Categoria Espiritualidade

A velha amiga escuridão

Nós brasileiros costumamos dizer, que agora que já passou o carnaval, então o País entrou em marcha para as atividades normais, e voltamos as nossas correrias, nossas aflições de como pagar as contas, de como sustentar os gastos necessários as nossas mínimas dignidade, a exposição das violências, dos assaltos, das agressões, das mutilações, e isso, nos deixa muitas vezes desconsolados, desamidados, com um gosto amargo na língua, com um pigarro grudento na garganta, nos deixando até roco, roco de gritar no silêncio por Deus.

Foto: Jarmoluk

E este é o tema que comporá o nosso sétimo capítulo da praxis, porque de tanta dor, violência e sofrimento, a pergunta que vem diante de nós é “porque isso meu Deus”? Ou, “onde está o teu Deus que parece não ver nada disso”?.

E para tentar se compreender a razão do amargo da língua, a nossa dor, precisamos desfazer um paradoxo, constituído na Palavra que se forma entre as Escrituras do Antigo Testamento que proclama: “Ninguém pode ver Deus e continuar vivo” (Ex 3,6; 33,18-19), e, na Escritura do Novo Testamento que proclama Jesus como Deus sendo visível ao mundo quando diz: ‘O Espírito virá sobre ti, e o poder do Altíssimo te cobrirá com sua sombra. Por isso, o menino que vai nascer será chamado Santo, Filho de Deus (Lc 1,35).

Assim, o paradoxo se forma quando a Escritura proclama que ninguém pode ver Deus e continuar vivo, no entanto, em aparente contradição, nos dá o Testemunho de que todos que viveram no tempo de Jesus viram Deus, ao longo de sua passagem na Terra e continuaram vivo, diante da proclamação da Palavra que diz que Jesus é Deus.

Diante desse paradoxo, arriscamos dizer que essa confusão que fazemos é que nos causa a dor e o sofrimento, criando em nós a sensação de que Deus não está perto, que Deus é apenas exercícios mentais destoados das realidade das aflições, desarticulados dos medos, morte, doença, ao sermos, como São Paulo disse, tratados diariamente como ovelhas destinadas ao matadouro (Rm 8,36).

Mas é o próprio Jesus que em sua imensa misericórdia, é o primeiro a nos ajudar a sair desse lodo que alcança o nosso pescoço, quando vem nos repetir a Palavra dada a Tomé e a Filipe, ao dizer que Ele está diante de nós, mas, nós mergulhados em nossas ambições mesquinhas, de curar a doença, ganhar dinheiro, comprar coisas, não o vemos:

6″Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida.
Ninguém vai ao Pai senão por mim.
7Se vós me conhecêsseis,
conheceríeis também o meu Pai.
E desde agora o conheceis e o vistes”.

8Disse Filipe:
“Senhor, mostra-nos o Pai, isso nos basta!”
9Jesus respondeu:
“Há tanto tempo estou convosco,
e não me conheces, Filipe?
Quem me viu, viu o Pai.
Como é que tu dizes:
`Mostra-nos o Pai’?

Assim, hoje, valendo nos da didática de Filipe, “mostra-nos o Pai, isso nos basta”, ou seja, nos contentarmos com a glória do passado, a de Abrahão, Jacó, Moisés, e não precisamos aplicá-la ao presente, apenas revivê-las, olhando para trás, ou vendo Deus pelas costas pois, já passou, podemos reviver,o tempo de Jesus a revelar-nos claramente para nós o Pai, no reinício da Vida.

Começando pelo sim da nova Eva, que acolheu o Espírito Santo, renunciando a si mesma, ao proclamar “Faça-se em mim, segundo a Tua Palavra”, e dano início a um novo Reino, com a encarnação de Deus, ao qual se chamou Jesus.

Testemunhamos que Jesus, sendo Deus, rebaixou-se à condição de filho do homem, deixando a sua condição de Palavra de Deus, e, encarnou-se para dar o testemunho do Verbo, tornando a Palavra no mundo Espírito e Vida, cuja fidelidade ao cumprimento da Palavra, lhe deu a condição de ser chamado no Céu e na Terra como “o Cordeiro de Deus”, pois, por Ele se consumou a Verdade a partir da Palavra: “tudo esta consumado” (Lc 19,30).

Assim, Jesus mostrando-nos hoje o Pai, como pedido por Filipe, testemunhamos que Ele foi a Palavra encarnada, o Verbo de Deus, que transformou em Verdade no mundo, pelo seu testemunho a Palavra de Deus, tornando-se a partir da instauração desso no Reino, o ponto inicial, a fonte que nasce no lado norte do Templo, a dar origem a nova vida, tornando nova todas as coisas, com o refrigerio que estabiliza o ser vivente.

Mas o ser vivente ao sentir-se nutrido pelo Pão do Céu, a tanto tempo conosco, não conseguimos ver o Pai diante de nós, mas, como Filipe, só pelas costas, ao crermos e revivermos que toda a dor e todo o sofrimento já foi consumado na Cruz, por Jesus como o pagamento da iniquidade do mundo, assim, ele já sofreu em seu lugar, e só queremos sermos felizes.

E sentimos felizes quando não dependemos de Deus, ou seja, quando sentimos que tudo está dentro do nosso controle, não do jeito de Deus, mas sim do nosso jeito de ser, viver e ter as coisas, para nós, o ápice da criação é a plenitude do viver o nosso estilo próprio, fazendo quem sabe a nova moda, o novo meme, o bombar nos clique e seguidores digitais.

Assim, já não invocando o Espírito sem dizer mais nossas ações “faça-se em mim, segundo a vossa Palavra”, nossos olhos afastam-se da Graça de Deus, da amizade de Deus, e não mais O reconhecemos, não podemos ver Deus diante de nós, e passamos a desejar ver “sinais”, como é testemunhado pela Palavra no tempo de Jesus quando se proclamou:

22Celebrava-se, em Jerusalém, a festa da Dedicação do Templo.
Era inverno.
23Jesus passeava pelo Templo, no pórtico de Salomão.
24Os judeus rodeavam-no e disseram: ‘Até quando nos deixarás em dúvida?
Se tu és o Messias, dize-nos abertamente.’

25Jesus respondeu: ‘Já vo-lo disse, mas vós não acreditais.
As obras que eu faço em nome do meu Pai dão testemunho de mim;
26vós, porém, não acreditais (Jo 10,22-26),

Aqueles homens recebiam o sabor de Deus, viviam o sabor de Deus, pelo Pai que lhe era mostrado como se repetia no pedido por Filipe, mas, incomodados com a Verdade, mergulharam nas trevas, e, agora, nós, podemos dizer que mesmo nos deparando com a Luz, conduzidos de frente para o Caminho, não reconhecemos a Luz: “Ela estava no mundo, e o mundo foi feito por meio dela, mas, o mundo não a reconheceu (Jo 1,10), e por isso, com nossas línguas amargas, diante das barbáries, iniquidades, homicídios, violências, corrupção, oprimidos por aflições, das profundezas perguntamos, onde está o teu Deus? Pois, não o reconhecemos.

Ele está no meio de nós, mas nós não o reconhecemos, Ele está diante dos sacerdotes, governadores discípulos, mas ninguém o reconheceu, por nós que imitamos o testemunho de Maria Madalena, ao adentrar-se nas profundezas da angústia, isto é, no túmulo, que ao voltar-se “para traz, e viu Jesus de pé, mas não sabia que era Jesus. Jesus nós pergunta então “Por que choras”?, e mergulhados na nossa dor própria, pensamos tratar-se de apenas um pedinte no farol, ou aquele cara chato que nos procura para chorar novamente suas misérias, e nosso coração o rejeita como inconveniente (Jo 20-14-15).

Conclusão

Não há contradição entre a Palavra que proclama: Ninguém pode ver Deus e continuar vivo” e Jesus, sendo Deus foi visível entre os homens durante sua visita a este mundo, pois, todos que viram e dão o seu testemunho o dão como o testemunho dado por Moisés, isto é, só vendo Deus, pelas costas, depois que Ele já passou, da mesma forma só reconhecemos o Cristo depois que ele já não estava mais neste mundo.

E para que possamos aprender a caminhar “em tempo real com Deus”, isto é, “não só olhando para o Pai e basta”, isto é, alimentando-se da Glória do passado, o Senhor nos prometeu enviar o Espírito da Verdade, aquele que nos retira os véus do coração, e nos faz reconhecer a Glória do Deus testemunhada por Amós, a plenitude do Deus sob a escuridão (Am 5,18), cuja Graça, como um pecuarista, nos adquire como suas ovelhas, dando-nos o dom de reconhecer a Verdade. Dai-nos a vossa Graça, pois, a Tua Graça me basta.

Família, celeiro do afeto

O nosso reduto de cidadania

Nossos dias são difíceis, parece que nos dias de hoje, o Direito abandonou a Justiça, aposentou sua imparcialidade, e, mudou de roupa, e passou a vestir o propósito de correr somente a favor de quem tem voto popular, ao constatarmos que nós, cidadãos anônimos, estamos esquecidos, por isso, para nós, é reservado somente o direito de votar.

E, por termos somente o direito de votar, isto é, reconhecidos como insignificantes e imperceptíveis seres comuns, destituídos de poder de mandato, enfrentamos os rigores da lei, mais como resultado de um serviço jurisdicional oferecido por um martelo intolerante, movido pela cobiça do voto de opinião das suas estatísticas, do que um exercício de cidadania.

Assim, somos movidos a fazer uma atualização de um antigo ditado para dizer “quem é votado, pode…..quem vota não pode, e, se sacode”, …. ai que coceira a me sacudir, parece que estamos no inferno, pois, a mentira revestida da toga do mandato, se tornou instituição, e a verdade humilhação …. acho que estamos vivendo no avesso.

Sobre a penúria de nós, pobres cidadãos, que parecemos ser completamente impotentes, a Sabedoria vem nos revelar o pensamento dos mandatários a respeitos dos votantes dizendo assim:

Somos comparados por ele à moeda falsa e foge de nossos caminhos como de impurezas; proclama feliz a sorte final dos justos e gloria-se de ter a Deus por pai. Vejamos, pois, se é verdade o que ele diz, e comprovaremos o que vai acontecer com ele. Se, de fato, o justo é ‘filho de Deus’, Deus o defenderá e o livrará das mãos dos seus inimigos. Vamos pô-lo à prova com ofensas e torturas, para ver a sua serenidade e provar a sua paciência; vamos condená-lo à morte vergonhosa, porque, de acordo com suas palavras, virá alguém em seu socorro” (Livro da Sabedoria, Cap. 2,16-20 – Liturgia Missal de 01/04/2022).

E o ensinamento que este preceito nos trás, é que, ao contrário do que parece, o votante não é inútil, não é alguém oculto no meio de um mar de pessoas esquecidos por todos aqueles que se dizem ser seu representante, pois, ao se tornar o mais pequeno, o mais fraco, o mais insignificante, ao ponto de caber no seu coração apenas a fé viva na promessa do Deus da Verdade, ele recebe um poder de realeza.

Isso parece ser para aqueles que têm um fé morta, a exemplo do pensamento dos ímpios narrado acima pelo Livro da Sabedoria, uma retórica, ao passo que, para o menor de todos, o pobre, é concebido o poder de se sentir amado, e isto completa todo o seu sentido.

Porque no mundo em que se institucionalizou a mentira, e os atos públicos dos mandatários, despidos de interesse públicos, movem-se apenas por aparências hipócritas, no oportunismo de se formar opinião de angariação de votos, se tornando muito difícil acreditar que somos amados por alguém.

Nos sentimos totalmente abandonados, sozinhos, desolados, inseguros, aflitos, como uma presa acuada aguardando a qualquer momento um novo ataque, uma nova ofensa, um novo desprezo, ou, outra humilhação, e que a hipocrisia não nos faça negar isso.

Curando o complexo de inferioridade

E quando estamos nos sentindo assim, é porque nossa fé esfriou, e acabamos por nos deixar levar pelo mesmo pensamento acima dos ímpios, esperando a recompensa manipuladora do “Deus que faz”, ao invés da coerência do “Deus que É”.

E, passamos a cobrar um sinal visível sob a sensação de que fomos abandonados até por Deus, pois, dizemos que amamos Deus, e ainda acrescentamos, sobre todas as coisas, mas, não temos a graça de nos sentirmos amados, ora, se não nos sentimos amados como podemos amar? A final, não podemos dar aquilo que não temos.

Mas, para aprendermos a nos sentirmos amado, temos que primeiramente acreditar que o amor é eterno e não passageiro, assim, se um dia você sentiu o amor de alguém por você, seria um ato de ingratidão tua, achar que esse amor era tão bom e hoje não existe mais, pois ele lhe foi dado como uma brasa que jamais se apaga.

Lembro aqui as Palavras do Padre e Psicólogo Aurélio Pereira, scj, que muito vai nos ajudar a aprendermos nos deixar ser amado, isso mesmo, não é só dizer de boca, mas, você precisará usar toda a tua força para realmente se sentir amado e isso não é fácil.

Para compreendermos esse caminho de aprendermos a nos deixar ser amados, lembro aqui as palavras do Pe. Aurélio Pereira que na homilia do segundo domingo de maio de 2005, da missa do “Dia das Mães”, disse que a nossa maior fonte de afeto é a mãe, e se Jesus, como Deus Filho, pediu alguma coisa para Deus Pai, para se encarnar como homem e passar por todo o sofrimento aqui na Terra foi uma mãe, porque a mãe foi o jeito que Deus inventou de materializar o amor dele por nós.

Para amar precisamos do afeto, ou seja, o fogo que aquece a cada momento, e esse calor no coração de uma mãe, forja um calor de amor, que acompanhará toda a existência do filho, por isso, será eterno.

Ele não é um passado só de quando éramos criança, ou, do tempo enquanto nossa mãe estava viva, é eterno, vivo, para que como um sinal materializado do amor, possamos reconhecer o Deus que nos ama, pois, nossa mãe ao nos amar no amor de mãe, materializou o amor de Deus, gerando para nós, um sinal verdadeiro da certeza de que Ele te ama, valendo-se dos corações de nossas mães.

Mas depois de 2005 a 2022, isto é, 16 anos de eco destas palavras, tomo a liberdade de me atrever a incluir também, a presença paterna nessa formação de afeto, assim, completo, que o pai e a mãe foi a forma que Deus inventou para materializar o seu amor por nós, chamando de família sagrada.

foto: Chillla70

De família sagrada foi nos deixado como herança, a Sagrada Família, com Maria e José, que formaram todo o afeto que não se tornou passado no coração de Jesus, mas calor visível, do amor de Deus que o consolou dando-lhe ânimo e coragem no momento em que foi mas desprezado, humilhado, maltratado, injustiçado, ao ponto de ser crucificado, como se estivesse, e de fato estava, totalmente sozinho e abandonado.

É a herança de afeto que gera em cada um de nós o sinal visível do amor de Deus por cada um, nos permitindo assim, desenvolvermos o dom de nos sentir amados, sob a advertência de Deus, de que, ainda que o pai ou mãe, tropece, e, nos abandone, Ele não nos abandonará, porque o amor Dele é abundante e chegará até nós.

E quanto este amor se faz presente em nós, vivo, de ontem, de hoje, gerando a vida para o amanhã, estamos vivendo a graça do Espírito que diz “Abba Pai”, pois nos reconhecemos também como filho de Deus, vivendo a fé que cria a certeza que não estamos abandonados.

Pois, sabemos que pela natividade da Mãe do Senhor, recebemos o dom de tornarmos filhos de Deus, como vontade testamentária do Filho: “Mulher eis o teu filho” (Jo 19,26), atribuindo-lhe assim, a maternidade de Nossa Senhora da Conceição ao colocar em seu coração despedaçado, o consolo materno, pela missão de cuidar daqueles que a recebem como Mãe, “eis tua mãe” (Jo 19,27).

A MÃE DO REDENTOR tem um lugar bem preciso no plano da salvação, porque, ‘ao chegar a plenitude dos tempos, Deus enviou o seu Filho, nascido duma mulher, nascido sob a Lei, a fim de resgatar os que estavam sujeitos à Lei e para que nós recebêssemos a adoção de filhos. E porque vós sois filhos, Deus enviou aos nossos corações o Espírito do seu Filho, que clama: ‘Abbá! Pai’!’ (Gl 4, 4-6) (PAPA JOÃO PAULO II – Redemptoris Mater)

Conclusão

As palavras da sabedoria falam do pensamento do ímpio, que ao serem aplicadas com as Palavras do Evangelho de hoje, nos mostram que no Antigo Testamento era o conselho de um pai para o filho, e no Novo Testamento, é de Filho para filho nos dizendo que, como nós, não podemos ver Deus, e por isso, devemos ter fé naqueles que materializam o seu amor para nós:

Em alta voz, Jesus ensinava no Templo, dizendo: “Vós me conheceis e sabeis de onde sou; eu não vim por mim mesmo, mas o que me enviou é fidedigno. Aquele que vós não conheceis, mas eu o conheço, porque venho da parte dele, e ele foi quem me enviou (Lucas 7, 28-29).

Isso que dizer, Jesus nos dizendo que o ímpio não está em terceira pessoa (ele, o ímpio), mas, na primeira pessoa (eu), isto é, o ímpio sou eu, que me esqueci do amor familiar, afastando-se do Espírito filial que diz “Abba! Pai!” por isso, já não se vê mais nesta Terra, o amor materializado de Deus, pois perdeu a capacidade de se sentir amado.

Assim, angustiado não reconhecemos o tesouro que temos, e pensamos que se trata de um amor platônico, apenas de sofrimento e dor, e não conseguimos perceber o bem maior que está por vir, que lhe está tão próximo.

E, também, sem conseguir nos permitir deixarmos ser amados, sofrendo, nos descaminhamos por que, se nos sentimos decepcionados com o amor, por que sem sentir amor, não podemos amar, uma vez que ninguém pode dar o que não tem.

Ao contrário deixando-se ser amado, o menor de todos, não será esquecido, como o sol que a todos os dias, não esquece cada ponto desse planeta para lhe garantir a vida, e vida em abundância, ainda que seja da criatura mais insignificante, ele vai ao encontro, levando o seu calor de amor que gera a vida.

Bem aventurados os que choram, porque serão consolados!

Recuperando a confiança no amigo

Nosso Quinto Tema vem apresentar uma autocrítica sobre o nosso comportamento de quando nós agimos como falsos amigos, ou seja, quando nos aproximamos de alguém movidos por interesses pessoais, e acreditem, sem querer ofender o leitor, mas, todos nós temos esse comportamento.

Um convite a autocrítica

E, para podermos avaliarmos com coerência esse nosso comportamento, precisamos aprender a fazer uma autocrítica, como nos ensina o psicólogo Fernández Gonzales:

se não aprendermos a aceitar os comentários negativos, nunca tentaremos superar e eliminar nossas desvantagens. Também insiste na necessidade de uma boa comunicação com os outros, já que são os bons amigos que nos ajudam a ter uma visão mais objetiva dos nossos comportamentos e nos motivam a melhorá-lo: “É fundamental para o sucesso nas relações, e também para ter uma visão saudável sobre nós mesmos” (MATEOS, 2018, p.1)1

Se olharmos para o nosso dia a dia, vamos nos lembrar que nos aproximamos de muitas pessoas porque elas podem render algum valor para nós, seja de reconhecimento, seja de oportunidades, seja porque somos obrigados, como por exemplo, quando temos de conviver com aquele colega de trabalho intragável, ou com aquele chefe insuportável que as vezes nos faz ultrapassar todos os limites:

“A maioria das pessoas não pede demissão dos seus empregos; elas pedem demissão dos seus gerentes”, afirma a VP de recrutamento do JPMorgan Chase, Wendy Duarte Duckrey (FLORENTINE, 2019, p. 1)2.

Este nosso comportamento de mover-se em razão de uma dependência emocional, seja ela decorrente de necessidade econômica, de falsa segurança, ou afetiva, nos afasta da coerência conosco mesmo, e, muitas vezes, faz nos tornar predadores, pedindo desculpa aos lobosm que tem muita dignidade, mas, como lobos de nossos próximos:


E isso pode ocorrer por diversos fatores”, avalia Teresa Messeder Andion. Ela cita que todos nós podemos agir de forma interesseira em determinados momentos e sob determinadas condições, pois aspectos ambientais, como a cultura do ambiente em que estamos, podem funcionar como um estímulo à adoção dessa postura.
O oportunismo, portanto, pode ser apenas uma resposta a uma situação ou ao meio em que se está. Mas a característica pode também denotar uma história de vida conturbada e até mesmo traumas
(BESSAS, 2021, p. 1).

Um convite ao espírito da coerência

Se olhamos com coerência para nós mesmos, e sabemos que temos essas tendências que não são naturais, mas, efeitos corrompidos de comportamento, vamos perceber que isso, traz como efeito mais nocivo a morte da fé, pois, perdemos a capacidade de acreditar que as soluções não saem de nossas, ou seja, para nós só acreditamos naquilo que está em nossas mãos.

Assim, quando nos vemos despidos dela, não nos sentimos seguro diante da verdade, nos sentimos sozinhos, rejeitados, e ignorados, e não acreditamos nos bens que nós temos, e nossos olhos são tomados pela escuridão, como, podemos reconhecer nas palavras do Profeta Jeremias dirigida a um povo interesseiro que, pela falta de coerência consigo mesmo, não era mais capaz de reconhecer a sinceridade na amizade verdadeira:

A todos enviei meus servos, os profetas, e enviei-os cada dia, começando bem cedo; mas não ouviram e não prestaram atenção; ao contrário, obstinaram-se no erro, procedendo ainda pior que seus pais.
Se falares todas essas coisas, eles não te escutarão, e, se os chamares, não te darão resposta.
Dirás, então:Esta é a nação que não escutou a voz do Senhor, seu Deus, e não aceitou correção.
Sua fé morreu, foi arrancada de sua boca.’
(Jr 7, 25-28 – Liturgia Missal – Terceira Semana da Quaresma – Quinta-Feira – 24/03/2022).

Parece difícil de acreditar, mas há muitos que se dizem próximos de Deus, mas não são seus amigos, estão ali, porque querem repouso, querem sustento, querem paz, lembremos das multidões que acorriam a Jesus, no Tempo em que Deus visitou a Terra, não porque eram seus amigo, mas porque queria um benefício dele, uma cura, a divisão de uma herança, um bilhete para ingressar no céu como pediu o jovem rico.

Nos dias de hoje não é diferente, hoje batemos no peito que somos religiosos, mas nos aproximamos de Deus para desfrutar dos bens que eles nos dá. Deus permite isso sim, porque deseja num primeiro passo atrair nossa amizade, mas, como um amor não correspondido, aceitamos os bens e não valorizamos a amizade.

Assim seja no nosso dia a dia, ou, como pastores à frente de uma igreja, a amizade é fria, não como amigo que serve ao seu Deus,, prevalecendo mais o interesse próprio, vestem-se como pastores sob a insígnia de uma Igreja, mas nos segredos das sacristias, se revelam como verdadeiros lobos.

A FPE (Frente Parlamentar Evangélica), conhecida como bancada evangélica, vem sendo cobrada sobre um posicionamento após a revelação de que dois pastores evangélicos exercem forte influência sobre a liberação de recursos do Ministério da Educação (MEC) (ARREGUY, 2022. p. 1)4

Fonte: UOL

E, ainda….

Mais de 216 mil crianças foram vítimas de abusos sexuais na Igreja Católica na França, aponta relatório.
Número sobe para 330 mil se considerados os laicos que trabalharam nas instituições católicas, diz comissão que investigou a igreja durante 2 anos e meio. Instituição pediu perdão às vítimas.
(G1, 2021, p. 1)5.

Somos sim, muitas vezes, oportunistas, batemos no peito amar a Deus, batemos no peito defender uma religião, mas apenas para nos aproximarmos do Sagrado, esperanto obter bens, ou vantagens, que chamamos de “graças, sem a disposição de se testemunhar a Palavra pela fé, mas sim, o da vantagem que Deus pode oferecer, como meios de nos garantir a saúde, a segurança e o pão nosso de cada dia.

Vemos os santuários e nas festas religiosas, a grande atração por bens, vantagens pessoais, curas de cegos e paralíticos, como aconteciam com as multidões do tempo do ministério público de Jesus, e muito pouca capacidade de se reconhecer o resultado da Palavra pela Fé, como Glória de Deus, pois, a fé se tornou morta, pela ausência da amizade, e distante de Deus, manifestam o seu amor a Deus pelo que Ele faz, por isso, parece-lhes impossível que Deus fará algo por eles, se estiverem fé na Palavra, no Deus que É um amigo.

Com a fé morta, pensar por exemplo que é impossível viver sem dinheiro, ao passo que professam que não se dever amar a Deus e ao Dinheiro, parecendo verdadeira escuridão mortal, amar Deus pelo que Ele É, na certeza de que ele cuidará de cada necessidade, renunciando-se a todos os interesses próprios, para aproximar-se dele apenas pelo amor a uma amizade verdadeira.


Dessa forma perdemos a graça de reconhecer o Deus amigo, e O Vemos como o próprio demônio:

Jesus estava expulsando um demônio que era mudo.
Quando o demônio saiu, o mudo começou a falar, e as multidões ficaram admiradas.
Mas alguns disseram: ‘É por Belzebu, o príncipe dos demônios,
que ele expulsa os demônios.’
Outros, para tentar Jesus, pediam-lhe um sinal do céu
(Lc 11, 14-16 – Liturgia Missal – Terceira Semana da Quaresma – Quinta-Feira – 24/03/2022).

Portanto, se você neste momento se aproxima de Deus, porque gosta de ficar perto do Santo, louvando, curtindo, achando que pode receber dele o pão, a saúde, a salvação, renuncie a si mesmo, despoje-se de tudo, e ame apenas o Tesouro da Amizade que forja o Ouro da Aliança que Deus jamais esquece, pois, é muito breve o tempo para que testemunharemos todos juntos o julgamento de que:

Quem não está comigo, está contra mim.
E quem não recolhe comigo, dispersa
(Lc 11,23 – Liturgia Missal – Terceira Semana da Quaresma – Quinta-Feira – 24/03/2022).

Referências:

  1. MATEOS, Alejandra Sánchez. Seis comportamentos que fazem as pessoas se afastarem de nós. In Caderno Ciência, 26/08/2018 – El Pais. Disponível em https://brasil.elpais.com/brasil/2018/08/25/ciencia/1535181881_915785.html. Acesso em 24 mar. 2022.
  2. FLORENTINE, Sharon. 9 motivos pelos quais os funcionários saem das empresas. In CIO/EUA – IT Forum. Disponível em https://itforum.com.br/noticias/9-motivos-pelos-quais-os-funcionarios-saem-das-empresas/. Acesso em 24 mar. 2022.
  3. BESSAS, Alex .Aprenda a identificar um ‘interesseiro’, mas saiba: agir por interesse é normal. In Caderno Comportamento – O Tempo 06/04/2021. Disponível em https://www.otempo.com.br/interessa/aprenda-a-identificar-um-interesseiro-mas-saiba-agir-por-interesse-e-normal-1.2468370. Acesso em 24/03/2022.
  4. ARREGUY, Juliana. Cobrada após áudio, bancada evangélica lida com disputas internas. In Caderno Política – UOL 24/03/2022. Disponível em https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2022/03/24/bancada-evangelica-mec-quem-sao-deputados-senadores-frente-parlamentar.htm. Acesso em 24 mar. 2022.
  5. G1 – Portal de Notícias. Mais de 216 mil crianças foram vítimas de abusos sexuais na Igreja Católica na França, aponta relatório. Disponível em https://g1.globo.com/mundo/noticia/2021/10/05/mais-de-216-mil-criancas-foram-vitimas-de-abusos-sexuais-na-igreja-catolica-na-franca-aponta-relatorio.ghtml. Acesso em 24 mar. 2022.

Superando as dores

Iniciando o tema 4 do capítulo 2, da Praxis, vamos abordar a experiência com a dor, pois vivemos nas últimas décadas, o tempo das dores, pois a alegria de nossas festas foram trocados por tragédias, violências, corrupção e opressão.

Credit: cicloviasinvisiveis.com

Já não temos os cantos nas ruas, já não não reunimos com o vigor de brindar as vitórias dos campeonatos com os amigos, e nos últimos tempos, vivenciamos continuamente a dor pelo luto de nossos amigos, e nossos próximos.

Se olharmos para dentro de nosso coração enxergamos apenas o lamento, a saudade dos amigos que passaram por nossas vidas, pelos parentes que perdemos, o cansaço pela opressão da avidez tributária do Estado sem retorno de dignidade e cidadania, o excesso de trabalho com pouco retorno financeiro, endividamentos familiares.

Nosso sol se tornou escuro, nossas luas sangrentas, as estrelas parecem pálidas, e os Céus se foram, nos deixando neste deserto vazio, nebuloso, cheio de ódio, violência, indiferença, longe da graça de sentir que Deus existe.

Diante disso, perguntamos porque há tantos sofrimentos, tanta dor, tanta morte, tanta indiferença, tanto ódio? E a resposta vem na singeleza do conselho de um pai, ou, de uma mãe: estamos sofrendo por termos escolhido o caminho do filho pródigo, antecipamos a herança e saímos para o mundo por nós mesmos, por isso, perdemos todos os nossos bens, e agora, sob o risco de perder a própria Terra, e toda a nossa dignidade.

E assim, estamos sofrendo as dores porque até agora, errantes, não reconhecemos que precisamos mudar nosso modo de ser, abandonar o sonho de controlar, de dominar, para passarmos a reconhecer nossa impotência.

Isto quer dizer, renunciar ao controle próprio dos fatos, deixando que os fenômenos tomem o curso natural de sua realidade, deixando de olhar para as tragédias que nos circundam como obras do acaso, mas com um coração contrito, passarmos a reconhecer que elas são frutos dos nossos erros.

Enquanto não mudarmos nosso olhar continuaremos a viver as dores cada vez mais intensas. Mudar o olhar ou mudança de vida, não significa buscar tentar fazer tudo certinho, significa renunciar todo o controle interno de si mesmo e passar a deixar que as leis naturais é que direcione o comportamento.

Mudar de vida também não significa deixar as coisas por si mesmas, e nos tornamos passivos, mas sim, apreendermos a abrir nosso coração para a voz da Natureza, a sabedoria dos DNA’s, não biológicos, mas, DNA’s “em Espírito”, que nos sussurram as orientações de nossos pais nos direcionando para os atos que temos de realizar, pois do contrário continuaremos a andar errantes, sem dignidades e repletos de dores, como já nos ensina as Escrituras pelo Profeta Isaías:

4 Ai! Gente pecadora, povo carregado de crimes, geração de malfeitores, filhos degenerados!

Abandonaram o SENHOR, desprezaram o Santo de Israel, andaram para trás.

5 Se continuais nessa revolta, podereis ainda levar pancadas? A cabeça toda está doendo, o coração inteiro, magoado.

6 Da sola dos pés até o alto da cabeça não há nada são. É só machucado, vergão, ferida aberta, sem limpar, sem tratar, sem remédio para aliviar.

7 É assim mesmo: vosso país está arrasado, vossas cidades, destruídas pelo fogo, a as terras, bem diante dos vossos olhos, devoradas por estrangeiros. É a devastação, a invasão de inimigos.

8 Jerusalém, a filha de Sião, ficará como um rancho no vinhedo, uma choupana em plantação de pepinos, cidade cercada pelo inimigo.

9 Se o SENHOR dos exércitos não nos tivesse deixado uma sobra, ainda que pequena, ficaríamos como Sodoma, semelhantes a Gomorra (Is 4-9).

Temos de aprender a perceber nossos erros, observando que hoje somos chamados para uma mudança de vida, e essa mudança de vida significa eu deixar de acreditar que os próprios pensamentos são capazes de conduzir a prática de vida ideal, de justiça, mas removê-los todos, isto é, renunciar a si mesmo.

Assim, diante da dor do luto pela fome, diante da dor luto pela peste, diante da dor do luto pela guerra, renunciando a nós mesmos, poderemos enxergar que a solução não vem de nós, pois, se tudo isso está acontecendo não é por castigo de Deus mas por efeito de nossas caminhadas errantes, servindo para mostrar para nós, que nos afastamos da Solução de Deus, e perdendo a sua graça, e por isso estamos sucumbindo.

Precisamos aprender a renunciar a nós mesmos, isto é, como que sentados de carona no quadro de uma bicicleta, permitir que o piloto dela, Jesus, a conduza sem a nossa interferência, permanecendo obedientes aos pedidos Dele, assim, confiantes de que o caminho por mais tortuoso e acidentado que possa parecer, sob a direção dEle, chegaremos ao lugar seguro, com paz, dignidade e justiça.

Conclusão

Vimos a tragédia de uma pandemia, e o homem, dizendo-se tratar-se de um mal, correu para dar sua solução. Alguém voltou-se para Deus e disse: Senhor perdoai-nos pois, atraímos para nós o mal?

Estamos vivendo a tragédia da fome pela acumulação dos investidores que tornam os homens do mundo cada vez mais ociosos, sem condições de trabalho. Todos escolheram os próprios caminhos sob como sobreviver as crises, mas, alguém voltou-se para Deus e disse: Senhor, nos afastamos de vós por isso, fomos entregues nas mãos de nossos opressores?

Estamos vivendo a tragédia da guerra, pela ambição, mesquinhez e miserabilidade humana. O mundo correu para criar uma solução através de sua arrogante forma de controlar e dominar as pessoas. Alguém voltou-se a Deus e disse: Senhor, estamos prestes a sucumbir por nossos erros, mostrai-nos a vossa face?

Diante destas questões podemos perceber, mesmo diante de tantas tragédias, que não voltamos para Deus, e, ainda, o quanto estamos distantes de renunciar a nós mesmos pois estamos presos as soluções puramente humanas e não queremos abrir mãos do poder de dominar e controlar, fechando nossos ouvidos para os sussurros dos DNA’s de nossos pais, permanecendo rebeldes, surdos, não damos nenhuma atenção aos seus conselhos:

Abandonaram o SENHOR, desprezaram o Santo de Israel, andaram para trás.
5 Se continuais nessa revolta, podereis ainda levar pancadas? A cabeça toda está doendo, o coração inteiro, magoado. (Is 1,4-5).

Observemos então que não se trata apenas de uma mudança de pensamento, ou, de comportamento, mas de renúncia de nós mesmos que só é possível pela graça de Deus e não pela nossa própria vontade. E essa graça só acontece quando restabelecemos a Aliança Sagrada, criando em nós a amizade fiel entre Deus e o homem. A partir daí, é Ele quem dirige e não nós mais.

Do que você tem medo? De estar de carona em um bicicleta segura, ou caminhar por tuas próprias pernas e cair no abismo? Mude, volte ao valor de ter um amigo fiel.

“Permaneçamos com os corações vigilantes pois o GRANDE DIA está próximo, em que Jesus Cristo retornará na glória e esplendor, dando-nos a Verdadeira Vida. Assim, suplicamos em nossos corações: “Iluminai a vossa face sobre nós, convertei-nos para que sejamos salvos!” (Sl 79).

Entre nós… Aleluia! Dentro de nós… Maranatha! Saudações em Cristo” (VELOSO, 2021, p. 1)!1

1VELOSO, Dom Eurico dos Santos. Quarto Domingo do Advento.In Artigos CNBB – 16/12/2021. Disponível em https://www.cnbb.org.br/quarto-domingo-do-advento/. Acesso em 04 mar. 2022.

O milagre da Ucrânia

Estamos vivendo dias angustiantes diante das notícias de guerra, e, se dissermos que não nos importamos como isso, mentimos para nós mesmos, porque é a Humanidade inteira que está sendo afetada por esse fenômeno, é não é só uma questão financeira, é questão da própria existência dela.

Na visão humana, o que parece é que ha um grande tabuleiro, onde de um lado há aqueles que dizendo-se em nome da paz, se julgam donos do poder bélico absoluto, e para isso, não medem consequência dos meios para justificar os fins.

Do outro lado há aqueles, dizendo-se em nome da paz, que se julgam os donos do poder econômico, e atribuem um preço caro para o mundo, mas, esquecem que o mundo não lhes pertencem e nem sabem se estarão vivos amanhã, como nos foi ensinado pela liturgia missal da Quarta-Feira da Sétima Semana do Tempo Comum de 23/02/2022:

Caríssimos: 13E agora, vós que dizeis: ‘Hoje ou amanhã iremos a tal cidade, passaremos ali um ano, negociando e ganhando dinheiro’. 14No entanto, não sabeis nem mesmo o que será da vossa vida, amanhã! Com efeito, não passais de uma neblina que se vê por um instante e logo desaparece. 15Em vez de dizer: ‘Se o Senhor quiser, estaremos vivos e faremos isto ou aquilo’ (Tg 4-13-15).

O que é possível perceber diante deste panorama é que nem um de um lado é possível se salvar pelas armas, nem do outro é possível se salvar pelo dinheiro, e por isso, não se tem a paz, ou, se a tivéssemos, seria uma paz injusta, como disse o Senhor, a paz do mundo não é a Paz que Deus nos prometeu:

27“Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; mas não a dou como o mundo. Não se perturbe nem se intimide o vosso coração. 28Ouvistes que eu vos disse: ‘Vou, mas voltarei a vós’. Se me amásseis, ficaríeis alegres porque vou para o Pai, pois o Pai é maior do que eu. 29Disse-vos isto, agora, antes que aconteça, para que, quando acontecer, vós acrediteis”(Jo 14,27-29 – Liturgia Missal terça-feira da 5ª Semana da Páscoa – Ano B – 04/05/2021).

A partir destas considerações, perguntamos o que há de concreto a oferecer-nos uma saída para um momento tão crucial nos destinos da Humanidade?

A resposta para isso de uma forma imediata é: mudarmos a nossa vida, para considerar que a Paz que Deus nos oferece é a verdadeira paz, isto que dizer para nós agora, não devemos esperar uma solução humana, como por exemplo vemos hoje o milagre da resistência da Ucrânia, algo que parece inacreditável, mas fora das visões humanas, há um coração de Mãe, escondido que ninguém vê, abraçando cada um daqueles filhos e protegendo-os de tragédias maiores.

Sim, o Senhor prepara cada um dos seus filhos para encarar o inimigo opressor, e lhes dará vitória, semeiam entre lágrimas mas os frutos serão de alegria, pois, renunciarão a paz falsa que o mundo oferece através de articulações puramente humanas, para acolher a Paz verdadeira, se estabelecendo naquela Nação efetivamente. Glória a Ucrânia sim, mas, por primeiro, Glória a Deus que se lembrou de sua aliança.

Se compartilharmos com esta Nação, a consciência firme deste propósito, temos condições de encontrar o caminho para essa Paz, que virá das mãos do Senhor, como podemos conferir na recomendação que o Apóstolo São Tiago nos faz na liturgia missal de sexta-feira da 7ª Semana do Tempo Comum de 25/02/2022, quando nos convidou a olhar que as ações humanas tanto do lado das armas como do lado do dinheiro, por ser humanas, não garante a vida de ninguém.

Por isso, não cabe a aqueles que desejam a verdadeira paz, por suas esperanças nas armas e contra o dinheiro, ou por suas esperanças no dinheiro e ser contra as armas, quando nos ensina: “9Irmãos, não vos queixeis uns dos outros, para que não sejais julgados. Eis que o juiz está às portas” (Tg 5,9). Ponha sua esperança no Senhor, e Ele te dará as armas necessárias para a vitória contra o pior dos inimigos.

Se o caminho da paz não é por armas, nem pelo dinheiro, cumpre a nós agora compreender então, qual o caminho devemos seguir para que possamos efetivamente receber a promessa a nós dada pelo próprio Cristo: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; mas não a dou como o mundo. Não se perturbe nem se intimide o vosso coração” (Jo 14,27), pois, a promessa de que o caminho certo de solução para a Paz, não vem das ações humanas, mas sim, vem de Deus.

Quando dizemos que a solução para a Paz vem de Deus, não estamos criando uma afirmação vaga do tipo, se Deus quiser teremos paz, como já nos advertiu São Tiago na Liturgia Missal da terça-feira da Sexta Semana do Tempo Comum – 15/02/2022 quando disse:

13Ninguém, ao ser tentado, deve dizer: “É Deus que me está tentando”, pois Deus não pode ser tentado pelo mal e tampouco ele tenta a ninguém. 14Antes, cada qual é tentado por sua própria concupiscência, que o arrasta e seduz. 15Em seguida, a concupiscência concebe o pecado e o dá à luz, e o pecado, uma vez consumado, gera a morte (Tg 1,13-15).

Ao contrário disso, saindo do abstrato, do subjetivo, estamos testificando de forma eficaz o cumprimento da Palavra nos deixada por Testamento, para que reconhecêssemos que tudo isso, já estava previsto pela Escrituras como anunciado pelo Senhor que nos pede a prestar atenção para quando acontecer nós acreditarmos; “28Ouvistes que eu vos disse: ‘Vou, mas voltarei a vós’. Se me amásseis, ficaríeis alegres porque vou para o Pai, pois o Pai é maior do que eu. 29Disse-vos isto, agora, antes que aconteça, para que, quando acontecer, vós acrediteis” (Jo 14,28-29).

Foi nos dito antes, para que acreditássemos quando acontecesse que: Quando ouvirdes falar de batalhas e notícias de guerras, não fiqueis alarmados: é preciso que essas coisas aconteçam, mas ainda não é o fim. 8De fato, há de se levantar nação contra nação e reino contra reino. Haverá terremotos em vários lugares, e muita fome. Isso é o começo das dores (Mt 13,7-8).

Não fiqueis alarmados quer dizer, ficais atentos aos sinais, eis que eu vos disse antes para que quando acontecer acrediteis, e se temos dúvidas ainda de que a notícia de guerra presente é a mesma das Escrituras, talvez podemos ter mais certeza, se olharmos para as mesmas advertências repetidas em 1917, em Fátima – Portugal, portanto, dito antes que acontecesse, quando nas visões de Nossa Senhora do Rosário pelos Pastorinhos, Ela convidou o mundo a mudar de vida, renunciando a paz falsa do mundo e voltar para a Fé como forma de instituição da Paz:

Para a impedir virei pedir a consagração da Rússia a meu Imaculado Coração e a comunhão reparadora nos primeiros sábados. Se atenderem a Meus pedidos, a Rússia se converterá e terão paz; se não, espalhará seus erros pelo mundo, promovendo guerras e perseguições à Igreja. Os bons serão martirizados, o Santo Padre terá muito que sofrer, várias nações serão aniquiladas. Por fim o Meu Imaculado Coração triunfará. (SANTUÁRIO DE FÁTIMA, s/d, p.1)1

E, repetido novamente pelas crianças de Garabandal quando descrevem as seguintes visões:

Os seus rostos no momento das visões atestam o trauma sentido por Jacinta, Mari Loli e Mari Cruz, durante a primeira noite dos gritos. Mari Loli parece ter sido a primeira a falar sobre isso em 1967, quando prestou informações a um sacerdote mexicano, Padre Gustavo Morelos. Três anos depois, a mesma informação, de posse de Maria Saraco, foi escrita e confirmada por Mari Loli com a sua própria assinatura. A informação que foi transmitida foi a seguinte:

“Apesar de continuar a ver a Virgem (durante a primeira noite dos gritos), nós vimos uma grande multidão de pessoas que estavam a sofrer intensamente e gritavam de terror. A Mãe Santíssima explicou-nos que esta grande tribulação, que não era o Castigo, viria porque teria chegado um tempo em que Igreja parecia estar a ponto de morrer. Ela ( a Igreja) iria passar por um terrível sofrimento. Nós perguntamos à Virgem o que é este grande sofrimento e ela disse-nos que era o “comunismo”.

(…)

Ao ser questionada sobre isso, Loli respondeu que o modo com que ela viu, pensou que seria mais do que isso. A tia de Conchita, Antonia, afirmou ter ouvido as videntes dizerem em êxtase que “se nós não mudarmos os nossos modos, a Rússia irá tomar posse do mundo inteiro”. Se este for o caso, então a perseguição será em toda parte, além dos confins da Europa.(APOSTOLADO DE GARABANDAL, s/d, p. 1)2.

E, se ainda assim, restar dúvidas, talvez possam nos ajudar, os fatos presentes e suas relações diretas com o prenúncio tratado na Revista Garabandal publicada em 1988.

PATRICK, 1988, p. 43

Traduzindo o texto em inglês acima:

Quadro da esquerda: Na terça-feira, 29 de setembro de 1987, na conclusão do Sínodo dos Bispos Católicos Ucranianos em Roma, esta foto, tirada dos Bispos ucranianos do Mundo Livre, e um grupo de leigos, com o Santo Padre, o Papa João Paulo II. De 7 a 12 de julho de 1988, a celebração oficial do milênio acontecerá no Vaticano, com o Papa presidindo.

Quadro da Direita: Os Pinheiros de Garabandal, vistos do campanário da igreja da aldeia, simbolizam a tão esperada libertação dos católicos ucranianos e de todos os cristãos que sofrem perseguição religiosa atrás da Cortina de Ferro.

Depois lembrando-nos ainda, o que o Senhor nos disse de que eu vos falo antes para quando acontecer vós acrediteis, concluindo sobre a relação entre a Rússia e as aparições, em 1988, a mesma autora escreveu o seguinte:

Garabandal é Deus falando ao mundo em crise que inclui a Igreja, os sacerdotes e o povo. Além das duas grandes Mensagens dadas em Garabandal por Nossa Senhora, estão as que dizem respeito aos papas, ao sofrimento da Igreja e à conversão da Rússia.

Em Garabandal, foi profetizado um grande Milagre dos Pinheiros que deixará no local um sinal sobrenatural visível permanente que pode ser fotografado e televisionado mas não tocado.

Em 20 de julho de 1963, a vidente de Garabandal Conchita, em uma locução com Nossa Senhora, perguntou se o Milagre converteria a Rússia. Ela respondeu: “sim, ela se converterá e todos amarão Nossos Corações.

Então, queridos irmãos e irmãs da Ucrânia, celebrem seu Milênio! Alegrem-se! Espalhe as noticias! Não se assustem! O Senhor Deus enviou Sua Mãe Santíssima para trazer as boas novas de sua libertação (PATRICK, 1988, p.4).

Conclusão:

Quando ensaiávamos para sairmos do luto da Pandemia do Covid-19, caímos no luto das mortes pela Guerra, ou seja, começaram-se as dores, necessárias para mudarmos de vida, que consiste em aprendermos a renunciar o humanismo deixando de acreditar que a solução está nas mãos do homem, e, muito menos a salvação pela guerra ou pelo dinheiro, e prostrarmos à Sabedoria do Alto, na certeza de que é Deus quem define o curso da Vida, como o Senhor do Céu e da Terra.

Volte para Ele e perceberá que as soluções estão vindo dos Céus, um sinal perceptível para o coração, e receberemos a Paz que o mundo não tem, pois do contrário, o dinheiro ou a arma não manterá tua vida. E voltar para Ele significa deixar a rebeldia e aprender a ouvir os seus conselhos desenvolvendo a sensibilidade capaz de identificar que tuas ações e decisões já não são tuas, mas, Dele em você: não sou eu que vivo, mas Cristo que vive em mim (Gl 2,20).

Portal Feliz dos Céus

Intercessão de Nossa Senhora da Conceição pelo Mundo

Pela natividade da Mãe do Senhor, recebemos o dom de tornarmos filhos de Deus, como vontade testamentária do Filho: “Mulher eis o teu filho” (Jo 19,26), atribuindo-lhe assim, a maternidade de Nossa Senhora da Conceição ao colocar em seu coração despedaçado, o consolo materno, pela missão de cuidar daqueles que a recebem como Mãe, “eis tua mãe” (Jo 19,27), e por isso, a exemplo da Rainha Esther, concedeu-lhe a glória de Porta Imaculada humana, “fecunda e sempre virgem”, que liga a Humanidade a Deus Celestial, o Portal Feliz dos Céus (Ave Maris Stella – Frei Galvão).

A MÃE DO REDENTOR tem um lugar bem preciso no plano da salvação, porque, ‘ao chegar a plenitude dos tempos, Deus enviou o seu Filho, nascido duma mulher, nascido sob a Lei, a fim de resgatar os que estavam sujeitos à Lei e para que nós recebêssemos a adoção de filhos. E porque vós sois filhos, Deus enviou aos nossos corações o Espírito do seu Filho, que clama: ‘Abbá! Pai’!’ (Gl 4, 4-6) (PAPA JOÃO PAULO II – Redemptoris Mater)

Oração para a Nação Ucraniana pela intercessão de Nossa Senhora da Conceição

Santa Mãe de Deus,
estende o teu manto maternal sobre todos os cristãos
e sobre todos os homens e mulheres de boa vontade,
que vivem nesta grande Nação.
Guia-os para o teu Filho Jesus,
que é para todos caminho, verdade e vida
(Papa João Paulo II – Oração à Nossa Senhora de ZARVANYTSIA).

Nossa Senhora de Zarvanytsia – Fonte: RISU – Relig. Infomation Serv. Ukraine

Oração pela Paz no Mundo:

“O reinado sobre o mundo pertence agora ao nosso Senhor e ao seu Cristo, e ele reinará para todo o sempre”.

“Nós te damos graças, Senhor Deus, Todo-poderoso, aquele ‘que é e que era’, porque assumiste o teu grande poder e começaste a reinar. 18 As nações tinham-se enfurecido, mas chegou a tua ira, e o tempo de julgar os mortos e de dar a recompensa aos teus servos, os profetas, os santos, e os que temem o teu nome, pequenos e grandes; chegou o tempo de destruir os que destroem a terra” (Ap 11,15.17-18).

Serva Tarsykiya Matskiv rogai por nos!

1SANTUÁRIO DE FÁTIMA. Narrativa das aparições: Terceira Aparição de Nossa Senhora. Disponível em https://www.fatima.pt/pt/pages/narrativa-das-aparicoes. Acesso em 25 fev. 2022.

2APOSTOLADO DE GARABANDAL. A grande tribulação antes do “Aviso”. Disponível em https://www.apostoladodegarabandal.com/a-grande-tribulacao-antes-do-aviso2/. Acesso em 25 fev. 2022.

3PATRICK, Marie Fitz. The church in silence. In Garabandal – The message of Our Lady in Mount Carmel: as a result of miracle, Rússia will be converted, April-June, 1988. Disponível em https://www.garabandal.us/wp-content/uploads/2013/02/russia.pdf. Acesso em 25 fev. 2022.

Descobrindo a Justiça

Este trabalho vem demonstrar como os julgamentos sob o pensamento humano só conduzem aos caminhos errantes produzindo a injustiça. Para descobrirmos o caminho para a Justiça real, nos valemos neste trabalho da análise da brutalidade humana na condenação de um inocente e justo, Jesus Cristo, o Messias.

Credit:JohnHain

Hoje damos seguimento aos trabalhos que constroem o Capítulo 2, em que mais uma vez, abordando-se a prática da Palavra no nosso dia a dia, ou Praxis Cristã, mergulharemos no contexto das leituras da liturgia missal do mesmo dia da produção deste texto que é Mc 8,27-33 – Sexta Semana do Tempo Comum – Ano C – 17/02/2022.

A prática de hoje tem por objetivo mostrar como caminhamos direto para a morte quando nos apegarmos à ideia de que a Lei é só para os homens, isto é, quando desenvolvemos nossas ações somente de acordo com os pensamentos humanos, e, foi essa razão que levou o Senhor a repreender o Apóstolo Pedro: “Jesus voltou-se, olhou para os discípulos e repreendeu a Pedro, dizendo: “Vai para longe de mim, Satanás! Tu não pensas como Deus, e sim como os homens” (Mc 8,33).

Já abordamos algumas vezes o pensamento humano, ou, espiritualidade humanista, quando, por exemplo, nas metodologias iniciais de nossos trabalhos, falamos sobre o reinado de Pedro Romano e, também, quanto tratamos da formação do senso crítico, em que podemos destacar aqui neste trabalho como ponto comum, o quanto o homem se fecha em si mesmo quando aplica o pensamento humano.

Mas, voltando à repreensão de Jesus ao Apóstolo Pedro, o que vamos trabalhar daqui para a frente é a seguinte questão: se Pedro pensava como os homens, como Jesus pensava como Deus, quando disse: Tu não pensas como Deus, e sim como os homens” (Mc 8,33)?

A Escritura sagrada traz como pensamento de Deus a morte de um inocente, de um homem justo, fiel a Deus, cumpridor de todos os preceitos das Escrituras Sagradas, que foi chamado de o Cordeiro de Deus, por ser o Único a ser fiel integralmente a Deus, isto é, a cumprir integralmente e fielmente a vontade de Deus, na forma de criatura humana.

Era sobre este Homem que o Senhor falava, que no pensamento humano despertou no Apóstolo Pedro o senso de injustiça pela morte de um inocente, da mesma forma que despertou o senso de injustiça no Rei Davi, quando o Profeta Natã narrou a morte de um inocente:

  • Naqueles dias: 1O Senhor mandou o profeta Natã a Davi. Ele foi ter com o rei e lhe disse-lhe: ‘Numa cidade havia dois homens, um rico e outro pobre.
    2O rico possuía ovelhas e bois em grande número.
    3O pobre só possuía uma ovelha pequenina, que tinha comprado e criado.
    Ela crescera em sua casa junto com seus filhos, comendo do seu pão, bebendo do mesmo copo, dormindo no seu regaço. Era para ele como uma filha.
    4Veio um hóspede à casa do homem rico, e este não quis tomar uma das suas ovelhas ou um dos seus bois para preparar um banquete e dar de comer ao hóspede que chegara. Mas foi, apoderou – se da ovelhinha do pobre e preparou-a para o visitante’.
    5Davi ficou indignado contra esse homem e disse a Natã: ‘Pela vida do Senhor, o homem que fez isso merece a morte!
    6Pagará quatro vezes o valor da ovelha, por ter feito o que fez e não ter tido compaixão’.
    7aNatã disse a Davi: ‘Esse homem és tu! Assim diz o Senhor, o Deus de Israel:
    10Por isso, a espada jamais se afastará de tua casa,
    porque me desprezaste e tomaste a mulher do hitita Urias
    para fazer dela a tua esposa
    (2Sm, 12-1-10 Liturgia Missal de Sábado da 3ª Semana do Tempo Comum – Ano C – 29/01/2022).

Na Leitura sobre a morte do Homem Inocente tem-se o seguinte texto:

Em seguida, começou a ensiná-los, dizendo que o Filho do Homem devia sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes e doutores da Lei, devia ser morto, e ressuscitar depois de três dias.
32Ele dizia isso abertamente. Então Pedro tomou Jesus à parte e começou a repreendê-lo
(Mc 8,31-32).

As duas Leituras nos traz algo em comum na indignação do Rei Davi e também na indignação de Pedro, causadas pela injustiça da morte de um inocente, que é a seguinte: tanto o Rei Davi quanto Pedro, tiveram a capacidade de perceberem a injustiça, mas por estarem sob o olhar humano, não conseguiram ver que o criminoso injusto a matar o inocente, era cada um deles próprio, ou, cada um de nós, que estamos mergulhados no pensamento humano, e só nos voltamos para nós mesmos, exigindo o rigor da lei para os outros e encobertando as nossas injustiças.

Por outro lado se voltarmos nosso olhar para o pensamento de Deus quando a Escritura diz: Em seguida, começou a ensiná-los, dizendo que o Filho do Homem devia sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes e doutores da Lei, devia ser morto, e ressuscitar depois de três dias, podemos compreender o seguinte:

Sob o pensamento de Deus, devemos compreender que o Filho do Homem, é o Cordeiro de Deus, que quer dizer: A Oferta Perfeita para o Sacrifício Sagrado em favor do crime da Humanidade, e, foi Oferecido a Deus, sem mancha, sem ossos quebrados, e sem pecado, sob a forma humana, como primícia em favor dos homens, para a remissão da culpa humana causadora da destruição e devastação revestidas pelo predadorismo rebelde.

Por isso, não havendo homem fiel no mundo, não havendo algum amigo leal a Deus, O Cordeiro de Deus assumiu a forma humana, para apresentar a Deus um sacrifício como Filho do Homem, e assim, a Humanidade ser redimida do seu crime horroroso de rebeldia, que produziu no mundo, a morte, como nos ensina o Apóstolo Paulo:

7 Dificilmente alguém morrerá por um justo; por uma pessoa muito boa, talvez alguém se anime a morrer. 8 Pois bem, a prova de que Deus nos ama é que Cristo morreu por nós, quando éramos ainda pecadores.

12 Pois como o pecado entrou no mundo por um só homem e, por meio do pecado, a morte; e a morte passou para todos os homens, porque todos pecaram… (Rm 5,7.12).

Se usarmos aqui os pensamentos humanos do Rei Davi e do Apóstolo Pedro, vamos nos indignarmos também com a injustiça contra os inocentes, mas pensando tratar-se somente dos homens, o crime de Adão que se arrasta até nós ao carregarmos a marca de Adão, a marca da rebeldia que gera a morte:”Eis que na culpa fui gerado, no pecado minha mãe me concebeu” (Sl 50,7 ).

Mas o crime de Adão, não se refere somente à morte dos humanos, mas a morte te tudo o que vive, ou seja, o pecado de Adão fez entrar a morte na dimensão do Universo, e a partir daquele rebeldia, tudo passou a ter um ciclo de nascimento e morte.

A grande injustiça que podemos nos indignar que aqui nos deparamos, é que o nosso crime de rebeldia, passou a matar tudo o que está sob a dimensão do Universo, desde as maiores galáxias que nascem e morrem, até as estrelas, os planetas, e as menores criaturas vivas, porque, pelo homem, a morte entrou no Mundo.

Todos eles eram inocentes, todos eles seguiam a Lei de Deus, e o homem, e somente o homem, produziu o homicídio, e, ainda assim, as vítimas dele, mesmo inocentes, recebendo injustamente a morte, não se rebelaram contra Deus, mantiveram-se fiéis à sua amizade.

E graças à essa fidelidade das outras criaturas, é que o próprio Deus, amando o homem, para que não se perdesse nenhum daqueles que eram seus, assumiu a condição humana para que ofertasse, como o Único Homem Fiel, um sacrifício em favor dos inocentes, para a remissão do pecado do homem, diante do seu imenso crime, que fez a morte recair sobre todas as outras criaturas: Pois bem, a prova de que Deus nos ama é que Cristo morreu por nós, quando éramos ainda pecadores(Rm 5,8).

Ao afastarmos do pensamento humano do Rei Davi e do Apóstolo Pedro, percebemos a imensidão do nosso crime, pois, todas as outras criaturas passaram a experimentar a morte por nossa culpa. No entanto, Deus amando o homem, não o deixou entregue a morte, mas Veio restabelecer com ele sua Aliança:

17 Por um só homem que pecou, a morte começou a reinar. Muito mais reinarão na vida, pela mediação de um só, Jesus Cristo, os que recebem o dom gratuito e transbordante da justiça.

18 Como a falta de um só acarretou condenação para todos os seres humanos, assim a justiça de um só trouxe para todos a justificação que dá a vida.

19 Com efeito, como, pela desobediência de um só homem, a humanidade toda tornou-se pecadora, assim também, pela obediência de um só, todos se tornarão justos.

20 Quanto à Lei, ela interveio para que se multiplicassem as transgressões. Onde, porém, se multiplicou o pecado, a graça transbordou.

21 Enfim, como o pecado reinou pela morte, assim também a graça reina pela justiça, para a vida eterna, por Jesus Cristo, nosso Senhor (Rm 5,17-21).

Assim, acolhamos os pensamentos de Deus para que encontremos a verdadeira Justiça, como nos convida o Salmo da Liturgia de hoje:

6Contemplai a sua face e alegrai-vos,* e vosso rosto não se cubra de vergonha!
7Este infeliz gritou a Deus, e foi ouvido,* e o Senhor o libertou de toda angústia
(Sl 33,6-7).

Conclusão.

Os ensinamentos do Senhor sobre ser necessário o sofrimento do Filho do Homem, sob o pensamento de Deus, permite que compreendamos ser necessário o sofrimento do Cristo, porque diante do erro do homem que fez a morte entrar no Mundo, Deus, ao perdoar o homem, precisou corrigir a nova natureza humana que incluiu o ciclo nascimento e morte, e para isso, acabou sacrificando as outras criaturas, que inocentes, passaram a pagar com a mesma morte, pela culpa do homem.

Mas as outras criaturas diferente do homem não se rebelaram contra Deus, por isso, como medida de Justiça, ante a morte dos inocentes, Deus aceitou como sacrifício de reparação como ato de Justiça pela Humanidade, a morte do próprio Filho, sofrendo a injustiça humana, como oblação pelos inocentes, por isso, era necessário que o Filho do Homem sofresse, revestido na condição humana:

14 De fato, com esta única oblação, levou à perfeição definitiva os que são por ele santificados.

15 Também o Espírito Santo nos atesta isso; de fato, depois de ter dito:

16 “Eis a aliança que farei com eles, depois daqueles dias”, o Senhor acrescenta: “Pondo as minhas leis nos seus corações e inscrevendo-as na sua mente,

17 não me lembrarei mais dos seus pecados, nem das suas iniqüidades”.

18 Onde, pois, existe o perdão, já não se faz oferenda pelo pecado (Hb 10,14-18).

A Luz invisível

Hoje iniciamos os trabalhos construindo o Capítulo 2, em que será abordado a prática da Palavra no nosso dia a dia, que também pode ser chamada de Praxis Cristã. Para isto, vamos nos valer das leituras da liturgia missal do mesmo dia da produção deste texto que é Mc 7,31-37 – Quinta Semana do Tempo Comum – Ano C – 11/02/2022.

A prática deste trabalho será a de entender que na relação de Deus com o homem, há alguns preceitos fundamentais, entre eles a de não construir deuses falsos adorando imagens, como diz a liturgia de hoje: “10Em teu meio não exista um deus estranho nem adores a um deus desconhecido”! (Sl 80, 10).

O primeiro ponto que temos de considerar aqui é se existe um deus estranhos, ou se adoramos um deus desconhecido nos dias de hoje. Se olharmos para o Mundo que definha sob as dores da violência, injustiça e devassidão, barbáries, corrupção, a resposta é sim, existe deus estranho e adoramos um deus desconhecido.

O segundo ponto, depois da resposta acima é: quem é o deus estranho e o deus desconhecido que adoramos? A resposta é: a imagem de um deus humano que relacionamos como se fosse Jesus Salvador, que é representada pela grande estátua do sonho de Nabucodonossor no Livro do Profeta Daniel, ou Falso Profeta, por que Deus não pode ser relacionado à imagem:

Não farás para ti nenhum ídolo, nenhuma imagem esculpida, nada que se assemelhe ao que existe lá em cima, nos céus, ou embaixo na terra, ou mesmo nas águas que estão debaixo da terra (Ex 20,4).

Para compreendermos isso, é preciso entender que Cristo encarnou-se no seio da virgem, sim, se fez carne, mas, ao se fazer carne, não viveu a corrupção humana, manteve-se íntegro, sem pecado, por isso, não é um deus humano, se fez igual a nós não como pessoa, mas sim, ao mergulhar nas trevas em que a humanidade está mergulhada, como diz São João:

1 No princípio era a Palavra, e a Palavra estava junto de Deus, e a Palavra era Deus. 2 Ela existia, no princípio, junto de Deus. 3 Tudo foi feito por meio dela, e sem ela nada foi feito de tudo o que existe. 4 Nela estava a vida, e a vida era a luz dos homens. 5 E a luz brilha nas trevas, e as trevas não conseguiram dominá-la. 9 Esta era a luz verdadeira, que vindo ao mundo a todos ilumina. 10 Ela estava no mundo, e o mundo foi feito por meio dela, mas o mundo não a reconheceu. 11 Ela veio para o que era seu, mas os seus não a acolheram (Jo 1,1-6.9-11).

Por isso, adoramos um deus desconhecido, pois, se fosse permitido adorar a imagem de um homem ainda que relacionada a Jesus Salvador, estaríamos quebrando a Palavra que diz: Não farás para ti nenhum ídolo, nenhuma imagem esculpida, nada que se assemelhe ao que existe lá em cima, nos céus, ou embaixo na terra, ou mesmo nas águas que estão debaixo da terra (Ex 20,4).

E, também ao figurarmos Jesus, o Salvador, à uma imagem de homem, estaríamos quebrando a Palavra, quando disse São Paulo de que a fé é a relação com Deus na forma de nos apresentarmos a Ele, sem o vê-Lo: “1 A fé é a certeza daquilo que ainda se espera, a demonstração de realidades que não se vêem” ( Hb 11,1).

Assim, parece-nos que estamos adorando um deus estranho e desconhecido, quando relacionamos a imagem de um homem a do Senhor Jesus, o que faz surgir o terceiro ponto: se estamos adorando um deus estranho e desconhecido”, também já somos capazes de ouvir a Palavra do Anjo que disse à Marta na madrugada da Ressurreição: “Ele não está aqui, ressuscitou como disse”.

Essa resposta do Anjo vai nos direcionar também ao que falou os Anjos aos Apóstolo na Ascensão do Senhor ao Céus, quando disseram:

10 Continuavam olhando para o céu, enquanto Jesus subia. Apresentaram-se a eles então dois homens vestidos de branco, 11que lhes disseram: “Homens da Galiléia, por que ficais aqui, parados, olhando para o céu? Esse Jesus que, do meio de vós, foi elevado ao céu, virá assim, do mesmo modo como o vistes partir para o céu” (Atos, 1,10-11).

Estas Palavras Sagradas, nos ajudam a compreender a forma correta de adorarmos o Deus verdadeiro, nos fazendo entender a Palavra da Liturgia missal que nos diz hoje:

34Olhando para o céu, suspirou e disse: ‘Efatá!’, que quer dizer: ‘Abre-te!’
35Imediatamente seus ouvidos se abriram, sua língua se soltou e ele começou a falar sem dificuldade. 36Jesus recomendou com insistência que não contassem a ninguém. (Mc 7,34-36).

Nesta Palavra em que o Senhor recomenda com insistência ao homem que havia sido curado para que não contasse a ninguém sobre a cura que se realizava, é pela razão de que não era Ele quem havia feito a cura, diante de sua condição humana, não foi Ele quem curou, mas sim Deus, pois, tudo provém de Deus.

No entanto, ao contrário disso, a divulgação daquela cura criaria, como de fato criou, uma imagem que relaciona falsamente a cura com a habilidade de um homem Jesus, como um deus humano, ao passo que Jesus ao recomendar ao homem curado, que se mantivesse o segredo daquela cura, era para que aquele homem permanecesse na contemplação da Graça de Deus que por sua misericórdia curou o surdo, vivendo a Fé, ou seja, sem se ver Deus.

Mas o homem não se manteve na Graça de Deus, e revelou para o mundo o segredo, e diante disso, não reconheceram a Luz, mas sim, todos se impressionavam com a destreza de um deus homem:” Mas, quanto mais ele recomendava, mais eles divulgavam. 37Muito impressionados, diziam: ‘Ele tem feito bem todas as coisas: Aos surdos faz ouvir e aos mudos falar’”.

Se estamos adorando um deus estranho e desconhecido, faz surgir o quarto ponto deste trabalho: Se não reconheceram a Luz, porque não A reconheceram, onde estava a Luz?

Para compreendermos esse ponto temos de entender que o Senhor, sendo Luz, assemelhou-se ao homem que é a Lâmpada, por isso, Luz e Trevas criaram uma semelhança comum, sob a forma de nuvem.

Assim, o Senhor, sobre as nuvens, ou seja, a Luz no momento da cura do surdo, parecia uma simples lâmpada, que só podia ser reconhecida pelo interior na Fé como Graça de Deus, e, não pelo exterior, isto é, pelo espetáculo produzido na imagem dos fatos que pareciam revelar diante dos homens a falsa ideia de um deus humano.

Conclusão:

Concluímos esse trabalho apresentando o Cristo pela Fé, pois, aqueles que seguem o Senhor, não se atrevem a olhar para Ele, mas, sob a Fé, imitam o exemplo de Simeão quando foi ao templo, conduzido pelo Espírito Santo, apenas contemplando permanentemente a Graça de Deus:

28 Simeão tomou-o nos braços e louvou a Deus, dizendo:

29 “Agora, Senhor, segundo a tua promessa, deixas teu servo ir em paz, 30 porque meus olhos viram a tua salvação, 31 que preparaste diante de todos os povos: 32 luz para iluminar as nações e glória de Israel, teu povo” (Lc 2,-28-30).

No entanto, nos dias de hoje vivemos o culto camuflado do sagrado, atribuindo a Jesus a imagem de um deus humano, que se repete desde os tempos antigos em que Israel se rebelou contra Deus, adorando o Falso Profeta.

E assim, desde sempre até hoje continua cultuando a idolatria, narrada pelo Profeta Daniel no sonho de Nabucodonossor, representando que em toda a história o homem adorou deuses estranhos e desconhecidos.

Sendo o culto à idolatria: na Idade Antiga (cabeça de ouro), na Idade Média (o tronco de prata), na Idade Moderna (pernas de bronze), e, na Idade Antropoceno (pés de ferro e argila), como diz a Liturgia Missal de hoje na Primeira Leitura: Israel rebelou-se contra a casa de Davi até ao dia de hoje (Mateus 12,19).

Por isso, os Filhos do Espírito, que reconhecem Deus sem olhar para Ele, estão sob a frequência da Luz, como a Lâmpada do homem que se assemelha a uma lâmpada de luz infravermelha, pois ao resplandecer a Luz, parece estar apagada, não cria espetáculos aos olhos.

A Mistake in Chaos Theory: Updating Planck and Einstein’s Quantum

We have been working here to help ordinary people to stimulate the spirit and the certainty that they can be happy in the midst of so much anguish, at the same time, teaching them how they can participate in the worldwide convocation of the Church of Rome, in the Synodal Process that will take place in 2023, which, given the present context, interests all of us, not just the religious.

This work is the third theme that composes the methodologies, having been preceded by the first theme that addressed the importance of the Process and the second theme the formation of the critical sense.

Now, let’s take another step in this journey, whose methodology will approach the “principles” tool, which has the function of structuring an art, or, the composition of a system, as if they were the mason’s plumb lines to demarcate the building foundation area.

To understand this principle, we start from the point that all creation, or creatures, only exist because they have energy in them, so we believe that Quantum Physics needs a correction, because it had Cartesian science in its development methodology, with this, he became contaminated with the vices of analogical science.

To better present this vice, we will make use of Max Planck’s studies by breaking the energy of bodies into packages, and calling the smallest unit of energy Quantum.

This quantum is composed of two principles, or magnitudes: the first is immaterial, which we call time, and, in the quantum, it was called picosecond. The second is space, which is material, or, physical, and in the quantum it was called the nanometer.

But Max Planck was classified as a conservative scientist, so in this work we believe that when developing his studies he chose his methodologies under strong influence given by the determinism and Cartesianism of the Classical Physics of Isaac Newton and Descartes.

Thus, when developing his studies focused on the fragmented methodologies of Cartesianism, the conclusion he reached about the quantum produced an analogical result of energy, because it contains only two dimensions, which are: the dimension of height, immaterial, in time (picosecond) and the dimension of width, the physics of space (nanometer), seeming to be incomplete when referring to three elements but only using two (picosecond and nanometer) when studying the concept of the quantum that says:

Energy can only be exchanged between different bodies through an integer multiple of an amount of energy which we call quantum particle in Quantum Physics, which is called Quantum (MOURA, 2011, p. 208)1

We can see that when the text above refers to “energy can only be exchanged between different bodies”, Planck applied a third element that did not compose the analogical structure of the quantum, which presents composed only of space and time, that is, it was missing in the composition of the Planck quantum, the third element that is the interaction, or, the conductor that produces the nuclear fusion of energy.

The subject above is related to the studies of Thermodynamics, in the composition of the systems and their processes of conservation and renewal of energies, however, for having been done under the methodologies of analogical science, the studies of Planck were consecrated by the works of Albert Einstein, when he studied in 1905, the quantum of light, and clarified that the packets, or fragments of energy, that is, the quantums, had exact and not random measurements, calling them photons, but, keeping under the analogical perspective of just two principles without the interaction or nuclear fusion.

The incomplete point that seems to be evident in Planck’s studies when he says that “Energy can only be exchanged between different bodies through an integer multiple of the amount of energy” (ibid), is that if there is an exchange between bodies, or that is, if there is a kinetic force to conserve or renew the energies in the movement of particles under entropies, then it means that the quantum is not analog/two-dimensional, but three-dimensional, since there is a third magnitude that composes the quantum, which is the Interaction Work, which we could represent like this:

Picosecond – Time – Immaterial = Alpha

Work – Nuclear fusion of energies – Abduction = Tau

Nanometre – Space – Material – Physical = Omega

When we understand this, it seems to us to show that the quantum under the two-dimensional methodology needs to be updated to include the element of interactivity in its composition, as an alternative to correct the vices of the Cartesian Science view.

This is necessary because the analogical quantum vision, that is, without a movement, without an interaction of the system in its composition, reproduces the same errors of Classical Physics, when misinterpreting the concepts and revealing itself from a limited perspective.

This limitation reaches the point of excluding the element Work from the composition of the quantum, which is shown to be responsible for the kinetic movements in the atoms leaving the two-dimensional structure for the three-dimensional structure composed of the Picosecond – Work – Nanometer.

The methodological influence of Classical Physics in the work of Planck and Einstein, repeating the vices of Isaac Newton’s Science, produced a wrong interpretation in the explanation of electron molecules, because, as they did not obtain a plausible explanation to define the trajectories of the molecules, they camouflaged the obscure point, such as uncertain or chaos theory.

Thus, the analogical vision of the quantum created a vacuum that was filled by the same Theory of Uncertainties, which covered up the explanation of what they could not explain, contradictorily naming a system that obeys a natural order of chaotic or chaos theory, which is sustained under a practice of errors and successes walking blindly through the results given in the probabilities of Statistical Physics.

This vacuum is revealed in the studies of Planck and Einstein, due to the absence of the third magnitude, constituted by Work, the Tau, which allows the explanation of the nature of electron molecules, that is, it ceases to be chaos, when the movements occur of the particles are guided by the interaction of the cell’s information, structure of its DNA.

That is, instead of random movements (chaos theory), they follow an orientation according to the nature of each one provided with a source with water, structuring their abilities that we can call Talent.

This third element, the Talent, absent in the quantum of Planck and Einstein, the semiotics of Charles Sanders Peirce, already seemed to foresee this error of limited interpretation of two-dimensional science, since the third element was discarded as being considered an illusion, or, useless superstition. when Peirce conceptualized Abduction:

Peirce’s concepts of abduction and synechism allow a broader view of the phenomenon of the sacred, as we come to conceive of it not as illusion, useless superstition, or even as an ineffable and incommunicable intuition; both concepts allow us to understand that the sacred is a logical necessity and a type of inference that allows man not only to take care of his surrounding reality, but also to increase the complexity of our knowledge and link us with the growth of nature, through of a sign process that makes us connatural to the mind of the cosmos that formed us. Both concepts advocate the idea of ​​having a continuum between the mind of the Cosmos and the human mind (SANTOS, 2005, p. 92)2.

When we understand the meaning of interaction as abduction thanks to the concept given by Peirce, it is already possible to highlight the importance of the magnitude of the Work, which produces the oriented interaction of molecules in electrons, moving away from the camouflage of the casual vacuum, or “theory of chaos”, because the abduction, or work of fusion of energies, is an orientation to structure the talents in the atom, as if it were the information of the DNA of all creation ordering the Universe.

Therefore, this abduction in Semiotic Science, allows us to understand the wisdom of birds and other animals that do not need schools to build the colors of their formations, the structures of their dwellings, the times of migrations among others, the order of Galaxies and systems planetariums:

Peirce understood that we are endowed, like animals, with an ability to guess, without there being, apparently, another cognition, a correct hypothesis. To this instinctive capacity existing in us, Peirce also called il lume naturale.

However, unlike Descartes in his Meditations, Peirce’s natural light is entirely in tune with an intelligent, mental and isomorphic nature to the human mind. That is, we have in us the natural insight into the laws of nature, which gives intuition not a self-centered character, self-contained in the human mind and determined by a God alien to his own creation, but a character of continuity, in which we recognize as sacred the echoes of nature speaking to us.

This ability to guess which we share with all living forms Peirce called abduction. In line with synechism, it is abduction, due to its innovative and creative character, that shows us how the constitution of the sacred is possible as an inferential process of man’s deep relationship with nature (Ibid, p. 96).

This understanding allows us to perceive that the three-dimensional quantum is not limited to the universe of quantum scientists, but extends to all living beings, and in this study it creates a principle for the Synodal Process, as a package, or capsule in the form of Science Three-dimensional, with the appearance of a magnetic field carrying Wisdom as light. that is, science gives the certainty of the Wisdom of our ancestors as DNA informs the cells, therefore, as a source of guidance in the greatness of the Work, or liturgical service.

In order not to make this article too extensive, we will present below a representation of the relationship of the three-dimensionality of the quantum in the interactions between the dimension of the Sacred and the dimension of the Universe.

Before that, we need to observe some precepts so we don’t betray ourselves and fall into the same mistake of two-dimensionalism, so we need to understand that in a relationship, and here, the relationship between the Celestial and Universe dimensions, it is understood the existence of an interaction.

This interaction could be called intelligible movements that conduct nuclear information that, compared to energy, we can make use of Einstein’s wave-immaterial/particle-material theory and consider energy as light itself and this relational interaction, which Peirce called thirdness in Semiotics because it gives quality, they act as the wheels that transport this light, which is called by the Physical Sciences a magnetic field.

For example, if we look at the Sun, we see the light, but we see it because there was a movement bringing the light to us, as if it were a capsule around the light, visiting each one who observes it, that is, because of the magnetic field. In the same way it occurs in the relational interaction between the Sacred and the Universe dimension, the interaction occurs as if they were water particles watering the World.

Having made these considerations, we present the following graphic representing the Celestial Relationship – Universe from the three-dimensional quantum, whose abduction or liturgy will have the three-dimensional Rosary as a magnetic field or chimes.

1MOURA, Cássio Stein. Física para o Ensino Médio Gravitação, Eletromagnetismo e Física Moderna. Porto Alegre – RS: EDIPUCRS, 2011 – Ebook. Disponível em https://repositorio.pucrs.br/dspace/bitstream/10923/12475/2/Fisica_para_o_Ensino_Medio_Gravitacao_Eletromagnetismo_e_Fisica_Moderna.pdf. Acesso em 20 jan. 2022.

2SANTOS, Gerson Tenório dos. Abdução e sinequismo: pedras angulares para uma semiótica do sagrado sua movimentação energética. In Revista Eletrônica de Filosofia – Cognitio – Estudo – PUCSP: São Paulo, Volume 2, Número 2, p. 91-104, Disponível em: https://revistas.pucsp.br/index.php/cognitio/article/download/5467/3914/13126 . Acesso em 20 jan. 2022.

O crescimento contínuo

Iniciamos este novo trabalho, fazendo um resumo dos temas já trabalhados anteriormente, em que temos:

a) – no primeiro tema, tivemos a apresentação da importância do Processo Sinodal;

b) – No segundo tema, foi desenvolvido a formação da percepção da realidade presente como meio de se criar sentido de caminhada e estratégias de ação;

c) – No terceiro tema, se tratou da fusão energética, ou infusão do Espírito, sobre a criação, na forma de dom que constitui cada fenômeno criado ou gerado dentro da realidade da dimensão do Universo, constituída de imaterial + fusão + material, na Arte composta pelo Alfa, Tau e Ômega.

Neste quarto tema, vamos abordar o impulso humano decorrente da cultura consumista que paira sobre a ideia humanista de sempre agradar o freguês e a de que todos os produtos precisam de uma atualização (upgrade), inclusive os próprios serviços religiosos nas Igrejas.

Mas, ao se pensar em atualização dos serviços religiosos, temos de considerar que se a Palavra de Deus é perfeita, e não passa, devemos compreender que a sensação de obsolescência no serviço religioso, não surge pelo fato da Palavra ter ficado antiquada, mas sim, porque ela está sendo aplicada mais ou menos assim: Os discípulos acharam duras a Palavra de Jesus Cristo, então buscam uma forma de fraudá-la sob o pretexto de torná-la viável.

Esta prática é a mesma forma que já faziam os fariseus, sem o Espírito, ou seja, apenas com o Imaterial = Alfa e Material = Ômega em que a interação com Deus é apenas no meditar a Palavra.

Para compreendermos melhor, vamos lembrar do tema anterior, porque o serviço religioso atual aqui apresenta o mesmo erro do quantum, que contem só o picossegundo e o nanômetro, pois, no serviço religioso que conhecemos, ele contém o imaterial (culto-ritual) formado pelo clero, que equivale ao picossegundo, e o material (secular) formado pelo mundo que equivale ao nanômetro, não se incluindo o Tau, que é a Liturgia a produzir frutos.

A liturgia a produzir frutos é o testemunho da Palavra, que em razão de hoje ser cultuada apenas por ritos simbólicos, produz a sensação de que a Igreja é antiga, sistemática, fora de época.

Mas, a Palavra revela sua atualidade se, ao invés de apenas simbólica, for testemunhada como experiência de vida, pela confirmação de alguém que vivenciando determinada situação, ao valer-se da Palavra para dar curso em sua vida, foi atendido por Ela, ou seja, dá-se o testemunho da eficácia da Palavra que significa apresentar um fruto gerado pela Palavra, que glorificou ao Senhor.

E, assim, ao invés da liturgia simbólica apenas cultual, a liturgia acontece pelo testemunho construído no curso do processo das ações dessa pessoa que mostra a sua fidelidade e confiança na Palavra, celebrando-se o exemplo da vitória pela fidelidade no processo de sofrimento, de dor, de angústia, de nascimento de empreendimento, que resultou no êxito, ou eficácia da Palavra, ou seja, no trabalho que teve, que quer dizer serviço ou Liturgia da Palavra, ao mesmo tempo que, o êxito, ou resultado da eficácia da Palavra significa que o Senhor do Céu e da Terra foi glorificado pela Palavra

Hoje vivenciamos esse processo que é apenas simbólico quando no culto dominical, se faz a proclamação da santidade pelo bem e pelo justo recebido pelos fiéis, sob o seguinte rito:

– O Senhor esteja convosco.

– Ele está no meio de nós.

Corações ao alto.

O nosso coração está em Deus.

Demos graças ao Senhor, nosso Deus!

É nosso dever e nossa salvação.

Portanto a sensação que vivenciamos de que os serviços religiosos estão obsoletos, na verdade é por que não estamos cumprindo o nosso dever de darmos graças ao Senhor, isto é, de celebrarmos o verdadeiro testemunho da Palavra, pois, igual os modernistas pensam hoje, os discípulos de Jesus Cristo, mereceram correção para que entendessem que a Palavra não é para ser mudada pela conveniência humana, mas para ser cumprida:

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 17“Não penseis que vim abolir a Lei e os Profetas. Não vim para abolir, mas para dar-lhes pleno cumprimento.
18Em verdade, eu vos digo: antes que o céu e a terra deixem de existir, nem uma só letra ou vírgula serão tiradas da Lei, sem que tudo se cumpra.19Portanto, quem desobedecer a um só destes mandamentos, por menor que seja, e ensinar os outros a fazerem o mesmo, será considerado o menor no Reino dos Céus. Porém, quem os praticar e ensinar será considerado grande no Reino dos Céus” (Mt 5,17-19 – Liturgia Missal 10ª Semana do Tempo Comum – Ano A – 10/06/2020).

Mas se não se celebra o trabalho, ou, testemunho (Tau), não é porque não há testemunho, e sim porque o serviço religioso permaneceu parado nos símbolos, excluindo o trabalho, desde os tempos dos Apóstolos, como já advertia São João, no Apocalipse, quando na Carta à Primeira Igreja, isto é na carta à Igreja Católica, porque é a primeira Igreja Cristã, de que tinha contra ela seu afastamento do primeiro amor.

Afastar-se do primeiro amor, quer dizer, afastar-se do testemunho da Palavra, dada pelo Cordeiro, como meditado no 2º Terço do Rosário, no 5º mistério doloroso, em que se conclui “Ele tomou o vinagre e disse: “Tudo está consumado” (Jo 19,30 – Liturgia Maria, Mãe da Igreja – 24/05/2021), isto é, o cumprimento pelo testemunho vivo consumou a Palavra de forma real, e não apenas por um ideal simbólico.

Também podemos reconhecer a esterilidade dos rituais simbólicos em frontal contradição com o testemunho quando acompanhamos o pensamento de Charles Peirce que critica abertamente a estagnação dos cultos farisaicos, no Collected Papers nº 1.40, § 5º, quando diz:

40. Os lógicos críticos têm sido muito afiliados à teologia dos seminários. Sobre o pensamento que se passa nos laboratórios, eles não sabem nada.

Agora, os seminaristas e religiosos geralmente, em todos os tempos e lugares, se opuseram à ideia de crescimento contínuo. Essa disposição do intelecto é o elemento mais católico da religião. A verdade religiosa, uma vez definida, nunca deve ser alterada nos mínimos detalhes; e a teologia sendo tida como rainha das ciências, os religiosos lutaram amargamente com fogo e tortura todos os grandes avanços nas verdadeiras ciências; e se não houver verdadeiro crescimento contínuo nas idéias dos homens, onde mais no mundo deve ser procurado?

Assim, encontramos esse povo estabelecendo linhas duras de demarcação, ou grandes abismos, contrariamente a toda observação, entre homens bons e maus, entre sábios e tolos, entre o espírito e a carne, entre todos os diferentes tipos de objetos, entre uma quantidade e outra. Estão tão calados nessa concepção do mundo que quando o seminarista Hegel descobriu que o universo está em toda parte permeado de crescimento contínuo (por isso, e nada mais, é o “Segredo de Hegel”), era para ser uma ideia inteiramente nova, um século e meio depois que o cálculo diferencial estava em funcionamento (PEIRCE, 1994, p. 31)1 [tradução nossa].

Assim o problema não é a Palavra que se tornou obsoleta, mas sim que precisamos aprender a viver a Palavra sob o testemunho do Cordeiro, ou, voltarmos ao primeiro amor, e assim mostrar que a Palavra é eficaz, capaz de nos oferecer segurança, alento, saúde, e alegria, quando vivida sob a sua fé.

E aprender a vier a Palavra significa que devemos incluir o Trabalho, isto é, Tau, celebrando-se o fruto, a consumação da Palavra, acrescendo-O ao Alfa e ao Ômega, aplicando os ensinamentos de Peirce quando disse que “o seminarista Hegel descobriu que o universo está em toda parte permeado de crescimento contínuo (por isso, e nada mais, é o “Segredo de Hegel”), era para ser uma ideia inteiramente nova (Ibid.)” e, renunciarmos o culto do testemunho simbólico que nas celebrações, chama isso de oferecer a dor ou o sacrifício.

Conclusão:

Ao se pensar em uma Igreja atual, temos de pensar que a atualidade é a consumação do testemunho de cada vez mais certeza da eficácia da Palavra como resultado de Vida e Justiça, sob o profundo cuidado de não se pretender deturpar a Palavra para se fugir do Trabalho (Tau) que edifica a vida, pois aos olhos humanos, dar o testemunho significa sacrificar-se como já advertiu um dia Santo Ambrósio.

Sei que principalmente em regiões do Oriente (acrestaram coisas) àquelas que foram por primeiro transmitidas pelos nossos anciãos, uns por fraude, outros por zelo – os heréticos por fraude, os católicos por zelo. Aqueles, tentando esquivar-se fraudulentamente, acrescentaram o que não era devido, enquanto estes, esforçando-se para evitar a fraude, por certa piedade e imprudência, ultrapassaram os limites colocados pelos anciãos (SANTO AMBROSIO, 1996, P. 23-24)2

Celebremos a Vida, celebremos a Certeza da Palavra, pois proclamar as maravilhas do Senhor é nosso dever e nossa salvação.

1PEIRCE, Charles Sanders. The Collected Papers of Charles Sanders Peirce Peirce, vol 1: CP 1.40 Cross-Ref:†† §5. HEGELISM †2. Harvard University Press.

2SANTO AMBROSIO. Ambrósio de Milão. São Paulo: Paulus, 1996.

Teoria do Caos um equívoco? Atualização do quantum de Planck e Einsten

Dentro das metodologias para a contribuição de cada um de nós no Processo Sinodal, começamos aprendendo primeiro, a importância desse Processo, depois a formação de um senso crítico capaz de ajustar-nos à Palavra, e neste terceiro tema, vamos dar mais um passo para essa caminhada, orientando-nos por um princípio, que tem a função de um núcleo, ou, nuclear, a estruturar um sistema, é como se fossem as linhas do prumo do pedreiro para se demarcar a área do alicerce da construção.

Para compreendermos esse princípio, partimos do ponto de que toda a criação, ou criaturas, está submetida a incidência de energia, por isso, para compreender os vícios da ciência analógica, vamos nos valer dos estudos de Max Planck ao fragmentar a energia dos corpos em pacotes, e, denominar a menor unidade de energia de Quantum que é composta por duas grandezas: a primeira é imaterial, o tempo, que recebeu o nome de picossegundo, a segunda é material, ou, físico, que foi denominado de nanômetro.

Mas, Max Planck era classificado como um cientista conservador, por isso, neste trabalho acreditamos que ao desenvolver seus estudos ele elegeu suas metodologias sob forte influência dada pelo determinismo e cartesianismo da Física Clássica de Isaac Newton e Descartes.

Diante disso, ao desenvolver seus estudos focados nas metodologias fragmentadas do cartesianismo, e, concluir sobre o quantum, produziu um resultado analógico da energia, porque contém apenas duas dimensões, que são a dimensão de altura (picossegundo) e a de largura (nanômetro), parecendo se apresentar incompleta no pressuposto desse estudo quando diz:

A energia somente pode ser trocada entre diferentes corpos através de um múltiplo inteiro de uma quantidade de energia ao qual chamamos de quantum partícula da Física Quântica, que é chamada de Quantum (MOURA, 2011, p. 208)1

Podemos perceber que o pressuposto acima tem relação com a Termodinâmica, compondo os processos de conservação e renovação de energias, cuja natureza analógica dos estudos de Planck, sob as metodologias cartesianas, foram repetidas e não corrigidas pelo trabalho que consagrou o quantum, realizado em 1905, por Albert Einstein, ao trabalhar o quantum de luz, para esclarecer que os pacotes, ou fragmentos de energia, isto é, os quantuns, tinham medidas exatas e não aleatórias, chamando-os de fótons.

O ponto incompleto que parece se evidenciar sobre o pressuposto de Planck de que “A energia somente pode ser trocada entre diferentes corpos através de um múltiplo inteiro de quantidade de energia” (ibid), é de que se há a troca entre corpos, ou seja, se há uma força cinética a conservar ou a renovar as energias no movimento das partículas sob entropias, então quer dizer que o quantum não é analógico/bidimensional, mas tridimensional, pois, há uma terceira grandeza a compor o quantum, que é o Trabalho, ao qual poderíamos representar assim:

Picossegundo – Tempo – Imaterial = Alfa

Trabalho – Fusão das energias – Abdução = Tau

Nanômetro – Espaço – Material – Físico = Ômega

Ao compreendemos isso, é possível perceber que é preciso atualizarmos a visão bidimensional da Ciência Cartesiana, pois, reproduz os próprios erros da Física Clássica, ao se revelar sob ótica limitada, ao ponto de excluir o elemento Trabalho da composição do quantum, responsáveis pelos movimentos cinéticos nos átomos cuja estrutura é tridimensional Picossegundo – Trabalho – Nanômetro.

Repetindo as limitações da Física Clássica a Teoria das Incertezas mascarou a solução dada por ela ao deixar de explicar a trajetória dos elétrons, ou seja, a visão analógica do quantum criou um vácuo que foi preenchido pela mesma Teoria das Incertezas, ao tentar explicar o inexplicável como “caos” sob uma prática de erros e acertos andando às cegas pelos resultados dados nas probabilidades da Física Estatística.

Esse vácuo se revela nos estudos de Planck e Einstein, ante a ausência da terceira grandeza, constituída pelo Trabalho, o Tau, que deixa de ser inexplicável a partir do momento em que as movimentações das partículas são orientadas por uma interação, ou seja, ao invés de movimentos aleatórios (caos), ela seguem uma orientação de acordo com a natureza de cada um, como Dom na linguagem do sagrado, ao qual Charles Sanders Peirce denominou de Abdução:

Os conceitos de Peirce de abdução e sinequismo possibilitam uma visão mais ampla do fenômeno do sagrado, pois passamos a concebê-lo não como ilusão, superstição inútil, ou mesmo como uma intuição inefável e incomunicável; ambos os conceitos nos permitem compreender que o sagrado é uma necessidade lógica e um tipo de inferência que possibilitam ao homem, não só dar conta de sua realidade circundante, como aumentar a complexidade de nossos conhecimentos e nos vincular com o crescimento da natureza, por meio de um processo sígnico que nos torna co-naturais à mente do cosmo que nos formou. Ambos os conceitos advogam a idéia de haver um continuum entre a mente do Cosmos e a humana (SANTOS, 2005, p. 92)2.

Uma vez compreendido a importância da grandeza do Trabalho, que dá a interação orientada das moléculas nos elétrons, o vácuo casual, ou “teoria do caos” da lugar à abdução que é uma orientação a estruturar os dons no átomo, como se fosse as informações do DNA de todas à criação equilibrando o Universo.

Portanto, essa abdução na Ciência Semiótica, nos permite comparar com a sabedoria dos pássaros e outros animais que não precisam de escolas para construir as cores de suas formações, a estruturas de suas habitações, as épocas de migrações entre outras, a ordem das Galáxias e sistemas planetários:

Peirce compreendeu que somos dotados, da mesma forma que os animais, de uma capacidade de adivinhar, sem que haja, aparentemente outra cognição, uma hipótese correta. A esta capacidade instintiva existente em nós, Peirce também chamou il lume naturale.

Porém, diferente de Descartes em suas Meditações, a luz natural de Peirce está em inteira sintonia com uma natureza inteligente, mental e isomórfica à mente humana. Ou seja, temos em nós o insight natural das leis da natureza, o que dá à intuição, não um caráter autocentrado, autocontido na mente humana e determinado por um Deus estranho à sua própria criação, mas um caráter de continuidade, em que reconhecemos como sagrado os ecos da natureza falando-se em nós.

A esta capacidade de adivinhação que dividimos com todas as formas vivas Peirce denominou abdução. Em consonância com o sinequismo, é a abdução, por seu caráter de inovação e criatividade, que nos mostra como é possível a constituição do sagrado como processo inferencial de relação profunda do homem com a natureza (Ibid, p. 96).

Essa compreensão é fundamental para o Processo Sinodal porque cria uma ponte que liga a Ciência Tridimensional ao testemunho da Palavra, isto é, ao testemunho das Escrituras Sagradas como fonte de orientação na grandeza do Trabalho, ou Liturgia.

Para não tornar tão extenso este artigo faremos abaixo uma representação da relação da tridimensionalidade do quantum nas interações entre a dimensão Celestial e a dimensão do Universo.

Antes disso, precisamos observar alguns preceitos para não nos trairmos e cair no mesmo erro do bidimensionalismo, assim, precisamos compreender que em uma relação, e aqui, a relação entre as dimensões Celestial e Universo, compreende-se a existência de uma interação.

Esta interação poderíamos chamar de movimentos inteligíveis que comparados com a energia podemos nos valer da teoria onda/particula de Einstein e considerar a energia como luz propriamente dita e essa interação relacional, chamada de terceiridade na Semiótica porque dá qualidade, como as rodas que transportam essa luz, que é chamado de campo magnético.

Por exemplo se olharmos para o Sol vemos a luz, mas, vemos porque houve um movimento a trazer a luz até nós, como se fosse uma cápsula em volta da luz a visitar cada um que a observa, ou seja, graças ao campo magnético. Do mesmo modo ocorre na interação relacional entre a dimensão Celeste e a do Universo, a interação ocorre como se fossem partículas de água a regar o Mundo.

Feitas essas considerações apresentamos o seguinte gráfico representativo da Relação Celestial – Universo a partir do quantum tridimensional, cuja abdução ou liturgia, terá como campo magnético ou carrilhões, o Rosário tridimensional.

1MOURA, Cássio Stein. Física para o Ensino Médio Gravitação, Eletromagnetismo e Física Moderna. Porto Alegre – RS: EDIPUCRS, 2011 – Ebook. Disponível em https://repositorio.pucrs.br/dspace/bitstream/10923/12475/2/Fisica_para_o_Ensino_Medio_Gravitacao_Eletromagnetismo_e_Fisica_Moderna.pdf. Acesso em 20 jan. 2022.

2SANTOS, Gerson Tenório dos. Abdução e sinequismo: pedras angulares para uma semiótica do sagrado sua movimentação energética. In Revista Eletrônica de Filosofia – Cognitio – Estudo – PUCSP: São Paulo, Volume 2, Número 2, p. 91-104, Disponível em: https://revistas.pucsp.br/index.php/cognitio/article/download/5467/3914/13126 . Acesso em 20 jan. 2022.