O braço de Deus que resgata na calamidade

O presente artigo é o testemunho de uma experiência física da Espiritualidade no Sagrado Coração de Jesus

Como os irmãos de Emaús, ao caminharmos ao lado do Sagrado Coração de Jesus, sentimos o nosso coração arder, mas não o reconhecemos: “não estava ardendo o nosso coração, quando ele nos falava pelo caminho e nos explicava as escrituras” (Lc 24,32 – Liturgia do 3º Dom. da Páscoa), porque muito falta em nós a revelação do sentido da espiritualidade que provém do Sagrado Coração de Jesus, por isso iniciamos este artigo, em primeiro lugar, tentando reconhecermos a nós mesmos diante do Sagrado Coração de Jesus.

Essa revelação provém da graça de Deus, e não do esforço próprio do homem, pois, o homem por si só não pode alcançar a Deus, porque o servo sendo menor do que o seu Senhor, precisa da misericórdia do Senhor para que possa tornar-se Seu amigo, por isso, não O reconhecemos muitas vezes, pois, não O vemos como amigo, e nem buscamos a sua misericórdia para que forme em nós sua amizade, e, por isso, só sentimos o nosso coração arder, mas, não o reconhecemos, pois estamos em meio às trevas que nos ofuscam.

Ao arder em nós, o Sagrado Coração de Jesus se constitui de sinal da misericórdia de Deus que nos ama mesmo nós sendo pecadores, mesmo sem o reconhecermos, mesmo com nossos olhos estando encobertos, Ele conserva em nós a esperança de nos libertarmos das profundezas da escuridão, por isso, nós clamamos por sua misericórdia:

1Das profundezas eu clamo a vós, Senhor, *
2†escutai a minha voz!
– Vossos ouvidos estejam bem atentos *
ao clamor da minha prece!
3 Se levardes em conta nossas faltas, *
quem haverá de subsistir?
4 Mas em vós se encontra o perdão, *
eu vos temo e em vós espero
(Sl 129, 1- – Liturgia da 1ª Sem. da Quaresma).

E a escuridão reina quando elegemos como fonte e referência do saber, os nossos próprios pensamentos, sob o propósito de um coração independente, de autodomínio, por isso, nos tornamos incapazes do reconhecimento do Cristo, porque rompemos com Deus, e, ainda que nos esforcemos com a nossa inteligência em nos aproximar, há um abismo entre nós e Deus.

Assim, a luz só brilha pela misericórdia de Deus quando nos prostramos aos seus pés, e com isso nos tornamos capazes de sermos amigos de Deus, restabelecendo com ele a Aliança Eterna, pelo renascimento do alto como ensinado ao mestre Nicodemos:

Rabi, sabemos que vieste como mestre da parte de Deus. De fato, ninguém pode realizar os sinais que tu fazes, a não ser que Deus esteja com ele.
3Jesus respondeu: ‘em verdade, em verdade, te digo, se alguém não nasce do alto, não pode ver o Reino de Deus’. 4Nicodemos disse: ‘Como é que alguém pode nascer, se já é velho? Poderá entrar outra vez no ventre de sua mãe?’ Jesus Respondeu ‘Em verdade, em verdade, te digo, se alguém não nasce da água e do Espírito, não pode entrar no Reino de Deus. 6Quem nasce da carne é carne; quem nasce do Espírito é espírito’ (Jo 3,1-6 – Liturgia 2º Dom. da Páscoa).

Portanto, quando percebemos que nossos pensamentos nos enganam, vemos que essa graça não provem de nós, miseráveis pecadores que somos, mas somente como dom de Deus, como nos foi revelada no louvor de São João:

Caríssimos,

29 já que sabeis que ele é justo,
sabei também que todo aquele que pratica a justiça
nasceu dele.

3,1 Vede que grande presente de amor o Pai nos deu:
de sermos chamados filhos de Deus!
E nós o somos!
Se o mundo não nos conhece,
é porque não conheceu o Pai (1Jo, 2, 29.3,1 – Liturgia de Natal antes da Epifania).

Assim, o Sagrado Coração de Jesus faz nosso coração arder, e como amigos que o reconhecem, respondamos com o nosso louvor porque diante de Deus fomos agraciados pelo grande presente oriundo de sua misericórdia, o grande presente de amor que o Pai nos deu.

Dessa forma, ele nos permite reconhecê-lo no meio de nós, o Emanuel, o Deus conosco revelando-nos que entre nós fez sua morada:

“Se alguém me ama, guardará a minha palavra,
e o meu Pai o amará, e nós viremos
e faremos nele a nossa morada”
(Jo 14, 23 – Liturgia da 5ª Sem. da Páscoa).

Tendo reconhecido nossas misérias, se faz possível também, completar os sentidos do Sagrado Coração de Jesus, porque ao restabelecemos com Deus nossa amizade, o Senhor se revela para nós como fonte da salvação: “Haurireis águas com gáudio das fontes do Salvador” (Is 12, 3) (Papa Pio XII – Haurietis Acqua).

O Senhor ao se revestir da figura humana, de modo compreensível à inteligência humana, como o Emanuel, que significa Deus conosco, revelou a glória de Deus para o mundo:

Levanta-te, acende as luzes, Jerusalém,

porque chegou a tua luz,

apareceu sobre ti a glória do Senhor.

2 Eis que está a terra envolvida em trevas,
e nuvens escuras cobrem os povos;
mas sobre ti apareceu o Senhor,
e sua glória já se manifesta sobre ti” (Is 60, 1-2 – Liturgia da Epifania do Senhor).

A inteligência do homem se abriu, e ao reconhecer o Emanuel, o Deus conosco, pode contemplar como testemunhando a um raio que transpassa o tempo, que abriu uma fissura nos mistérios que separavam o céu e a terra, o Senhor se fez luz para todas as nações, isso quer dizer que no mesmo fenômeno luminoso, se revelou sem as dimensões do tempo, isto é, ao mesmo tempo, para aqueles que eram, que são e que serão, como era no princípio, agora e sempre, Amém!

O Emanuel como a Árvore da Vida, no meio do Jardim de Deus, tornou-se um sinal permanente no mundo ao mesmo tempo em todos os tempos, a brilhar como o calor do fogo que o homem busca na escuridão da noite gelada, ao estender sua mão para capitar um pouquinho da luz e calor, cuja misericórdia transpassou o tempo e se revelou ao mesmo tempo para os que já vieram, para os que são contemporâneos de Maria, e para os que virão, como um farol que pode ser visto além das dimensões temporais, por todo aquele que professa a sua fé, podendo assim também, testemunhar que em “Eu Sou”, não há passado, presente e futuro, por isso Ele diz: “Eu sou”: “Quando tiverdes elevado o Filho do homem, então sabereis que eu sou e que nada faço por mim mesmo, mas apenas falo aquilo que o Pai me ensinou” (Jo 8,28 – Liturgia da 5ª Semana da Quaresma).

A “haurietis acqua” é um pulsar no coração do mundo, para que todos os que têm sede beba, uma herança do céu que já podemos desfrutar, o Emanuel, é como um farol a brilhar para todo os navegantes de todos os tempos simultaneamente, porque É o que É, como era no princípio agora e sempre, amém, e diz: “Eu Sou”, para que todos a Ele recorram como fonte de salvação do agora, presente tanto aos nossos antepassados, à nós, e, aos nossos filhos que virão: “Deus não é Deus dos mortos, mas dos vivos, pois todos vivem para ele” (Lc 20,38), pois, está no meio de nós, Deus está conosco, plasmando como a estrela de nêutron, o Espírito em Vida, pois a Palavra é Espírito e Vida, no centro do coração como na imagem abaixo.

Neutrons star1

Um farol visível do peito de Deus pelo homem que o reencontra e com Ele volta a amizade na Aliança, o Sagrado Coração de Jesus, o Salvador como fonte a nos amparar:

Luz Fonte central da Vida

Quando nos vemos sem qualquer saída, Ele se monstra à Luz do Coração, e basta buscarmos a fonte de salvação (haurietis acqua) e estendermos a nossa mão ao calor de sua luz e logo estamos protegidos pelo Pai que ampara o filho:

=2Quando eu chamo, respondei-me, ó meu Deus, minha justiça! †
Vós que soubestes aliviar-me nos momentos de aflição,*
atendei-me por piedade e escutai minha oração!

3Filhos dos homens, até quando fechareis o coração? *
Por que amais a ilusão e procurais a falsidade?

4Compreendei que nosso Deus faz maravilhas por seu servo, *
e que o Senhor me ouvirá quando lhe faço a minha prece
(Salmo 4, 2-4)!

Portanto, o Sagrado Coração de Jesus é a presença viva do Emanuel, o Deus conosco, Ele está no meio de nós, quando o reconhecemos como glória de Deus brilhante a partir de uma manjedora, vivo desde sempre como Estrela da Manhã, a nos dar o calor, a luz, e, saciar a nossa sede, bastando que estendamos nossas mãos, e, nos apeguemos à divina vontade que sabe e conhece nossas necessidades e fraquezas: “já que o nosso amor de tal maneira se apega à divina vontade, que vem a fazer-se uma coisa só com ela, consoante aquelas palavras: “Quem está unido ao Senhor é com ele um mesmo espírito” (1 Cor 6, 17) (PAPA PIO XII – Haurietis Acqua).

Vejam que grande presente de amor o Pai nos deu, de sermos chamados de filho de Deus, por isso, já podemos ver que Ele está vivo ao nosso lado, e podemos tocá-lo, basta para isso, que em nós o nosso amor só deseje fazer uma só coisa: estar unido ao Senhor para que Ele e o Pai faça-se em nós suas moradas, abrindo nosso coração para acolher ao Espírito (Ecce ancilla – faça-se em mim, conforme tua Palavra).

Pois assim, conseguimos reconhecer a luz do Sacrifício Perpétuo que eternizou a Aliança de Abrahão, pela abertura de uma fenda nas trevas dos abismos, comungando seu seguidores com o Ecce Venio – ei que com prazer faço a vossa vontade, no sacerdócio régio que complementa a obra do Criador, como era no princípio, agora e sempre, amém, e nos tornamos com unido aos pais e ao nossos filhos, a geração de todos os tempos que testemunhou “Em verdade vos digo, esta geração não passará até que tudo isso aconteça. O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não passarão (Mc 13, 30-31 – Liturgia do 33º Dom Tempo Comum), bebei da água que sacia tua sede “Haurireis águas com gáudio das fontes do Salvador” (Is 12, 3) (Papa Pio XII – Haurietis Acqua).

O Senhor está no meio de nós, seu Sagrado Coração é a fonte de água viva, a mesma que Moisés fez jorrar batendo seu cajado na pedra.

1NASA – Neutrons Star: Disponível em https://imagine.gsfc.nasa.gov/science/objects/neutron_stars1.html. Acesso em 09 mai. 2023.

O Jejum que nos faz entrar em forma

O presente artigo apresenta uma breve reflexão sobre a mudança de nossos comportamentos.

A quaresma é um período de quarenta dias para exercitarmos o batismo de fogo constituído da Palavra, pois, somos chamados a abraçar à Santa Cruz, isto é, nos mostrar disponível ao jejum, ou, trabalho que muitas vezes é doloroso, uma vez que no tempo do Advento, já fomos alimentados pela regeneração pela água do Batismo de João, mediante a experiência pessoal na Fé.

O abraço à Santa Cruz começa com o mergulho com garganta embargada, as fauces secas, a boca amarga, o corpo esfolado, a dignidade humilhada pela maldade do homem, e, olhando para o alto queremos gritar: “meu Deus, meu Deus porque me abandonastes” (Sl 21), pois, em um mundo tão belo, o paraíso, o jardim do Senhor, a Verdade se tornou prisioneira da injustiça.

Credits: FunLucky

Assim, nesse período, somos chamados ao Jejum, que quer dizer renúncia da prática daqueles atos que nos mobiliza a produzir ações sanguinárias e nos transformam em preguiçosos, presunçosos, orgulhosos, indiferentes, impiedosos, ávidos, egoístas, soberbos. Jejum é decidir seguir o caminho da austeridade da alma, tornando-se pobre, isto é, a alma é despida de toda a pretensão de “ser” e se reconhece como absolutamente dependente da Vida, se tornando como uma criança recém nascida, cujo Pai lhe garante toda a integridade.

A austeridade da alma significa renunciar o açúcar e preferir o puro, ainda que amargo, significa renunciar o vício químico para apreciar o sabor da água, renunciar o vício do fumo para sentir a força do ar nas entranhas, explodindo em vida; renunciar a indiferença para acolher; renunciar a avidez para partilhar; renunciar a impaciência para tolerar; renunciar o conforto do sossego no isolamento, para carregar a carga juntos; renunciar a honra, para na humilhação, educar; e, assim, todos os vícios sanguinários que tornam nossos comportamentos perversos, e nos faz calcar com os cravos da injustiça o solo santo que grita “meu Deus, meu Deus, porque me abandonastes”.

Jejuar é abster-se, deixar de praticar aqueles atos que tão corriqueiramente consideramos como banais, mas sem que percebemos, pensando estarmos na ética perfeita, contribuímos como gotas do esgoto que avassala e sufoca a vida.

Abster-se significa determinar-se ao abraço da Vida que só alcança sua dignidade com o trabalho, constituído de suor, sangue e lágrimas, renunciando as práticas dos atos que nos cativa a tornarmos sedentários de sentidos e morrermos na ilusão que estamos construindo a vida, em um mundo de sobrevidas.

Amar a Santa Cruz, e amar a Vida, que é completa, pois não contém só o açúcar, mas o sal, o amaro, a água purificada para beber com a água quente para cozer, o sol que queima para germinar, junto com a sombra que refrigera, não é só amar o que se quer, mas e dar graças por tudo o que se tem, porque se já somos como crianças, o tudo que se tem não pertence a nós e a ninguém.

Blasfêmia Papal ?

Eu escuto com perplexidade as notícias em 26 de janeiro de 2023, de que o Papa teria dito que a homossexualidade é pecado mas não é crime, porque um sacerdote do mais simples ao mais elevado nível de pastoreio jamais poderia afirmar tamanha contradição à Verdade de Cristo.

Credit: Geralt

Devemos lembrar que a missão da Igreja é aquela de se sair da humanidade para se tornar divina “sede perfeito como vosso Pai é perfeito”, de forma que o alicerce que a sustenta, é a Verdade Testamental das Escrituras, e, não as convenções humanas, pois os pensamentos de Deus, não são os pensamentos dos homens.

Diante disso, afirmar que a homossexualidade é pecado mas não é crime, é responder humanamente a Cristo a pergunta que ele fez aos fariseus de que sim, é mais fácil dizer “levanta-te e anda” do que “o teu pecado foi perdoado”.

Isto representaria o falso Pastoreio, significando que devemos temer o que mata pelo crime, mas não o que mata pelo pecado, ao passo que a Verdade nos diz o contrário, temais o pecado que mata a alma, e não o que mata o corpo, pois o poder não está no Chefe que criminaliza, mas nas mãos do Justo Juiz.

O que vos digo na escuridão, dizei-o à luz do dia; e o que se vos diz ao ouvido, proclamai-o do alto dos telhados. E, não temais os que matam o corpo, mas não têm poder para matar a alma. Temei antes, aquele que pode destruir no inferno tanto a alma como o corpo. Não se vendem dois pardais por uma moedinha de cobre? Mesmo assim, nenhum deles cairá sobre a terra sem a permissão de vosso Pai (Mateus, 10, 27-28).

Conclusão:

Um sacerdote que está em Cristo jamais pronunciaria tamanha blasfêmia, por isso, preferimos entender que a palavras do Pastor é, cuidado com o pecado que é pior do que o crime, pois, o crime mata o corpo, mas o pecado mata a alma, ou como diz São João produz a segunda morte, e, ai daquele que sofrer a segunda morte (acredite se quiser).

Advento:completando os sentidos

Este artigo apresenta o sentido do Advento na prática, que é diferente do que conhecemos como o da “espectativa da vinda do Senhor”.

O 13º Tema do Sínodo vem contemplar os sentidos do Advento, como Liturgia, que é Palavra Viva, que o Senhor nos diz: são Espírito e Vida, assim, para os dias de hoje o Espírito é Vida na prática da Palavra do início de um novo Ano Litúrgico, Ano A, com o Tempo do Advento:

O Tempo Litúrgico do Advento, que neste artigo ousamos chamar de Festa do Advento, alcança seu ápice com as festas do Natal de Jesus, Epifania e Batismo do Senhor, encerrando-se com a celebração do Batismo do Senhor.

Crd:Dieterich01

O primeiro elemento a definir o Sacramento do Batismo, é a regeneração pela água, como Porta que completará o Sacramento do Batismo pelo Tempo Pascal, juntamente com o segundo elemento, que é a Palavra, revestindo o homem como filho de Deus porque o Batismo é o sacramento da fé (CAC, 1253)1: Aquele que crer e for batizado será salvo; o que não crer será condenado (Mc 16,16).

Assim, o Sacramento do Batismo que é único, recebe então as colunas das duas testemunhas de Deus, pelo Novo Testamento: o Batismo da primeira testemunha que é João, com a regeneração pela água (Tempo do Advento), e o Batismo do Senhor com o testemunho da Palavra (Tempo Pascal), ambos sob a mesma cor roxa.

Assim, as duas testemunhas de Deus, João Batista e o próprio Cristo, criam as duas colunas do Arco que consagra o homem que renasceu em Cristo, e se tornou amigo de Deus:

O santo Batismo é o fundamento de toda a vida cristã, o pórtico da vida no Espírito (“vitae spiritualis ianua – porta da vida espiritual”) e a porta que dá acesso aos outros sacramentos. Pelo Batismo somos libertos do pecado e regenerados como filhos de Deus: tornamo-nos membros de Cristo e somos incorporados na Igreja e tornados participantes na sua missão. “Baptismos est sacramentam regeneratiorais per aquam in Verbo – O Batismo pode definir-se como o sacramento da regeneração pela águano Tempo do Advento, e pela Palavra”no Tempo Pascal, [grifo nosso] (ibid, 1213).

A cor roxa do Tempo do Advento é a cor da regeneração pela água do Batismo de João, como a voz que clama no deserto, preparando o caminho do Senhor, nele todos são chamados a se voltarem para Deus, regenerar-se, dar uma guinada na vida, converter a direção, retornar à casa paterna, nascer de novo, sendo esse momento, o momento de purificação dos pecados, um encontro com Cristo, deixando o homem velho, para ser nova criatura.

É o tempo em que a ovelha é chamada pela voz do Pastor que diz: “buscai ao Senhor enquanto Ele se deixa encontrar, invocai ao Senhor enquanto Ele está próximo” (Is 51,6), para se experimentar o encontro pessoal com Cristo, voltar-se para o Pai, constituindo-se portanto, a porta de entrada cuja chave é pela abertura do coração do homem a acolher em si o Espírito e torná-lo régio em sua vida, sendo a força que fará partir daí as ações decorrente da vontade de Deus, segundo a Palavra, para este momento o Pastor, a segunda testemunha, reverenciando a primeira, faz o chamado: “Daí em diante Jesus começou a pregar dizendo: “Convertei-vos, porque o Reino dos Céus está próximo (Mt, 4,12).

A iniciação batismal pela regeneração da água, atua como o próprio Querigma que pincelamos aqui alguns fragmentos:

Deus o ama, pessoalmente, como Pai amoroso.

Ele o Ama, você é importante para Ele, te aceita incondicionalmente.

(…)

Ele nos criou e para Ele caminhamos. Dele viemos e para Ele Vamos.

Ele é o Princípio e o Fim, o Alfa e o Ômega.

(…)

E desde o princípio nos convidou a ter uma relação e comunhão pessoal de amor com Ele, como filhos e amigos; “e todo o que ama aquele que o gerou, ama também aquele que dele foi gerado (1Jo 5,1).

És precioso aos meus olhos, estimados, valioso e valorizado”, você é muito valioso para Mim, você Me é muito importante. A sua pessoa, a sua história e a sua condição atual. Com rosto, nome próprio, história vocação, estado de vida e condição concreta de sua vida..

(…)

És meu”… e todo mundo cuida daquilo que sente que é seu… “Ele nos fez, somos Dele”. Deus mesmo diz que você é Dele, pertence a Ele.

Depois de tê-lo recusado e a seu amor, e havemos nos separados Dele pelo pecado, Ele continua a amar-nos e nõs abandona.

Oferece-nos a reconciliação, a salvação e Vida nova (NAVARRO, 1999, p. 9)2.

Diante deste convite de conversão, se olharmos para o fundo do coração e não sentirmos a intensidade da Promessa Divina em nossa alma, poderíamos perguntar: o que nos impede ter sentir Deus, de ter uma relação íntima com Ele?

Muitas vezes enganamos a nós mesmos, somos em nós mesmos, falsos pastores, porque dizemos acreditar a Deus, assim como o próprio diabo acredita (Mt 24,5), ou, ainda, que Deus é tudo em nossas vidas, mas, a exemplo dos fariseus só repetimos palavras, mas, a realidade nossa alma não é integra, porque temos um propósito no íntimo e uma ação diferente externamente, não há uma comunhão entre o que falamos e o que fazemos, e o Senhor nos diz: Nem todo aquele que diz a mim: ‘Senhor, Senhor!’ entrará no Reino dos céus, mas somente o que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus (Mt 7,21).

E João Batista igualmente, vendo aqueles cuja fé é apenas aparente, diante daqueles que iam lá para se purificarem, mas ainda não tinham o encontro pessoal com o Senhor, isto é, queriam ter os pecados perdoados, mas, não se abriam para a amizade com Deus, que eram “raça de víboras”.

1Naqueles dias, apareceu João Batista, pregando no deserto da Judeia: 2“Convertei-vos, porque o Reino dos Céus está próximo”. 3João foi anunciado pelo profeta Isaías, que disse: “Esta é a voz daquele que grita no deserto: preparai o caminho do Senhor, endireitai suas veredas!” 4João usava uma roupa feita de pêlos de camelo e um cinturão de couro em torno dos rins; comia gafanhotos e mel do campo. 5Os moradores de Jerusalém, de toda a Judeia e de todos os lugares em volta do rio Jordão vinham ao encontro de João. 6Confessavam seus pecados e João os batizava no rio Jordão. 7Quando viu muitos fariseus e saduceus vindo para o batismo, João disse-lhes: “Raça de cobras venenosas, quem vos ensinou a fugir da ira que vai chegar? 8Produzi frutos que provem a vossa conversão. 9Não penseis que basta dizer: ‘Abraão é nosso pai’, porque eu vos digo: até mesmo destas pedras Deus pode fazer nascer filhos de Abraão (Mt 3,1-8).

Portanto, o Tempo do Advento é o tempo favorável da Graça de Deus para o encontro pessoal com o Senhor, o chamado do Pastor para as suas ovelhas: “Convertei-vos, porque o Reino dos Céus está próximo”, dando a cada um que acolhe o Espírito Santo, a Verdade do Senhor, e assim, responder com o amor profundo e verdadeiro renunciando a verdade aparente, para se eleger a Verdade que se dá testemunho, de quem muito amou, compondo o testemunho da Palavra, o segundo elemento do Batismo celebrado Tempo Pascal “o que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus (Mt 7,21)”.

Como sinal de alerta, a exemplo de João, o Senhor nos lembra daqueles que João Batista chamava de raça de víboras, como o jovem rico que se via imaculado, mas diante do convite de acolhimento do Espírito Santo no lugar dos bens saiu contrariado e Jesus disse como é difícil aquele que apegado a si mesmo entrar no Reino dos Céus (Mc 10,23).

Por isso, os renascidos pelo Batismo, os que muito amaram, serão poucos, porque delegar a vida ao Espírito é uma decisão muito forte em nossa vida e poucos estão dispostos a isso, uma passagem pela porta estreita, é como um camelo passar pelo buraco de uma agulha, portando devemos estar atentos para saber se estamos sendo honestos conosco mesmo e, de repente se não estamos recusando o convite para as bodas.

Quanto alcançamos a Graça e temos este encontro sincero com Cristo, a reação imediata é a de desânimo e lamentação, pois nos sentimos como se já estivéssemos condenados e não há mais nada o que fazer, como Pedro quando pediu para que Jesus se afastasse dele porque era pecador (Lc 5,8), ou ,quando os discípulos disseram estas palavras são muito duras, quem então, entrará no Reino dos Céus? Naquele tempo, 60muitos dos discípulos de Jesus, que o escutaram, disseram: “Esta palavra é dura. Quem consegue escutá-la?” 61Sabendo que seus discípulos estavam murmurando por causa disso mesmo, Jesus perguntou: “Isto vos escandaliza?” (Jo 6,60-61).

Mas a Graça de Deus é maior e vem nos dizer:

1Alegre-se a terra que era deserta e intransitável, exulte a solidão e floresça como um lírio.2Germine e exulte de alegria e louvores. Foi-lhe dada a glória do Líbano, o esplendor do Carmelo e de Saron; seus habitantes verão a glória do Senhor, a majestade do nosso Deus.3Fortalecei as mãos enfraquecidas e firmai os joelhos debilitados.4Dizei às pessoas deprimidas: “Criai ânimo, não tenhais medo! Vede, é vosso Deus, é a vingança que vem, é a recompensa de Deus; é ele que vem para vos salvar”.5Então se abrirão os olhos dos cegos e se descerrarão os ouvidos dos surdos – Liturgia Missal – 2º Semana do Advento – Ano A, 05/12/2022, 1ª Leitura – Is 34, 1-5).

Conclusão

O Tempo do Advento é o Tempo da Graça do Senhor, o chamado do Pastor às suas ovelhas para que voltem ao aprisco, regenerando-se pela água da Voz que clama no Deserto, é uma liturgia profundamente penitencial de constrição e arrependimento sob o título “convertei-vos, o Reino dos Céus está próximo”.

É a preparação para o testemunho da Palavra que completa o Sacramento do Batismo no Tempo Pascal, em que nos colocamos diante da liturgia quaresmal do amor a Cruz, a defender a Palavra sobre a angústia do Monte das Oliveiras, a prostrarmos diante de César, a sermos coroados com os espinhos da humilhação pública, a carregar os nossos fatos subindo o Monte Sião, até consumarmos nossas obras no imenso amor à Cruz, sob o testemunho da Palavra até o fim, pela morte do Cristo na cruz, imitando a submissão do Cordeiro.

1 CAC – Catecismo da Igreja Católica nº 1253

2NAVARRO, Pe. Alfonso Castelhano, MspS. Evangelização – Primeiro Anúncio – Querigma. São José dos Campos – SP: Edições ComDeus, 1999.

A Dignidade da Mulher

Este artigo apresenta a prática da Sabedora para a conservação da Dignidade da Mulher negra e estrangeira.

No 11º, Tema da preparação para o Sínodo 2023, apresentamos a praxis nas recomendações para a Festa de Casamento (Mt 22,1-3 – Liturgia Missal 18/08/2022), do Príncipe da Realeza do Sul, que traz em seu manto a consumação da Palavra de Deus “olhastes para a humilhação de tua serva”, pois Ele viu a humilhação da mulher, desde o tempo de Zípora, mulher de Moisés, humilhada por Aarão e Míria, por ser negra e estrangeira, “e o Senhor ouviu isso” (Nm 12, 1-2), para que agora sabeis “que Eu, o Senhor, digo e faço – oráculo do Senhor” (Ez 37,14 – Liturgia Missal de 19/08/2022).

Créditos: Mohamed Hassan

Cred: Mohamed Hassan

Como servo, pus me ao serviço, que é liturgia viva da Palavra que é Espírito e Vida, proclamando:

Abri meus lábios Senhor e minha boca anunciará o vosso louvor em meio à grande Assembleia, cantando eternamente a vossa misericórdia, porque eterna é a misericórdia do Senhor e, a sua misericórdia eu cantarei eternamente.

A Palavra diz que “O Senhor disse” (Ez 37,14), e eu, servo, prostrado aos teus pés, peço-Lhe, faça-se em mim segundo a Tua Palavra, para que então, as nações saibam “que Eu, o Senhor, digo e faço – Oraculo do Senhor” (Ez 37,14).

O serviço designado a este servo, foi levar o convite à Academia Marial da cidade de Aparecida-SP, a fim de que tomem conhecimento de que os cultos com a oração do Salmo do Apostolado à Rainha do Sul, foram desvirtuados e estão contaminados por vícios humanos de egoísmo, individualismo e adoração aos bens do mundo, a exemplo do que já advertiu São Tiago na Palavra que é Espírito e Vida quado diz:

De onde vêm as guerras? De onde vêm as lutas entre vós? Não vem daqui: dos prazeres que guerreiam nos vossos membros: Cobiçais e não tendes? Então matais. Buscais com avidez, mas nada conseguis obter? Pedis, mas não recebeis, porque pedis mal, com o fim de gastardes nos vossos prazeres.

Adúlteros não sabeis que a amizade com o mundo é inimizade com Deus? (Tg 4,1-4).

Feito estas considerações apresentamos abaixo a recomendação encaminhada à Academia Marial de Aparecida – SP.

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Aparecida-SP, 18 de agosto de 2022.

Ação de Graças

Assim como fez com o Profeta Samuel, o Senhor chamou-me pelo nome “Laurentino”. E eu respondi: fala Senhor, o teu servo te escuta. O Senhor então disse-me: quero estabelecer contigo minha amizade. Eu respondi: eis o teu servo Senhor, faça-se em mim segundo à tua Palavra. O Senhor disse-me: Eu te ungirei com meu Espírito, e, se te conservares nesta amizade, em 40 anos, te darei a conhecer o dom que recebestes.

Eu me conservei nesta amizade, e, no tempo do Senhor, foi me revelado o dom de línguas, não o de falar, mas, o de interpretar, para isso me formou ao longo de 40 anos no ofício de hermeneuta, completado pelo ofício de Mestre Educador de Linguagens.

Ao ter conhecimento desta revelação o Senhor disse-me, te ungi com meu Espírito, atribuindo-te o dom da interpretação de línguas, para que sirva-me como atalaia nos desvirtuamentos da Palavra de Deus para pensamentos humanos, porque os pensamentos dos homens não é o pensamento de Deus.

O Apóstolo da Rainha do Sul (Salmo)

Este salmo foi inspirado ao servo da Rainha do Sul, Pe. Vitor Coelho, como chave para que aqueles que se tornam amigos de Deus, alcancem a dignidade de servir a Deus através do projeto da Vida confiado à Virgem, bendita entre todas as mulheres, como tabernáculo do Santíssimo, chamada de à Mãe de Deus, e assim, receberem a misericórdia de conservar-se como fiéis servos e amigos de Deus, de agora e por torda a eternidade.

No entanto, este Salmo foi transmudado, recebendo pensamentos humanos, por isso, a Rainha do Sul manifesta sua preferência pela a sua correção para a adequada Palavra de Deus como a proposta seguinte:

Ó Maria Santíssima, que vossa querida presença milagrosa em Aparecida, espalhais inúmeros benefícios sobre todo o Mundo.

Eu, embora indigno de pertencer ao número de vossos servos, mas cheio do desejo de participar dos benefícios de vossa misericórdia, prostrado a vossos pés, consagro-vos o meu entendimento, para que sempre me lembre do amor que mereceis; consagro-vos a minha língua para que sempre vos louve e propague a vossa devoção; consagro-vos o meu coração, para que, em Deus, vos ame sobre todas as coisas.

Recebei-me, ó Rainha incomparável no ditoso número de vossos servos, acolhei-nos debaixo de vossa proteção; socorrei-me em nossas necessidades espirituais e temporais, e, sobretudo, na hora de nossa morte.

Abençoai-nos, ó Mãe Celestial, e com vossa poderosa intercessão fortalecei-nos em nossa fraqueza, a fim de que, servindo-vos, fielmente nesta vida, possamos louvar-vos, amar-vos e render-vos graças no céu, por toda a eternidade. Assim seja!

Justificativa para a correção: se faz necessária porque os vícios humanos insculpidos na oração transmudada, fomentam o egoísmo, o individualismo e rebaixam o Santístimo como escravo das vontades humanas transfigurado-o como deus superprotetor dos interesses do mundo.

Tibouchina (a quaresmeira que floresceu na Páscoa).

Tibouchina é o nome científico do Manacá da Serra, ou quaresmeira.

A incrível visão explícita da Fonte do Amor

Este trabalho vem apresentar evidências da confirmação de nossas pesquisas sobre a comunicação do Fast Radio Burst com a humanidade.

Tenho pesquisados os fast radio burst desde 2015, e fiz duas publicações em que associei os minúsculos relâmpagos ao clico, isto é, o pulso elétrico emitido pelo coração humano, comparando-o na linguagem humana com o Coração de Deus, isto é, a Misericórdia Divina dando sinais para que o homem escute os sinais.

Credit: Happyend

Na publicação de 08 de outubro de 2020 foi escrito o seguinte:

Perante os humildes se fez humilde, pois, no gigantesco brilho equivalente a 500 milhões de sóis, se fez pequeno como um pequeno relâmpago de 5 milésimos de segundo, igual a um sinal elétrico do coração que a medicina chama de clico, curando o homem da insensibilidade causada pelo artificialismo, para chamá-lo novamente à Arte, cuja a vida é rica em emoções (LUCIO FILHO, 2020, p.1)1.

Depois, na publicação de 02 de dezembro de 2020:

Conclusão

O Ministério de Felipe teve um brilho tão grande na participação de Deus na História da Humanidade, quase como o próprio Fast Radio Bust, pequeno com 5 milésimos de segundo, mas, com o brilho de 500 milhões de sóis, como o Coração de Jesus, manso e humilde com um clico (pulso elétrico de 5 milésimos de segundo), e com um amor maior que 500 milhões de sóis (LUCIO FILHO, 2020, p.1)2..

E Deus vem nos confirmar que o seu coração bate em favor do homem, mas o homem não dá atenção:

Misterioso sinal de rádio no espaço tem o padrão de um batimento cardíaco

Uma misteriosa explosão de rádio com um padrão semelhante a um batimento cardíaco foi detetada no espaço.

Os astrónomos estimam que o sinal tenha vindo de uma galáxia a cerca de um bilhão de anos-luz de distância, mas a localização exata e a causa da rajada mantêm-se desconhecidas. Um estudo que detalha os resultados foi publicado na quarta-feira na revista Nature.

As rajadas rápidas de rádio, ou FRBs (Fast Radio Bursts), são rajadas intensas de ondas de rádio com apenas milissegundos de duração, com origens desconhecidas. A primeira FRB foi descoberta em 2007, e desde então, centenas destes flashes rápidos e cósmicos têm vindo a ser detetados vindos de vários pontos distantes de todo o universo (STRICKLAND, 2022, p.1)3.

Conclusão:

A liturgia missal de hoje, 18 de julho de 2022, vem, junto com esta revelação nos confirmar que o Coração de Jesus nos está dando o Sinal de Jonas, ou seja, se o homem não voltar para a Fonte que sela a Aliança Eterna, ele será destruído, já advertindo que os próprios habitantes de Nívive agirão contra essa geração:

“No dia do juízo, os habitantes de Nínive se levantarão contra essa geração e a condenarão, porque se converteram diante da pregação de Jonas. E aqui está quem é maior do que Jonas” (Mateus, 12,41).

Se você reconhece os sinais, não permaneça só, proclame a Graça, converse com quem está nesta caminhada para encontrar o rumo desta estrada, cuja passagem é muito estreita.

Mas cuidados, como também diz a liturgia missal de hoje nas Profecias de Miquéias, há muitos ai se fazendo de abençoados, mas vazios como o túmulo caiado, que só contém ossos secos.

1LUCIO FILHO, Laurentino. Atitude para superar as adversidade do tempo presente. Disponível em https://formaresaber.com.br/atitude-para-superar-as-adversidades-do-tempo-presente/. Acesso em 18 jul. 2022.

2LUCIO FILHO, Laurentino. O ministério de Felipe: mostra-nos o Pai e isso nos basta. Disponível em https://formaresaber.com.br/o-ministerio-de-felipe-mostrai-nos-o-pai-e-isso-nos-basta/. Acesso em 18 jul. 2022.

3STRICKLAND, Ashley.Misterioso sinal de rádio no espaço tem o padrão de um batimento cardíaco. @cnnportugal – 16/07/2022. Disponível em https://cnnportugal.iol.pt/sinal-de-radio/chime/misterioso-sinal-de-radio-no-espaco-tem-o-padrao-de-um-batimento-cardiaco/20220716/62d025780cf2ea4f0a53e9f2. Acesso em 18 jul. 2022.

Família, celeiro do afeto

O presente artigo vem nos conscientizar que quase sempre carregamos um complexo de inferioridade que nos impede de sentir a alegria da vida.

O nosso reduto de cidadania

Nossos dias são difíceis, parece que nos dias de hoje, o Direito abandonou a Justiça, aposentou sua imparcialidade, e, mudou de roupa, e passou a vestir o propósito de correr somente a favor de quem tem voto popular, ao constatarmos que nós, cidadãos anônimos, estamos esquecidos, por isso, para nós, é reservado somente o direito de votar.

E, por termos somente o direito de votar, isto é, reconhecidos como insignificantes e imperceptíveis seres comuns, destituídos de poder de mandato, enfrentamos os rigores da lei, mais como resultado de um serviço jurisdicional oferecido por um martelo intolerante, movido pela cobiça do voto de opinião das suas estatísticas, do que um exercício de cidadania.

Assim, somos movidos a fazer uma atualização de um antigo ditado para dizer “quem é votado, pode…..quem vota não pode, e, se sacode”, …. ai que coceira a me sacudir, parece que estamos no inferno, pois, a mentira revestida da toga do mandato, se tornou instituição, e a verdade humilhação …. acho que estamos vivendo no avesso.

Sobre a penúria de nós, pobres cidadãos, que parecemos ser completamente impotentes, a Sabedoria vem nos revelar o pensamento dos mandatários a respeitos dos votantes dizendo assim:

Somos comparados por ele à moeda falsa e foge de nossos caminhos como de impurezas; proclama feliz a sorte final dos justos e gloria-se de ter a Deus por pai. Vejamos, pois, se é verdade o que ele diz, e comprovaremos o que vai acontecer com ele. Se, de fato, o justo é ‘filho de Deus’, Deus o defenderá e o livrará das mãos dos seus inimigos. Vamos pô-lo à prova com ofensas e torturas, para ver a sua serenidade e provar a sua paciência; vamos condená-lo à morte vergonhosa, porque, de acordo com suas palavras, virá alguém em seu socorro” (Livro da Sabedoria, Cap. 2,16-20 – Liturgia Missal de 01/04/2022).

E o ensinamento que este preceito nos trás, é que, ao contrário do que parece, o votante não é inútil, não é alguém oculto no meio de um mar de pessoas esquecidos por todos aqueles que se dizem ser seu representante, pois, ao se tornar o mais pequeno, o mais fraco, o mais insignificante, ao ponto de caber no seu coração apenas a fé viva na promessa do Deus da Verdade, ele recebe um poder de realeza.

Isso parece ser para aqueles que têm um fé morta, a exemplo do pensamento dos ímpios narrado acima pelo Livro da Sabedoria, uma retórica, ao passo que, para o menor de todos, o pobre, é concebido o poder de se sentir amado, e isto completa todo o seu sentido.

Porque no mundo em que se institucionalizou a mentira, e os atos públicos dos mandatários, despidos de interesse públicos, movem-se apenas por aparências hipócritas, no oportunismo de se formar opinião de angariação de votos, se tornando muito difícil acreditar que somos amados por alguém.

Nos sentimos totalmente abandonados, sozinhos, desolados, inseguros, aflitos, como uma presa acuada aguardando a qualquer momento um novo ataque, uma nova ofensa, um novo desprezo, ou, outra humilhação, e que a hipocrisia não nos faça negar isso.

Curando o complexo de inferioridade

E quando estamos nos sentindo assim, é porque nossa fé esfriou, e acabamos por nos deixar levar pelo mesmo pensamento acima dos ímpios, esperando a recompensa manipuladora do “Deus que faz”, ao invés da coerência do “Deus que É”.

E, passamos a cobrar um sinal visível sob a sensação de que fomos abandonados até por Deus, pois, dizemos que amamos Deus, e ainda acrescentamos, sobre todas as coisas, mas, não temos a graça de nos sentirmos amados, ora, se não nos sentimos amados como podemos amar? A final, não podemos dar aquilo que não temos.

Mas, para aprendermos a nos sentirmos amado, temos que primeiramente acreditar que o amor é eterno e não passageiro, assim, se um dia você sentiu o amor de alguém por você, seria um ato de ingratidão tua, achar que esse amor era tão bom e hoje não existe mais, pois ele lhe foi dado como uma brasa que jamais se apaga.

Lembro aqui as Palavras do Padre e Psicólogo Aurélio Pereira, scj, que muito vai nos ajudar a aprendermos nos deixar ser amado, isso mesmo, não é só dizer de boca, mas, você precisará usar toda a tua força para realmente se sentir amado e isso não é fácil.

Para compreendermos esse caminho de aprendermos a nos deixar ser amados, lembro aqui as palavras do Pe. Aurélio Pereira que na homilia do segundo domingo de maio de 2005, da missa do “Dia das Mães”, disse que a nossa maior fonte de afeto é a mãe, e se Jesus, como Deus Filho, pediu alguma coisa para Deus Pai, para se encarnar como homem e passar por todo o sofrimento aqui na Terra foi uma mãe, porque a mãe foi o jeito que Deus inventou de materializar o amor dele por nós.

Para amar precisamos do afeto, ou seja, o fogo que aquece a cada momento, e esse calor no coração de uma mãe, forja um calor de amor, que acompanhará toda a existência do filho, por isso, será eterno.

Ele não é um passado só de quando éramos criança, ou, do tempo enquanto nossa mãe estava viva, é eterno, vivo, para que como um sinal materializado do amor, possamos reconhecer o Deus que nos ama, pois, nossa mãe ao nos amar no amor de mãe, materializou o amor de Deus, gerando para nós, um sinal verdadeiro da certeza de que Ele te ama, valendo-se dos corações de nossas mães.

Mas depois de 2005 a 2022, isto é, 16 anos de eco destas palavras, tomo a liberdade de me atrever a incluir também, a presença paterna nessa formação de afeto, assim, completo, que o pai e a mãe foi a forma que Deus inventou para materializar o seu amor por nós, chamando de família sagrada.

foto: Chillla70

De família sagrada foi nos deixado como herança, a Sagrada Família, com Maria e José, que formaram todo o afeto que não se tornou passado no coração de Jesus, mas calor visível, do amor de Deus que o consolou dando-lhe ânimo e coragem no momento em que foi mas desprezado, humilhado, maltratado, injustiçado, ao ponto de ser crucificado, como se estivesse, e de fato estava, totalmente sozinho e abandonado.

É a herança de afeto que gera em cada um de nós o sinal visível do amor de Deus por cada um, nos permitindo assim, desenvolvermos o dom de nos sentir amados, sob a advertência de Deus, de que, ainda que o pai ou mãe, tropece, e, nos abandone, Ele não nos abandonará, porque o amor Dele é abundante e chegará até nós.

E quanto este amor se faz presente em nós, vivo, de ontem, de hoje, gerando a vida para o amanhã, estamos vivendo a graça do Espírito que diz “Abba Pai”, pois nos reconhecemos também como filho de Deus, vivendo a fé que cria a certeza que não estamos abandonados.

Pois, sabemos que pela natividade da Mãe do Senhor, recebemos o dom de tornarmos filhos de Deus, como vontade testamentária do Filho: “Mulher eis o teu filho” (Jo 19,26), atribuindo-lhe assim, a maternidade de Nossa Senhora da Conceição ao colocar em seu coração despedaçado, o consolo materno, pela missão de cuidar daqueles que a recebem como Mãe, “eis tua mãe” (Jo 19,27).

A MÃE DO REDENTOR tem um lugar bem preciso no plano da salvação, porque, ‘ao chegar a plenitude dos tempos, Deus enviou o seu Filho, nascido duma mulher, nascido sob a Lei, a fim de resgatar os que estavam sujeitos à Lei e para que nós recebêssemos a adoção de filhos. E porque vós sois filhos, Deus enviou aos nossos corações o Espírito do seu Filho, que clama: ‘Abbá! Pai’!’ (Gl 4, 4-6) (PAPA JOÃO PAULO II – Redemptoris Mater)

Conclusão

As palavras da sabedoria falam do pensamento do ímpio, que ao serem aplicadas com as Palavras do Evangelho de hoje, nos mostram que no Antigo Testamento era o conselho de um pai para o filho, e no Novo Testamento, é de Filho para filho nos dizendo que, como nós, não podemos ver Deus, e por isso, devemos ter fé naqueles que materializam o seu amor para nós:

Em alta voz, Jesus ensinava no Templo, dizendo: “Vós me conheceis e sabeis de onde sou; eu não vim por mim mesmo, mas o que me enviou é fidedigno. Aquele que vós não conheceis, mas eu o conheço, porque venho da parte dele, e ele foi quem me enviou (Lucas 7, 28-29).

Isso que dizer, Jesus nos dizendo que o ímpio não está em terceira pessoa (ele, o ímpio), mas, na primeira pessoa (eu), isto é, o ímpio sou eu, que me esqueci do amor familiar, afastando-se do Espírito filial que diz “Abba! Pai!” por isso, já não se vê mais nesta Terra, o amor materializado de Deus, pois perdeu a capacidade de se sentir amado.

Assim, angustiado não reconhecemos o tesouro que temos, e pensamos que se trata de um amor platônico, apenas de sofrimento e dor, e não conseguimos perceber o bem maior que está por vir, que lhe está tão próximo.

E, também, sem conseguir nos permitir deixarmos ser amados, sofrendo, nos descaminhamos por que, se nos sentimos decepcionados com o amor, por que sem sentir amor, não podemos amar, uma vez que ninguém pode dar o que não tem.

Ao contrário deixando-se ser amado, o menor de todos, não será esquecido, como o sol que a todos os dias, não esquece cada ponto desse planeta para lhe garantir a vida, e vida em abundância, ainda que seja da criatura mais insignificante, ele vai ao encontro, levando o seu calor de amor que gera a vida.

Bem aventurados os que choram, porque serão consolados!

Recuperando a confiança no amigo

Este artigo vem nos convidar a desenvolver a coerência como instrumento de estímulo à saúde mental.

Nosso Quinto Tema vem apresentar uma autocrítica sobre o nosso comportamento de quando nós agimos como falsos amigos, ou seja, quando nos aproximamos de alguém movidos por interesses pessoais, e acreditem, sem querer ofender o leitor, mas, todos nós temos esse comportamento.

Um convite a autocrítica

E, para podermos avaliarmos com coerência esse nosso comportamento, precisamos aprender a fazer uma autocrítica, como nos ensina o psicólogo Fernández Gonzales:

se não aprendermos a aceitar os comentários negativos, nunca tentaremos superar e eliminar nossas desvantagens. Também insiste na necessidade de uma boa comunicação com os outros, já que são os bons amigos que nos ajudam a ter uma visão mais objetiva dos nossos comportamentos e nos motivam a melhorá-lo: “É fundamental para o sucesso nas relações, e também para ter uma visão saudável sobre nós mesmos” (MATEOS, 2018, p.1)1

Se olharmos para o nosso dia a dia, vamos nos lembrar que nos aproximamos de muitas pessoas porque elas podem render algum valor para nós, seja de reconhecimento, seja de oportunidades, seja porque somos obrigados, como por exemplo, quando temos de conviver com aquele colega de trabalho intragável, ou com aquele chefe insuportável que as vezes nos faz ultrapassar todos os limites:

“A maioria das pessoas não pede demissão dos seus empregos; elas pedem demissão dos seus gerentes”, afirma a VP de recrutamento do JPMorgan Chase, Wendy Duarte Duckrey (FLORENTINE, 2019, p. 1)2.

Este nosso comportamento de mover-se em razão de uma dependência emocional, seja ela decorrente de necessidade econômica, de falsa segurança, ou afetiva, nos afasta da coerência conosco mesmo, e, muitas vezes, faz nos tornar predadores, pedindo desculpa aos lobosm que tem muita dignidade, mas, como lobos de nossos próximos:


E isso pode ocorrer por diversos fatores”, avalia Teresa Messeder Andion. Ela cita que todos nós podemos agir de forma interesseira em determinados momentos e sob determinadas condições, pois aspectos ambientais, como a cultura do ambiente em que estamos, podem funcionar como um estímulo à adoção dessa postura.
O oportunismo, portanto, pode ser apenas uma resposta a uma situação ou ao meio em que se está. Mas a característica pode também denotar uma história de vida conturbada e até mesmo traumas
(BESSAS, 2021, p. 1).

Um convite ao espírito da coerência

Se olhamos com coerência para nós mesmos, e sabemos que temos essas tendências que não são naturais, mas, efeitos corrompidos de comportamento, vamos perceber que isso, traz como efeito mais nocivo a morte da fé, pois, perdemos a capacidade de acreditar que as soluções não saem de nossas, ou seja, para nós só acreditamos naquilo que está em nossas mãos.

Assim, quando nos vemos despidos dela, não nos sentimos seguro diante da verdade, nos sentimos sozinhos, rejeitados, e ignorados, e não acreditamos nos bens que nós temos, e nossos olhos são tomados pela escuridão, como, podemos reconhecer nas palavras do Profeta Jeremias dirigida a um povo interesseiro que, pela falta de coerência consigo mesmo, não era mais capaz de reconhecer a sinceridade na amizade verdadeira:

A todos enviei meus servos, os profetas, e enviei-os cada dia, começando bem cedo; mas não ouviram e não prestaram atenção; ao contrário, obstinaram-se no erro, procedendo ainda pior que seus pais.
Se falares todas essas coisas, eles não te escutarão, e, se os chamares, não te darão resposta.
Dirás, então:Esta é a nação que não escutou a voz do Senhor, seu Deus, e não aceitou correção.
Sua fé morreu, foi arrancada de sua boca.’
(Jr 7, 25-28 – Liturgia Missal – Terceira Semana da Quaresma – Quinta-Feira – 24/03/2022).

Parece difícil de acreditar, mas há muitos que se dizem próximos de Deus, mas não são seus amigos, estão ali, porque querem repouso, querem sustento, querem paz, lembremos das multidões que acorriam a Jesus, no Tempo em que Deus visitou a Terra, não porque eram seus amigo, mas porque queria um benefício dele, uma cura, a divisão de uma herança, um bilhete para ingressar no céu como pediu o jovem rico.

Nos dias de hoje não é diferente, hoje batemos no peito que somos religiosos, mas nos aproximamos de Deus para desfrutar dos bens que eles nos dá. Deus permite isso sim, porque deseja num primeiro passo atrair nossa amizade, mas, como um amor não correspondido, aceitamos os bens e não valorizamos a amizade.

Assim seja no nosso dia a dia, ou, como pastores à frente de uma igreja, a amizade é fria, não como amigo que serve ao seu Deus,, prevalecendo mais o interesse próprio, vestem-se como pastores sob a insígnia de uma Igreja, mas nos segredos das sacristias, se revelam como verdadeiros lobos.

A FPE (Frente Parlamentar Evangélica), conhecida como bancada evangélica, vem sendo cobrada sobre um posicionamento após a revelação de que dois pastores evangélicos exercem forte influência sobre a liberação de recursos do Ministério da Educação (MEC) (ARREGUY, 2022. p. 1)4

Fonte: UOL

E, ainda….

Mais de 216 mil crianças foram vítimas de abusos sexuais na Igreja Católica na França, aponta relatório.
Número sobe para 330 mil se considerados os laicos que trabalharam nas instituições católicas, diz comissão que investigou a igreja durante 2 anos e meio. Instituição pediu perdão às vítimas.
(G1, 2021, p. 1)5.

Somos sim, muitas vezes, oportunistas, batemos no peito amar a Deus, batemos no peito defender uma religião, mas apenas para nos aproximarmos do Sagrado, esperanto obter bens, ou vantagens, que chamamos de “graças, sem a disposição de se testemunhar a Palavra pela fé, mas sim, o da vantagem que Deus pode oferecer, como meios de nos garantir a saúde, a segurança e o pão nosso de cada dia.

Vemos os santuários e nas festas religiosas, a grande atração por bens, vantagens pessoais, curas de cegos e paralíticos, como aconteciam com as multidões do tempo do ministério público de Jesus, e muito pouca capacidade de se reconhecer o resultado da Palavra pela Fé, como Glória de Deus, pois, a fé se tornou morta, pela ausência da amizade, e distante de Deus, manifestam o seu amor a Deus pelo que Ele faz, por isso, parece-lhes impossível que Deus fará algo por eles, se estiverem fé na Palavra, no Deus que É um amigo.

Com a fé morta, pensar por exemplo que é impossível viver sem dinheiro, ao passo que professam que não se dever amar a Deus e ao Dinheiro, parecendo verdadeira escuridão mortal, amar Deus pelo que Ele É, na certeza de que ele cuidará de cada necessidade, renunciando-se a todos os interesses próprios, para aproximar-se dele apenas pelo amor a uma amizade verdadeira.


Dessa forma perdemos a graça de reconhecer o Deus amigo, e O Vemos como o próprio demônio:

Jesus estava expulsando um demônio que era mudo.
Quando o demônio saiu, o mudo começou a falar, e as multidões ficaram admiradas.
Mas alguns disseram: ‘É por Belzebu, o príncipe dos demônios,
que ele expulsa os demônios.’
Outros, para tentar Jesus, pediam-lhe um sinal do céu
(Lc 11, 14-16 – Liturgia Missal – Terceira Semana da Quaresma – Quinta-Feira – 24/03/2022).

Portanto, se você neste momento se aproxima de Deus, porque gosta de ficar perto do Santo, louvando, curtindo, achando que pode receber dele o pão, a saúde, a salvação, renuncie a si mesmo, despoje-se de tudo, e ame apenas o Tesouro da Amizade que forja o Ouro da Aliança que Deus jamais esquece, pois, é muito breve o tempo para que testemunharemos todos juntos o julgamento de que:

Quem não está comigo, está contra mim.
E quem não recolhe comigo, dispersa
(Lc 11,23 – Liturgia Missal – Terceira Semana da Quaresma – Quinta-Feira – 24/03/2022).

Referências:

  1. MATEOS, Alejandra Sánchez. Seis comportamentos que fazem as pessoas se afastarem de nós. In Caderno Ciência, 26/08/2018 – El Pais. Disponível em https://brasil.elpais.com/brasil/2018/08/25/ciencia/1535181881_915785.html. Acesso em 24 mar. 2022.
  2. FLORENTINE, Sharon. 9 motivos pelos quais os funcionários saem das empresas. In CIO/EUA – IT Forum. Disponível em https://itforum.com.br/noticias/9-motivos-pelos-quais-os-funcionarios-saem-das-empresas/. Acesso em 24 mar. 2022.
  3. BESSAS, Alex .Aprenda a identificar um ‘interesseiro’, mas saiba: agir por interesse é normal. In Caderno Comportamento – O Tempo 06/04/2021. Disponível em https://www.otempo.com.br/interessa/aprenda-a-identificar-um-interesseiro-mas-saiba-agir-por-interesse-e-normal-1.2468370. Acesso em 24/03/2022.
  4. ARREGUY, Juliana. Cobrada após áudio, bancada evangélica lida com disputas internas. In Caderno Política – UOL 24/03/2022. Disponível em https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2022/03/24/bancada-evangelica-mec-quem-sao-deputados-senadores-frente-parlamentar.htm. Acesso em 24 mar. 2022.
  5. G1 – Portal de Notícias. Mais de 216 mil crianças foram vítimas de abusos sexuais na Igreja Católica na França, aponta relatório. Disponível em https://g1.globo.com/mundo/noticia/2021/10/05/mais-de-216-mil-criancas-foram-vitimas-de-abusos-sexuais-na-igreja-catolica-na-franca-aponta-relatorio.ghtml. Acesso em 24 mar. 2022.

Descobrindo a verdade

O presente artigo convida o leitor para fazer uma experiência de encarar a verdade diante de si mesmo como meio de se criar sentido de vida.

Iniciamos o quinto tema do capítulo 2, que trata da praxis dentro do contexto do tempo atual que é a penitência quaresmal pelos sofrimentos da Guerra, em que nos vemos como protagonistas dentro de uma arena sujeita a sofrer todo o tipo de violência até o ponto de perdermos totalmente a capacidade de acreditar.

Talvez a maior e mais definitiva sentença sobre guerras seja a morte da verdade (ROSSI, 2022, p. 1)1.

Credit: Geralt

Parece apenas, uma mensagem apelativa quando o Jornalista propôs que a morte da verdade é a primeira vítima da guerra, mas, ela é muito mais do que isso, porque, se olharmos com mais cuidado, vamos ver que a vítima somos nós, da mesma forma que somos nós os autores dos crimes de assassinato da verdade.

Sob a ideia do livre arbítrio nos consideramos senhores e julgadores, mas tendo matado a verdade, ou, feita ela como prisioneira da injustiça, como nos diz São Paulo, a exemplo do que já acompanhamos quando Herodes temia a opinião publica por matar João Batista, ou Fariseus que temiam pela rejeição popular pela condenação de Jesus, ou Pilatos que não vendo culpa em Jesus, o condenou por medo da impopularidade política, nos dias de hoje da opinião pública na corrida eleitoral em todo o Mundo.

Alinhamos nossa arbitrariedade pela nossa opinião pessoal, como se fôssemos donos da verdade, mas ela está cheia dos vícios da nossa vaidade e ambição, e assim, somos lançados no campo da guerra como opinadores, ou, juízes, a formar opinião que define as estratégias dos guerrilheiros.

A minha alma está cercada por leões ferozes, tenho de repousar entre homens perversos, que por dentes têm lanças e flechas e, por língua, uma espada afiada!

Salmo 56 (57),4

E em meio a guerra de armas, a língua que mata a verdade, produz uma guerra de versões

A ideia básica que permeia a menção aos termos ‘fake news’ e ‘pós-verdade’ é a da existência de uma era de rápida velocidade de produção e circulação da informação. Em suma, as formas tradicionais de organização, seleção, classificação e exclusão discursivas são colocadas em xeque em um ambiente no qual parece não haver mais qualquer autoridade estabelecida, ou seja, no qual qualquer um pode dizer qualquer coisa sobre qualquer assunto da maneira que bem entender. A informação pode vir de qualquer fonte e sem nenhum critério, com potencial de se espalhar, de manipular as emoções e de realizar influência destrutiva e determinante na população, capaz talvez de definir os rumos das democracias contemporâneas (ALVES E MACIEL apud MANS, 2020, p. 147-148)2.

E se falamos da caminhada penitencial da quaresma, o mesmo tema da morte da verdade também é tratado pela Igreja sob a denominação de subjetivismo com o seguinte apresentação

Esta confusa noção da realidade chamada relativismo está no coração da crise que ameaça a cultura hoje. O relativismo muda o foco da realidade para o sujeito individual. E, dado que as pessoas têm percepções diferentes, a verdade é vista como relativa. Isto, porém, só pode levar a uma ‘ditadura’ de opiniões, porque quando não podemos apoiar-nos na realidade e na razão para provar o nosso argumento, ficamos discutindo e lutando pelo poder, o que resulta em caos e até mesmo em violência (OLMSTED, 2019, p. 1)3.

Diante destes textos já podemos perceber que não falamos de duas nações guerreando, nem do que a sociedade prática, mas sim do poço lodaçal ao qual estamos imergidos, o túmulo da morte, ou a cadeia que aprisionamos a verdade, em que vivemos julgando os fatos, a fim de oferecermos opinião pública aqueles que pensamos se importar com essa opinião.

Alardeiam com sua boca, têm espadas, entre os lábios: “Pois quem está ouvindo?”

Salmo 58 (59),8

Assim, não importa o termo, ainda que seja: fakenews, pós-verdade, subjetivismo, há dois fatos que torna impossível negar a verdade; o primeiro que é que você faz parte dele, pois, estamos dentro dessa realidade social; o segundo é que a verdade é morta a todo o tempo e percebemos ao esfriarmos nossa fé como se estivéssemos sozinhos.

Mas, continuando nossa caminhada penitencial da quaresma, cujo coração contrito se depara com o crime da morte da verdade, ao refletirmos que se o Senhor é o caminho, a verdade e a vida (Jo 14,6), e, se matamos a verdade que é Deus, é porque nos aliamos à mentira que é do Diabo, perdendo toda a nossa fé.

Poderíamos nos arriscar a dizer, mas eu não mato a verdade, no entanto, se estamos diante da verdade, ela vai dizer-nos que: “se declaramos que não temos pecado algum enganamos a nós mesmos, e a verdade não está em nós” (1Jo 1,8), pois, para dizer que estamos longe da mentira, precisaríamos estarmos vivendo em uma outra realidade para nos declararmos livres disso.

Como exemplo, ao voltar nosso olhar para nós mesmos agora, vamos nos encontrar fazendo um julgamento sobre a guerra na Europa, e todos com o coração cheio de piedade, vão se compadecer da nação ucraniana, contudo, continuam comendo o adubo e o petróleo russo, que sustentam as armas que a destroem.

Temos dó, temos piedade, mas não mudamos de vida, pois, com lágrimas de crocodilo, corremos para o petróleo da Venezuela ou do Irã, continuamos a matar a vida, permanecendo em nossa pós-verdade ou verdade conveniente como nos ilustra a nossa inconsciente incoerência, a notícia abaixo:

São poucos os lugares na Terra que os humanos não estragaram com os desperdícios e a poluição resultantes de carros esbanjadores de gasolina, com a eletricidade a carvão com que alimentamos as nossas casas ou o pó e fuligem que resultam dos incêndios florestais que agravamos

(FRITZ e GAINOR, 2022, p.1)4.

Assim, da mesma forma que nos enchemos de dó da nação ucraniana na guerra, ao final do tempo quaresmal, estaremos nos enchendo de dó de um Cristo morto, porque a verdade foi assassinada, e sob a mentira Ele foi julgado e condenado à cruz, e, nós, cheios de dó ou pena daquele Cristo crucificado, nos conformamos que assim foi necessário, para que não fôssemos nós no lugar Dele, como se estivéssemos acima da lei que deveria ser aplicada somente a Ele.

Enganamos a nós mesmos, pois, o Senhor nos disse não tenhais dó de mim, tenhais dó de vocês mesmos e de vossos filhos: “e uma grande multidão seguia a Ele, inclusive muitas mulheres que choravam e pranteavam em desespero. Porém, Jesus, dirigindo-se a elas, as preveniu: “Filhas de Jerusalém, não choreis por mim; antes, pranteai, por vós mesmas e por vossos filhos” (Lc 23, 27-28)!

Assim, a revelação de que, por sermos senhores do livre arbítrio, atribuímos os efeitos da lei só para os outros e a nossa consciência subjetivista nos deixa livres de sermos alcançados por ela, para que assim não se aplique a nós mesmos o sofrimento dos outros.

Isso, nos faz, afastarmos da verdade (ou a matamos), e com isso, perdemos a amizade de Deus, e sem Deus, perdemos o dom de reconhecermos a verdade seguindo para o caminho da escuridão da morte, nos sendo dito de uma forma bem simples por São Paulo:

Irmãos, 1vós estáveis mortos por causa de vossas faltas e pecados, 2nos quais vivíeis outrora, quando seguíeis o deus deste mundo, o príncipe que reina entre o céu e a terra, o espírito que age agora entre os rebeldes.

3Nós éramos deste número, todos nós. Outrora nos abandonávamos às paixões da carne; satisfazíamos os seus desejos, seguíamos os seus caprichos e éramos por natureza como os demais, filhos da ira (Ef 2,-1-3– Liturgia 29ª Semana do Tempo Comum – Ano A – Segunda-Feira 19/10/2020).

Portando, ja é possível perceber que nosso subjetivismo nos separa da verdade nos deixando privados da vida, e, o único sentido é a nossa caminhada de voltar à verdade, mas isso, não dependente de nós, não é uma opção pessoal de escolha, pois, ainda que quiséssemos, voltar à verdade não se daria por nós mesmos, pois, perdemos a amizade com Deus, é Deus quem nos escolhe.

Com efeito, é pela graça que sois salvos, mediante a fé.
E isso não vem de vós; é dom de Deus!
Não vem das obras, para que ninguém se orgulhe.
Pois é ele quem nos fez;
nós fomos criados em Jesus Cristo para as obras boas, que Deus preparou de antemão para que nós as praticássemos
(Ef 2,-8-10 – Liturgia 29ª Semana do Tempo Comum – Ano A – Segunda-Feira 19/10/2020).

Estamos fadados à morte, e isso não é uma frase de efeito, é real, porque perdemos a graça de Deus, de forma que não somos mais capazes de reconhecer sua presença próximo de nós:

Quando as multidões se reuniram em grande quantidade,
Jesus começou a dizer:
‘Esta geração é uma geração má.
Ela busca um sinal, mas nenhum sinal lhe será dado, a não ser o sinal de Jonas.
Com efeito, assim como Jonas foi um sinal para os ninivitas,
assim também será o Filho do Homem para esta geração
(Lc 11,29-30 – Liturgia 1ª Semana da Quaresma – Ano C – Quarta-Feira 09/03/2022).

Se na nossa caminhada penitencial formos capazes de reconhecer o nosso erro, seremos capazes de restabelecer nossa amizade com Deus, único caminho para o restabelecimento da verdade e da vida sob a forma de restabelecimento da Aliança sagrada e eterna, como nos ensina São Paulo:

Mas Deus é rico em misericórdia.
Por causa do grande amor com que nos amou,
quando estávamos mortos por causa das nossas faltas,
ele nos deu a vida com Cristo.
É por graça que vós sois salvos!
Deus nos ressuscitou com Cristo
e nos fez sentar nos céus
em virtude de nossa união com Jesus Cristo.
Assim, pela bondade, que nos demonstrou em Jesus Cristo,
Deus quis mostrar, através dos séculos futuros,
a incomparável riqueza da sua graça.
Com efeito, é pela graça que sois salvos, mediante a fé.
E isso não vem de vós; é dom de Deus
(Ef 2,-4-8 – Liturgia 29ª Semana do Tempo Comum – Ano A – Segunda-Feira 19/10/2020)

É isso que o Senhor nos diz quando afirmou que “com efeito, assim como Jonas foi um sinal para os ninivitas, assim também será o Filho do Homem para esta geração (Lc 11,29-30 – Liturgia 1ª Semana da Quaresma – Ano C – Quarta-Feira 09/03/2022), pois o sinal de Jonas para nós presente no Senhor, é o mesmo acolhimento da verdade que teve a nação dos ninivitas que estava distante de Deus, evitando pelo coração contrito do reconhecimento da sua miséria, a catástrofe da destruição, e a nossa destruição é iminente, não pela guerra mas pela catástrofe ambiental.

Depois disso talvez a verdade nos seja revelada e deixemos de praticar a dó do Cristo morto, e passamos a celebrar a alegria da vitória da vida sobre a morte e como aqueles gregos que recobraram a graça de Deus, possamos pedir “queremos ver Jesus” (Jo 12, 20-22).

Vendo Jesus somos capazes de ser curados assim como foram curados os rebeldes no tempo de Moisés que eram picados mortalmente por serpentes, e recuperavam a vida:

14Assim como Moisés levantou a serpente no deserto, desse mesmo modo é necessário que o Filho do homem seja levantado, 15para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.

Jo 3,14-15)

1ROSSI, Edson. Invasão da Ucrânia: breve receituário (e quatro dicas) de como não ser enganado pela cobertura da mídia. In Análise, 28/02/2022 – Isto é Dinheiro. Disponível em https://www.istoedinheiro.com.br/invasao-da-ucrania-breve-receituario-e-quatro-dicas-de-como-nao-ser-enganado-pela-cobertura-da-midia/. Acesso em 09 mar. 2022.

2ALVES, Marco Antônio Sousa, e, MACIEL, Emanuella R. Halfeld. O fenômeno das fake news: de!nição, combate e contexto. In Revista Internet e Sociedade, N.1⁄V.1⁄JANEIRO DE 2020 p. 144 A 171, Disponível em https://revista.internetlab.org.br/wp-content/uploads/2020/02/o-fenomeno-das-fake-news-definicao-combate-e-contexto.pdf. Acesso em 09 mar. 2022.

3OLMSTED, Thomas. É mentira que cada um tenha a “sua verdade”: a Verdade não é relativa. In – Atualidades, 11/12/19 – Aleteia. Disponível em https://pt.aleteia.org/2019/12/11/e-mentira-que-cada-um-tenha-a-sua-verdade-a-verdade-nao-e-relativa/. Acesso em 09 mar. 2022.

4FRITZ, Angela e GAINOR, Danya. Carbono negro é nova forma dos humanos causarem alterações na Antártida; entenda. In Tecnologias CNN Brasil @cnnbrasil, 12/03/2022.

Superando as dores

Iniciando o tema 4 do capítulo 2, da Praxis, vamos abordar a experiência com a dor, pois vivemos nas últimas décadas, o tempo das dores, pois a alegria de nossas festas foram trocados por tragédias, violências, corrupção e opressão.

Credit: cicloviasinvisiveis.com

Já não temos os cantos nas ruas, já não não reunimos com o vigor de brindar as vitórias dos campeonatos com os amigos, e nos últimos tempos, vivenciamos continuamente a dor pelo luto de nossos amigos, e nossos próximos.

Se olharmos para dentro de nosso coração enxergamos apenas o lamento, a saudade dos amigos que passaram por nossas vidas, pelos parentes que perdemos, o cansaço pela opressão da avidez tributária do Estado sem retorno de dignidade e cidadania, o excesso de trabalho com pouco retorno financeiro, endividamentos familiares.

Nosso sol se tornou escuro, nossas luas sangrentas, as estrelas parecem pálidas, e os Céus se foram, nos deixando neste deserto vazio, nebuloso, cheio de ódio, violência, indiferença, longe da graça de sentir que Deus existe.

Diante disso, perguntamos porque há tantos sofrimentos, tanta dor, tanta morte, tanta indiferença, tanto ódio? E a resposta vem na singeleza do conselho de um pai, ou, de uma mãe: estamos sofrendo por termos escolhido o caminho do filho pródigo, antecipamos a herança e saímos para o mundo por nós mesmos, por isso, perdemos todos os nossos bens, e agora, sob o risco de perder a própria Terra, e toda a nossa dignidade.

E assim, estamos sofrendo as dores porque até agora, errantes, não reconhecemos que precisamos mudar nosso modo de ser, abandonar o sonho de controlar, de dominar, para passarmos a reconhecer nossa impotência.

Isto quer dizer, renunciar ao controle próprio dos fatos, deixando que os fenômenos tomem o curso natural de sua realidade, deixando de olhar para as tragédias que nos circundam como obras do acaso, mas com um coração contrito, passarmos a reconhecer que elas são frutos dos nossos erros.

Enquanto não mudarmos nosso olhar continuaremos a viver as dores cada vez mais intensas. Mudar o olhar ou mudança de vida, não significa buscar tentar fazer tudo certinho, significa renunciar todo o controle interno de si mesmo e passar a deixar que as leis naturais é que direcione o comportamento.

Mudar de vida também não significa deixar as coisas por si mesmas, e nos tornamos passivos, mas sim, apreendermos a abrir nosso coração para a voz da Natureza, a sabedoria dos DNA’s, não biológicos, mas, DNA’s “em Espírito”, que nos sussurram as orientações de nossos pais nos direcionando para os atos que temos de realizar, pois do contrário continuaremos a andar errantes, sem dignidades e repletos de dores, como já nos ensina as Escrituras pelo Profeta Isaías:

4 Ai! Gente pecadora, povo carregado de crimes, geração de malfeitores, filhos degenerados!

Abandonaram o SENHOR, desprezaram o Santo de Israel, andaram para trás.

5 Se continuais nessa revolta, podereis ainda levar pancadas? A cabeça toda está doendo, o coração inteiro, magoado.

6 Da sola dos pés até o alto da cabeça não há nada são. É só machucado, vergão, ferida aberta, sem limpar, sem tratar, sem remédio para aliviar.

7 É assim mesmo: vosso país está arrasado, vossas cidades, destruídas pelo fogo, a as terras, bem diante dos vossos olhos, devoradas por estrangeiros. É a devastação, a invasão de inimigos.

8 Jerusalém, a filha de Sião, ficará como um rancho no vinhedo, uma choupana em plantação de pepinos, cidade cercada pelo inimigo.

9 Se o SENHOR dos exércitos não nos tivesse deixado uma sobra, ainda que pequena, ficaríamos como Sodoma, semelhantes a Gomorra (Is 4-9).

Temos de aprender a perceber nossos erros, observando que hoje somos chamados para uma mudança de vida, e essa mudança de vida significa eu deixar de acreditar que os próprios pensamentos são capazes de conduzir a prática de vida ideal, de justiça, mas removê-los todos, isto é, renunciar a si mesmo.

Assim, diante da dor do luto pela fome, diante da dor luto pela peste, diante da dor do luto pela guerra, renunciando a nós mesmos, poderemos enxergar que a solução não vem de nós, pois, se tudo isso está acontecendo não é por castigo de Deus mas por efeito de nossas caminhadas errantes, servindo para mostrar para nós, que nos afastamos da Solução de Deus, e perdendo a sua graça, e por isso estamos sucumbindo.

Precisamos aprender a renunciar a nós mesmos, isto é, como que sentados de carona no quadro de uma bicicleta, permitir que o piloto dela, Jesus, a conduza sem a nossa interferência, permanecendo obedientes aos pedidos Dele, assim, confiantes de que o caminho por mais tortuoso e acidentado que possa parecer, sob a direção dEle, chegaremos ao lugar seguro, com paz, dignidade e justiça.

Conclusão

Vimos a tragédia de uma pandemia, e o homem, dizendo-se tratar-se de um mal, correu para dar sua solução. Alguém voltou-se para Deus e disse: Senhor perdoai-nos pois, atraímos para nós o mal?

Estamos vivendo a tragédia da fome pela acumulação dos investidores que tornam os homens do mundo cada vez mais ociosos, sem condições de trabalho. Todos escolheram os próprios caminhos sob como sobreviver as crises, mas, alguém voltou-se para Deus e disse: Senhor, nos afastamos de vós por isso, fomos entregues nas mãos de nossos opressores?

Estamos vivendo a tragédia da guerra, pela ambição, mesquinhez e miserabilidade humana. O mundo correu para criar uma solução através de sua arrogante forma de controlar e dominar as pessoas. Alguém voltou-se a Deus e disse: Senhor, estamos prestes a sucumbir por nossos erros, mostrai-nos a vossa face?

Diante destas questões podemos perceber, mesmo diante de tantas tragédias, que não voltamos para Deus, e, ainda, o quanto estamos distantes de renunciar a nós mesmos pois estamos presos as soluções puramente humanas e não queremos abrir mãos do poder de dominar e controlar, fechando nossos ouvidos para os sussurros dos DNA’s de nossos pais, permanecendo rebeldes, surdos, não damos nenhuma atenção aos seus conselhos:

Abandonaram o SENHOR, desprezaram o Santo de Israel, andaram para trás.
5 Se continuais nessa revolta, podereis ainda levar pancadas? A cabeça toda está doendo, o coração inteiro, magoado. (Is 1,4-5).

Observemos então que não se trata apenas de uma mudança de pensamento, ou, de comportamento, mas de renúncia de nós mesmos que só é possível pela graça de Deus e não pela nossa própria vontade. E essa graça só acontece quando restabelecemos a Aliança Sagrada, criando em nós a amizade fiel entre Deus e o homem. A partir daí, é Ele quem dirige e não nós mais.

Do que você tem medo? De estar de carona em um bicicleta segura, ou caminhar por tuas próprias pernas e cair no abismo? Mude, volte ao valor de ter um amigo fiel.

“Permaneçamos com os corações vigilantes pois o GRANDE DIA está próximo, em que Jesus Cristo retornará na glória e esplendor, dando-nos a Verdadeira Vida. Assim, suplicamos em nossos corações: “Iluminai a vossa face sobre nós, convertei-nos para que sejamos salvos!” (Sl 79).

Entre nós… Aleluia! Dentro de nós… Maranatha! Saudações em Cristo” (VELOSO, 2021, p. 1)!1

1VELOSO, Dom Eurico dos Santos. Quarto Domingo do Advento.In Artigos CNBB – 16/12/2021. Disponível em https://www.cnbb.org.br/quarto-domingo-do-advento/. Acesso em 04 mar. 2022.