Arquivo mensal 28/05/2025

Anciolíticos a nos assombrar

Os tempos presentes nos mostram a sociedade tendendo para um estilo de vida em que as pessoas não querem depender de ninguém, querem ser autossuficientes, esperam somente de si mesmas.

Mas, o esforço concentrado em si mesmas, de tentarem resolver todas as coisas pelas próprias mãos, racha a estrutura psíquica do ser, e ele começa a se esvaziar, ao mesmo tempo em que vendo-se frágil, começa a estimular dentro de si, uma ansiedade descontrolada.

Essa situação já evidencia a tolice do sonho de ser o “homem de aço”, pois, ao pretender ser tão forte, independente e autossuficiente, tornou-se dependente dos anciolíticos, álcool e derivados químicos, como por exemplo, maconha, fumo, crack entre outros.

A comercialização de antidepressivos e estabilizadores de humor cresce a cada ano no Brasil. Dados do Conselho Federal de Farmácia apontam que a venda desses medicamentos cresceu cerca de 58% entre os anos de 2017 e 2021.

Antes da pandemia de Covid-19, cerca de 193 milhões de pessoas tinham transtorno depressivo maior e 298 milhões de pessoas tiveram transtornos de ansiedade em 2020. Após o ajuste para a pandemia, as estimativas iniciais mostram um salto para 246 milhões para transtorno depressivo maior e 374 milhões para transtornos de ansiedade.

Estimativas recentes sugerem que uma em cada oito pessoas, quase um bilhão de indivíduos em todo o mundo, vive com uma condição de saúde mental. No primeiro ano da pandemia, houve um aumento estimado de 25% na prevalência de depressão e ansiedade no mundo” (ROCHA, 2023).

A tolice lhes recai porque querem a todo o custo, salvar suas vidas, contudo, apressam-se para se matarem mais cedo, sem obter descanso, porque desejando o poder da autossuficiência, se tornaram tolos que desprezam a sabedoria e a instrução, esquecendo-se que a dependência em Deus é o princípio do conhecimento (Provérbios, 1-7).

Cegos pelas suas cobiças de poder e bens como fonte garantidora da vida, ignoram todo o bem que Deus lhes faz. Renegam o sacrifício perpétuo que foi feito por eles, em que o próprio Deus rebaixando-se a sua condição de Deus, se tornou carne como homem.

Não bastando isso, o próprio Deus, morreu para provar à toda a criação, a amizade que estabeleceu com o homem, garantidora de toda a segurança e sustento:

17O Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai, a quem pertence a glória, vos dê um espírito de sabedoria que vo-lo revele e faça verdadeiramente conhecer. 18Que ele abra o vosso coração à sua luz, para que saibais qual a esperança que o seu chamamento vos dá, qual a riqueza da glória que está na vossa herança com os santos, 19e que imenso poder ele exerceu em favor de nós que cremos, de acordo com a sua ação e força onipotente. 20Ele manifestou sua força em Cristo, quando o ressuscitou dos mortos e o fez sentar-se à sua direita nos céus, 21bem acima de toda a autoridade, poder, potência, soberania ou qualquer título que se possa nomear, não somente neste mundo, mas ainda no mundo futuro. 22Sim, ele pôs tudo sob seus pés e fez dele, que está acima de tudo, a Cabeça da Igreja, 23que é o seu corpo, a plenitude daquele que possui a plenitude universal (Efésios, 1,17-23 – Ascensão do Senhor – 01 jun. 2025).

Cheios da Sabedoria, já não temos mais medo, pois, pela honra do nome do Senhor (Salmo 21 [22]), nós cremos na promessa que Ele nos fez, de que o nosso trabalho duro, não nos matará, mas nos salvará:

46“Assim está escrito: O Cristo sofrerá e ressuscitará dos mortos ao terceiro dia 47e no seu nome serão anunciados a conversão e o perdão dos pecados a todas as nações, começando por Jerusalém. 48Vós sereis testemunhas de tudo isso. 49Eu enviarei sobre vós aquele que meu Pai prometeu. Por isso, permanecei na cidade, até que sejais revestidos da força do alto” (Lucas 24, 46-49 – Ascensão do Senhor – 01 jun. 2025).

Conclusão

Assim, tolos urbanos, cheios de ansiedade, o que mais o amor precisa fazer para vos convencer a parar com suas tolices e começarem a buscar a viver uma vida intensa de alegrias e sentidos reais? O Cristo não será crucificado uma segunda vez, por isso, não rejeite a tua herança, a da vida eterna, dependente de Deus, como o ramo da videira que está unido ao seu tronco.

Diante de tantas provas de amor que lhes foi oferecida e você desprezou, ó cultivador de tolices, o que mais será preciso fazer em nome do amor para arrancar a cegueira dos teus olhos, como um dia, cantou o U2 em Pride (in the name of love), ressuscitando e fazendo reluzir em nós, o sonho de Matin Lutherking “Dias virão que o monte do Senhor, será o mais alto de todos, e todas as nações acorrerão a ele (Isaias, 2,2-5):

Referências:

ROCHA, Lucas. Uso de medicamentos para a saúde mental cresce no Brasil; especialistas alertam sobre cuidados. In CNN Brasil, 14/01/2023. Disponível em https://www.cnnbrasil.com.br/saude/uso-de-medicamentos-para-a-saude-mental-cresce-no-brasil-especialistas-alertam-sobre-cuidados/ (#cnnbrasil). Acesso em 28 mai. 2025.

A Paz na cidade

Vivemos dias em que políticas públicas de segurança urbana, se transformaram em moeda de voto eleitoreiro, cujos governantes, ao invés de buscarem a paz social, banalizam o direito à vida, estimulando tiroteios em episódios diários de faroeste urbano, querendo com isso se tornarem os heróis do populismo, mesmo sem trazer a Paz na cidade, isto é, sem alterarem a realidade violenta das cidades.

Diante dessa dura realidade, nos voltamos às Palavras precedentes da apresentação do novo Papa Leão XIV, para que agora, suscite em cada um de nós, a Paz e a Segurança provinda de um Coração que é manso e humilde: “A paz esteja contigo!” Receba-a e você se conservará na Paz que o mundo não te dá: “27Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; mas não a dou como o mundo. Não se perturbe nem se intimide o vosso coração” (João, 14,27 – 6º Domingo da Páscoa – 25 mai. 2025).

Se guardarmos em nós a Paz que vem de Deus, já não precisaremos mais das políticas demagógicas de segurança pública, que só incentivam a violência urbana com perseguições, morte por balas perdidas em tiroteios públicos, ações de ódio e discriminação, porque a partir de nós, poderemos semear a Paz:

Diferentemente do que costumamos associar, a paz não está presente apenas na relação entre os Estados Nacionais. Pelo contrário – a paz começa nas cidades, em suas esquinas, na residência de seus habitantes. Decorre daí o primado do “direito à segurança”, que representa o direito fundamental de cada indivíduo viver livre de ameaças, violência e perigo, independentemente da origem, raça/cor, orientação sexual ou idade. Esta premissa abrange a segurança física, emocional, social e econômica e, ao mesmo tempo, a vida em comunidade, com as pessoas usufruindo do direito à cidade (MORAES, 2024, p. 1).

Somos chamados à edificação da paz desde os primeiros tempos, quando Aristóteles já nos dizia que a família é a célula da sociedade, e se a família vai bem, o Estado vai bem, e, hoje, complementada pelas palavras do Papa Leão XIV, na audiência com os chefes de Estado, quando falou-lhes da importância da família constituída entre o homem e a mulher, tendo por valor fundamentar na sua condição de anciã, porque é a mais antiga e primeira forma das relações sociais, se completando ainda pelas palavras do Papa João Paulo II quando nos escreveu dizendo:

Dentre essas numerosas estradas, a primeira e a mais importante é a família: uma via comum, mesmo se permanece particular, única e irrepetível, como irrepetível é cada homem; uma via da qual o ser humano não pode separar-se. Com efeito, normalmente ele vem ao mundo no seio de uma família, podendo-se dizer que a ela deve o próprio facto de existir como homem. Quando falta a família logo à chegada da pessoa ao mundo, acaba por criar-se uma inquietante e dolorosa carência que pesará depois sobre toda a vida (PAPA JOÃO PAULO II, 1994).

É nesta paz que no munda não nos dá, mas, provém do Coração que é manso e humildade, a que hoje somos chamados a permanecer como família, capazes de construir um alicerce forte como pedra, a sustentar nossas casas, e com outras famílias fortes, vilas, cidades, estados e nações: “23Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e o meu Pai o amará, e nós viremos e faremos nele a nossa morada. 24Quem não me ama, não guarda a minha palavra. E a palavra que escutais não é minha, mas do Pai que me enviou. 25Isso é o que vos disse enquanto estava convosco. 26Mas o Defensor, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, ele vos ensinará tudo e vos recordará tudo o que eu vos tenho dito.” (João, 14,23-25- 6º Domingo da Páscoa – 25 mai. 2025).

Se permanecemos edificamos um alicerce firmes, construímos além das estruturas das cidades, também os muros de Sião, também simbolizada pela Mulher, ao qual nos foi feita a promessa de nos tornarmos cidadãos, desde os tempos mais antigos que agora nos é mostrada no futuro:

10Um anjo me levou em espírito a uma montanha grande e alta. Mostrou-me a cidade santa, Jerusalém, descendo do céu, de junto de Deus, 11brilhando com a glória de Deus. Seu brilho era como o de uma pedra preciosíssima, como o brilho de jaspe cristalino. 12Estava cercada por uma muralha maciça e alta, com doze portas. Sobre as portas estavam doze anjos, e nas portas estavam escritos os nomes das doze tribos de Israel. 13Havia três portas do lado do oriente, três portas do lado norte, três portas do lado sul e três portas do lado do ocidente.14A muralha da cidade tinha doze alicerces, e sobre eles estavam escritos os nomes dos doze apóstolos do Cordeiro. 22Não vi templo na cidade, pois o seu Templo é o próprio Senhor, o Deus Todo-poderoso, e o Cordeiro. 23A cidade não precisa de sol nem de lua que a iluminem, pois a glória de Deus é a sua luz, e a sua lâmpada é o Cordeiro (Apocalipse, 21,10-14.22-23- 6º Domingo da Páscoa – 25 mai. 2025).

Conclsuão:

Assim, poderíamos perguntar o que você faz pela paz? E a resposta seria: se guardamos a paz, lembramos que somos alguém na cidade que estrutura a sua paz, porque ama ao Senhor e guarda a sua Palavra: “Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e o meu Pai o amará, e nós viremos e faremos nele a nossa morada” (João, 14,23 – 6º Domingo da Páscoa – 25 mai. 2025).

Do contrário, se não guardamos as palavras assim como os governantes populista, falamos de paz que o mundo não têm, pois, ela só está em nossa boca sem estar na nossa prática diária, assim, falamos da paz, não não fazendo nada pela paz, como cantou os Titãs em Pela Paz, você espera sempre mais, você não se conforma, mas, você acredita ou não, e então, o que você faz pela paz?

Referências:

MORAES, Paulo. A paz começa nas cidades. in Opinião – Folha de Pernambuco, 13/11/24. Disponível em https://www.folhape.com.br/noticias/opiniao/a-paz-comeca-nas-cidades/372202/ . Acesso em 21 mai. 2025.

PAPA JOÃO PAULO II, Gratissiman Sane. In Carta às famílias, 1994 – Ano da Família. Disponível em :https://www.vatican.va/content/john-paul-ii/pt/letters/1994/documents/hf_jp-ii_let_02021994_families.html. Acesso em 21 mai. 2025.

Projeto de vida

No próximo domingo 18 de maio de 2025, somos convidados a olhar para o nosso Projeto de Vida, com perguntas como: eu trabalho para que? O que quero fazer da minha Vida? Aonde eu quero chegar um dia? O que espero do futuro?

O projeto de vida é fundamental para que nós tenhamos solidez nos propósitos da nossa realização pessoal e profissional, pois, do contrário, tudo o que construirmos será volátil e casual, e não encontraremos o sentido da nossa vida, como cantou o U2 em Still haven’t found what I’m looking for (Eu ainda não encontrei o que estou procurando).

A primeira coisa que devemos ter em mente quando pensarmos sobre o nosso projeto de vida, é que ele deve ser de longo prazo, isto é, acompanhar toda a nossa vida. E, a segunda coisa, é que nós não conseguimos realizá-lo sozinho, isto é, por nós mesmos, precisamos de parcerias.

O primeiro parceiro que devemos eleger é a Sabedoria, pois é ela quem poderá nos dar toda a estrutura que construirá o nosso projeto, aí já não estamos mais sozinhos, somos: Eu e a Sabedoria. Mas, como nós não dominamos a Sabedoria, ao contrário, é ela quem nos domina, a condição básica para que o nosso Projeto de Vida de certo, é que devemos aceitar a proposta que ela nos faz da sua amizade conosco, e, para isso, ela exige de nós que façamos um acordo, que no termo mais correto é: uma aliança de amizade.

Essa amizade é como um casamento, porque a aliança com a Sabedoria terá por alimento o próprio amor, e como o nosso projeto de vida é de longo prazo, esta aliança não deve ser quebrada porque correremos o risco de ruir todo o sentido da nossa vida ao mergulharmos na escuridão, porque a Sabedoria não aceita divórcio consensual.

Vivendo esta amizade, já é possível executar as primeiras ações de nosso projeto de vida, tendo em mente que o trabalho não é fácil, e que para isso, a nossa amizade será desafiada ao máximo expondo-se ao risco de quebrar a aliança, por isso a Sabedoria vem nos exortar a permanecemos firmes:

Naqueles dias, Paulo e Barnabé 21bvoltaram para as cidades de Listra, Icônio e Antioquia. 22Encorajando os discípulos, eles os exortavam a permanecerem firmes na fé, dizendo-lhes: “É preciso que passemos por muitos sofrimentos para entrar no Reino de Deus” (Atos 14, 21b-22 – 5º Domingo da Páscoa – 18 mai. 2025).

A dor ou sofrimento não é um preço que temos de pagar, mas sim, o esforço normal de qualquer trabalho ao qual nos determinamos a realizar como condição de vida, e, se o fazemos na amizade com a Sabedoria, o resultado deste trabalho não representará apenas a nossa realização pessoal, mas revelará ao Universo, a Arte da Sabedoria em nós:

– Que vossas obras, ó Senhor, vos glorifiquem, e os vossos santos com louvores vos bendigam! Narrem a glória e o esplendor do vosso reino e saibam proclamar vosso poder!

R: Bendirei o vosso nome, ó meu Deus, meu Senhor e meu Rei para sempre.

– Para espalhar vossos prodígios entre os homens e o fulgor de vosso reino esplendoroso. O vosso reino é um reino para sempre, vosso poder, de geração em geração. (Salmo 144 [145] – 5º Domingo da Páscoa – 18 mai. 2025).

E sentindo em nós a grande alegria de vermos o nosso (e não meu) projeto se realizando, criamos a certeza de que valeu apena todo o nosso esforço, e que a nossa força poderá fazer muito mais, porque juntos, já não existe limite em nós, ao ver que o nosso projeto de vida, se tornou parte da construção da Cidade santa, que é eterna:

Eu, João, 1vi um novo céu e uma nova terra. Pois o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe. 2Vi a cidade santa, a nova Jerusalém, que descia do céu, de junto de Deus, vestida qual esposa enfeitada para o seu marido. 3Então, ouvi uma voz forte que saía do trono e dizia: “Esta é a morada de Deus entre os homens. Deus vai morar no meio deles. Eles serão o seu povo, e o próprio Deus estará com eles. 4Deus enxugará toda lágrima dos seus olhos. A morte não existirá mais, e não haverá mais luto, nem choro, nem dor, porque passou o que havia antes”. 5Aquele que está sentado no trono disse: “Eis que faço novas todas as coisas”. Depois, ele me disse: “Escreve, porque estas palavras são dignas de fé e verdadeiras” (Apocalipse 21, 1-5a – 5º Domingo da Páscoa – 18 mai. 2025).

Conclusão:

Diz o sábio que quando desistimos de um projeto, não traímos a nós, mas traímos a todos, por isso, o nosso projeto de vida deve ser bem delineado compondo-se em nós, uma aliança indelével, isto é, inquebrável, pois é a nossa própria razão de viver. E, se estamos na amizade com a Sabedoria, somos como a árvore bem regada a produzir frutos e espaços para que os passarinhos façam seus ninhos.

Nesta amizade a Sabedoria te revelará que a dor e sofrimento não é um custo necessário para o sucesso, mas sim, o próprio alimento que te tornará forte como o concreto que edifica as colunas angulares da tua casa: “faça do teu trabalho o teu divertimento” (Felix Guisard), por isso, alegre-se e aguente firme, porque “Deus não pode inspirar desejos irrealizáveis” (Santa Terezinha), renove tuas forças e, não quebre esta aliança, como cantou R.E.M em everbody hurts.