendo no avesso.

Sobre a penúria de nós, pobres cidadãos, que parecemos ser completamente impotentes, a Sabedoria vem nos revelar o pensamento dos mandatários a respeitos dos votantes dizendo assim:

Somos comparados por ele à moeda falsa e foge de nossos caminhos como de impurezas; proclama feliz a sorte final dos justos e gloria-se de ter a Deus por pai. Vejamos, pois, se é verdade o que ele diz, e comprovaremos o que vai acontecer com ele. Se, de fato, o justo é ‘filho de Deus’, Deus o defenderá e o livrará das mãos dos seus inimigos. Vamos pô-lo à prova com ofensas e torturas, para ver a sua serenidade e provar a sua paciência; vamos condená-lo à morte vergonhosa, porque, de acordo com suas palavras, virá alguém em seu socorro” (Livro da Sabedoria, Cap. 2,16-20 – Liturgia Missal de 01/04/2022).

E o ensinamento que este preceito nos trás, é que, ao contrário do que parece, o votante não é inútil, não é alguém oculto no meio de um mar de pessoas esquecidos por todos aqueles que se dizem ser seu representante, pois, ao se tornar o mais pequeno, o mais fraco, o mais insignificante, ao ponto de caber no seu coração apenas a fé viva na promessa do Deus da Verdade, ele recebe um poder de realeza.

Isso parece ser para aqueles que têm um fé morta, a exemplo do pensamento dos ímpios narrado acima pelo Livro da Sabedoria, uma retórica, ao passo que, para o menor de todos, o pobre, é concebido o poder de se sentir amado, e isto completa todo o seu sentido.

Porque no mundo em que se institucionalizou a mentira, e os atos públicos dos mandatários, despidos de interesse públicos, movem-se apenas por aparências hipócritas, no oportunismo de se formar opinião de angariação de votos, se tornando muito difícil acreditar que somos amados por alguém.

Nos sentimos totalmente abandonados, sozinhos, desolados, inseguros, aflitos, como uma presa acuada aguardando a qualquer momento um novo ataque, uma nova ofensa, um novo desprezo, ou, outra humilhação, e que a hipocrisia não nos faça negar isso.

Curando o complexo de inferioridade

E quando estamos nos sentindo assim, é porque nossa fé esfriou, e acabamos por nos deixar levar pelo mesmo pensamento acima dos ímpios, esperando a recompensa manipuladora do “Deus que faz”, ao invés da coerência do “Deus que É”.

E, passamos a cobrar um sinal visível sob a sensação de que fomos abandonados até por Deus, pois, dizemos que amamos Deus, e ainda acrescentamos, sobre todas as coisas, mas, não temos a graça de nos sentirmos amados, ora, se não nos sentimos amados como podemos amar? A final, não podemos dar aquilo que não temos.

Mas, para aprendermos a nos sentirmos amado, temos que primeiramente acreditar que o amor é eterno e não passageiro, assim, se um dia você sentiu o amor de alguém por você, seria um ato de ingratidão tua, achar que esse amor era tão bom e hoje não existe mais, pois ele lhe foi dado como uma brasa que jamais se apaga.

Lembro aqui as Palavras do Padre e Psicólogo Aurélio Pereira, scj, que muito vai nos ajudar a aprendermos nos deixar ser amado, isso mesmo, não é só dizer de boca, mas, você precisará usar toda a tua força para realmente se sentir amado e isso não é fácil.

Para compreendermos esse caminho de aprendermos a nos deixar ser amados, lembro aqui as palavras do Pe. Aurélio Pereira que na homilia do segundo domingo de maio de 2005, da missa do “Dia das Mães”, disse que a nossa maior fonte de afeto é a mãe, e se Jesus, como Deus Filho, pediu alguma coisa para Deus Pai, para se encarnar como homem e passar por todo o sofrimento aqui na Terra foi uma mãe, porque a mãe foi o jeito que Deus inventou de materializar o amor dele por nós.

Para amar precisamos do afeto, ou seja, o fogo que aquece a cada momento, e esse calor no coração de uma mãe, forja um calor de amor, que acompanhará toda a existência do filho, por isso, será eterno.

Ele não é um passado só de quando éramos criança, ou, do tempo enquanto nossa mãe estava viva, é eterno, vivo, para que como um sinal materializado do amor, possamos reconhecer o Deus que nos ama, pois, nossa mãe ao nos amar no amor de mãe, materializou o amor de Deus, gerando para nós, um sinal verdadeiro da certeza de que Ele te ama, valendo-se dos corações de nossas mães.

Mas depois de 2005 a 2022, isto é, 16 anos de eco destas palavras, tomo a liberdade de me atrever a incluir também, a presença paterna nessa formação de afeto, assim, completo, que o pai e a mãe foi a forma que Deus inventou para materializar o seu amor por nós, chamando de família sagrada.

foto: Chillla70

De família sagrada foi nos deixado como herança, a Sagrada Família, com Maria e José, que formaram todo o afeto que não se tornou passado no coração de Jesus, mas calor visível, do amor de Deus que o consolou dando-lhe ânimo e coragem no momento em que foi mas desprezado, humilhado, maltratado, injustiçado, ao ponto de ser crucificado, como se estivesse, e de fato estava, totalmente sozinho e abandonado.

É a herança de afeto que gera em cada um de nós o sinal visível do amor de Deus por cada um, nos permitindo assim, desenvolvermos o dom de nos sentir amados, sob a advertência de Deus, de que, ainda que o pai ou mãe, tropece, e, nos abandone, Ele não nos abandonará, porque o amor Dele é abundante e chegará até nós.

E quanto este amor se faz presente em nós, vivo, de ontem, de hoje, gerando a vida para o amanhã, estamos vivendo a graça do Espírito que diz “Abba Pai”, pois nos reconhecemos também como filho de Deus, vivendo a fé que cria a certeza que não estamos abandonados.

Pois, sabemos que pela natividade da Mãe do Senhor, recebemos o dom de tornarmos filhos de Deus, como vontade testamentária do Filho: “Mulher eis o teu filho” (Jo 19,26), atribuindo-lhe assim, a maternidade de Nossa Senhora da Conceição ao colocar em seu coração despedaçado, o consolo materno, pela missão de cuidar daqueles que a recebem como Mãe, “eis tua mãe” (Jo 19,27).

A MÃE DO REDENTOR tem um lugar bem preciso no plano da salvação, porque, ‘ao chegar a plenitude dos tempos, Deus enviou o seu Filho, nascido duma mulher, nascido sob a Lei, a fim de resgatar os que estavam sujeitos à Lei e para que nós recebêssemos a adoção de filhos. E porque vós sois filhos, Deus enviou aos nossos corações o Espírito do seu Filho, que clama: ‘Abbá! Pai’!’ (Gl 4, 4-6) (PAPA JOÃO PAULO II – Redemptoris Mater)

Conclusão

As palavras da sabedoria falam do pensamento do ímpio, que ao serem aplicadas com as Palavras do Evangelho de hoje, nos mostram que no Antigo Testamento era o conselho de um pai para o filho, e no Novo Testamento, é de Filho para filho nos dizendo que, como nós, não podemos ver Deus, e por isso, devemos ter fé naqueles que materializam o seu amor para nós:

Em alta voz, Jesus ensinava no Templo, dizendo: “Vós me conheceis e sabeis de onde sou; eu não vim por mim mesmo, mas o que me enviou é fidedigno. Aquele que vós não conheceis, mas eu o conheço, porque venho da parte dele, e ele foi quem me enviou (Lucas 7, 28-29).

Isso que dizer, Jesus nos dizendo que o ímpio não está em terceira pessoa (ele, o ímpio), mas, na primeira pessoa (eu), isto é, o ímpio sou eu, que me esqueci do amor familiar, afastando-se do Espírito filial que diz “Abba! Pai!” por isso, já não se vê mais nesta Terra, o amor materializado de Deus, pois perdeu a capacidade de se sentir amado.

Assim, angustiado não reconhecemos o tesouro que temos, e pensamos que se trata de um amor platônico, apenas de sofrimento e dor, e não conseguimos perceber o bem maior que está por vir, que lhe está tão próximo.

E, também, sem conseguir nos permitir deixarmos ser amados, sofrendo, nos descaminhamos por que, se nos sentimos decepcionados com o amor, por que sem sentir amor, não podemos amar, uma vez que ninguém pode dar o que não tem.

Ao contrário deixando-se ser amado, o menor de todos, não será esquecido, como o sol que a todos os dias, não esquece cada ponto desse planeta para lhe garantir a vida, e vida em abundância, ainda que seja da criatura mais insignificante, ele vai ao encontro, levando o seu calor de amor que gera a vida.

Bem aventurados os que choram, porque serão consolados!