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A encíclica Fratelli Tutti e as distorções do sonho de São Francisco de Assis

Resumo

O presente trabalho trata-se de um subsídio de leitura ao documento do Papa Francisco Encíclica Fratelli Tutti, aplicando-se uma tecnologia que visa contribuir com filtro para reduzir no texto a teoria (filosofia da comunicação clérica) e expandir a realidade (aplicação prática) valendo-se da semiótica (Ciência das Linguagens), como forma de adaptação da linguagem religiosa do clero à atualidade, atrasada em pelo menos 1000 anos de idade, porque na evolução comunicativa da Igreja, ela seguiu mais o caminho da Escolástica de São Tomás de Aquino em que o Amor é para ser explicado, através do diálogo democrático entres homens iguais, do que a Concórdia de Joaquim de Fiore, monge da Ordem dos Trapas, em que o Amor é para ser vivenciado pelos iguais, como Palavra Encarnada na liturgia da vida (praxis em Cristo), metodologia esta que serviu de fundamental inspiração à São Francisco que poderia ser resumida na sábia frase do ditado popular que diz: o amor não se explica, se vive.

A base de Estudos para os apontamentos

Sendo este documento produzido no Brasil e não estando disponível para acesso a Encíclica nem no site do Vaticano, nem nas livrarias brasileiras, o presente trabalho, baseou-se no site de notícias Vaticanews1, e, na sinopse da Língua Portuguesa da Livraria Paulinas – Portugal com o seguinte teor:

Neste documento vertem-se as inquietações do papa Francisco já refletidas, sob outra perspetiva, na Encíclica Laudato si’, mas aprofundadas a partir da inspiração de um encontro ocorrido há 800 anos, entre Francisco de Assis e o sultão do Egito, e sob o estímulo do recente encontro em Abu Dhabi, com o Grande Imã Ahmad Al-Tayyeb. O papa Francisco testemunha a partilha, então vivida, a partir da fé comungada de que Deus «criou todos os seres humanos iguais nos direitos, nos deveres e na dignidade, e chamou-os a conviver entre si como irmãos». O Papa lembra que este não é um documento para expor princípios doutrinários, mas apenas lembrar o amor fraterno que tem uma dimensão universal, que não é um sonho, mas uma realidade da nossa humana condição e que não deve ficar-se apenas em palavas. Ao longo de oito capítulos, é feito um exaustivo levantamento das injustiças, humilhações, conflitos e medo, e outros atentados à dignidade dos homens que parecem encaminharem a Humanidade para um confinamento de angustiante desesperança. Simultaneamente, e a par da denúncia, Francisco vai pontuando de salpicos de esperança o muito que todos, a partir dos governantes até à responsabilidade pelo irmão próximo, que cada um tem, como forma de reverter este estado de calamidade a que está a ser conduzida a Terra e transformá-la ainda num espaço de realização plena da Vida, apenas possível com políticas que não atentem, mas contemplem, a Fraternidade (PAULINAS, 2020)2 .

A aplicação tecnológica no tratamento da linguagem analógica para o texto 3D

Os subsídios não tem a pretensão de acrescentar algo à muito bem vinda Encíclica Papal, mas sim, criar simetria com a profundo anseio de espiritualidade dela, reverenciando-se a sábia maturidade do Ancião no seu patriarcado à frente da Igreja Católica, cujo o humilde propósito é o de se contribuir com se fosse um comutador a dar sentido atual à uma comunicação do clero, que insiste em permanecer em uma metodologia distante do tempo real nos tempos da Revolução Digital, que para se criar sentidos se faz necessário remasterizá-la tratando-se a linguagem analógica (altura+largura), pelo afastamento da sua abstração filosófica, esperando se formar uma percepção real pela tridimensionalidade semiótica (texto em 3D = altura + largura + profundidade).

Ao se falar de filtro tecnologias sobre a linguagem retrógada, a proposta recai sobre o esforço em se afastar o olhar cego e o ouvido surdo do homem, da linguagem analógica (verdade de cada um) para uma percepção da Verdade como Caminho da Vida.

As limitações da linguagem retrógrada a ser tratada

Para se aplicar a tecnologia de comunicação na linguagem original, identificou-se no texto divulgados pela sinópse e notícias, os elementos cuja comunicação na Encíclica tem mais um perfil de mensagem, como uma filosofia de vida, uma crítica ao sujeito indeterminado, que parece provocar uma concordância unânime de todos os leitores, sob a forma de indulgência para ninguem precisar assumir o próprio erro na sensação como se estivesse se dizendo: é ele (o sujeito indetermnidado) está errado sim… e nunca eu mesmo, não se criando um espírito de contrição, de arrependimento, de mudança de vida, mas somente de “atirar pedras”.

Isso se percebe no próprio documento como um pensamento pessoal, um manual, personalizado institucionalmente até com direitos autorais, sem cunho de documento público, cujo resultado tende para se misturar às milhares de informações que o cidadão se depara a cada dia, expondo-se ao risco da intoxicação informativa que o sobrecarrega diariamente.

Diante da poluição informativa combatida o tempo todo pelo homem comum, como rejeição seletiva, aquele Documento pode se tornar pouco atraente, indigesto, pois, vindo com a enxurrada de informações, a reação natural dá sensação de algo que de tanto se falar (permanência em estado abstrato, teórico para alguém nunca para quem lê), não se parece com uma Boa Nova da realidade presente.

Por isso, não parece despertar qualquer senso de praxis, podendo ser comparada ainda, com as milhares de homilias dominicais das missas, que por seguir a mesma metodologia de comunicação retrógada que transformam o Deus vivo de Abrahão, Isaac e Jacó, em mitologia, e por isso, pouco afetam a mudança de vida (conversão) das assembleias, que também, deixam de criar sentido na realidade litúrgica, ao ponto de não se perceber a Graça de Deus, ou, praxis, pois não constrói testemunhos de coesão, unidade e fraternidade (Atos 4,32) e a sociedade não lhes dizem “vejam como eles se amam”.

Além disso, ao se aplicar a proposta puramente abstrata, ela tende a trazer os vícios humanos e contradizer a própria verdade, como se vê em dois contra testemunhos da Igreja nesses dias de apresentação desta Encíclica, que devem ser lidos sob a luz da sabedoria que diz o justo apressa-se para corrigir-se (Provérbios 9, 8-9):

a) o primeiro se deu na assinatura da Encíclica, pois, se a verdade do Senhor repugna a idolatria, e aquele que o representa é o último e não o primeiro, a Verdade do Senhor, nos orienta para se colocar o Senhor à frente, para a Palavra ser reconhecida como Graça de Deus, Mandamento do Cristo, no entanto, nisso o Senhor ficou em segundo plano, para ser destacado como Encíclica do Papa Francisco, sob o brilho inédito de ser assinado sobre um túmulo, e para se elevar um pouco mais esse brilho midiático, adorando os lugares altos, puxou-se para o evento a glória de São Francisco de Assis cuja ordem foi a de Deus em primeiro lugar e jamais aparecer, como na Obra 1 Reg 22,32-40;

Vós sois todos irmãos; e não chameis a ninguém de pai sobre a terra, pois um só e o vosso Pai, que está nos céus. E não vos façais chamar de mestres, pois um só é vosso mestre, que está nos céus (Mt 23,8-10) (MATURA, 1999, p. 43)3

b) o segundo ponto é o conteúdo da mensagem que contém 1000% do propósito do amado Papa, em aquecer o coração através da Graça de Deus daqueles que já perderam a esperança, contudo, a Graça significa o dom dado por Deus de reconhecê-lo como Salvador, e não colocar a supressão de suas necessidades, sua salvação no dinheiro, como no belo testemunho da escrava Agar, que abandonada no deserto, sem dinheiro, comida e água, vítima da falta da fraternidade e amor ao próximo de Sara e Abrahão, foi salva por seu Salvador:

Ela invocou, então, o nome do Senhor que lhe havia falado: “Tu, o Deus que olha para mim”, pois ela disse: “Aqui cheguei a ver Aquele que olha para mim” (Gn 16,13)4

Assim, o brilho da Encíclica colocou a Palavra em segundo plano, como destaque para obra humana, e, diferentemente de Agar, em que a Graça é dom gratuito de Deus, a Palavra é recebida como oportunidade para render dinheiros, e já se encontra no comércio, com desconto de pré-lançamento, assim, a Igreja fala de Graça, mas não acredita no que fala pois, no dinheiro está a sua certeza, ou, seja, ela ama o dinheiro e despreza o seu Senhor.

A visão de São Francisco de Assis que os cegos não vêm e os surdos não ouvem

Os pontos trabalhados pela semiótica neste artigo se debruçam sobre as seguintes mensagens da sinopse:

a) O papa Francisco testemunha a partilha, então vivida, a partir da fé comungada de que Deus «criou todos os seres humanos iguais nos direitos, nos deveres e na dignidade, e chamou-os a conviver entre si como irmãos».

b) Ao longo de oito capítulos, é feito um exaustivo levantamento das injustiças, humilhações, conflitos e medo, e outros atentados à dignidade dos homens que parecem encaminharem a Humanidade para um confinamento de angustiante desesperança. Simultaneamente, e a par da denúncia, Francisco vai pontuando de salpicos de esperança o muito que todos, a partir dos governantes até à responsabilidade pelo irmão próximo, que cada um tem, como forma de reverter este estado de calamidade a que está a ser conduzida a Terra e transformá-la ainda num espaço de realização plena da Vida, apenas possível com políticas que não atentem, mas contemplem, a Fraternidade (PAULINAS, 2000, opus cit. nota 2)

O grande erro da Humanidade que a está encaminhando para a própria extinção (Efésios 2,3-8), pois se faz cega e surda diante do Sinal de Jonas que lhe a está chamando para retornar à Aliança com Deus (LUCIO FILHO, 2019)5, é porque o homem embriagado em seu próprio orgulho só olha para a sua órbita, com isso, toda a Lei, Direito e Salvação é só para a humanidade na ilusão de que só ele poderá salvar a si mesmo com suas meditações, argumentações e astúcias.

Ao subir sobre esse pedestal de orgulho, adorando os lugares altos, ele se vê senhor da água, da terra, do ar, do cósmos, do fogo, pois tudo está em sua própria inteligência e não sob o poder de Deus, tratando as criaturas como coisas, sem direitos, mas como suas escravas, e reservando somente para ele a dignidade, como se confere no texto da sinopse, dirigindo somente à Humanidade, para que se igualem somente entre eles, homens, não se estabelecendo qualquer relação de servo, serviço, subserviência, mandatário, entre o homem e seus governados, isto é, as criaturas (demais espécies animais, vegetais, minerais, ou qualque especie de criatura).

O papa Francisco testemunha a partilha, então vivida, a partir da fé comungada de que Deus «criou todos os seres humanos iguais nos direitos, nos deveres e na dignidade, e chamou-os a conviver entre si como irmãos».

Diferente disso, São Francisco de Assis exorta a todos a renunciar ao domínio e senhorio humano, para reverenciar à dignidade de cada uma das criaturas que ampara a Humanidade, que na linguagem filosófica, a sua falta de sincronia com o presente, cria a sensação de ser apenas uma poética teoria, enquanto na Concórdia, manifesta-se a vivência do “santificado seja o vosso Nome, venha a nós ao vosso Reino”, ao se convidar perante a dignidade das criaturas, a integrar a composição do ambiente com cada criatura, de forma que cada um é próximo (e não apenas irmão que é a Humanidade de 1000 anos atrás) de cada um, como na oração a seguir:

Altíssimo, todo-poderoso, bom Senhor, para ti são os louvres, a glória e a honra e toda bênção. Só a ti, Altíssimo, eles convêm, e nenhum homem é digno de dar-te nome.

Louvado sejas, meu Senhor com todas as criaturas, especialmente o irmão sol, que é o dia, e por ele nos iluminas. E é belo e radiante com grande esplendor, de ti, Altíssimo, ele traz o sinal.

Louvado sejas, meu senhor pela irmã lua e pelas estrelas, no céu as formaste, claras e preciosas e belas.

Louvado sejas, meu Senhor, pelo irmão vento, e pelo ar, e pela nuvem e pelo céu sereno e por todos os tempos, pelos quais às tuas criaturas dás suportes.

Louvado seja, meus Senhor, pela irmã água, que é muito útil e humilde e preciosa e casta.

Louvado sejas, meu Senhor, pelo irmão fogo, pelo qual iluminas a noite e ele é belo e alegre, e robusto e forte.

Louvado sejas, meu Senhor, pela irmã nossa mãe terra que nos sustenta e nos governa e produz diversos frutos com as flores coloridas e a erva (MATURA, 1999, p. 102)

Quando a humanidade só se volta para si mesmo, despreza as criaturas, não se relaciona com o seu meio, isolada em si mesma, assim por exemplo, quando entram no supermercado só a vêem como comida, quando vão para a praia só a vêem como prazer e lazer, quando escalam como montanha só a veem como derrotada, e com esse tratamento de senhor de escravos a maltrata, a depreza e a mata, como se fosse apenas coisas, lixos, descartes, sem qualquer dignidade de direito, nenhuma delas pratica a fraternidade com o seu próximo, isto é, com a sua mãe terra, sua madrinha água, seu padrinho fogo.

Da mesma forma quando naquela Encíclica se alerta para o horror da pobreza causada pela pandemia, como se a opção de São Francisco de Assis tivesse sido feita para aqueles que não têm dinheiro, o que daria contra testemunho a fé de Agar, do Senhor como Salvador, e de Pedro quando disse: “Não tenho ouro nem prata, mas o que tenho eu te dou: em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, levanta-te e anda!” ( At 3,6), o termo pobreza há 1000 anos era o mais oportuno, tendo em vista que Francisco vinha de uma linhagem de nobres, assim pobreza significou naquele momento, um contraste entre a confiança em Quem Lhe sustentaria e o dinheiro como opção salvadora, isto é, como se diz hoje, solução de teus problemas.

Contudo o sentido de pobre daquela época é o mesmo de hoje como o grito do excluído, como o Ismael de Agar, que não tinha quem o escutasse, pela Humanidade (Israel) egocêntrica estar surda e cega, Os Ismael hoje são as criaturas, sem direito ou dignidade, ou seja, a Humanidade, que não se sensibiliza pela dor dos filhotinhos queimados, pelas geleiras extintas, pela sopa global da vida maritima com a alta temperatura dos oceanos, esses são os pobres de hoje, cujo homem que um dia foi constituído mandatário de Deus para cuidar de seu Jardim, mas usurpando-se de seu poder, repetindo os crimes de Sara e Abahão ao invés de rejeitá-los, a exemplo de Agar praticam suas barbáries contra o indefeso ao ponto de levá-los a completa extinção, matando toda a vida na Terra.

Conclusão:

Diante do sistema natural de filtro de informações que exclui as mensagens puramente abstratas, a camunicação clérica urge por atualização do milenio anterior para o milênio presente, pois, senão atuará como cego guiando cego, pois, a exemplos de suas ovelhas, tendo olhos não vê e, tendo ouvidos não ouve:

Lembra-te, pois, de onde caíste, e arrepende-te, e pratica as primeiras obras; quando não, brevemente a ti virei, e tirarei do seu lugar o teu castiçal, se não te arrependeres.. Volte ao primeiro amor (Ap 2,5);

1VATICANEWS. A fraternidade no caminho da Igreja em saída. Disponível em https://www.vaticannews.va/pt/papa/news/2020-10/fratelli-tutti-entrevistas-visita-papa-francisco-assis.html. Acesso em 03 out. 2020.

2PAULINAS. Catálogo. Disponível em https://www.paulinas.pt/loja/autores/papa-francisco/fratelli-tutti. Acesso em 03 de outubro de 2020.

3MATURA, Thadeé. Orar 15 dias com São Francisco de Assis. Aparecida-SP: Santuário, 1999.

4Livro do Gênesis, Capítulo 16, Versículo 13. Bíblia CNBB.

5LUCIO FILHO, Laurentino. A comunicação humana nos sinais cósmico de rádio.in PEREIRA, Denise (Org), Ciência humana e a dimensão adquirida na evolução tecnológica: Apucarana-PR: Atena 2019, Cap. 1, p. 1-12. Disponível em http://www.formaresaber.com.br/wp-content/uploads/2019/10/e-book-Ciencias-Humanas-e-a-Dimensao-Adquirida-Atraves-da-Evolucao-Tecnologica-1-19.pdf. Acesso em 03 out. 2020.

Porque Deus permite a morte? E a tua morte seria justa?

Já se aproxima de um milhão de pessoas mortas pelo Covid-19, somando-se aos mais de um bilhão de mortes de animais e bioma na Austrália, que também deverá ser somada em quantidade não menos expressiva, aos holocaustos na Costa Leste dos Estados Unidos, e no Pantanal Mato Grossense, na Indonésia, Asia, levando-nos a tão clássica pergunta:

Porque Deus permite a morte e o sofrimento tão horrível?

A resposta para esta pergunta nos é dada hoje, segunda-feira 28 de setembro de 2020, através da Liturgia Diária Missal, nos valendo de sua primeira Leitura e que para compreendê-la precisamos comentar passo a passo:

Um dia, foram os filhos de Deus apresentar-se ao Senhor;
entre eles também Satanás (Jó, 1-6).

Neste preâmbulo, que não é uma parábola, mas a realidade presente a dizer-nos que a justiça de Deus não faz acepção de pessoa, não se diferenciando no seu jardim, os filhos de Deus e Satanás, os justos ou injustos, pois, em meio ao trigo, está também o joio, então se prossegue o diálogo:

O Senhor, então, disse a Satanás: ‘Donde vens?’ – ‘Venho de dar umas voltas pela terra’, respondeu ele. O Senhor disse-lhe: ‘Reparaste no meu servo Jó? Na terra não há outro igual: é um homem íntegro e correto, teme a Deus e afasta-se do mal’ (Jó 1,7-8).

Ao se dar atenção a pergunta: Reparaste no meu servo Jó? A Ciência Semiótica cria uma valor energético para um convite ao homem, para ele prestar atenção que o Servo Jó em forma de pergunta, quer dizer, na verdade, a representação da casa paterna, o Jardim de Deus, o Paraíso, isto é a Terra, que serve fielmente a Deus, figurativamente como um pai responsável, sustenta seus filhos.

No entanto, isso é contestado por Satanás, que no contexto presente poderia se resumir dentro do sentido da nossa realidade, começando a acusar Jó (a Terra), despreza-a ao colocar toda a sua subserviência a Deus somente como troca pelos bens que havia acumulado ao longo de sua vida, e que a sua relação com Deus, isto é, a Terra só responde a Deus pela própria semente de Deus, sé duvidando hoje até se, é Deus mesmo que coloca esses bens, e não porque Ela teria alguma relação de obediência a Deus.

Então o Senhor disse a Satanás: ‘Pois bem, de tudo o que ele possui, podes dispor, mas não estendas a mão contra ele’ (Jó 1,12).

Mas tudo o que a Terra dá e fruto da Vida, e a Vida não convive com a injustiça, por isso, dentro desta mesma Justiça, Deus, em favor da Vida sob o manto da Justiça na amizade com Jó, isto é, com a Terra, seu Jardim, em que armou sua Tenda, é garantiu-lhe que ela não será abalada, concede a Satanás, agir não como uma pena de provação a ser suportada por Jó, mas, como forma de separar os que são da Vida, trigos, que tem amizade com Deus e se conservam na Justiça, dos que são da Morte, joios, que são os inimigos da Vida, como é celebrado na Liturgia da Festa de Todos os Santos em que canta:

E assim a geração dos que procuram o Senhor!

— Ao Senhor pertence a terra e o que ela encerra, o mundo inteiro com os seres que o povoam; porque ele a tornou firme sobre os mares, e sobre as águas a mantém inabalável.

— “Quem subirá até o monte do Senhor,quem ficará em sua santa habitação?” “Quem tem mãos puras e inocente coração,quem não dirige sua mente para o crime.

— Sobre este desce a bênção do Senhor e a recompensa de seu Deus e Salvador”. “É assim a geração dos que o procuram,e do Deus de Israel buscam a face” (Salmo 23 [24]).

A partir daí começa-se então as ações de ofensa ao Jardim de Deus, ao Solo Santo, iniciando-se por aqueles que se embebedam na cobiça, acreditando que a salvação está no acúmulo de bens, e para isso, não pensam no bem comum, mas somente se voltando para o interesse próprio, assaltam os bens daqueles que acreditavam que o sentido da Vida está na justiça do ser feliz e que ninguém nasceu para sofrer, mas para o prazer do beber e do comer:

Ora, num dia em que os filhos e filhas de Jó comiam e bebiam vinho na casa do irmão mais velho, um mensageiro veio dizer a Jó: ‘Estavam os bois lavrando e as mulas pastando a seu lado, quando, de repente, apareceram os sabeus e roubaram tudo, passando os criados ao fio da espada (Jó 1,13-15).

Embora os filhos de Jó, isto é, os homens tá Terra, advertidos pela perda de seus bens pela injustiça, não se voltaram para a Justiça, , como se acompanha nos noticiários que diante da morte da Groelândia, diante da agonia do Mar, ninguém se sensibilizou pela morte das culturas de Deus, os biomas do gelo, do mar, da floresta pelos incêndios na Austrália, na Califórnia, no Mato Grosso, nem mesmo pelo um milhão de seus próprios irmãos na peste do Coronavírus, mas, na primeira oportunidade, com um coração embebido de ingratidão, continuam o seu culto de egoísmo fundado no direito de ser feliz, correndo para os bares, para as praias (enquanto ainda lhe resta), para as festas.

Estava ainda falando, quando chegou outro e disse: ‘Caiu do céu o fogo de Deus e matou ovelhas e pastores, reduzindo-os a cinza (Jó 1,16).

O fogo de Deus caiu do Céu, não em razão de desejar a morte do homem, mas, porque o homem tendo sido eleito o seu administrador, usurpou do seu direito, ao ponto de chegar sua maldade ser chamada de Era Antropoceno, pois, mudou as leis de Deus de brisa, para aquecimento global, como há mil anos, já nos penitenciava São Francisco de Assis:

Considera, ó homem em que excelência te colocou o Senhor Deus: ele te criou e formou à imagem de seu Filho quanto ao corpo, e à semelhança quanto ao espírito.

E todas as criaturas que estão sob o céu, cada uma a seu modo, serve o seu criador, o conhecem e lhe obedecem melhor que tu.

E mesmo os demônios não o crucificaram, mas tu, com eles o crucificastes e o crucificas ainda, deleitando-te nos vícios e nos pecados.

De que podes, então, gloriar-te?

5ª Amonição (MATURA, 1999, p. 25)1.

Sob o culto de que a Terra é só coisa, bens e felicidade de quem pode ser feliz, de quem roubou um lugar ao sol de seu próximo, isto é, dos animaizinhos, dos biomas, dos mares, das geleiras, a Terra, como que padecendo de uma úlcera terrível, sofre as dores da maldade humana, pelo domínio dos investidores, ou donos dos governantes e dos seus vassalos que testemunham a mais dolorosa injustiça

Este ainda falava, quando chegou outro e disse:
‘Os caldeus, divididos em três bandos, lançaram-se sobre os camelos e levaram-nos consigo, depois de passarem os criados ao fio da espada (Jo 1,17).

E no culto do egoísmo fundado no direito de ser feliz, todo mundo preocupado em se divertir com os restaurantes, os shoppings, as praias, não se sensibilizaram pela dor do Jardim de Deus, pois sua justiça humana estar em receber como administrador, e escravizar quem lhe serve, usurpando-se da sua obediência admoestada por São Fransisco quando disse: E todas as criaturas que estão sob o céu, cada uma a seu modo, serve o seu criador, o conhecem e lhe obedecem melhor que tu (MATURA, 1999, p. 25) não se voltam para a Justiça, mas saem correndo para os bares, para as praias (enquanto ainda lhe resta), para as festas.

(Furação Laura – Set/2020 by Yucatam Times)

Este ainda falava, quando chegou outro e disse: ‘Teus filhos e tuas filhas estavam comendo e bebendo vinho na casa do irmão mais velho, quandoum furacão se levantou das bandas do deserto e se lançou contra os quatro cantos da casa, que desabou sobre os jovens e os matou (Jó 1,18-19).

Ninguém olhou para os furacões no mundo nesses dias com senso de justiça contra os homens, ainda que esses fenômenos de criaturas, obedecendo a Deus, quisessem chamar-lhes a atenção pela grande quantidade deles, ao ponto de se ter usado para identificação deles todos os nomes, isto é, de A a Z, se fazendo necessário a se valer agora, do alfabeto grego.

Por isso, a resposta às questões: Porque Deus permite a Morte? E, a tua morte é justa? Você saberá responder quando olhar para si mesmo e concluir se você “É assim a geração dos que procuram o Senhor”, como o trigo, ou se é dos que se iludem que a justiça está no direito de ser feliz (à custa da morte dos outros), o joio, pois, os que não pertencem a geração dos que procuram o Senhor, não serão mortos porque Deus é injusto, mas porque escolheram a Morte no lugar da Vida.

1MATURA, Thadeé. Orar 15 dias com São Francisco de Assis. Aparecida:Santuário, 1999.