Dentro das metodologias para a contribuição de cada um de nós no Processo Sinodal, começamos aprendendo primeiro, a importância desse Processo, depois a formação de um senso crítico capaz de ajustar-nos à Palavra, e neste terceiro tema, vamos dar mais um passo para essa caminhada, orientando-nos por um princípio, que tem a função de um núcleo, ou, nuclear, a estruturar um sistema, é como se fossem as linhas do prumo do pedreiro para se demarcar a área do alicerce da construção.
Para compreendermos esse princípio, partimos do ponto de que toda a criação, ou criaturas, está submetida a incidência de energia, por isso, para compreender os vícios da ciência analógica, vamos nos valer dos estudos de Max Planck ao fragmentar a energia dos corpos em pacotes, e, denominar a menor unidade de energia de Quantum que é composta por duas grandezas: a primeira é imaterial, o tempo, que recebeu o nome de picossegundo, a segunda é material, ou, físico, que foi denominado de nanômetro.
Mas, Max Planck era classificado como um cientista conservador, por isso, neste trabalho acreditamos que ao desenvolver seus estudos ele elegeu suas metodologias sob forte influência dada pelo determinismo e cartesianismo da Física Clássica de Isaac Newton e Descartes.
Diante disso, ao desenvolver seus estudos focados nas metodologias fragmentadas do cartesianismo, e, concluir sobre o quantum, produziu um resultado analógico da energia, porque contém apenas duas dimensões, que são a dimensão de altura (picossegundo) e a de largura (nanômetro), parecendo se apresentar incompleta no pressuposto desse estudo quando diz:
A energia somente pode ser trocada entre diferentes corpos através de um múltiplo inteiro de uma quantidade de energia ao qual chamamos de quantum partícula da Física Quântica, que é chamada de Quantum (MOURA, 2011, p. 208)1
Podemos perceber que o pressuposto acima tem relação com a Termodinâmica, compondo os processos de conservação e renovação de energias, cuja natureza analógica dos estudos de Planck, sob as metodologias cartesianas, foram repetidas e não corrigidas pelo trabalho que consagrou o quantum, realizado em 1905, por Albert Einstein, ao trabalhar o quantum de luz, para esclarecer que os pacotes, ou fragmentos de energia, isto é, os quantuns, tinham medidas exatas e não aleatórias, chamando-os de fótons.
O ponto incompleto que parece se evidenciar sobre o pressuposto de Planck de que “A energia somente pode ser trocada entre diferentes corpos através de um múltiplo inteiro de quantidade de energia” (ibid), é de que se há a troca entre corpos, ou seja, se há uma força cinética a conservar ou a renovar as energias no movimento das partículas sob entropias, então quer dizer que o quantum não é analógico/bidimensional, mas tridimensional, pois, há uma terceira grandeza a compor o quantum, que é o Trabalho, ao qual poderíamos representar assim:
Picossegundo – Tempo – Imaterial = Alfa
Trabalho – Fusão das energias – Abdução = Tau
Nanômetro – Espaço – Material – Físico = Ômega
Ao compreendemos isso, é possível perceber que é preciso atualizarmos a visão bidimensional da Ciência Cartesiana, pois, reproduz os próprios erros da Física Clássica, ao se revelar sob ótica limitada, ao ponto de excluir o elemento Trabalho da composição do quantum, responsáveis pelos movimentos cinéticos nos átomos cuja estrutura é tridimensional Picossegundo – Trabalho – Nanômetro.
Repetindo as limitações da Física Clássica a Teoria das Incertezas mascarou a solução dada por ela ao deixar de explicar a trajetória dos elétrons, ou seja, a visão analógica do quantum criou um vácuo que foi preenchido pela mesma Teoria das Incertezas, ao tentar explicar o inexplicável como “caos” sob uma prática de erros e acertos andando às cegas pelos resultados dados nas probabilidades da Física Estatística.
Esse vácuo se revela nos estudos de Planck e Einstein, ante a ausência da terceira grandeza, constituída pelo Trabalho, o Tau, que deixa de ser inexplicável a partir do momento em que as movimentações das partículas são orientadas por uma interação, ou seja, ao invés de movimentos aleatórios (caos), ela seguem uma orientação de acordo com a natureza de cada um, como Dom na linguagem do sagrado, ao qual Charles Sanders Peirce denominou de Abdução:
Os conceitos de Peirce de abdução e sinequismo possibilitam uma visão mais ampla do fenômeno do sagrado, pois passamos a concebê-lo não como ilusão, superstição inútil, ou mesmo como uma intuição inefável e incomunicável; ambos os conceitos nos permitem compreender que o sagrado é uma necessidade lógica e um tipo de inferência que possibilitam ao homem, não só dar conta de sua realidade circundante, como aumentar a complexidade de nossos conhecimentos e nos vincular com o crescimento da natureza, por meio de um processo sígnico que nos torna co-naturais à mente do cosmo que nos formou. Ambos os conceitos advogam a idéia de haver um continuum entre a mente do Cosmos e a humana (SANTOS, 2005, p. 92)2.
Uma vez compreendido a importância da grandeza do Trabalho, que dá a interação orientada das moléculas nos elétrons, o vácuo casual, ou “teoria do caos” da lugar à abdução que é uma orientação a estruturar os dons no átomo, como se fosse as informações do DNA de todas à criação equilibrando o Universo.
Portanto, essa abdução na Ciência Semiótica, nos permite comparar com a sabedoria dos pássaros e outros animais que não precisam de escolas para construir as cores de suas formações, a estruturas de suas habitações, as épocas de migrações entre outras, a ordem das Galáxias e sistemas planetários:
Peirce compreendeu que somos dotados, da mesma forma que os animais, de uma capacidade de adivinhar, sem que haja, aparentemente outra cognição, uma hipótese correta. A esta capacidade instintiva existente em nós, Peirce também chamou il lume naturale.
Porém, diferente de Descartes em suas Meditações, a luz natural de Peirce está em inteira sintonia com uma natureza inteligente, mental e isomórfica à mente humana. Ou seja, temos em nós o insight natural das leis da natureza, o que dá à intuição, não um caráter autocentrado, autocontido na mente humana e determinado por um Deus estranho à sua própria criação, mas um caráter de continuidade, em que reconhecemos como sagrado os ecos da natureza falando-se em nós.
A esta capacidade de adivinhação que dividimos com todas as formas vivas Peirce denominou abdução. Em consonância com o sinequismo, é a abdução, por seu caráter de inovação e criatividade, que nos mostra como é possível a constituição do sagrado como processo inferencial de relação profunda do homem com a natureza (Ibid, p. 96).
Essa compreensão é fundamental para o Processo Sinodal porque cria uma ponte que liga a Ciência Tridimensional ao testemunho da Palavra, isto é, ao testemunho das Escrituras Sagradas como fonte de orientação na grandeza do Trabalho, ou Liturgia.
Para não tornar tão extenso este artigo faremos abaixo uma representação da relação da tridimensionalidade do quantum nas interações entre a dimensão Celestial e a dimensão do Universo.
Antes disso, precisamos observar alguns preceitos para não nos trairmos e cair no mesmo erro do bidimensionalismo, assim, precisamos compreender que em uma relação, e aqui, a relação entre as dimensões Celestial e Universo, compreende-se a existência de uma interação.
Esta interação poderíamos chamar de movimentos inteligíveis que comparados com a energia podemos nos valer da teoria onda/particula de Einstein e considerar a energia como luz propriamente dita e essa interação relacional, chamada de terceiridade na Semiótica porque dá qualidade, como as rodas que transportam essa luz, que é chamado de campo magnético.
Por exemplo se olharmos para o Sol vemos a luz, mas, vemos porque houve um movimento a trazer a luz até nós, como se fosse uma cápsula em volta da luz a visitar cada um que a observa, ou seja, graças ao campo magnético. Do mesmo modo ocorre na interação relacional entre a dimensão Celeste e a do Universo, a interação ocorre como se fossem partículas de água a regar o Mundo.
Feitas essas considerações apresentamos o seguinte gráfico representativo da Relação Celestial – Universo a partir do quantum tridimensional, cuja abdução ou liturgia, terá como campo magnético ou carrilhões, o Rosário tridimensional.
1MOURA, Cássio Stein. Física para o Ensino Médio Gravitação, Eletromagnetismo e Física Moderna. Porto Alegre – RS: EDIPUCRS, 2011 – Ebook. Disponível em https://repositorio.pucrs.br/dspace/bitstream/10923/12475/2/Fisica_para_o_Ensino_Medio_Gravitacao_Eletromagnetismo_e_Fisica_Moderna.pdf. Acesso em 20 jan. 2022.
2SANTOS, Gerson Tenório dos. Abdução e sinequismo: pedras angulares para uma semiótica do sagrado sua movimentação energética. In Revista Eletrônica de Filosofia – Cognitio – Estudo – PUCSP: São Paulo, Volume 2, Número 2, p. 91-104, Disponível em: https://revistas.pucsp.br/index.php/cognitio/article/download/5467/3914/13126 . Acesso em 20 jan. 2022.