Arquivo de tag democracia

O escândalo me toma

Vivemos momentos turbulentos, o ódio, o desejo de morte, a declaração aberta para se cometer homicídios, a indiferença dos poderosos, tudo é destruição do bem, em nome do favorecimento pessoal de cada um, o fisiologismo. Parece-nos que o mundo foi sequestrado pelo homem, porque mesmo sendo verme insignificante, se sente deus, capaz de decidir sobre a vida e a morte de cada criatura, a paz e a guerra.

Por que vou temer os dias maus,
quando os maus me cercam e espreitam,
7eles que confiam na sua fortuna
e se gloriam da sua riqueza imensa?
😯 homem não pode comprar seu próprio resgate,
nem pagar a Deus o preço de si mesmo.
9É tão caro o resgate da vida,
que nunca bastará
(Salmo 48 [49], 6-9).

Mas se enganam, porque a força que recobre o mundo não é a força bruta, mas a força fraca, que são chamados de pobres e humildes, como diz a Palavra do Senhor que adverte os seus quando diz que é loucura para os homens 18Pois a linguagem da cruz é loucura para aqueles que se perdem (I Coríntios, 1,18), diante da insanidade daqueles que pensam que podem rejeitar Deus e manter-se vivo por si mesmo sustentando pelo seu poder miserável e medíocre .

14Esse é o caminho dos que confiam em si,
o destino dos homens satisfeitos.
15São como rebanho destinado ao túmulo:
a morte é o seu pastor,
vão direto para a sepultura;
sua figura se desvanece,
e o túmulo é a sua moradia
(Salmo 48 [49], 14-15).

Não, o papel destes homens agora é destruir os corações, e dilacerar a alma que há em cada um de nós, para que se pareça inacreditável que Deus possa fazer algo por cada um de nós neste momento, e nos revoltemos com a injustiça velada:

10Muitos ficarão escandalizados, trairão e odiarão uns aos outros. 11Vão surgir muitos falsos profetas, que enganarão muita gente. 12A maldade se espalhará tanto, que o amor de muitos se resfriará. 13Mas quem perseverar até o fim, será salvo. 14E esta Boa Notícia sobre o Reino será anunciada pelo mundo inteiro, como um testemunho para todas as nações. Então chegará o fim.”(Mateus 24,10-14)

Assim, a arrogância, a determinação em destruir, o ódio daqueles que sentem o poder controlador do mundo, se revela como meio de fazer com que todos nós percamos esperança em Deus, porque sobre a rejeição ao Cristo para esse momento fomos alertados fomos alertados pelo próprio Cristo:

“O Filho do Homem deve sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes e doutores da Lei, deve ser morto e ressuscitar no terceiro dia”. 23Depois Jesus disse a todos: “Se alguém me quer seguir, renuncie a si mesmo, tome sua cruz cada dia, e siga-me. 24Pois quem quiser salvar a sua vida, vai perdê-la; e quem perder a sua vida por causa de mim, esse a salvará” (Lucas 19,22-24 – 12º Domingo do Tempo Comum – 22 jun. 2025).

Por isso, devemos desprezar o fisiologismo das nações, que tentam dividir os despojos dos mortos, para vermos tão somente que somos uma única nação, a nação de Cristo, selados pela Aliança que Deus fez com Abrahão, eternizada pelo Sacrifício Perpétuo de vosso Filho Jesus.

26Vós todos sois filhos de Deus pela fé em Jesus Cristo. 27Vós todos que fostes batizados em Cristo vos revestistes de Cristo. 28O que vale não é mais ser judeu nem grego, nem escravo nem livre, nem homem nem mulher, pois todos vós sois um só, em Jesus Cristo. 29Sendo de Cristo, sois então descendência de Abraão, herdeiros segundo a promessa (Gl 3,26-29 – 12º Domingo do Tempo Comum – 22 jun. 2025).

E esta é a promessa que Deus nos fez quando testemunhamos tamanhã maldade e injustiça do mundo:

7E Deus, não fará justiça aos seus escolhidos, que dia e noite gritam por ele? Será que vai fazê-los esperar?

8Eu vos digo que Deus lhes fará justiça bem depressa. Mas o Filho do homem, quando vier, será que ainda vai encontrar fé sobre a terra?” (Lucas, 18-7-8).

Conclusão:

Não fecheis o vosso coração, não se escandalize, não se revolte, mas conservai-se na paz que o Senhor lhe garante : 14Espere no Senhor, seja firme!
Fortaleça seu coração e confie no Senhor!
(Salmo 27,14),

Não perca a tua essência, a tua alegria do viver, não deixe a mediocridade humana tomar conta do teu coração, mantenha a fé, como cantou Bom Jovi keep the faith:

A justiça que há em mim

O presente artigo traz como tema para debate a equidade como justiça perfeita, diante da iniquidade causada pelas imperfeições humanas, visto que embora o homem não sendo perfeito, todos querem serem justos, contudo pouco seguem a equidade, e já miram em escala massiva, a exemplo do exegetismo empírico de Napoleão, a aplicação pela inteligencia artificial, da justiça pela igualdade.

A maioria das pessoas buscam a justiça pela igualdade das pessoas, esquecendo-se da equidade, e medem suas ações, partindo da ideia de que todos são iguais, ao passo que a equidade nos revela a nossas imperfeições, que impede que alcancemos a justiça real.

O igualitarismo da ideologia capitalista é uma de suas forças, que não se deve descartar levianamente. Desde a mais tenra infância, as pessoas aprendem por todos os meios concebíveis que todos têm oportunidades iguais e que as desigualdades com que se deparam não são o resultado de instituições injustas, mas de seus dotes naturais superiores ou inferiores (BARAN; SWEEZY apud MÉSZÁROS, apud AZEVEDO, 2013, p. 129).

Sem dúvida é importante que, na ordem de mercado […], os indivíduos acreditem que seu bem-estar depende, em essência, de seus próprios esforços e decisões […]. Por isso tal crença é freqüentemente encoraja-da pela educação e pela opinião dominante (HAYEK, apud AZEVEDO, 2013, p. 129).

Mas se a justiça não se alcança pelo Princípio da Igualdade, que prega que todos são iguais perante a lei, já na contradição da própria sociedade que cobra o respeito às diferenças da personalidade humana, fazendo com isso, que já nos deperemos com certa desarmonia (iniquidade) na justiça humana, levando-nos a perguntar: será que é esta justiça que queremos de verdade?

A sensação de injustiça pela aplicação estatal da igualdade, nos é evidenciada diante da experiência de muitas pessoas ao saírem dos tribunais lamentando que: aqui, é a (in)justiça dos homens, mas ela espera a justiça de divina.

Se devemos olhar para a equidade ao invés da igualdade, precisamos também mudar nosso olhar para a forma com que praticamos a justiça, pois quando falamos de igualdade, logo temos em mente que trata-se de um preceito que deve ser aplicado a todos.

Mas se olharmos para a equidade como modelo de justiça, ao nos encontrarmos dentro de um ambiente coletivo, o primeiro Princípio é o da Cidadania, ou seja, que tenho por certo, que não é preciso que o Estado me obrigue a respeitar o tratamento igualitário, pois, eu mesmo tenho por mim, o meu dever de zelar pela Justiça e bem comum.

A equidade não compreende um valor jurídico, mas sobretudo o alcance da justiça perfeita que se confunde com a Arte, por exemplo: se eu sou músico, e quero criar uma canção, ela tem por base os princípios da harmonia, cadência, que por sua vez, seguem a escala cromática das notas músicais.

Se decido compor uma música na escala de Dó (C), no entanto, nego a existência do Sol (G) na harmonia, e dizendo ser minha arte, por isso, farei do meu jeito, substituindo o Sol pelo Si Maior (B), na cadência, o som vai soar estranho, meio desafinado, pois, é um som de iniquidade, isto é de imperfeição na arte.

Ou ainda se quero reunir os números inteiros ímpares, de 0 a 7, (1, 3, 5 e 7) mas, por estabelecer o meu jeito, e querer nesse meio incluir o que considero mais belo, e,resolvo colocar o 2, eu nego a mim mesmo, pois quebro os princípios da harmonia natural das coisas, não há equilíbrio, há desarmonia, ou, iniquidade.

A equidade, portanto e compromisso que guardamos no nosso íntimo da realização da justiça, sem que sejamos forçados a cumprí-la, mas pelo desejo de produzir a todo o instante a arte da criação, tendo por base a Sabedoria que criou todas as coisa numa canção de um só verso, que quer dizer, o Universo:

Assim fala a sabedoria de Deus: 22“O Senhor me possuiu como primícias de seus caminhos, antes de suas obras mais antigas; 23desde a eternidade fui constituída, desde o princípio, antes das origens da terra. 24Fui gerada quando não existiam os abismos, quando não havia os mananciais das águas, 25antes que fossem estabelecidas as montanhas, antes das colinas fui gerada. 26Ele ainda não havia feito as terras e os campos, nem os primeiros vestígios de terra do mundo. 27Quando preparava os céus, ali estava eu, quando traçava a abóbada sobre o abismo, 28quando firmava as nuvens lá no alto e reprimia as fontes do abismo, 29quando fixava ao mar os seus limites – de modo que as águas não ultrapassassem suas bordas – e lançava os fundamentos da terra, 30eu estava ao seu lado como mestre-de-obras; eu era seu encanto, dia após dia, brincando, todo o tempo, em sua presença, 31brincando na superfície da terra, e alegrando-me em estar com os filhos dos homens” (Provérbios, 8, 22-30 – Festa da Santíssima Trindade – 15 jun. 2025).

Quando alcançamos a harmonia do bem comum, nos encantamos com as obras da criação e cantamos nosso louvor à Criação:

Ó Senhor, nosso Deus, como é grande vosso nome por todo o universo!

– Contemplando estes céus que plasmastes e formastes com dedos de artista; vendo a lua e estrelas brilhantes, perguntamos:” Senhor, que é o homem, para dele assim vos lembrardes e o tratardes com tanto carinho?”

– Pouco abaixo de Deus o fizestes, coroando-o de glória e esplendor; vós lhe destes poderes sobre tudo, vossas obras aos pés lhe pusestes:

– As ovelhas, os bois, os rebanhos, todo o gado e as feras da mata; passarinhos e peixes dos mares, todo ser que se move nas águas (Salmo 8, 4-5.6-7.8-9 – Festa da Santíssima Trindade – 15 jun. 2025).

Conclusão:

Se desenvolvemos em nosso íntimo o desejo da Justiça, nos tornamos amigos da equidade, e todo o nosso ser, já não mais sente outro prazer a não ser, realizar, sem que nos seja imposto por lei, a Justiça perfeita, que por efeito, nos coroa com a justificação, isto é, embora imperfeitos, a harmonia das nossas obras, apagam os desafinos da nossa arte, pelo acabamento Divino:

1Justificados pela fé, estamos em paz com Deus, pela mediação do Senhor nosso, Jesus Cristo. 2Por ele tivemos acesso, pela fé, a esta graça, na qual estamos firmes e nos gloriamos, na esperança da glória de Deus. 3E não só isso, pois nos gloriamos também de nossas tribulações, sabendo que a tribulação gera a constância, 4a constância leva a uma virtude provada, a virtude provada desabrocha em esperança; 5e a esperança não decepciona, porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado (Romanos 5,1-5 – Festa da Santíssima Trindade – 15 jun. 2025 ).

Já não precisamos mais de leis incompletas, pois, em nós toda a lei já é cumprida naturalmente, inspirada em nossos íntimos pela Sabedoria plena, como um pão que nos alimenta do céu, pelos canais de um rio, que nos deixa até constrangidos a questionar: Senhor, que é o homem, para assim dele vos lembrardes e tratardes com tanto carinho?, ao ponto de se encarnar e habitar no meio de nós com a própria Sabedoria encarnada:

12“Tenho ainda muitas coisas a dizer-vos, mas não sois capazes de as compreender agora. 13Quando, porém, vier o Espírito da Verdade, ele vos conduzirá à plena verdade. Pois ele não falará por si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido; e até as coisas futuras vos anunciará. 14Ele me glorificará, porque receberá do que é meu e vo-lo anunciará. 15Tudo o que o Pai possui é meu. Por isso, disse que o que ele receberá e vos anunciará, é meu (Jo, 16,12-15 – Festa da Santíssima Trindade – 15 jun. 2025)

Neste louvor da criação lembramos a perfeição das obras da criação na Arte Ozark Moutain Daredevils you made it right:

Referências:

AZEVEDO, Mário Luiz Neves de. Igualdade e equidade: qual a medida da justiça social? In Avaliação, Campinas; Sorocaba, SP, v. 18, n.1, p.129-150, mar. 2013. Disponível em https://www.scielo.br/j/aval/a/PsC3yc8bKMBBxzWL8XjSXYP/?format=pdf&lang=pt. Acesso em 11 jun. 2025.

A Paz na cidade

Vivemos dias em que políticas públicas de segurança urbana, se transformaram em moeda de voto eleitoreiro, cujos governantes, ao invés de buscarem a paz social, banalizam o direito à vida, estimulando tiroteios em episódios diários de faroeste urbano, querendo com isso se tornarem os heróis do populismo, mesmo sem trazer a Paz na cidade, isto é, sem alterarem a realidade violenta das cidades.

Diante dessa dura realidade, nos voltamos às Palavras precedentes da apresentação do novo Papa Leão XIV, para que agora, suscite em cada um de nós, a Paz e a Segurança provinda de um Coração que é manso e humilde: “A paz esteja contigo!” Receba-a e você se conservará na Paz que o mundo não te dá: “27Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; mas não a dou como o mundo. Não se perturbe nem se intimide o vosso coração” (João, 14,27 – 6º Domingo da Páscoa – 25 mai. 2025).

Se guardarmos em nós a Paz que vem de Deus, já não precisaremos mais das políticas demagógicas de segurança pública, que só incentivam a violência urbana com perseguições, morte por balas perdidas em tiroteios públicos, ações de ódio e discriminação, porque a partir de nós, poderemos semear a Paz:

Diferentemente do que costumamos associar, a paz não está presente apenas na relação entre os Estados Nacionais. Pelo contrário – a paz começa nas cidades, em suas esquinas, na residência de seus habitantes. Decorre daí o primado do “direito à segurança”, que representa o direito fundamental de cada indivíduo viver livre de ameaças, violência e perigo, independentemente da origem, raça/cor, orientação sexual ou idade. Esta premissa abrange a segurança física, emocional, social e econômica e, ao mesmo tempo, a vida em comunidade, com as pessoas usufruindo do direito à cidade (MORAES, 2024, p. 1).

Somos chamados à edificação da paz desde os primeiros tempos, quando Aristóteles já nos dizia que a família é a célula da sociedade, e se a família vai bem, o Estado vai bem, e, hoje, complementada pelas palavras do Papa Leão XIV, na audiência com os chefes de Estado, quando falou-lhes da importância da família constituída entre o homem e a mulher, tendo por valor fundamentar na sua condição de anciã, porque é a mais antiga e primeira forma das relações sociais, se completando ainda pelas palavras do Papa João Paulo II quando nos escreveu dizendo:

Dentre essas numerosas estradas, a primeira e a mais importante é a família: uma via comum, mesmo se permanece particular, única e irrepetível, como irrepetível é cada homem; uma via da qual o ser humano não pode separar-se. Com efeito, normalmente ele vem ao mundo no seio de uma família, podendo-se dizer que a ela deve o próprio facto de existir como homem. Quando falta a família logo à chegada da pessoa ao mundo, acaba por criar-se uma inquietante e dolorosa carência que pesará depois sobre toda a vida (PAPA JOÃO PAULO II, 1994).

É nesta paz que no munda não nos dá, mas, provém do Coração que é manso e humildade, a que hoje somos chamados a permanecer como família, capazes de construir um alicerce forte como pedra, a sustentar nossas casas, e com outras famílias fortes, vilas, cidades, estados e nações: “23Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e o meu Pai o amará, e nós viremos e faremos nele a nossa morada. 24Quem não me ama, não guarda a minha palavra. E a palavra que escutais não é minha, mas do Pai que me enviou. 25Isso é o que vos disse enquanto estava convosco. 26Mas o Defensor, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, ele vos ensinará tudo e vos recordará tudo o que eu vos tenho dito.” (João, 14,23-25- 6º Domingo da Páscoa – 25 mai. 2025).

Se permanecemos edificamos um alicerce firmes, construímos além das estruturas das cidades, também os muros de Sião, também simbolizada pela Mulher, ao qual nos foi feita a promessa de nos tornarmos cidadãos, desde os tempos mais antigos que agora nos é mostrada no futuro:

10Um anjo me levou em espírito a uma montanha grande e alta. Mostrou-me a cidade santa, Jerusalém, descendo do céu, de junto de Deus, 11brilhando com a glória de Deus. Seu brilho era como o de uma pedra preciosíssima, como o brilho de jaspe cristalino. 12Estava cercada por uma muralha maciça e alta, com doze portas. Sobre as portas estavam doze anjos, e nas portas estavam escritos os nomes das doze tribos de Israel. 13Havia três portas do lado do oriente, três portas do lado norte, três portas do lado sul e três portas do lado do ocidente.14A muralha da cidade tinha doze alicerces, e sobre eles estavam escritos os nomes dos doze apóstolos do Cordeiro. 22Não vi templo na cidade, pois o seu Templo é o próprio Senhor, o Deus Todo-poderoso, e o Cordeiro. 23A cidade não precisa de sol nem de lua que a iluminem, pois a glória de Deus é a sua luz, e a sua lâmpada é o Cordeiro (Apocalipse, 21,10-14.22-23- 6º Domingo da Páscoa – 25 mai. 2025).

Conclsuão:

Assim, poderíamos perguntar o que você faz pela paz? E a resposta seria: se guardamos a paz, lembramos que somos alguém na cidade que estrutura a sua paz, porque ama ao Senhor e guarda a sua Palavra: “Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e o meu Pai o amará, e nós viremos e faremos nele a nossa morada” (João, 14,23 – 6º Domingo da Páscoa – 25 mai. 2025).

Do contrário, se não guardamos as palavras assim como os governantes populista, falamos de paz que o mundo não têm, pois, ela só está em nossa boca sem estar na nossa prática diária, assim, falamos da paz, não não fazendo nada pela paz, como cantou os Titãs em Pela Paz, você espera sempre mais, você não se conforma, mas, você acredita ou não, e então, o que você faz pela paz?

Referências:

MORAES, Paulo. A paz começa nas cidades. in Opinião – Folha de Pernambuco, 13/11/24. Disponível em https://www.folhape.com.br/noticias/opiniao/a-paz-comeca-nas-cidades/372202/ . Acesso em 21 mai. 2025.

PAPA JOÃO PAULO II, Gratissiman Sane. In Carta às famílias, 1994 – Ano da Família. Disponível em :https://www.vatican.va/content/john-paul-ii/pt/letters/1994/documents/hf_jp-ii_let_02021994_families.html. Acesso em 21 mai. 2025.

O Jejum que nos faz entrar em forma

A quaresma é um período de quarenta dias para exercitarmos o batismo de fogo constituído da Palavra, pois, somos chamados a abraçar à Santa Cruz, isto é, nos mostrar disponível ao jejum, ou, trabalho que muitas vezes é doloroso, uma vez que no tempo do Advento, já fomos alimentados pela regeneração pela água do Batismo de João, mediante a experiência pessoal na Fé.

O abraço à Santa Cruz começa com o mergulho com garganta embargada, as fauces secas, a boca amarga, o corpo esfolado, a dignidade humilhada pela maldade do homem, e, olhando para o alto queremos gritar: “meu Deus, meu Deus porque me abandonastes” (Sl 21), pois, em um mundo tão belo, o paraíso, o jardim do Senhor, a Verdade se tornou prisioneira da injustiça.

Credits: FunLucky

Assim, nesse período, somos chamados ao Jejum, que quer dizer renúncia da prática daqueles atos que nos mobiliza a produzir ações sanguinárias e nos transformam em preguiçosos, presunçosos, orgulhosos, indiferentes, impiedosos, ávidos, egoístas, soberbos. Jejum é decidir seguir o caminho da austeridade da alma, tornando-se pobre, isto é, a alma é despida de toda a pretensão de “ser” e se reconhece como absolutamente dependente da Vida, se tornando como uma criança recém nascida, cujo Pai lhe garante toda a integridade.

A austeridade da alma significa renunciar o açúcar e preferir o puro, ainda que amargo, significa renunciar o vício químico para apreciar o sabor da água, renunciar o vício do fumo para sentir a força do ar nas entranhas, explodindo em vida; renunciar a indiferença para acolher; renunciar a avidez para partilhar; renunciar a impaciência para tolerar; renunciar o conforto do sossego no isolamento, para carregar a carga juntos; renunciar a honra, para na humilhação, educar; e, assim, todos os vícios sanguinários que tornam nossos comportamentos perversos, e nos faz calcar com os cravos da injustiça o solo santo que grita “meu Deus, meu Deus, porque me abandonastes”.

Jejuar é abster-se, deixar de praticar aqueles atos que tão corriqueiramente consideramos como banais, mas sem que percebemos, pensando estarmos na ética perfeita, contribuímos como gotas do esgoto que avassala e sufoca a vida.

Abster-se significa determinar-se ao abraço da Vida que só alcança sua dignidade com o trabalho, constituído de suor, sangue e lágrimas, renunciando as práticas dos atos que nos cativa a tornarmos sedentários de sentidos e morrermos na ilusão que estamos construindo a vida, em um mundo de sobrevidas.

Amar a Santa Cruz, e amar a Vida, que é completa, pois não contém só o açúcar, mas o sal, o amaro, a água purificada para beber com a água quente para cozer, o sol que queima para germinar, junto com a sombra que refrigera, não é só amar o que se quer, mas e dar graças por tudo o que se tem, porque se já somos como crianças, o tudo que se tem não pertence a nós e a ninguém.

Blasfêmia Papal ?

Eu escuto com perplexidade as notícias em 26 de janeiro de 2023, de que o Papa teria dito que a homossexualidade é pecado mas não é crime, porque um sacerdote do mais simples ao mais elevado nível de pastoreio jamais poderia afirmar tamanha contradição à Verdade de Cristo.

Credit: Geralt

Devemos lembrar que a missão da Igreja é aquela de se sair da humanidade para se tornar divina “sede perfeito como vosso Pai é perfeito”, de forma que o alicerce que a sustenta, é a Verdade Testamental das Escrituras, e, não as convenções humanas, pois os pensamentos de Deus, não são os pensamentos dos homens.

Diante disso, afirmar que a homossexualidade é pecado mas não é crime, é responder humanamente a Cristo a pergunta que ele fez aos fariseus de que sim, é mais fácil dizer “levanta-te e anda” do que “o teu pecado foi perdoado”.

Isto representaria o falso Pastoreio, significando que devemos temer o que mata pelo crime, mas não o que mata pelo pecado, ao passo que a Verdade nos diz o contrário, temais o pecado que mata a alma, e não o que mata o corpo, pois o poder não está no Chefe que criminaliza, mas nas mãos do Justo Juiz.

O que vos digo na escuridão, dizei-o à luz do dia; e o que se vos diz ao ouvido, proclamai-o do alto dos telhados. E, não temais os que matam o corpo, mas não têm poder para matar a alma. Temei antes, aquele que pode destruir no inferno tanto a alma como o corpo. Não se vendem dois pardais por uma moedinha de cobre? Mesmo assim, nenhum deles cairá sobre a terra sem a permissão de vosso Pai (Mateus, 10, 27-28).

Conclusão:

Um sacerdote que está em Cristo jamais pronunciaria tamanha blasfêmia, por isso, preferimos entender que a palavras do Pastor é, cuidado com o pecado que é pior do que o crime, pois, o crime mata o corpo, mas o pecado mata a alma, ou como diz São João produz a segunda morte, e, ai daquele que sofrer a segunda morte (acredite se quiser).

Advento:completando os sentidos

O 13º Tema do Sínodo vem contemplar os sentidos do Advento, como Liturgia, que é Palavra Viva, que o Senhor nos diz: são Espírito e Vida, assim, para os dias de hoje o Espírito é Vida na prática da Palavra do início de um novo Ano Litúrgico, Ano A, com o Tempo do Advento:

O Tempo Litúrgico do Advento, que neste artigo ousamos chamar de Festa do Advento, alcança seu ápice com as festas do Natal de Jesus, Epifania e Batismo do Senhor, encerrando-se com a celebração do Batismo do Senhor.

Crd:Dieterich01

O primeiro elemento a definir o Sacramento do Batismo, é a regeneração pela água, como Porta que completará o Sacramento do Batismo pelo Tempo Pascal, juntamente com o segundo elemento, que é a Palavra, revestindo o homem como filho de Deus porque o Batismo é o sacramento da fé (CAC, 1253)1: Aquele que crer e for batizado será salvo; o que não crer será condenado (Mc 16,16).

Assim, o Sacramento do Batismo que é único, recebe então as colunas das duas testemunhas de Deus, pelo Novo Testamento: o Batismo da primeira testemunha que é João, com a regeneração pela água (Tempo do Advento), e o Batismo do Senhor com o testemunho da Palavra (Tempo Pascal), ambos sob a mesma cor roxa.

Assim, as duas testemunhas de Deus, João Batista e o próprio Cristo, criam as duas colunas do Arco que consagra o homem que renasceu em Cristo, e se tornou amigo de Deus:

O santo Batismo é o fundamento de toda a vida cristã, o pórtico da vida no Espírito (“vitae spiritualis ianua – porta da vida espiritual”) e a porta que dá acesso aos outros sacramentos. Pelo Batismo somos libertos do pecado e regenerados como filhos de Deus: tornamo-nos membros de Cristo e somos incorporados na Igreja e tornados participantes na sua missão. “Baptismos est sacramentam regeneratiorais per aquam in Verbo – O Batismo pode definir-se como o sacramento da regeneração pela águano Tempo do Advento, e pela Palavra”no Tempo Pascal, [grifo nosso] (ibid, 1213).

A cor roxa do Tempo do Advento é a cor da regeneração pela água do Batismo de João, como a voz que clama no deserto, preparando o caminho do Senhor, nele todos são chamados a se voltarem para Deus, regenerar-se, dar uma guinada na vida, converter a direção, retornar à casa paterna, nascer de novo, sendo esse momento, o momento de purificação dos pecados, um encontro com Cristo, deixando o homem velho, para ser nova criatura.

É o tempo em que a ovelha é chamada pela voz do Pastor que diz: “buscai ao Senhor enquanto Ele se deixa encontrar, invocai ao Senhor enquanto Ele está próximo” (Is 51,6), para se experimentar o encontro pessoal com Cristo, voltar-se para o Pai, constituindo-se portanto, a porta de entrada cuja chave é pela abertura do coração do homem a acolher em si o Espírito e torná-lo régio em sua vida, sendo a força que fará partir daí as ações decorrente da vontade de Deus, segundo a Palavra, para este momento o Pastor, a segunda testemunha, reverenciando a primeira, faz o chamado: “Daí em diante Jesus começou a pregar dizendo: “Convertei-vos, porque o Reino dos Céus está próximo (Mt, 4,12).

A iniciação batismal pela regeneração da água, atua como o próprio Querigma que pincelamos aqui alguns fragmentos:

Deus o ama, pessoalmente, como Pai amoroso.

Ele o Ama, você é importante para Ele, te aceita incondicionalmente.

(…)

Ele nos criou e para Ele caminhamos. Dele viemos e para Ele Vamos.

Ele é o Princípio e o Fim, o Alfa e o Ômega.

(…)

E desde o princípio nos convidou a ter uma relação e comunhão pessoal de amor com Ele, como filhos e amigos; “e todo o que ama aquele que o gerou, ama também aquele que dele foi gerado (1Jo 5,1).

És precioso aos meus olhos, estimados, valioso e valorizado”, você é muito valioso para Mim, você Me é muito importante. A sua pessoa, a sua história e a sua condição atual. Com rosto, nome próprio, história vocação, estado de vida e condição concreta de sua vida..

(…)

És meu”… e todo mundo cuida daquilo que sente que é seu… “Ele nos fez, somos Dele”. Deus mesmo diz que você é Dele, pertence a Ele.

Depois de tê-lo recusado e a seu amor, e havemos nos separados Dele pelo pecado, Ele continua a amar-nos e nõs abandona.

Oferece-nos a reconciliação, a salvação e Vida nova (NAVARRO, 1999, p. 9)2.

Diante deste convite de conversão, se olharmos para o fundo do coração e não sentirmos a intensidade da Promessa Divina em nossa alma, poderíamos perguntar: o que nos impede ter sentir Deus, de ter uma relação íntima com Ele?

Muitas vezes enganamos a nós mesmos, somos em nós mesmos, falsos pastores, porque dizemos acreditar a Deus, assim como o próprio diabo acredita (Mt 24,5), ou, ainda, que Deus é tudo em nossas vidas, mas, a exemplo dos fariseus só repetimos palavras, mas, a realidade nossa alma não é integra, porque temos um propósito no íntimo e uma ação diferente externamente, não há uma comunhão entre o que falamos e o que fazemos, e o Senhor nos diz: Nem todo aquele que diz a mim: ‘Senhor, Senhor!’ entrará no Reino dos céus, mas somente o que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus (Mt 7,21).

E João Batista igualmente, vendo aqueles cuja fé é apenas aparente, diante daqueles que iam lá para se purificarem, mas ainda não tinham o encontro pessoal com o Senhor, isto é, queriam ter os pecados perdoados, mas, não se abriam para a amizade com Deus, que eram “raça de víboras”.

1Naqueles dias, apareceu João Batista, pregando no deserto da Judeia: 2“Convertei-vos, porque o Reino dos Céus está próximo”. 3João foi anunciado pelo profeta Isaías, que disse: “Esta é a voz daquele que grita no deserto: preparai o caminho do Senhor, endireitai suas veredas!” 4João usava uma roupa feita de pêlos de camelo e um cinturão de couro em torno dos rins; comia gafanhotos e mel do campo. 5Os moradores de Jerusalém, de toda a Judeia e de todos os lugares em volta do rio Jordão vinham ao encontro de João. 6Confessavam seus pecados e João os batizava no rio Jordão. 7Quando viu muitos fariseus e saduceus vindo para o batismo, João disse-lhes: “Raça de cobras venenosas, quem vos ensinou a fugir da ira que vai chegar? 8Produzi frutos que provem a vossa conversão. 9Não penseis que basta dizer: ‘Abraão é nosso pai’, porque eu vos digo: até mesmo destas pedras Deus pode fazer nascer filhos de Abraão (Mt 3,1-8).

Portanto, o Tempo do Advento é o tempo favorável da Graça de Deus para o encontro pessoal com o Senhor, o chamado do Pastor para as suas ovelhas: “Convertei-vos, porque o Reino dos Céus está próximo”, dando a cada um que acolhe o Espírito Santo, a Verdade do Senhor, e assim, responder com o amor profundo e verdadeiro renunciando a verdade aparente, para se eleger a Verdade que se dá testemunho, de quem muito amou, compondo o testemunho da Palavra, o segundo elemento do Batismo celebrado Tempo Pascal “o que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus (Mt 7,21)”.

Como sinal de alerta, a exemplo de João, o Senhor nos lembra daqueles que João Batista chamava de raça de víboras, como o jovem rico que se via imaculado, mas diante do convite de acolhimento do Espírito Santo no lugar dos bens saiu contrariado e Jesus disse como é difícil aquele que apegado a si mesmo entrar no Reino dos Céus (Mc 10,23).

Por isso, os renascidos pelo Batismo, os que muito amaram, serão poucos, porque delegar a vida ao Espírito é uma decisão muito forte em nossa vida e poucos estão dispostos a isso, uma passagem pela porta estreita, é como um camelo passar pelo buraco de uma agulha, portando devemos estar atentos para saber se estamos sendo honestos conosco mesmo e, de repente se não estamos recusando o convite para as bodas.

Quanto alcançamos a Graça e temos este encontro sincero com Cristo, a reação imediata é a de desânimo e lamentação, pois nos sentimos como se já estivéssemos condenados e não há mais nada o que fazer, como Pedro quando pediu para que Jesus se afastasse dele porque era pecador (Lc 5,8), ou ,quando os discípulos disseram estas palavras são muito duras, quem então, entrará no Reino dos Céus? Naquele tempo, 60muitos dos discípulos de Jesus, que o escutaram, disseram: “Esta palavra é dura. Quem consegue escutá-la?” 61Sabendo que seus discípulos estavam murmurando por causa disso mesmo, Jesus perguntou: “Isto vos escandaliza?” (Jo 6,60-61).

Mas a Graça de Deus é maior e vem nos dizer:

1Alegre-se a terra que era deserta e intransitável, exulte a solidão e floresça como um lírio.2Germine e exulte de alegria e louvores. Foi-lhe dada a glória do Líbano, o esplendor do Carmelo e de Saron; seus habitantes verão a glória do Senhor, a majestade do nosso Deus.3Fortalecei as mãos enfraquecidas e firmai os joelhos debilitados.4Dizei às pessoas deprimidas: “Criai ânimo, não tenhais medo! Vede, é vosso Deus, é a vingança que vem, é a recompensa de Deus; é ele que vem para vos salvar”.5Então se abrirão os olhos dos cegos e se descerrarão os ouvidos dos surdos – Liturgia Missal – 2º Semana do Advento – Ano A, 05/12/2022, 1ª Leitura – Is 34, 1-5).

Conclusão

O Tempo do Advento é o Tempo da Graça do Senhor, o chamado do Pastor às suas ovelhas para que voltem ao aprisco, regenerando-se pela água da Voz que clama no Deserto, é uma liturgia profundamente penitencial de constrição e arrependimento sob o título “convertei-vos, o Reino dos Céus está próximo”.

É a preparação para o testemunho da Palavra que completa o Sacramento do Batismo no Tempo Pascal, em que nos colocamos diante da liturgia quaresmal do amor a Cruz, a defender a Palavra sobre a angústia do Monte das Oliveiras, a prostrarmos diante de César, a sermos coroados com os espinhos da humilhação pública, a carregar os nossos fatos subindo o Monte Sião, até consumarmos nossas obras no imenso amor à Cruz, sob o testemunho da Palavra até o fim, pela morte do Cristo na cruz, imitando a submissão do Cordeiro.

1 CAC – Catecismo da Igreja Católica nº 1253

2NAVARRO, Pe. Alfonso Castelhano, MspS. Evangelização – Primeiro Anúncio – Querigma. São José dos Campos – SP: Edições ComDeus, 1999.

A Dignidade da Mulher

No 11º, Tema da preparação para o Sínodo 2023, apresentamos a praxis nas recomendações para a Festa de Casamento (Mt 22,1-3 – Liturgia Missal 18/08/2022), do Príncipe da Realeza do Sul, que traz em seu manto a consumação da Palavra de Deus “olhastes para a humilhação de tua serva”, pois Ele viu a humilhação da mulher, desde o tempo de Zípora, mulher de Moisés, humilhada por Aarão e Míria, por ser negra e estrangeira, “e o Senhor ouviu isso” (Nm 12, 1-2), para que agora sabeis “que Eu, o Senhor, digo e faço – oráculo do Senhor” (Ez 37,14 – Liturgia Missal de 19/08/2022).

Créditos: Mohamed Hassan

Cred: Mohamed Hassan

Como servo, pus me ao serviço, que é liturgia viva da Palavra que é Espírito e Vida, proclamando:

Abri meus lábios Senhor e minha boca anunciará o vosso louvor em meio à grande Assembleia, cantando eternamente a vossa misericórdia, porque eterna é a misericórdia do Senhor e, a sua misericórdia eu cantarei eternamente.

A Palavra diz que “O Senhor disse” (Ez 37,14), e eu, servo, prostrado aos teus pés, peço-Lhe, faça-se em mim segundo a Tua Palavra, para que então, as nações saibam “que Eu, o Senhor, digo e faço – Oraculo do Senhor” (Ez 37,14).

O serviço designado a este servo, foi levar o convite à Academia Marial da cidade de Aparecida-SP, a fim de que tomem conhecimento de que os cultos com a oração do Salmo do Apostolado à Rainha do Sul, foram desvirtuados e estão contaminados por vícios humanos de egoísmo, individualismo e adoração aos bens do mundo, a exemplo do que já advertiu São Tiago na Palavra que é Espírito e Vida quado diz:

De onde vêm as guerras? De onde vêm as lutas entre vós? Não vem daqui: dos prazeres que guerreiam nos vossos membros: Cobiçais e não tendes? Então matais. Buscais com avidez, mas nada conseguis obter? Pedis, mas não recebeis, porque pedis mal, com o fim de gastardes nos vossos prazeres.

Adúlteros não sabeis que a amizade com o mundo é inimizade com Deus? (Tg 4,1-4).

Feito estas considerações apresentamos abaixo a recomendação encaminhada à Academia Marial de Aparecida – SP.

**********************************************************

Aparecida-SP, 18 de agosto de 2022.

Ação de Graças

Assim como fez com o Profeta Samuel, o Senhor chamou-me pelo nome “Laurentino”. E eu respondi: fala Senhor, o teu servo te escuta. O Senhor então disse-me: quero estabelecer contigo minha amizade. Eu respondi: eis o teu servo Senhor, faça-se em mim segundo à tua Palavra. O Senhor disse-me: Eu te ungirei com meu Espírito, e, se te conservares nesta amizade, em 40 anos, te darei a conhecer o dom que recebestes.

Eu me conservei nesta amizade, e, no tempo do Senhor, foi me revelado o dom de línguas, não o de falar, mas, o de interpretar, para isso me formou ao longo de 40 anos no ofício de hermeneuta, completado pelo ofício de Mestre Educador de Linguagens.

Ao ter conhecimento desta revelação o Senhor disse-me, te ungi com meu Espírito, atribuindo-te o dom da interpretação de línguas, para que sirva-me como atalaia nos desvirtuamentos da Palavra de Deus para pensamentos humanos, porque os pensamentos dos homens não é o pensamento de Deus.

O Apóstolo da Rainha do Sul (Salmo)

Este salmo foi inspirado ao servo da Rainha do Sul, Pe. Vitor Coelho, como chave para que aqueles que se tornam amigos de Deus, alcancem a dignidade de servir a Deus através do projeto da Vida confiado à Virgem, bendita entre todas as mulheres, como tabernáculo do Santíssimo, chamada de à Mãe de Deus, e assim, receberem a misericórdia de conservar-se como fiéis servos e amigos de Deus, de agora e por torda a eternidade.

No entanto, este Salmo foi transmudado, recebendo pensamentos humanos, por isso, a Rainha do Sul manifesta sua preferência pela a sua correção para a adequada Palavra de Deus como a proposta seguinte:

Ó Maria Santíssima, que vossa querida presença milagrosa em Aparecida, espalhais inúmeros benefícios sobre todo o Mundo.

Eu, embora indigno de pertencer ao número de vossos servos, mas cheio do desejo de participar dos benefícios de vossa misericórdia, prostrado a vossos pés, consagro-vos o meu entendimento, para que sempre me lembre do amor que mereceis; consagro-vos a minha língua para que sempre vos louve e propague a vossa devoção; consagro-vos o meu coração, para que, em Deus, vos ame sobre todas as coisas.

Recebei-me, ó Rainha incomparável no ditoso número de vossos servos, acolhei-nos debaixo de vossa proteção; socorrei-me em nossas necessidades espirituais e temporais, e, sobretudo, na hora de nossa morte.

Abençoai-nos, ó Mãe Celestial, e com vossa poderosa intercessão fortalecei-nos em nossa fraqueza, a fim de que, servindo-vos, fielmente nesta vida, possamos louvar-vos, amar-vos e render-vos graças no céu, por toda a eternidade. Assim seja!

Justificativa para a correção: se faz necessária porque os vícios humanos insculpidos na oração transmudada, fomentam o egoísmo, o individualismo e rebaixam o Santístimo como escravo das vontades humanas transfigurado-o como deus superprotetor dos interesses do mundo.

Tibouchina (a quaresmeira que floresceu na Páscoa).

Tibouchina é o nome científico do Manacá da Serra, ou quaresmeira.

A velha amiga escuridão

Nós brasileiros costumamos dizer, que agora que já passou o carnaval, então o País entrou em marcha para as atividades normais, e voltamos as nossas correrias, nossas aflições de como pagar as contas, de como sustentar os gastos necessários as nossas mínimas dignidade, a exposição das violências, dos assaltos, das agressões, das mutilações, e isso, nos deixa muitas vezes desconsolados, desamidados, com um gosto amargo na língua, com um pigarro grudento na garganta, nos deixando até roco, roco de gritar no silêncio por Deus.

Foto: Jarmoluk

E este é o tema que comporá o nosso sétimo capítulo da praxis, porque de tanta dor, violência e sofrimento, a pergunta que vem diante de nós é “porque isso meu Deus”? Ou, “onde está o teu Deus que parece não ver nada disso”?.

E para tentar se compreender a razão do amargo da língua, a nossa dor, precisamos desfazer um paradoxo, constituído na Palavra que se forma entre as Escrituras do Antigo Testamento que proclama: “Ninguém pode ver Deus e continuar vivo” (Ex 3,6; 33,18-19), e, na Escritura do Novo Testamento que proclama Jesus como Deus sendo visível ao mundo quando diz: ‘O Espírito virá sobre ti, e o poder do Altíssimo te cobrirá com sua sombra. Por isso, o menino que vai nascer será chamado Santo, Filho de Deus (Lc 1,35).

Assim, o paradoxo se forma quando a Escritura proclama que ninguém pode ver Deus e continuar vivo, no entanto, em aparente contradição, nos dá o Testemunho de que todos que viveram no tempo de Jesus viram Deus, ao longo de sua passagem na Terra e continuaram vivo, diante da proclamação da Palavra que diz que Jesus é Deus.

Diante desse paradoxo, arriscamos dizer que essa confusão que fazemos é que nos causa a dor e o sofrimento, criando em nós a sensação de que Deus não está perto, que Deus é apenas exercícios mentais destoados das realidade das aflições, desarticulados dos medos, morte, doença, ao sermos, como São Paulo disse, tratados diariamente como ovelhas destinadas ao matadouro (Rm 8,36).

Mas é o próprio Jesus que em sua imensa misericórdia, é o primeiro a nos ajudar a sair desse lodo que alcança o nosso pescoço, quando vem nos repetir a Palavra dada a Tomé e a Filipe, ao dizer que Ele está diante de nós, mas, nós mergulhados em nossas ambições mesquinhas, de curar a doença, ganhar dinheiro, comprar coisas, não o vemos:

6″Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida.
Ninguém vai ao Pai senão por mim.
7Se vós me conhecêsseis,
conheceríeis também o meu Pai.
E desde agora o conheceis e o vistes”.

8Disse Filipe:
“Senhor, mostra-nos o Pai, isso nos basta!”
9Jesus respondeu:
“Há tanto tempo estou convosco,
e não me conheces, Filipe?
Quem me viu, viu o Pai.
Como é que tu dizes:
`Mostra-nos o Pai’?

Assim, hoje, valendo nos da didática de Filipe, “mostra-nos o Pai, isso nos basta”, ou seja, nos contentarmos com a glória do passado, a de Abrahão, Jacó, Moisés, e não precisamos aplicá-la ao presente, apenas revivê-las, olhando para trás, ou vendo Deus pelas costas pois, já passou, podemos reviver,o tempo de Jesus a revelar-nos claramente para nós o Pai, no reinício da Vida.

Começando pelo sim da nova Eva, que acolheu o Espírito Santo, renunciando a si mesma, ao proclamar “Faça-se em mim, segundo a Tua Palavra”, e dano início a um novo Reino, com a encarnação de Deus, ao qual se chamou Jesus.

Testemunhamos que Jesus, sendo Deus, rebaixou-se à condição de filho do homem, deixando a sua condição de Palavra de Deus, e, encarnou-se para dar o testemunho do Verbo, tornando a Palavra no mundo Espírito e Vida, cuja fidelidade ao cumprimento da Palavra, lhe deu a condição de ser chamado no Céu e na Terra como “o Cordeiro de Deus”, pois, por Ele se consumou a Verdade a partir da Palavra: “tudo esta consumado” (Lc 19,30).

Assim, Jesus mostrando-nos hoje o Pai, como pedido por Filipe, testemunhamos que Ele foi a Palavra encarnada, o Verbo de Deus, que transformou em Verdade no mundo, pelo seu testemunho a Palavra de Deus, tornando-se a partir da instauração desso no Reino, o ponto inicial, a fonte que nasce no lado norte do Templo, a dar origem a nova vida, tornando nova todas as coisas, com o refrigerio que estabiliza o ser vivente.

Mas o ser vivente ao sentir-se nutrido pelo Pão do Céu, a tanto tempo conosco, não conseguimos ver o Pai diante de nós, mas, como Filipe, só pelas costas, ao crermos e revivermos que toda a dor e todo o sofrimento já foi consumado na Cruz, por Jesus como o pagamento da iniquidade do mundo, assim, ele já sofreu em seu lugar, e só queremos sermos felizes.

E sentimos felizes quando não dependemos de Deus, ou seja, quando sentimos que tudo está dentro do nosso controle, não do jeito de Deus, mas sim do nosso jeito de ser, viver e ter as coisas, para nós, o ápice da criação é a plenitude do viver o nosso estilo próprio, fazendo quem sabe a nova moda, o novo meme, o bombar nos clique e seguidores digitais.

Assim, já não invocando o Espírito sem dizer mais nossas ações “faça-se em mim, segundo a vossa Palavra”, nossos olhos afastam-se da Graça de Deus, da amizade de Deus, e não mais O reconhecemos, não podemos ver Deus diante de nós, e passamos a desejar ver “sinais”, como é testemunhado pela Palavra no tempo de Jesus quando se proclamou:

22Celebrava-se, em Jerusalém, a festa da Dedicação do Templo.
Era inverno.
23Jesus passeava pelo Templo, no pórtico de Salomão.
24Os judeus rodeavam-no e disseram: ‘Até quando nos deixarás em dúvida?
Se tu és o Messias, dize-nos abertamente.’

25Jesus respondeu: ‘Já vo-lo disse, mas vós não acreditais.
As obras que eu faço em nome do meu Pai dão testemunho de mim;
26vós, porém, não acreditais (Jo 10,22-26),

Aqueles homens recebiam o sabor de Deus, viviam o sabor de Deus, pelo Pai que lhe era mostrado como se repetia no pedido por Filipe, mas, incomodados com a Verdade, mergulharam nas trevas, e, agora, nós, podemos dizer que mesmo nos deparando com a Luz, conduzidos de frente para o Caminho, não reconhecemos a Luz: “Ela estava no mundo, e o mundo foi feito por meio dela, mas, o mundo não a reconheceu (Jo 1,10), e por isso, com nossas línguas amargas, diante das barbáries, iniquidades, homicídios, violências, corrupção, oprimidos por aflições, das profundezas perguntamos, onde está o teu Deus? Pois, não o reconhecemos.

Ele está no meio de nós, mas nós não o reconhecemos, Ele está diante dos sacerdotes, governadores discípulos, mas ninguém o reconheceu, por nós que imitamos o testemunho de Maria Madalena, ao adentrar-se nas profundezas da angústia, isto é, no túmulo, que ao voltar-se “para traz, e viu Jesus de pé, mas não sabia que era Jesus. Jesus nós pergunta então “Por que choras”?, e mergulhados na nossa dor própria, pensamos tratar-se de apenas um pedinte no farol, ou aquele cara chato que nos procura para chorar novamente suas misérias, e nosso coração o rejeita como inconveniente (Jo 20-14-15).

Conclusão

Não há contradição entre a Palavra que proclama: Ninguém pode ver Deus e continuar vivo” e Jesus, sendo Deus foi visível entre os homens durante sua visita a este mundo, pois, todos que viram e dão o seu testemunho o dão como o testemunho dado por Moisés, isto é, só vendo Deus, pelas costas, depois que Ele já passou, da mesma forma só reconhecemos o Cristo depois que ele já não estava mais neste mundo.

E para que possamos aprender a caminhar “em tempo real com Deus”, isto é, “não só olhando para o Pai e basta”, isto é, alimentando-se da Glória do passado, o Senhor nos prometeu enviar o Espírito da Verdade, aquele que nos retira os véus do coração, e nos faz reconhecer a Glória do Deus testemunhada por Amós, a plenitude do Deus sob a escuridão (Am 5,18), cuja Graça, como um pecuarista, nos adquire como suas ovelhas, dando-nos o dom de reconhecer a Verdade. Dai-nos a vossa Graça, pois, a Tua Graça me basta.

Família, celeiro do afeto

O nosso reduto de cidadania

Nossos dias são difíceis, parece que nos dias de hoje, o Direito abandonou a Justiça, aposentou sua imparcialidade, e, mudou de roupa, e passou a vestir o propósito de correr somente a favor de quem tem voto popular, ao constatarmos que nós, cidadãos anônimos, estamos esquecidos, por isso, para nós, é reservado somente o direito de votar.

E, por termos somente o direito de votar, isto é, reconhecidos como insignificantes e imperceptíveis seres comuns, destituídos de poder de mandato, enfrentamos os rigores da lei, mais como resultado de um serviço jurisdicional oferecido por um martelo intolerante, movido pela cobiça do voto de opinião das suas estatísticas, do que um exercício de cidadania.

Assim, somos movidos a fazer uma atualização de um antigo ditado para dizer “quem é votado, pode…..quem vota não pode, e, se sacode”, …. ai que coceira a me sacudir, parece que estamos no inferno, pois, a mentira revestida da toga do mandato, se tornou instituição, e a verdade humilhação …. acho que estamos vivendo no avesso.

Sobre a penúria de nós, pobres cidadãos, que parecemos ser completamente impotentes, a Sabedoria vem nos revelar o pensamento dos mandatários a respeitos dos votantes dizendo assim:

Somos comparados por ele à moeda falsa e foge de nossos caminhos como de impurezas; proclama feliz a sorte final dos justos e gloria-se de ter a Deus por pai. Vejamos, pois, se é verdade o que ele diz, e comprovaremos o que vai acontecer com ele. Se, de fato, o justo é ‘filho de Deus’, Deus o defenderá e o livrará das mãos dos seus inimigos. Vamos pô-lo à prova com ofensas e torturas, para ver a sua serenidade e provar a sua paciência; vamos condená-lo à morte vergonhosa, porque, de acordo com suas palavras, virá alguém em seu socorro” (Livro da Sabedoria, Cap. 2,16-20 – Liturgia Missal de 01/04/2022).

E o ensinamento que este preceito nos trás, é que, ao contrário do que parece, o votante não é inútil, não é alguém oculto no meio de um mar de pessoas esquecidos por todos aqueles que se dizem ser seu representante, pois, ao se tornar o mais pequeno, o mais fraco, o mais insignificante, ao ponto de caber no seu coração apenas a fé viva na promessa do Deus da Verdade, ele recebe um poder de realeza.

Isso parece ser para aqueles que têm um fé morta, a exemplo do pensamento dos ímpios narrado acima pelo Livro da Sabedoria, uma retórica, ao passo que, para o menor de todos, o pobre, é concebido o poder de se sentir amado, e isto completa todo o seu sentido.

Porque no mundo em que se institucionalizou a mentira, e os atos públicos dos mandatários, despidos de interesse públicos, movem-se apenas por aparências hipócritas, no oportunismo de se formar opinião de angariação de votos, se tornando muito difícil acreditar que somos amados por alguém.

Nos sentimos totalmente abandonados, sozinhos, desolados, inseguros, aflitos, como uma presa acuada aguardando a qualquer momento um novo ataque, uma nova ofensa, um novo desprezo, ou, outra humilhação, e que a hipocrisia não nos faça negar isso.

Curando o complexo de inferioridade

E quando estamos nos sentindo assim, é porque nossa fé esfriou, e acabamos por nos deixar levar pelo mesmo pensamento acima dos ímpios, esperando a recompensa manipuladora do “Deus que faz”, ao invés da coerência do “Deus que É”.

E, passamos a cobrar um sinal visível sob a sensação de que fomos abandonados até por Deus, pois, dizemos que amamos Deus, e ainda acrescentamos, sobre todas as coisas, mas, não temos a graça de nos sentirmos amados, ora, se não nos sentimos amados como podemos amar? A final, não podemos dar aquilo que não temos.

Mas, para aprendermos a nos sentirmos amado, temos que primeiramente acreditar que o amor é eterno e não passageiro, assim, se um dia você sentiu o amor de alguém por você, seria um ato de ingratidão tua, achar que esse amor era tão bom e hoje não existe mais, pois ele lhe foi dado como uma brasa que jamais se apaga.

Lembro aqui as Palavras do Padre e Psicólogo Aurélio Pereira, scj, que muito vai nos ajudar a aprendermos nos deixar ser amado, isso mesmo, não é só dizer de boca, mas, você precisará usar toda a tua força para realmente se sentir amado e isso não é fácil.

Para compreendermos esse caminho de aprendermos a nos deixar ser amados, lembro aqui as palavras do Pe. Aurélio Pereira que na homilia do segundo domingo de maio de 2005, da missa do “Dia das Mães”, disse que a nossa maior fonte de afeto é a mãe, e se Jesus, como Deus Filho, pediu alguma coisa para Deus Pai, para se encarnar como homem e passar por todo o sofrimento aqui na Terra foi uma mãe, porque a mãe foi o jeito que Deus inventou de materializar o amor dele por nós.

Para amar precisamos do afeto, ou seja, o fogo que aquece a cada momento, e esse calor no coração de uma mãe, forja um calor de amor, que acompanhará toda a existência do filho, por isso, será eterno.

Ele não é um passado só de quando éramos criança, ou, do tempo enquanto nossa mãe estava viva, é eterno, vivo, para que como um sinal materializado do amor, possamos reconhecer o Deus que nos ama, pois, nossa mãe ao nos amar no amor de mãe, materializou o amor de Deus, gerando para nós, um sinal verdadeiro da certeza de que Ele te ama, valendo-se dos corações de nossas mães.

Mas depois de 2005 a 2022, isto é, 16 anos de eco destas palavras, tomo a liberdade de me atrever a incluir também, a presença paterna nessa formação de afeto, assim, completo, que o pai e a mãe foi a forma que Deus inventou para materializar o seu amor por nós, chamando de família sagrada.

foto: Chillla70

De família sagrada foi nos deixado como herança, a Sagrada Família, com Maria e José, que formaram todo o afeto que não se tornou passado no coração de Jesus, mas calor visível, do amor de Deus que o consolou dando-lhe ânimo e coragem no momento em que foi mas desprezado, humilhado, maltratado, injustiçado, ao ponto de ser crucificado, como se estivesse, e de fato estava, totalmente sozinho e abandonado.

É a herança de afeto que gera em cada um de nós o sinal visível do amor de Deus por cada um, nos permitindo assim, desenvolvermos o dom de nos sentir amados, sob a advertência de Deus, de que, ainda que o pai ou mãe, tropece, e, nos abandone, Ele não nos abandonará, porque o amor Dele é abundante e chegará até nós.

E quanto este amor se faz presente em nós, vivo, de ontem, de hoje, gerando a vida para o amanhã, estamos vivendo a graça do Espírito que diz “Abba Pai”, pois nos reconhecemos também como filho de Deus, vivendo a fé que cria a certeza que não estamos abandonados.

Pois, sabemos que pela natividade da Mãe do Senhor, recebemos o dom de tornarmos filhos de Deus, como vontade testamentária do Filho: “Mulher eis o teu filho” (Jo 19,26), atribuindo-lhe assim, a maternidade de Nossa Senhora da Conceição ao colocar em seu coração despedaçado, o consolo materno, pela missão de cuidar daqueles que a recebem como Mãe, “eis tua mãe” (Jo 19,27).

A MÃE DO REDENTOR tem um lugar bem preciso no plano da salvação, porque, ‘ao chegar a plenitude dos tempos, Deus enviou o seu Filho, nascido duma mulher, nascido sob a Lei, a fim de resgatar os que estavam sujeitos à Lei e para que nós recebêssemos a adoção de filhos. E porque vós sois filhos, Deus enviou aos nossos corações o Espírito do seu Filho, que clama: ‘Abbá! Pai’!’ (Gl 4, 4-6) (PAPA JOÃO PAULO II – Redemptoris Mater)

Conclusão

As palavras da sabedoria falam do pensamento do ímpio, que ao serem aplicadas com as Palavras do Evangelho de hoje, nos mostram que no Antigo Testamento era o conselho de um pai para o filho, e no Novo Testamento, é de Filho para filho nos dizendo que, como nós, não podemos ver Deus, e por isso, devemos ter fé naqueles que materializam o seu amor para nós:

Em alta voz, Jesus ensinava no Templo, dizendo: “Vós me conheceis e sabeis de onde sou; eu não vim por mim mesmo, mas o que me enviou é fidedigno. Aquele que vós não conheceis, mas eu o conheço, porque venho da parte dele, e ele foi quem me enviou (Lucas 7, 28-29).

Isso que dizer, Jesus nos dizendo que o ímpio não está em terceira pessoa (ele, o ímpio), mas, na primeira pessoa (eu), isto é, o ímpio sou eu, que me esqueci do amor familiar, afastando-se do Espírito filial que diz “Abba! Pai!” por isso, já não se vê mais nesta Terra, o amor materializado de Deus, pois perdeu a capacidade de se sentir amado.

Assim, angustiado não reconhecemos o tesouro que temos, e pensamos que se trata de um amor platônico, apenas de sofrimento e dor, e não conseguimos perceber o bem maior que está por vir, que lhe está tão próximo.

E, também, sem conseguir nos permitir deixarmos ser amados, sofrendo, nos descaminhamos por que, se nos sentimos decepcionados com o amor, por que sem sentir amor, não podemos amar, uma vez que ninguém pode dar o que não tem.

Ao contrário deixando-se ser amado, o menor de todos, não será esquecido, como o sol que a todos os dias, não esquece cada ponto desse planeta para lhe garantir a vida, e vida em abundância, ainda que seja da criatura mais insignificante, ele vai ao encontro, levando o seu calor de amor que gera a vida.

Bem aventurados os que choram, porque serão consolados!

Recuperando a confiança no amigo

Nosso Quinto Tema vem apresentar uma autocrítica sobre o nosso comportamento de quando nós agimos como falsos amigos, ou seja, quando nos aproximamos de alguém movidos por interesses pessoais, e acreditem, sem querer ofender o leitor, mas, todos nós temos esse comportamento.

Um convite a autocrítica

E, para podermos avaliarmos com coerência esse nosso comportamento, precisamos aprender a fazer uma autocrítica, como nos ensina o psicólogo Fernández Gonzales:

se não aprendermos a aceitar os comentários negativos, nunca tentaremos superar e eliminar nossas desvantagens. Também insiste na necessidade de uma boa comunicação com os outros, já que são os bons amigos que nos ajudam a ter uma visão mais objetiva dos nossos comportamentos e nos motivam a melhorá-lo: “É fundamental para o sucesso nas relações, e também para ter uma visão saudável sobre nós mesmos” (MATEOS, 2018, p.1)1

Se olharmos para o nosso dia a dia, vamos nos lembrar que nos aproximamos de muitas pessoas porque elas podem render algum valor para nós, seja de reconhecimento, seja de oportunidades, seja porque somos obrigados, como por exemplo, quando temos de conviver com aquele colega de trabalho intragável, ou com aquele chefe insuportável que as vezes nos faz ultrapassar todos os limites:

“A maioria das pessoas não pede demissão dos seus empregos; elas pedem demissão dos seus gerentes”, afirma a VP de recrutamento do JPMorgan Chase, Wendy Duarte Duckrey (FLORENTINE, 2019, p. 1)2.

Este nosso comportamento de mover-se em razão de uma dependência emocional, seja ela decorrente de necessidade econômica, de falsa segurança, ou afetiva, nos afasta da coerência conosco mesmo, e, muitas vezes, faz nos tornar predadores, pedindo desculpa aos lobosm que tem muita dignidade, mas, como lobos de nossos próximos:


E isso pode ocorrer por diversos fatores”, avalia Teresa Messeder Andion. Ela cita que todos nós podemos agir de forma interesseira em determinados momentos e sob determinadas condições, pois aspectos ambientais, como a cultura do ambiente em que estamos, podem funcionar como um estímulo à adoção dessa postura.
O oportunismo, portanto, pode ser apenas uma resposta a uma situação ou ao meio em que se está. Mas a característica pode também denotar uma história de vida conturbada e até mesmo traumas
(BESSAS, 2021, p. 1).

Um convite ao espírito da coerência

Se olhamos com coerência para nós mesmos, e sabemos que temos essas tendências que não são naturais, mas, efeitos corrompidos de comportamento, vamos perceber que isso, traz como efeito mais nocivo a morte da fé, pois, perdemos a capacidade de acreditar que as soluções não saem de nossas, ou seja, para nós só acreditamos naquilo que está em nossas mãos.

Assim, quando nos vemos despidos dela, não nos sentimos seguro diante da verdade, nos sentimos sozinhos, rejeitados, e ignorados, e não acreditamos nos bens que nós temos, e nossos olhos são tomados pela escuridão, como, podemos reconhecer nas palavras do Profeta Jeremias dirigida a um povo interesseiro que, pela falta de coerência consigo mesmo, não era mais capaz de reconhecer a sinceridade na amizade verdadeira:

A todos enviei meus servos, os profetas, e enviei-os cada dia, começando bem cedo; mas não ouviram e não prestaram atenção; ao contrário, obstinaram-se no erro, procedendo ainda pior que seus pais.
Se falares todas essas coisas, eles não te escutarão, e, se os chamares, não te darão resposta.
Dirás, então:Esta é a nação que não escutou a voz do Senhor, seu Deus, e não aceitou correção.
Sua fé morreu, foi arrancada de sua boca.’
(Jr 7, 25-28 – Liturgia Missal – Terceira Semana da Quaresma – Quinta-Feira – 24/03/2022).

Parece difícil de acreditar, mas há muitos que se dizem próximos de Deus, mas não são seus amigos, estão ali, porque querem repouso, querem sustento, querem paz, lembremos das multidões que acorriam a Jesus, no Tempo em que Deus visitou a Terra, não porque eram seus amigo, mas porque queria um benefício dele, uma cura, a divisão de uma herança, um bilhete para ingressar no céu como pediu o jovem rico.

Nos dias de hoje não é diferente, hoje batemos no peito que somos religiosos, mas nos aproximamos de Deus para desfrutar dos bens que eles nos dá. Deus permite isso sim, porque deseja num primeiro passo atrair nossa amizade, mas, como um amor não correspondido, aceitamos os bens e não valorizamos a amizade.

Assim seja no nosso dia a dia, ou, como pastores à frente de uma igreja, a amizade é fria, não como amigo que serve ao seu Deus,, prevalecendo mais o interesse próprio, vestem-se como pastores sob a insígnia de uma Igreja, mas nos segredos das sacristias, se revelam como verdadeiros lobos.

A FPE (Frente Parlamentar Evangélica), conhecida como bancada evangélica, vem sendo cobrada sobre um posicionamento após a revelação de que dois pastores evangélicos exercem forte influência sobre a liberação de recursos do Ministério da Educação (MEC) (ARREGUY, 2022. p. 1)4

Fonte: UOL

E, ainda….

Mais de 216 mil crianças foram vítimas de abusos sexuais na Igreja Católica na França, aponta relatório.
Número sobe para 330 mil se considerados os laicos que trabalharam nas instituições católicas, diz comissão que investigou a igreja durante 2 anos e meio. Instituição pediu perdão às vítimas.
(G1, 2021, p. 1)5.

Somos sim, muitas vezes, oportunistas, batemos no peito amar a Deus, batemos no peito defender uma religião, mas apenas para nos aproximarmos do Sagrado, esperanto obter bens, ou vantagens, que chamamos de “graças, sem a disposição de se testemunhar a Palavra pela fé, mas sim, o da vantagem que Deus pode oferecer, como meios de nos garantir a saúde, a segurança e o pão nosso de cada dia.

Vemos os santuários e nas festas religiosas, a grande atração por bens, vantagens pessoais, curas de cegos e paralíticos, como aconteciam com as multidões do tempo do ministério público de Jesus, e muito pouca capacidade de se reconhecer o resultado da Palavra pela Fé, como Glória de Deus, pois, a fé se tornou morta, pela ausência da amizade, e distante de Deus, manifestam o seu amor a Deus pelo que Ele faz, por isso, parece-lhes impossível que Deus fará algo por eles, se estiverem fé na Palavra, no Deus que É um amigo.

Com a fé morta, pensar por exemplo que é impossível viver sem dinheiro, ao passo que professam que não se dever amar a Deus e ao Dinheiro, parecendo verdadeira escuridão mortal, amar Deus pelo que Ele É, na certeza de que ele cuidará de cada necessidade, renunciando-se a todos os interesses próprios, para aproximar-se dele apenas pelo amor a uma amizade verdadeira.


Dessa forma perdemos a graça de reconhecer o Deus amigo, e O Vemos como o próprio demônio:

Jesus estava expulsando um demônio que era mudo.
Quando o demônio saiu, o mudo começou a falar, e as multidões ficaram admiradas.
Mas alguns disseram: ‘É por Belzebu, o príncipe dos demônios,
que ele expulsa os demônios.’
Outros, para tentar Jesus, pediam-lhe um sinal do céu
(Lc 11, 14-16 – Liturgia Missal – Terceira Semana da Quaresma – Quinta-Feira – 24/03/2022).

Portanto, se você neste momento se aproxima de Deus, porque gosta de ficar perto do Santo, louvando, curtindo, achando que pode receber dele o pão, a saúde, a salvação, renuncie a si mesmo, despoje-se de tudo, e ame apenas o Tesouro da Amizade que forja o Ouro da Aliança que Deus jamais esquece, pois, é muito breve o tempo para que testemunharemos todos juntos o julgamento de que:

Quem não está comigo, está contra mim.
E quem não recolhe comigo, dispersa
(Lc 11,23 – Liturgia Missal – Terceira Semana da Quaresma – Quinta-Feira – 24/03/2022).

Referências:

  1. MATEOS, Alejandra Sánchez. Seis comportamentos que fazem as pessoas se afastarem de nós. In Caderno Ciência, 26/08/2018 – El Pais. Disponível em https://brasil.elpais.com/brasil/2018/08/25/ciencia/1535181881_915785.html. Acesso em 24 mar. 2022.
  2. FLORENTINE, Sharon. 9 motivos pelos quais os funcionários saem das empresas. In CIO/EUA – IT Forum. Disponível em https://itforum.com.br/noticias/9-motivos-pelos-quais-os-funcionarios-saem-das-empresas/. Acesso em 24 mar. 2022.
  3. BESSAS, Alex .Aprenda a identificar um ‘interesseiro’, mas saiba: agir por interesse é normal. In Caderno Comportamento – O Tempo 06/04/2021. Disponível em https://www.otempo.com.br/interessa/aprenda-a-identificar-um-interesseiro-mas-saiba-agir-por-interesse-e-normal-1.2468370. Acesso em 24/03/2022.
  4. ARREGUY, Juliana. Cobrada após áudio, bancada evangélica lida com disputas internas. In Caderno Política – UOL 24/03/2022. Disponível em https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2022/03/24/bancada-evangelica-mec-quem-sao-deputados-senadores-frente-parlamentar.htm. Acesso em 24 mar. 2022.
  5. G1 – Portal de Notícias. Mais de 216 mil crianças foram vítimas de abusos sexuais na Igreja Católica na França, aponta relatório. Disponível em https://g1.globo.com/mundo/noticia/2021/10/05/mais-de-216-mil-criancas-foram-vitimas-de-abusos-sexuais-na-igreja-catolica-na-franca-aponta-relatorio.ghtml. Acesso em 24 mar. 2022.