Construindo a segurança da vida, unindo forças

Apresenta a percepção do panorama atual e os horizontes para uma qualidade de vida.

Nós que somos empresários, nós que somos trabalhadores, nós que somos pais, perguntamos: o que será de nossas empresas? O que será de nossos empregos? O que será de nossos filhos?

Credits:Startup Store Photos

As ondas da revolução digital têm produzido graves efeitos nos métodos de produção e trabalho atuais, provocando uma massiva, e, bem massiva, quebra de mercados e postos de trabalho, tanto que pensar hoje em ambientes com mais de 100 empregados compartilhando linhas de produção num mesmo espaço físico, parece coisa de tempos dos dinossauros industriais.

o que será de nossas empresas?

A revolução digital provocou uma tendência de produção e consumo sob o lucro da obsolescência, dessa forma as corporações desenvolveram-se com pulmões a partir da linha de produção do produto recente inutilizando o produto anterior, o novo tornando obsoleto o antigo.

[…] mais do que pelas coisas que todos os dias são fabricadas, vendidas e compradas, a opulência de Leônia se mede pelas coisas que todos os dias são jogadas fora para dar lugar às novas.

Tanto que se pergunta se a verdadeira paixão de Leônia é de fato, como dizem, o prazer das coisas novas e diferentes, e não o ato de expelir, de afastar de si, expurgar uma pureza recorrente.

O certo é que os lixeiros são acolhidos como anjos e a sua tarefa de remover restos da existência do dia anterior é circundada de um respeito silencioso, como um rito que inspira a devoção, ou talvez apenas porque, uma vez que as coisas são jogadas fora, ninguém mais quer pensar nelas (CALVINO apud ASSUNÇÃO, 2017, p. 17)1.

Ele seguiu estratégias pela linha da produção chamada de obsolescência programada:

A obsolescência programada consiste no encurtamento da vida útil de um bem ou produto, o qual é projetado para que sua durabilidade ou funcionamento se dê apenas por um período reduzido, de forma que os consumidores tenham que realizar outra compra em um espaço menor de tempo, aumentando, assim, a lucratividade das empresas. (ZANATTA, 2013, p. 1-2)2 .

E, também, pela linha de consumo com massivas campanhas de marketing focada nos recordes de vendas das organizações pelo estímulo da obsolescência psicológica:

Obsolescência psicológica refere-se à aparência do produto, ou seja, pelo lançamento de um produto em uso com uma nova aparência que torna a anterior ultrapassada (ASSUMPÇÃO, 2017, p. 21).

Esse processo acabou sendo abraçado por todos os setores de produção, seja ele produto, seja serviço, de forma que ao criar um incrível mercado consumidor, desequilibrou o próprio mercado, pois, saturou a capacidade do ambiente oferecer matéria-prima, e também, ao mesmo tempo, a capacidade do ambiente de absorver os lixos descartados, e também a própria saturação do novo, uma vez que o consumidor, diante de tanta oferta de novidade, já não se surpreende mais.

É um processo tão intenso de se conseguir vender, que se aproxima da agressividade, que na hora da comercialização transforma o consumidor mais excluído da sociedade, por um segundo inclusivo, no perfil de Rei da loja.

E essa industrialização do produto interativa com a personalização do consumidor acaba por gerar saturações, que aqui pegamos como exemplo o mercado midiático, em que de tanta novidade com core (enredos) comuns, com tantas oferta de acessibilidade, por telas, mobiles, cinemas, perdeu-se os encantos que se percebia até o tempo em que havia fila nas locadoras.

Num mundo onde a tecnologia governa a condição do olhar, é preciso considerar que a migração do produto audiovisual das grandes telas para outros espaços produz significativas transformações nas formas imagéticas: sobreposições, misturas, articulações marcadas pela saturação, excesso, instabilidade passam a atribuir características dominantes ao contexto contemporâneo.(GUIMARÃES, , p. )3

O Resultado prático do preceito acima é algo parecido com isso:

A crise na TV aberta vem de longe e está sendo agravada pelo consumo cada vez maior de streaming e internet.

Apesar de ainda ser a maior mídia no país, nos últimos 20 anos ela já perdeu quase metade de seu público (FELTRIN, 2021, p. 1)4

Mas, considere isso numa onda global, em que todos sofrem do mesmo efeito produção e consumo, o impacto é devastador, pois, asfixia as organizações.

O que será de nossos empregos?

A realidade presente revela as empresas sobreviventes contratando, mas o estado de sobrevivência revela-se como efeito de desequilíbrio, pois, o equilíbrio é a vida e não a sobrevida, assim, a demanda por prestadores de serviços é algo muito tímido.

Isto, porque a realidade das contratações mostra apenas uma parcela dos trabalhadores que permanecerem sem um vínculo de emprego, em razão das ondas digitais serem um fator que vai ainda, se somar aos efeitos da desigualdade anterior, que é herança da velha Revolução Industrial, que também não foi sanada, e, por sua vez, já excluíam pelos fatores de idade, sexo e viabilidade econômica especulativa.

A conclusão é que dentro do sistema atual a tendência é de uma míngua cada vez maior da capacidade de equilíbrio de mercados, ou seja, estamos enfrentando um colapso que tornam os mercados cada vez mais escassos.

A transição para um novo mundo

Aqui falamos apenas do aspecto produção e emprego, mas temos ainda o efeito do sujeira que fizemos no ambiente que ainda teremos que limpar, assim, o que podemos concluir é que temos um problema muito grave, sério.

E o momento de transição para um novo mundo chama cada um de nós para que criemos em nós esse espírito sóbrio de gravidade e seriedade para que possamos reconhecer que estamos diante de um problema enorme, tão grande que teremos muito poucas chances de sobrevivermos se tentarmos resolvê-lo apenas com nossas mãos.

Esse é o primeiro passo que precisamos dar para encontrarmos uma solução que nos permita sair da “sinuca de bico” em que entramos: de que não somos capazes de consertar um erro que vem sendo construído a 400 anos, porque muitas partes quebradas, ou destruídas, não podem ser restauradas por nossas mãos, dependendo de forças muito superiores à soma de todos braços dos homens na Terra.

Para isso, é imprescindível mudar a nossa forma de ver as coisas cotidianas, que hoje parecem banais para nós, mas são imprescindíveis para a sustentação da vida, descobrindo a partir daí, que são elas que estão oferecendo suas forças para que se junte a nossa na reconstrução de um novo Mundo.

Se conseguirmos dar esse primeiro passo seremos capazes de reconhecer que o ambiente vivo propõe o equilíbrio da vida, não tendo o homem dominador do Mundo, mas sim como um simples protagonista na mesma igualdade com as demais espécies, gerando a inspiração para se dar o segundo passo.

Conclusão

Diante das grandes ruínas causada pelo tsunami digital, todos nós estamos tendo a chance de reconstruir nossa vida com decência, para isso, é preciso encararmos o tamanho do nosso erros passados e como homens renovados, gerar a contrição em nós, para se reconstruir a vida de uma forma reparadora.

Não é um fim, é um começo, seja bem-vindo, para unirmos forças para os próximos passos.

Fazer o que nunca fizemos

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1ASSUMPÇÃO, Lia. Obsolescência programada, práticas de consumo e design: uma sondagem sobre bens de consumo. Dissertação de mestrado no Programa de Mestrado de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, 2017. Disponível em https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/16/16134/tde-11012018-123754/publico/LiaAssumpcao_REV.pdf. Acesso em 08 mai. 2021.

2ZANATTA, Marina. A obsolescência programada sob a ótica do Direito Ambiental Brasileiro. In Artigos PUCRS, 2013. Disponível em https://www.pucrs.br/direito/wp-content/uploads/sites/11/2018/09/marina_zanatta.pdf. Acesso em 08 mai. 2021

3GUIMARÃES, Cláudia. O cinema e os cinemas: diálogos entre estética e tecnologia. In Revista Lumina, Vol 3. nº 2, Dezembro de 2009. Disponível em https://seer.uscs.edu.br/index.php/revista_comunicacao_inovacao/article/download/676/522/2275. Acesso em 08 mai. 2021.

4FELTRIN, Ricardo. Após 1 ano de pandemia, ibope de toda a TV aberta desaba. In Splash UOL 05/04/2021. Disponível em https://www.uol.com.br/splash/noticias/ooops/2021/04/05/apos-1-ano-de-pandemia-ibope-de-toda-a-tv-aberta-desaba.htm. Acesso em 08 mai. 2021.